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multicelulares são identificados considerando seu aspecto,

incluindo características da colônia e dos esporos


Problema 5 reprodutivos.
Fungos
Estruturas vegetativas

1.Descrever a biologia dos fungos As colônias dos fungos são descritas como estruturas
Ao longo dos últimos dez anos, a incidência de infecções vegetativas porque são compostas de células envolvidas no
importantes causadas por fungos tem aumentado. Elas estão catabolismo e no crescimento.
ocorrendo como infecções hospitalares e em indivíduos com
Fungos filamentosos e fungos carnosos. O talo (corpo) de um
sistema imune comprometido. Além disso, milhares de
fungo filamentoso ou de um fungo carnoso consiste em
doenças causadas por fungos afetam plantas economicamente
filamentos longos de células conectadas; esses filamentos são
importantes, custando mais de um bilhão de dólares ao ano.
denominados hifas, que podem crescer até imensas
Os fungos também são benéficos, sendo importantes na proporções. As hifas de um único fungo em Oregon, nos
cadeia alimentar por decomporem matéria vegetal morta, Estados Unidos, se estendem por 5,6 quilômetros.
reciclando elementos vitais. Pelo uso de enzimas
Na maioria dos fungos filamentosos, as hifas contêm paredes
extracelulares como as celulases, os fungos são os principais
cruzadas denominadas septos, que dividem as hifas em
decompositores de partes duras das plantas, que não podem
distintas unidades celulares uninucleadas (um único núcleo).
ser digeridas pelos animais. Quase todas as plantas
Essas hifas são chamadas de hifas septadas. Em algumas
dependem de simbioses com fungos, conhecidas como
poucas classes de fungos, as hifas não contêm septos e se
micorrizas, que auxiliam as raízes das plantas a absorverem
apresentam como células longas e contínuas com muitos
minerais e água do solo. Os fungos também são valiosos para
núcleos. Elas são chamadas de hifas cenocíticas. Mesmo nos
os animais. Algumas formigas cultivam fungos para quebrar
fungos com hifas septadas, geralmente há aberturas nos
a celulose e a lignina presentes nas plantas, provendo glicose,
septos que fazem com que o citoplasma de “células”
que as formigas podem então digerir. Os fungos são
adjacentes seja contíguo; esses fungos também são, na
utilizados pelos homens como alimentos (cogumelos) e
verdade, organismos cenocíticos.
também para a produção de alimentos (pão e ácido cítrico) e
drogas (álcool e penicilina). Das mais de 100 mil espécies As hifas crescem por alongamento das extremidades. Cada
conhecidas de fungos, apenas cerca de 200 são patogênicas parte de uma hifa é capaz de crescer, e quando um fragmento
aos humanos e aos animais. é quebrado, ele pode se alongar para formar uma nova hifa.
Em laboratório, os fungos geralmente crescem a partir de
O estudo dos fungos é chamado de micologia.
fragmentos obtidos de um talo do fungo.
Examinaremos, primeiramente, as estruturas que são a base
da identificação dos fungos em laboratórios clínicos; em A porção de uma hifa que obtém nutriente é chamada de hifa
seguida, exploraremos seus ciclos de vida. A identificação de vegetativa; a porção envolvida com a reprodução é a hifa
um patógeno é necessária para o tratamento adequado da reprodutiva ou aérea, assim chamada porque se projeta acima
doença e para prevenir sua disseminação. da superfície sobre a qual o fungo está crescendo. As hifas
aéreas frequentemente sustentam os esporos reprodutivos.
Também examinaremos suas necessidades nutricionais.
Todos os fungos são quimio-heterotróficos, necessitando de Quando as condições ambientais são favoráveis, as hifas
componentes orgânicos como fontes de energia e carbono. crescem formando uma massafilamentosa chamada de
Os fungos são aeróbicos ou anaeróbicos facultativos; micélio, que é visível a olho nu.
somente alguns fungos anaeróbicos são conhecidos.
Leveduras. As leveduras são fungos unicelulares, não
filamentosos, tipicamente esféricos ou ovais. Da mesma
forma que os fungos filamentosos, as leveduras são
amplamente distribuídas na natureza: com frequência são
encontradas como um pó branco cobrindo frutas e folhas. As
leveduras de brotamento, como as Saccharomyces, dividem-
se formando células desiguais.

No brotamento, a célula parental forma uma protuberância


(broto) na sua superfície externa. À medida que o broto se
alonga, o núcleo da célula parental se divide, e um dos
Características dos fungos
núcleos migra para o broto. O material da parede celular é
A identificação das leveduras, assim como a identificação então sintetizado entre o broto e a célula parental, e o broto
das bactérias, envolve testes bioquímicos. Entretanto, fungos acaba se separando. Uma célula de levedura pode produzir
mais de 24 células--filhas por brotamento. Algumas esporos, pois um segundo organismo cresce a partir do
leveduras produzem brotos que não se separam uns dos esporo. Embora os esporos de fungos possam sobreviver por
outros; esses brotos formam uma pequena cadeia de células períodos extensos em ambientessecos ou quentes, a maioria
denominada pseudo-hifa. Candida albicans se fixa a células não exibe a mesma tolerância extrema e longevidade
epiteliais humanas na forma de levedura, mas normalmente apresentadas pelos endosporos bacterianos.
necessita estar na forma de pseudo-hifas para invadir os
tecidos mais profundos . Os esporos são formados a partir das hifas aéreas de
diferentes maneiras, dependendo da espécie. Os esporos de
As leveduras de fissão, como Schizosaccharomyces, fungos podem ser assexuais ou sexuais. Os esporos assexuais
dividem--se produzindo duas novas células iguais. Durante a são formados pelas hifas de um organismo. Quando esses
fissão binária, as células parentais se alongam, seus núcleos esporos germinam, tornam--se organismos geneticamente
se dividem, e duas células-filhas são produzidas. O aumento idênticos ao parental. Os esporos sexuais resultam da fusão
do número de células de leveduras em meio sólido produz de núcleos de duas linhagens opostas de cruzamento de uma
uma colônia similar às colônias de bactérias. mesma espécie do fungo. Os fungos produzem esporos
sexuais com menos frequência que os esporos assexuais. Os
As leveduras são capazes de crescimento anaeróbico organismos que crescem a partir de esporos sexuais
facultativo, podendo utilizar oxigênio ou um composto apresentarão características de ambas as linhagens parentais.
orgânico como aceptor final de elétrons; esse é um atributo Como os esporos são de considerável importância na
valioso porque permite que esses fungos sobrevivam em identificação dos fungos, examinaremos a seguir alguns dos
vários ambientes. Se houver acesso ao oxigênio, as leveduras vários tipos de esporos assexuais e sexuais.
respiram aerobicamente para metabolizar hidratos de carbono
formando dióxido de carbono e água; na ausência de Esporos assexuais. Os esporos assexuais são produzidos
oxigênio, elas fermentam os hidratos de carbono e produzem pelos fungos por mitose e subsequente divisão celular; não
etanol e dióxido de carbono. Essa fermentação é usada na há fusão de núcleos de células. Dois tipos de esporos
fabricação de cerveja e vinho e nos processos de panificação. assexuais são produzidos pelos fungos. Um deles é o
Espécies de Saccharomyces produzem etanol nas bebidas conidiósporo ou conídio, um esporo unicelular ou
fermentadas e dióxido de carbono para fermentar a massa do multicelular que não é armazenado em uma bolsa. Os
pão. conídios são produzidos em cadeias na extremidade do
conidióforo. Tais esporos são produzidos por Aspergillus.
Fungos Dimórficos.
Os conídios formados pela fragmentação de uma hifa septada
Alguns fungos, mais notadamente as espécies patogênicas, em células únicas, levemente espessas, são denominados
exibem dimorfismo – duas formas de crescimento. Tais artroconídios. Uma espécie que produz esses esporos é o
fungos podem crescer tanto na forma de fungos filamentosos Coccidioides immitis. Outro tipo de conídio, o blastoconídio,
quanto na forma de levedura. A forma de fungo filamentoso consiste em um broto originado de uma célula parental. Esses
produz hifas aéreas e vegetativas; a forma de levedura se esporos são encontrados em algumas leveduras, como
reproduz por brotamento. O dimorfismo nos fungos Candida albicans e Cryptococcus. Um clamidoconídio é um
patogênicos é dependente de temperatura: a 37°C, o fungo esporo com paredes espessas, formado pelo arredondamento
apresenta forma de levedura; a 25°C, de fungo filamentoso. e alargamento no interior de um segmento de hifa. Um fungo
Ciclo de vida que produz clamidoconídios é a levedura C. albicans.

Fungos filamentosos podem reproduzir-se assexuadamente Outro tipo de esporo assexual é o esporangiósporo, formado
pela fragmentação de suas hifas. Além disso, tanto a no interior de um esporângio, ou bolsa, na extremidade de
reprodução sexuada quanto a assexuada em fungos ocorrem uma hifa aérea denominada esporangióforo. O esporângio
pela formação de esporos. Na realidade, os fungos pode conter centenas de esporangiósporos. Esses esporos são
normalmente são identificados pelo tipo de esporo. Os produzidos por Rhizopus.
esporos de fungos, entretanto, são completamente diferentes Esporos sexuais. Um esporo sexual fúngico resulta da
dos endosporos de bactérias. Os endosporos bacterianos reprodução sexuada, consistindo de três etapas:
permitem que as células sobrevivam a condições ambientais
adversas. Uma única célula bacteriana vegetativa forma um 1. Plasmogamia. Um núcleo haploide de uma célula doadora
endosporo, que eventualmente germina para produzir uma (+) penetra no citoplasma da célula receptora (–).
única célula bacteriana. Esse processo não é reprodução, uma
vez que o número total de células não aumenta. Entretanto, 2. Cariogamia. Os núcleos (+) e (–) se fundem para formar
após um fungo filamentoso formar um esporo, o mesmo se um núcleo zigoto diploide.
separa da célula parental e germina, originando um novo 3. Meiose. O núcleo diploide origina um núcleo haploide,
fungo filamentoso. Ao contrário dos endosporos de bactérias, esporos sexuais, dos quais alguns podem ser recombinantes
esse processo é uma verdadeira reprodução por meio de genéticos. Os esporos sexuais produzidos pelos fungos
caracterizam os filos. Em laboratório, a maioria dos fungos Um exemplo é o Rhizopus stolonifer, o conhecido mofo
apresenta apenas esporos assexuais. Consequentemente, a preto do pão. Os esporos assexuais do Rhizopus são
identificação clínica é baseada no exame microscópico dos esporangiósporos. Os esporangiósporos pretos dentro do
esporos assexuais. esporângio conferem ao Rhizopus seu nome comum. Quando
o esporângio se abre, os esporangiósporos se dispersam. Se
Adaptações nutricionais eles caírem em um meio adequado, irão germinar, originando
um novo talo de fungo.
Os fungos geralmente são adaptados a ambientes que
poderiam ser hostis a bactérias. Os fungos são quimio- Os esporos sexuais são zigósporos. Um zigósporo é um
heterotróficos e, assim como as bactérias, absorvem esporo grande no interior de uma parede espessa . Esse tipo
nutrientes em vez de ingerí-los, como fazem os animais. de esporo resulta da fusão de núcleos de
Todavia, os fungos diferem das bactérias em determinadas
necessidades ambientais e nas características nutricionais duas células que são morfologicamente similares.
apresentadas a seguir:
Ascomiceto
■ Os fungos normalmente crescem melhor em ambientes em
que o pH é próximo a 5, que é muito ácido para o Os ascomicetos, ou “fungos de saco”, incluem fungos com
crescimento da maioria das bactérias comuns. hifas septadas algumas leveduras. Seus esporos assexuais
normalmente são conídios produzidos em longas cadeias a
■ Quase todos os fungos são aeróbicos. A maioria das partir do conidióforo. O termo conídio significa pó, e esses
leveduras é anaeróbica facultativa. esporos são facilmente liberados da cadeia formada no
conidióforo ao menor contato e flutuam no ar como poeira.
■ A maioria dos fungos é mais resistente à pressão osmótica
que as bactérias; muitos, consequentemente, podem crescer Um ascósporo se origina da fusão do núcleo de duas células
em concentrações relativamente altas de açúcar ou sal. que podem ser morfologicamente similares ou diferentes.
Esses esporos são produzidos em uma estrutura em forma de
■ Os fungos podem crescer em substâncias com baixo grau saco conhecida como asco . Os membros deste filo são
de umidade, em geral tão baixo que impede o crescimento de chamados de “fungos de saco” por causa dos ascos.
bactérias.
Basidiomiceto
■ Os fungos necessitam de menos nitrogênio para um
crescimento equivalente ao das bactérias. Os basidiomicetos também possuem hifas septadas. Esse filo
inclui fungos que produzem cogumelos. Os basidiósporos
■ Os fungos com frequência são capazes de metabolizar são formados externamente em um pedestal conhecido como
carboidratos complexos, como a lignina (um dos basídio. (O nome comum do fungo é derivado da forma de
componentes da madeira), que a maioria das bactérias não clava do basídio.) Existem normalmente quatro
pode utilizar como nutriente. basidiósporos por basídio. Alguns dos basidiomicetos
Essas características permitem que os fungos se desenvolvam produzem conidiósporos assexuais. Os fungos que
em substratos diversos como paredes de banheiro, couro de apresentamos até agora são teleomorfos, isto é, eles
sapatos e jornais velhos. produzem esporos sexuais e assexuais. Alguns ascomicetos
perderam a capacidade de se reproduzir sexuadamente. Esses
Filos de fungos de importância médica fungos assexuais são chamados de anamorfos. Penicillium é
um exemplo de um anamorfo que surgiu da mutação em um
Esta seção apresenta uma revisão dos filos dos fungos de teleomorfo. Historicamente, os fungos cujo ciclo sexual
importância médica. Observe que nem todos os fungos são ainda não havia sido observado eram colocados em uma
causadores de “categoria de espera” denominada Deuteromiceto.
Atualmente, os micologistas estão usando o sequenciamento
doenças.
de rRNA para classificar esses organismos. Muitos dos que
Os gêneros listados nos filos a seguir incluem muitos que são foram previamente classificados como deuteromicetos são
encontrados como contaminantes de alimentos e de culturas fases anamórficas dos ascomicetos, e alguns são
bacterianas em laboratórios. Embora estes gêneros não basidiomicetos.
representem todos os principais fungos de importância
médica, eles são exemplos característicos de seus respectivos
grupos.

Zigomiceto

Os zigomicetos, ou fungos de conjugação, são fungos


filamentosos saprofíticos que apresentam hifas cenocíticas.
2.Descrever os mecanismos de agressão dos fungos
Os fungos são microrganismos heterotróficos que
utilizam moléculas orgânicas como fonte de carbono.
Em relação ao nutriente nitrogênio, os fungos podem
utilizar tanto fontes orgânicas quanto inorgânicas. Sob
condições naturais, os fungos necessitam secretar
enzimas extracelulares capazes de degradar as moléculas
orgânicas complexas. A maioria das enzimas
extracelulares dos microrganismos são depolimerases,
principalmente hidrolases, que atuam em
polissacarídeos, proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos. As
enzimas que são capazes de hidrolisar as ligações
peptídicas das proteínas são denominadas de proteases.
Proteases extracelulares são amplamente encontradas
entre as enzimas secretadas pelos microrganismos. As
numerosas funções e a variabilidade de condições nas
quais as proteases são sintetizadas explicam a
multiplicidade destas enzimas. O papel das enzimas
proteolíticas extracelulares de fungos não está restrito à
sua participação na nutrição destes microrganismos.
Enzimas proteolíticas secretadas pelos fungos podem ter
papel, por exemplo, em sua patogenicidade, provocando
severas doenças. O termo proteases é sinônimo de
peptidases, enzima proteolítica, proteinase e peptídeo
hidrolase. As proteases incluem todas as enzimas que
catalisam a clivagem das ligações peptídicas das
proteínas, resultando na produção de peptídeos e
aminoácidos livres. Proteases representam uma classe de
enzimas com papéis importantes em processos
fisiológicos. Além disto, elas possuem aplicação
comercial, estando entre os três maiores grupos de
enzimas industriais, sendo responsáveis por 60% da
venda internacional de enzimas. As proteases têm uma
variedade de aplicações principalmente na indústria de
detergentes e de alimentos. Tendo em vista os recentes 3.Descrever a imunidade inata contra os fungos
acordos mundiais para uso de tecnologias não poluentes,
as proteases começaram a ser usadas em larga escala no
tratamento do couro, em substituição aos compostos
tóxicos e poluentes até então usados. Na indústria
farmacêutica, as proteases são usadas em pomadas
cicatrizantes e têm um uso potencial para outros
medicamentos. Proteases hidrolisam as proteínas em
peptídeos e aminoácidos, facilitando a sua absorção
pelas células; devido a seu papel despolimerizante, as
enzimas extracelulares têm um papel importante na
nutrição. Algumas proteínas apresentam certas
características estruturais que tornam mais difícil sua
hidrólise. A queratina, uma proteína estrutural, é
resistente a ação de várias proteases, devido
principalmente ao seu alto conteúdo de pontes
dissulfetos. As queratinas são encontradas em células
epiteliais de vertebrados e representam os maiores
constituintes da pele e seus apêndices tais como unhas,
cabelos, penas e lã. A queratina do cabelo (queratina
dura) é semelhante a encontrada na epiderme (queratina
macia), visto possuir estrutura em α-hélice, mas difere
desta última por conter menor quantidade de cisteína.
Nas penas, a queratina assume conformação β, que é
mais facilmente hidrolisada quando comparada com a α-
queratina. A resistência à hidrólise da queratina é
conferida principalmente pelo seu alto teor em pontes
dissulfeto. Entretanto, ela pode ser degradada por
algumas espécies de fungos e em menor extensão por
bactérias que secretam as enzimas queratinolíticas , que
tem a habilidade degradar queratina nativa em
peptideos menores que são subseqüentemente
absorvidos pelas células. Milhões de toneladas de penas
de aves são produzidas anualmente como resíduos da
criação de aves. O desenvolvimento de métodos
enzimáticos e/ou microbiológicos para a hidrólise de
queratina a proteínas solúveis e aminoácidos é
extremamente atraente, visto que oferece uma condição
barata e suave para a obtenção de produtos de alto valor.
Este processo pode ser fonte de aminoácidos raros como
cisteína, serina e prolina, ou pode ser usado no
desenvolvimento de fertilizantes de lenta liberação de
nitrogênio, colas e biofilmes. Diversos microrganismos
produtores de queratinases tem sido descritos como
hábeis em degradar penas de aves e uma estratégia
simples de selecionar microrganismos com potencial
queratinolítica é o uso de penas de aves como substrato
único nos meios de cultivos.
O primeiro dos mecanismos da resposta imune inata é regulatória IL-10 também ser induzida. TRL4 reconhece
constituído pelas barreiras físicas que separam o organismo hifas, mas naõ conid́ ios de Aspergillus. Esse receptor medeia
do meio, quais se- jam, a pele e membranas mucosas dos o reconhecimento de mana- nas de C. albicans e
tratos respiratório, gastrointestinal e geniturinário. A pele e glicoxilmanana da cápsu- la de C. neoformans. Esses e
as mucosas são barreiras físicas e apresentam substâncias outros resultados sugerem que tanto TLR2 quanto TLR4
antimicrobianas em sua superfić ie, algumas delas estaõ envolvidos na induçaõ da defesa dos hospedeiros
sintetizadas pelas células epiteliais e endoteliais. Além disso, perante a fungos. De fato, verificou-se também que uma via
apresentam uma biota comensal de microorganismos dependente de MYD88 é necessária para o estabelecimento
saprofit́ icos que impedem a colonização por micro- de imunidade adaptativa envolvendo linfócitos Th1 contra C.
organismos patogênicos. Uma vez ultrapassadas as barreiras albicans e A. fumigatus. O quadro geral que se visualiza é
físi- cas, os fungos encontrarao ̃ uma série de mecanismos que a sinalizaçaõ através dos receptores TLR é
inatos de defesa, incluindo receptores presentes em morfotipoespecif́ ica e que os TLR têm efeitos diferentes em
membranas e diversos fatores humorais. Reconhecimento na relação à ativação da resposta inata e da resposta adquirida
imunidade inata Tradicionalmente, a imunidade inata era via Th1 para cada fungo, conforme sua capacidade de ati- var
con- siderada simplesmente a primeira linha de defesa contra atividades antifúngicas especializadas em diversas
infecções, apresentando uma série de comportamentos populações celulares da resposta imune inata. Subversão da
estereotipados dian- te de qualquer estim ́ ulo. No entanto, imunidade inata pelos fungos Em contraste, estudos
recentemente, foi estabelecido que a imunidade inata, apesar demonstraram que esses patógenos são capazes de manipular
de apresentar razoável falta de especificidade, é capaz de e escapar do reconhecimento pela resposta imune inata.
distinguir eficientemente entre antig ́ enos próprios e naõ Algumas estratégias de eva- saõ saõ : modular as funções
próprios e de ativar os meca- nismos da imunidade adquirida microbicidas de leucócitos, escapar ao reconhecimento imu-
através do fornecimento de sinais especif́ icos. Assim, a nológico ou induzir um perfil de citocinas anti-inflamatórias.
resposta imune inata confere reconhecimen- to rápido de Por exemplo, C. albicans induz imunossupressaõ por
infecçaõ microbiana através de um repertório limitado de liberação de IL-10 mediada por TLR2, o que leva à geração
receptores que re- conhecem um grupo de estruturas de linfócitos T regulatórios CD4+CD25+ com po- tencial
molecula- res conservadas durante a evoluçaõ , comuns a imunossupressor. A. fumigatus evade a resposta imune por
amplos grupos de espécies microbianas, in- clusive fungos. A germinar em hifas e por perda subsequente de
maior parte dos mecanismos da imunida- de inata é induzida reconhecimento TLR-4 enquanto a via de IL-10 mediada por
pela infecção, e sua ativa- ção requer o reconhecimento TLR2 permanece intacta, indo assim para um dese- quilíbrio
específico dessas estruturas (padrões) moleculares, para Th2, permissivo para o cresci- mento fúngico. Papel de
conhecidas por PAMPs por uma série de receptores de re- diversas populações celulares na imunidade inata Um ponto
conhecimento desses padrões (PPRs), presen- tes em crit́ ico nessa etapa da defesa é a produção de fatores
diferentes células do organismo, como por exemplo quimiotáticos no local da infecção fúngica para recrutamento
monócitos, macrófagos, células dendrit́ icas (DC), linfócitos efetivo de leucócitos para o local. Esses fatores são vários e
T, linfócitos B e células endoteliais. Os PPR incluem incluem peptid́ eos originados da ati- vação do sistema
recepto- res toll-like (TLRs), uma famiĺ ia de receptores complemento, leucotrienos, citocinas e quimiocinas,
proteicos que medeiam o reconhecimento de patógenos produzidos por uma variedade de células após a infecção
microbianos e as subsequentes res- postas inflamatórias em fúngica, além de produtos sintetizados pelos próprios fungos.
vertebrados. TLRs e outros PRRs conferem reconhe- cimento Nos tecidos, fagócitos consistindo em neutrófilos, monócitos
de PAMPs, e sua sinalização ativa a siń tese, seguida da e macrófagos e células dendrit́ icas têm um papel essencial, e
liberaçaõ de citocinas proinflamatórias, e induz a expressão células natural killer (NK), linfócitos Tγδ, além de outras
de mo- léculas coestimulatórias a promover a ativa- çaõ da populações celulares naõ hematopo- éticas, estaõ envolvidos
resposta imune adaptativa durante a apresentação antigênica. na defesa do hospe- deiro. As células NK são um
A ativação simultâ- nea de múltiplos PRRs por um patógeno componente impor- tante da resposta imune. Normalmente
fún- gico habilita o sistema imune com um amplo espectro de pre- sentes no sangue periférico, medula e baço, podem
possibilidades para resposta imu- ne especif́ ica e efetiva. migrar para sítios de inflamação em resposta a quimiocinas.
Assim, a importância das PRRs e dos receptores TLR está Quando ativadas por IL-12 e IL-18 derivados de macrófagos,
naõ ape- nas em direcionar a resposta imune inata, mas podem secretar citocinas, principalmente interferon- gama
também em orquestrar a resposta imune adaptativa. Foi (IFN-γ), da qual saõ a maior fonte du- rante a resposta inata a
relatada a participaçaõ de PAMPs na defesa contra C. fungos. Os macrófagos constituem uma populaçaõ
albicans, A. fumigatus, C. neoformans, Pneumocystis e heterogênea de células presentes em vários tecidos e que,
Coccidioides. Muitos componentes de paredes de fungos são além de serem fagócitos efi- cientes com propriedades
reco- nhecidos por TLR expressos em fagócitos e em células fungicidas, têm im- portante papel na apresentação de
dendríticas. A sinalizaçaõ por TLR leva à produção antiǵ enos fúngicos, na fase de ativação da resposta imu- ne
preferencial de citocinas in- flamatórias como o fator de adquirida. As células dendrit́ icas saõ importantes células
necrose tumoral alfa (TNF-α), apesar de a citocina apresentadoras de antiǵ enos, com papel fundamental na
imunidade inata e ad- quirida. Após a infecção, células elimina- çaõ de fungos do organismo. As respostas imunes
precursoras de DCs saõ recrutadas do sangue para sítios inatas e adquiridas estaõ intimamente ligadas e saõ
inflamatórios e se transformam em DC ima- turas. O fungo controladas por várias moléculas e receptores, os quais atuam
liga-se a elas através de recep- tores TLR, o que leva à no sentido de gerar a resposta imune mais efetiva para
indução de citocinas proinflamatórias, que incluem TNF-α, proteção contra fungos. O reconhecimento de fungos pela
IL-1, IL-6 e IL-8. Os mecanismos de defesa do hospedeiro imunida- de inata leva à imediata mobilização de meca-
adaptam-se a infecções por fungos diferentes. Por exemplo, nismos efetores e regulatórios que aparelham o hospedeiro
macrófagos constituem as cé- lulas primárias envolvidas na com uma rápida iniciação da resposta imune e montagem de
lise de fungos durante a infecçao ̃ por Cryptococcus e Pneu- um ambiente inflamatório para o reconhecimento do pató-
mocystis, enquanto neutrófilos são as células efetoras geno; ou seja, o estabelecimento de uma pri- meira linha de
primárias que controlam a infecçao ̃ por C. albicans e A. defesa que controla o fungo durante o desenvolvimento da
fumigatus. Há vários mecanismos efetores pelos quais resposta imu- ne adquirida, levando à ativaçaõ da resposta
fagócitos de hospedeiros imunocompetentes destroem imune humoral ou celular mais apropriada para a proteção
fungos; entre eles se incluem a lise e a inibiçaõ do em micoses. Investigações recentes demonstraram que cada
crescimento fúngico. Em geral, os macrófagos constituem a receptor presente em fagócitos, que se constituem nas
célula central da resposta imune inata, além das células den- primeiras células com as quais os fungos entram em contato
drit́ icas e dos neutrófilos. Esses últimos têm um papel após a in- fecçaõ , tem papel determinante não apenas
fundamental, erradicando espécies de Candida da circula- diretamente nos eventos relacionados com a a lise do fungo
ção. Além disso, citocinas e quimiocinas têm importante por essas células, mas tam- bém com a ativação da
funçaõ regulatória, inibindo ou estimulando os fagócitos. imunidade adquirida. Desse modo, receptores para
Uma observaçaõ interessante é que qua- se todos os tipos componentes do sistema complemento, para manose e para
celulares humanos com os quais o fungo invasor entra em β- glucana (como a dectina 1) ativam vias diver- sas, e,
contato ini- cialmente (células dendrit́ icas, macrófagos, portanto, o destino dos fungos que as utilizarem será
neutrófilos, células epiteliais e endoteliais) saõ capazes de totalmente diferente após sua interiorização nos fagócitos.
interiorizar leveduras ou co- nid ́ ias, o que não significa Como já visto, os fagócitos têm capacidade antifúngica
obrigatoriamente que essas seraõ lisadas, pois elementos fún- intriń seca, mas essa é em muito aumentada por ação de
gicos endocitados poderiam representar um inóculo latente opsoninas (compo- nentes da resposta adquirida humoral) e
que poderia ser reativado em um momento de alteraçaõ de linfócitos T (participante da resposta, de for- ma que a
imunológica ou te- rapêutica. Infecções fúngicas por resposta imune inata e a adquirida não operam
reativação de um inóculo dormente poderiam explicar a independentemente, mas, sim, em harmoniosa colaboração
histoplasmose pulmonar crônica. De fato, vá- rios fungos
desenvolveram mecanismos para evadirem-se de algumas Papel relativo da imunidade celular e da imunidade humoral
etapas da fagocitose, incluindo a lise intracelular, o que A contribuiçaõ da imunidade humoral e celu- lar na defesa de
possibilita sua sobrevivência após serem interiorizados por hospedeiros contra infecções fúngicas vem se constituindo
macrófagos. Dessa forma, os macrófa- gos passam a em um campo controverso da micologia médica. Foi
constituir nichos protegidos para o fungo, permitindo sua consistentemente demonstrado em vá- rias micoses, através
multiplicação e tornando-se um meio para sua dissemina- çaõ de estudos de transfe- rência adotiva de proteçaõ por meio de
a partir do pulmaõ para outros órgãos. Histoplasma linfóci- tos, que a imunidade celular confere proteção contra
capsulatum é um exemplo de parasitismo intracelular de infecções causadas por muitos fungos sobre o aumento de
macrófagos bem- sucedido. suscetibilidade do hos- pedeiro em hospedeiros apresentando
defici- ência de imunidade mediada por células e os achados
de que a inflamação granulomatosa é frequentemente
4.Descrever a imunidade adaptativa contra fungos essencial para o controle da infecçaõ fúngica nos tecidos. Em
A inflamação é uma característica marcante de infecções e contraste, a gravidade da doença correlaciona-se com o grau
doenças causadas por fungos. A resposta inflamatória tem de comprometimento da resposta imune celular e com níveis
provavelmente a função de limitar a infecção fúngica. Como elevados de anticorpos especif́ icos. O papel da imunidade
as doenças fúngicas saõ raras, um equilib ́ rio hospedeiro- humoral é de difić il demonstraçaõ através da transfe- rência
fungo estável é uma condição provável para a maioria dos de soro imune ou por tentativas de cor- relacionar títulos de
fungos potencialmente patogênicos. Isso requer que a anticorpos com proteção. Apesar de alguns poucos estudos
resposta imune despertada seja suficiente- mente forte para sugerirem o papel protetor da imunidade humoral, seu papel
permitir a sobrevivência do hospedeiro com ou sem a é incerto devido a resultados inconsis- tentes. Assim, até
eliminação do fungo e para estabelecer uma relação de recentemente, acreditava-se que a resposta imune adquirida
comensa- lismo ou persistência sem excessiva patologia mediada por células era essencial para a proteção contra
proinf lamatória. Assim, o balanço entre sinais pró e anti- infecções fúngicas e que a imunidade humo- ral tinha papel
inflamatórios é um pré-requisito para intera- ções pouco relevante ou nenhum. No entanto, atualmente, o
hospedeiro-fungo bem-sucedidas e requer ação coordenada debate a respeito da importância relativa da resposta imu- ne
da resposta imune inata e adquirida, a qual é essencial para a celular e da resposta humoral chegou ao consenso de que a
resposta imune celular é o mecanismo principal, mas que hospedeiros parece ser dependente da induçaõ de imunidade
certos tipos de anticorpos podem também ser protetores, ou celular mediada por linfócitos T, citocinas e vários fagócitos
seja, o sistema imune trabalha como um todo e diversos efe- tores. Linfócitos Th1 produzem predominante- mente
componentes contribuem na defesa contra fungos, mesmo citocinas tais como o IFN-γ e promovem imunidade mediada
que alguns integrantes do sistema contribuam mais que por células e ativaçaõ de fagócitos, induzindo nesses uma
outros. Resumindo, o sistema imune confere pro- teçaõ ativaçaõ do metabolismo conhecida como explosão (burst)
contra infecções causadas por fungos através de redundância respiratória, iniciada por enzimas como a nicotinamida
e sobreposição de mecanismos efetores protetores contra fun- adenina dinucleotídeo fosfa- to (NADP) e óxido nítrico
gos, sejam eles da imunidade inata ou da ad- quirida, sintase indutiv́ el (iNOS), que produzem intermediários
compreendendo imunidade celular e humoral. Mecanismos reativos do oxigênio e do nitrogênio que têm a capaci- dade
da imunidade humoral; papel de anticorpos especif́ icos Na de lesar fungos. Em contraste, células Th2 sintetizam
última década, demonstrou-se que a imu- nidade humoral predominantemente citocinas tais como as interleucinas IL-3
pode ser protetora contra infecções fúngicas se determinados e IL-4 e ten- dem a promover a produção de anticorpos. O
tipos de anticorpos protetores estiverem presentes em tipo de imunidade celular induzida é crit́ ico para conferir
quantidade suficiente. As principais funções protetoras de an- resistência ou suscetibilidade a micoses. Em geral,
ticorpos em infecções causadas por fungos incluem imunidade celular do tipo Th1 é necessária para controle e
prevençaõ da aderência, neutraliza- çao ̃ de toxinas, esterilizaçaõ da infecçaõ fúngica, enquanto a imunidade do
opsonizaçaõ por anticorpos, citotoxicidade celular mediada tipo Th2 geralmente resulta em suscetibilida- de a infecção
por anticorpos (ADCC) e ativação do sistema complemento, ou a respostas alérgicas. A geraçaõ de uma resposta
o qual pode originar tanto moléculas produtos que opsonizam dominante Th1 direcionada por IL-12 é requisito essen- cial
fungos como outras com po- tencial efeito lit́ ico sobre eles. para a expressaõ de imunidade prote- tora a fungos. Através
Esses achados foram corroborados pela identificação de anti- da produçaõ da cito- cina IFN-γ, a qual tem papel importante
corpos tanto protetores quanto nao ̃ protetores contra C. na mudança de classe de anticorpo (switch) de linfócitos B
neoformans e C. albicans, indicando que a resposta imune para a síntese de anticorpos op- sonizantes (IgG), os
humoral poderia resul- tar em anticorpos de variada eficácia, linfócitos Th1 saõ funda- mentais para a ativação de
com a prevalência desses tipos variando de fungo para fungo. fagócitos no sit́ io da infecção fúngica. O IFN-γ estimula a
Mecanismos da imunidade celular; papel de citocinas migração, a aderência, a fagocitose e a lise oxidativa por
Inquéritos epidemiológicos empregando tes- tes de parte de neutrófilos e macrófagos, sustenta a resposta Th1,
reatividade cutânea indicam que infec- ções fúngicas são através da via da citocina IL-12, e po- tencializa os efeitos de
mais comuns que doenças fúngicas, o que é condizente com terapias com drogas antifúngicas. A produção de IFN-γ é
o desenvol- vimento de uma resposta imune protetora. Para regulada por IL-12, que é considerada o indutor primá- rio da
fungos dimórficos a exposição inicial ou é assintomática ou resposta inflamatória. Em um modelo experimental, essas
resulta em uma infecçaõ branda que confere imunidade citocinas potencializam a atividade antifúngica de
protetora. Lin- fócitos obtidos de indivíduos saudáveis apre- macrófagos con- tra C. neoformans por induzirem a
sentam fortes respostas proliferativas após estim ́ ulo com produção de IFN-γ. A deficiência dessas duas citocinas
antiǵ enos fúngicos, produzindo numerosas citocinas. Em acarreta o agravamento dos quadros de mico- ses, pois uma
muitas micoses, a resposta tissular eficaz contra invasão incapacidade de liberar sinais de ativação para fagócitos
fúngi- ca é a inflamação granulomatosa, que é uma efetores poderia predispor os pacientes a infecções
caracteriś tica de resposta imune celular. Os mecanismos descontro- ladas, limitar a eficácia terapêutica de drogas
efetores através dos quais linfócitos T participam do controle antifúngicas e favorecer a persistência ou o comensalismo
de infec- ções fúngicas são múltiplos e redundantes, podendo dos fungos. A citocina IL-4 age como o mais potente si- nal
incluir atividade antifúngica direta, apoptose e outros autócrino para o comprometimento para uma reatividade Th2
mecanismos efetores com- plexos. A resistência contra que modula negativa- mente as respostas protetoras Th1 e
infecções causa- das por fungos está baseada na indução de favorece a alergia a fungos. Em indivíduos atópicos e em
forte resposta imune celular mediada por lin- fócitos T neonatos, a supressaõ da resposta de hi- persensibilidade do
auxiliares (Th, com fenótipo CD4+), citocinas e fagócitos tipo tardio a fungos está associada a níveis elevados de IgE,
efetores. Apesar de essa populaçao ̃ de linfócitos ter o papel IgA e IgG com especificidade antifúngica. No entanto, nem
central na proteção contra fungos, dados recentes da li- sempre uma maior suscetibilidade a fun- gos está associada a
teratura relatam a participação de linfócitos T citotóxicos maior produçaõ de IL-4. Assim, várias observações cliń icas
(CTL, com fenótipo CD8+), prin- cipalmente em situaçaõ de suge- rem uma relaçaõ inversa entre produçaõ de IFN-γ e de
deficiência de cé- lulas CD4+. Devido ao seu efeito sobre IL-10 nos pacientes de micoses. Altos níveis de IL-10,
leucócitos circu- lantes, as citocinas produzidas por linfócitos modulando negativa- mente a produçaõ de IFN-γ, são
T especif́ icos para um determinado fungo sao ̃ instrumentais detectados em candidiá ses crônicas, em formas graves de
na mobilizaçaõ e ativação de células efetoras antifúngicas, micoses sistêmicas endêmicas e em pacientes de aspergilose
provendo assim controle efetivo após o fungo ter se dissemi- que apresentam neutropenia. Há comprovação de que
nado para tecidos e órgaõ s internos. A resis- tência de polissacarid́ eos e ma- nanas de origem fúngica modulam
negativa- mente a resposta imune celular através da siń tese
de IL-10, mas não se confirmou ainda o papel dessas
citocinas em aumentar a sus- cetibilidade a infecções
fúngicas. A IL-12, citocina iniciadora e mantenedora das
respostas Th1, era considerada responsá- vel por respostas
imunes exacerbadas e mani- festações autoimunes, uma vez
que na respos- ta imune a micoses verificou-se a necessidade
de se regular a resposta inflamatória e a res- posta Th1-Th2
antifúngica descontrolada. Recentemente, o campo da
imunologia sofreu alterações, com o reconhecimento de que
o paradigma da dicotomia Th1-Th2 naõ explicava a grande
flexibilidade da produçaõ de citocinas por linfócitos T.
Assim, linfócitos T CD4+ T naï ve, em presença de citocinas
TGF-β e IL-2, expressam o fator de transcri- çao ̃ Foxp3 e se
diferenciam em linfócitos iTre- gs (regulatórios indutiv́ eis),
que suprimem a resposta imune; em contraste, na presença de
TGF-β e IL-6, expressam o fator de transcri- ção RORγt e se
tornam linfócitos Th17, que saõ estabilizados pela citocina
IL-23, produzi- da por células dendríticas. Existe uma
relaçaõ reciṕ roca entre desenvolvimento de células
regulatórias Tregs Foxp3+ e efetoras Th17. Recentemente foi
aventada a hipótese de que a IL-10 secretada por Tregs seja
responsável pelo estabelecimento do comensalismo, da la-
tência e da persistência fúngicas que frequen- temente são
observados em pacientes. Esses linfócitos Th17, agora
reconhecidos como uma linhagem separada de linfócitos Th
efetores e que contribuem para aspectos patológicos
anteriormente atribuid́ os aos lin- fócitos Th1, são induzidos
em infecções fún- gicas causadas por Candida spp., P. carinii
e H. capsulatum, podendo estar envolvidos nas respostas
granulomatosas a fungos.

5.Descrever os mecanismos de evasão dos fungos


6.Conceituar doenças fungicas não se queimam, permitindo que as lesões possam ser
Os fungos são eucariotos com paredes celulares que dão a visualizadas com maior facilidade. O diagnóstico definitivo
eles sua forma. As células fúngicas podem crescer como se dá somente pelo exame direto através da observação de
filamentos multicelulares denominados micélios ou como hifas curtas e curvas e elementos redondos. A Malassezia não
células únicas ou cadeias de células denominadas leveduras. cresce nos meios de cultura habituais usados na rotina porque
A maioria das leveduras se reproduz por brotamento. necessita de suplemento lipídico para seu crescimento.
Algumas leveduras, como a Candida albicans, podem As MICOSES CUTÂNEAS se caracterizam por serem
produzir brotos que não se destacam e se tornam alongados, causadas por fungos que invadem toda a espessura da capa
produzindo uma cadeia de células leveduriformes alongadas, córnea da pele ou a parte queratinizada intrafolicular dos
denominadas pseudo-hifas. Os micélios consistem em pelos ou a lâmina ungueal. Na pele, as lesões se
filamentos semelhantes a fios (hifas) que crescem e se manifestam como mancha inflamatória, nos pelos como
dividem em suas pontas. Eles podem produzir células lesão de tonsura e na unha por destruição da lâmina
redondas, denominadas conídios, que são facilmente ungueal. O contágio é feito através de animais, homens ou
transmitidas pelo ar, disseminando o fungo. Muitos fungos de solo infectado.
clinicalmente importantes são dimórficos, existindo como As dermatofitoses constituem manifestações clínicas muito
leveduras ou micélios, dependendo das condições ambientais variadas causadas por um grupo de fungos, denominados
(leveduras se formam à temperatura do corpo humano e dermatófitos, que produzem lesões na pele, pelos ou unhas.
micélio se formam à temperatura ambiente). Infecções Os fungos dermatófitos degradam queratina e pertencem aos
fúngicas podem ser diagnosticadas através de exame gêneros Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. Há
histológico, apesar da identificação definitiva de algumas reconhecidamente 27 espécies patogênicas para o homem,
espécies necessitar de cultura. dentre as quais 15 ocorrem no Brasil. Destas, as principais
As infecções fúngicas, também denominadas micoses, são de são: Trichophyton rubrum, Epidermophyton floccosum, T.
quatro tipos: (1) micoses superficiais e cutâneas, as quais são mentagrophytes, Microsporum canis, M. gypseum e T.
comuns e limitadas às camadas bastante superfi ciais ou tonsurans.
queratinizadas da pele, cabelo e unhas; (2) micoses As dermatofitoses podem ser classificadas nas seguintes
subcutâneas, as quais envolvem a pele, tecidos subcutâneos e modalidades clínicas: dermatofitose ou tinha do couro
linfáticos e raramente se disseminam sistemicamente; (3) cabeludo, da pele glabra, da barba e da face, dos pés, das
micoses endêmicas, as quais são causadas por fungos unhas e inguinal, dependendo da localização da lesão no
dimórficos, que podem produzir doenças sistêmicas sérias paciente. Já nos cabelos, pela relação com os fungos, podem
em indivíduos saudáveis, e (4) micoses oportunistas, as quais ser diferenciados dois tipos de parasitismo: endotrix, onde os
podem causar doenças sistêmicas ameaçadoras à vida em artroconídios se localizam somente no interior do pelo, esse
indivíduos que estão imunossuprimidos ou que carregam causado, por exemplo, por T. tonsurans; e ectotrix, onde os
dispositivos protéticos implantados ou cateteres vasculares. artroconídios se dispõem no interior e ao redor do fio de
As MICOSES SUPERFICIAIS são infecções causadas por cabelo. Podemos citar M. canis e T. mentagrophytes como
fungos que invadem as camadas mais superficiais da capa agentes deste tipo de parasitismo pilar.
córnea da pele ou a haste livre dos pelos. As lesões se Em cultivo, os dermatófitos, em sua maioria, produzem dois
manifestam como mancha pigmentar na pele, nódulo ou tipos de conídios: macroconídios e microconídios que,
pelos. A forma invasiva do fungo é uma hifa, característica juntamente com a característica macroscópica da colônia,
de cada micose. vão permitir a identificação das diferentes espécies dos
A piedra negra é uma micose causada pela Piedraia hortae. dermatófitos. Os macroconídios são característicos dos
Esta micose consiste em nódulos duros, de cor escura, seguintes gêneros:. Microsporum . São fusiformes, grandes,
localizados na haste dos pelos e bastante aderentes a eles. Em multisseptados de paredes rugosas. Epidermophyton . São
parasitismo, o fungo se apresenta como um emaranhado de clavados, robustos bi ou trisseptados com paredes lisas e
hifas intimamente unidas. Essas hifas são de cor castanha e espessas.. Trichophyton . Quando existentes são delicados,
têm parede e septos espessos. Os nódulos constituem, na clavados, multisseptados de paredes finas e lisas.
verdade, um ascostroma, pois em meio ao enovelado de hifas O quadro a seguir mostra as características macro e
formam-se lóculos ovalados contendo oito ascósporos. Já a micromorfológicas que são observadas nas colônias dos
piedra branca é causada por leveduras do gênero principais fungos responsáveis por dermatofitoses.
Trichosporon. Nesta infecção o fungo cresce sobre a haste A candidíase é micose causada por leveduras do gênero
dos pelos, formando nódulos de hifas hialinas septadas e Candida, em especial pela espécie C. albicans. Elas são
ramificadas, facilmente destacáveis dos pelos, que podem se hóspedes normais do trato gastrintestinal do homem e fazem
desarticular, resultando em artroconídios retangulares que se parte da microbiota de determinadas regiões do tegumento
tornam esferóides ou poliédricos. cutâneo. Porém a Candida pode invadir a camada córnea da
Leveduras do gênero Malassezia são os agentes da pitiríase pele ou a lâmina ungueal de hospedeiros normais. As lesões
versicolor. Esses fungos vivem normalmente sobre a pele do têm localização peculiar: nas unhas das mãos e nas áreas
homem, na forma de levedura. intertriginosas da pele (região inguinal, espaços interdigitais
Usualmente podem filamentar e invadir as células das mãos, região submamária e axilar). Também é possível
queratinizadas das camadas superficiais da pele, ocorrerem lesões nas unhas dos pés.
determinando a micose. A doença se manifesta como Há ainda outras micoses de pele e de unha que não são
manchas descamativas distribuídas pelo tórax, abdome e causadas nem por fungos dermatófitos nem por fungos do
membros superiores. gênero Candida. Dentre esses fungos destacam-se: Fusarium
Ao contrário do que muitos pensam, a micose não é sp., Scytalidium dimidiatum, e S. hyalinum que podem
adquirida na praia; o que ocorre é que quando o doente se causar lesões principalmente em unhas e em espaços
bronzeia, os locais da pele onde o fungo está em parasitismo interdigitais dos pés. Em cultivo, S. dimidiatum se apresenta
como colônia cotonosa, branca no início tornando-se cinza a
negra em dez dias. Microscopicamente, se compõe de hifas Os grãos, de tamanho e forma variados, podem ter coloração
demáceas e hialinas, com artroconídios septados e não branco-amarelado, vermelha ou negra. O que caracteriza a
septados. S. hyalinum é considerado um mutante de S. cor de um grão é somente o fungo ou actinomiceto agente da
dimidiatum incapaz de sintetizar melanina e, com isso, as doença. Por isso, a cor do grão obtido das lesões do paciente
hifas e os conídios são sempre hialinos. já fornece um indicativo de qual seja o agente do micetoma.
As culturas de Fusarium sp. podem ser as mais variadas Há outras micoses subcutâneas de interesse, como a
possíveis, quanto à macroscopia. Esta dependerá da espécie lobomicose e a entomoftoramicose. No entanto, a
que causa a lesão. Porém, microscopicamente, o que esporotricose, cromoblastomicose e micetomas são as mais
caracteriza Fusarium sp. é a presença de macroconídios em comuns no Brasil.
forma de lua, bi ou trisseptados. As MICOSES SISTÊMICAS se caracterizam por serem
As MICOSES SUBCUTÂNEAS se caracterizam por adquiridas por inalação de propágulos fúngicos, sendo,
resultar da inoculação de um fungo patogênico por ocasião consequentemente a lesão primária pulmonar, com
de um traumatismo, manifestando-se como tumefação ou tendência à regressão espontânea. O fungo pode se
lesão supurada da pele ou do tecido subcutâneo, produto da disseminar pelo corpo através do sangue, originando lesões
disseminação do fungo por contiguidade ou por via extrapulmonares nos indivíduos. Os agentes de micoses
linfática, porém limitada ao território aquém do linfonodo sistêmicas raramente são implantados traumaticamente;
regional. quando isso ocorre, determinam uma lesão granulomatosa
A esporotricose tem como agente Sporothrix schenckii. Esse circunscrita, com ou sem linfangite regional, que regride
é um fungo dimórfico, logo, muda entre as formas miceliana espontaneamente.
e leveduriforme, de acordo com a temperatura e as condições Ao invadir os tecidos, os fungos desencadeiam resposta
do ambiente onde se encontra. imunológica no hospedeiro, que pode ser evidenciada por
Assim sendo, S. schenckii, em parasitismo nos tecidos reação intradérmica, na qual se verifica a resposta celular
apresenta-se como elementos leveduriformes bem pequenos, dada pelo hospedeiro, por reações de hipersensibilidade
com brotamento geralmente em forma de charuto. Na tardia e por provas de detecção de anticorpos em amostras de
natureza, em associação a vegetais e madeira, vive na forma soro (imunodifusão dupla e fixação do complemento), onde é
filamentosa. A transmissão clássica da esporotricose se dá avaliada a resposta humoral. Uma reação intradérmica
por traumatismo causado por vegetais onde o fungo se positiva evidencia que o indivíduo já foi previamente
encontra ou pela forma zoofílica, ou seja, através de lesões sensibilizado pelo fungo e as provas sorológicas indicam que
provocadas por animais infectados por S. schenckii, em há anticorpos contra o fungo. Porém, as provas sorológicas
especial gatos, como vêm ocorrendo no estado do Rio de podem fornecer resultados falso-positivo e falso-negativo,
Janeiro, que é uma área endêmica de esporotricose. A lesão visto que podem ocorrer reações cruzadas com outros
inicial da esporotricose é uma pápula ou nódulo que surge no anticorpos na prova aplicada. As provas sorológicas auxiliam
ponto da inoculação, usualmente localizado nos membros. no diagnóstico de micoses sistêmicas, mas o que realmente
Desse local o fungo pode propagar-se por contiguidade, diagnostica a doença é o isolamento do fungo em cultivo ou
determinando uma lesão circunscrita ou por via linfática, sua observação no exame micológico direto dos materiais
ocasionando o aparecimento de nódulos em número variável adequados para o exame, tendo as provas imunológicas valor
sobre o trajeto de um linfático superficial. O diagnóstico diagnóstico presuntivo. As provas imunológicas são úteis
definitivo se dá com o isolamento em cultivo do fungo em para avaliações epidemiológicas, para avaliação prognóstica
amostras de pus ou biópsia das lesões. Testes de detecção de e para a triagem de pacientes. As reações intradérmicas
IgG e IgM em amostras de soro podem auxiliar no apresentam valor diagnóstico baixo, uma vez que não
diagnóstico e no acompanhamento terapêutico desta discriminam entre infecções passadas ou recentes. Porém são
infecção. de grande valor nos estudos epidemiológicos. As micoses
A cromoblastomicose é uma infecção que se caracteriza pelo sistêmicas são a coccidioidomicose, a blastomicose, a
aspecto parasitário de seus agentes: o corpo muriforme. histoplasmose, e a paracoccidioidomicose. As duas primeiras
Esses são elementos globosos, com parede acastanhada não são comuns no Brasil, embora sejam relatados casos de
espessa e septados em planos distintos. Podem ser coccidioidomicose no semi- árido do Nordeste, em especial
visualizados também elementos não septados e outros com no Piauí em caçadores de tatus, que revolveram o solo para
apenas um septo, porém o que caracteriza o corpo muriforme desentocar a caça. Há também a esporotricose sistêmica, que
é a presença de septos em planos diferentes. As principais é resultado da inalação de conídios de S. schenckii os quais
espécies que podem causar cromoblastomicose no ser vão causar infecção pulmonar que pode sistematizar-se. Este
humano são Fonsecaea pedrosoi, F. compacta, tipo de apresentação clínica da esporotricose é bastante raro.
Cladophialophora carrionii, Phialophora verrucosa, e O aspecto macro e micromorfológico do fungo é o mesmo do
Rhinocladiella aquaspersa. No Brasil, normalmente, os casos agente da esporotricose subcutânea.
dessa micose são causados por F. pedrosoi, após traumatismo A histoplasmose é uma infecção sistêmica, causada por
com matéria orgânica vegetal. Histoplasma capsulatum var. capsulatum ou H. capsulatum
Micetoma é o nome coletivo de micoses produzidas por var.Enquanto o primeiro agente tem distribuição
algumas espécies de fungos ou de actinomicetos aeróbios, os cosmopolita, o outro tem sua distribuição geográfica restrita
quais, nos tecidos, se organizam em um agregado de hifas ou ao continente africano. O cultivo de H. capsulatum à
filamentos bacterianos, denominados grãos. temperatura ambiente é constituído de colônia branca que,
Os agentes de micetoma possuem habitat na natureza quando muito velha, assume
associado a vegetais, nutrindo-se de outros vegetais em coloração camurça. O crescimento do fungo é bem lento.
decomposição ou como fitopatógenos. Microscopicamente se observam hifas finas e delicadas e
O micetoma eumicótico se distingue do actinomicótico por conídios de dois tipos. Os macroconídios esféricos e
ser: causado por um fungo, enquanto o actinomicótico é tuberculados são estruturas marcantes para a identificação do
causado por bactérias filamentosas. fungo.
Porém, a presença de microconídios esféricos é necessária para a identificação do agente da criptococose, pois esta
para a correta identificação do agente, pois há alguns fungos enzima faz com que a levedura se torne melanizada quando
saprófitas, pertencentes ao gênero Chrysosporium, que colocada em cultivo com compostos fenólicos. Esta enzima e
também produzem estruturas de propagação semelhantes. a cápsula polissacarídica estão relacionadas com a virulência
Deve-se, para a correta identificação do agente da desse fungo ao organismo.
histoplasmose, realizar a conversão desse fungo para a fase A aspergilose é causada por membros do gênero Aspergillus
leveduriforme em meios enriquecidos com incubação a 37ºC. que se apresentam nos tecidos como hifas hialinas septadas e
Todavia, a conversão de H. capsulatum não é facilmente ramificadas dicotomicamente, ou seja, num ângulo de 45º. A
obtida e depende também das características fisiológicas de micose se manifesta em três formas clínicas: a alérgica, de
cada isolado. colonização e a forma invasiva. Poucos grupos de
Quando convertidos à fase leveduriforme observam-se Aspergillus causam infecção no homem. Espécies de
colônias glabras, lisas, branco-amarelada, e na microscopia Aspergillus dos grupos fumigatus, niger e flavus são os
notam-se leveduras ovais e unibrotantes. patógenos mais comuns, porém também podem causar
A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica causada infecção fungos dos grupos nidulans, terreus, ustus e
por Paracoccidioides brasiliensis, caracterizada pela forma restrictus. O aspecto microscópico do conidióforo permite a
parasitária do seu agente: célula leveduriforme mutibrotante distinção entre as diferentes espécies.
com parede celular birrefringente. É a micose sistêmica mais A candidíase oportunista tem incidência mundial e resulta da
frequente na América Latina. Afeta usualmente agricultores, invasão por espécies de Candida dos tecidos de hospedeiros
que mantêm contato direto com a natureza, em principal com com endocrinopatias, nos que recebem terapêuticas
o solo. A micose é endêmica no Brasil. As manifestações imunodepressivas, nutrição parenteral e administração
clínicas da paracoccidioidomicose resultam da inalação de prolongada de antibióticos ou esteroides, e ainda em
elementos infectantes do fungo ou de uma reativação de pacientes com complicações após grandes cirurgias. Nos
lesão primária quiescente, ou seja, de uma lesão adquirida há tecidos, as espécies de Candida se apresentam como hifas de
algum tempo, muitas vezes mais de trinta anos, e que não aspecto peculiar, com exceção de C. glabrata (nun ca
tinha ainda se desenvolvido. O fungo, além de acometer o filamenta, sempre se apresenta na forma de levedura). O
pulmão, dissemina-se para outras partes do corpo, atingindo agente mais comum é C. albicans, espécie que faz parte da
principalmente as mucosas do indivíduo, sua pele e microbiota do tubo digestivo do homem. Vive também em
linfonodos. O aspecto macroscópico da cultura de leveduras menor número na árvore brônquica e na cavidade vaginal. Os
desse fungo tem coloração creme-clara, consistência cremosa microrganismos responsáveis pela candidíase são
e é conseguido em meios especiais, como o meio de Fava- classificados em sua forma anamórfica, usando provas
Neto, com incubação a 37ºC. O cultivo a 25ºC dá origem a fisiológicas de assimilação e fermentação de açúcares. À
colônias de crescimento muito lento, filamentosas, medida que vêm sendo descobertas as formas teleomórficas
algodoadas ou aveludadas, compostos de uma trama de hifas das espécies de Candida, as características dos esporos
sem conídios. demonstram que elas pertencem a vários gêneros distintos.
As MICOSES OPORTUNÍSTICAS são causadas por
fungos termotolerantes (que crescem a uma temperatura de
37ºC), de baixa virulência e que determinam doenças em
hospedeiros com graves deficiências do sistema
imunodefensivo. Esses fungos têm porta de entrada variá-
vel, usualmente provocam reação supurativa necrótica.
Podem acometer os mais variados órgãos, produzindo
quadros polimórficos que se apresentam como manifestação
cutânea, subcutânea ou sistêmica. Os fungos invadem os
tecidos como uma hifa.
A criptococose é causada por leveduras do gênero
Cryptococcus, das quais destacam-se duas espécies:
C. neoformans, que acomete principalmente indivíduos
imunodeprimidos e C. gattii, que pode acometer indivíduos
imunocompetentes. A micose é de frequência elevada nas
grandes cidades, onde são diagnosticadas suas formas
clínicas mais graves. As formas subclínicas ou as que se
manifestam como infecção respiratória inespecífica devem
ser bastante frequentes. A doença é endêmica no Norte e no
Nordeste do país, acometendo crianças, jovens e adultos, de
ambos os sexos e todas as faixas etárias, com ou sem
depressão do sistema imunológico. O fungo apresenta
tropismo pelo sistema nervoso central e o líquor do paciente
pode simular meningite viral, bacteriana e também
tuberculose. As leveduras do gênero Cryptococcus possuem
uma característica especial, que é a presença de uma cápsula
polissacarídica que envolve todo o fungo. Essa cápsula pode
ser evidenciada em exames laboratoriais por contraste com
tinta nanquim ou com a coloração pelo Mucicarmin de
Mayer. C. neoformans e C. gattii são capazes de produzir a
enzima extracelelular fenol oxidase, que é extremamente útil
7.Definir patógenos primários, oportunistas e infecção
oportunista

8. Definir imunodefiência e seus tipos


9.Citar e compreender o motivo pelo qual algumas tentativa de favorecer um melhor desempenho físico e
doenças congênitas e situações como estresse, diabetes, mental durante o estresse. A ativação do SNA, que
uso de antibióticos, medicamentos e desnutrição podem ocorre em segundos, permite a resposta adaptativa ao
levar ao desenvolvimento de imunodefiência e infecção
estressor, enquanto que o eixo HPA, por sua vez,
por fungos
Estresse apresenta uma resposta mais lenta, envolvendo a
liberação dos glicocorticóides, os quais, dependendo da
O estresse relativamente agudo parece favorecer as quantidade em que são secretados, podem levar à
funções imunológicas.Tanto os experimentos em imunossupressão.A ativação sustentada ou
animais quanto em humanos demonstram que a freqüentemente repetitiva dos dois eixos, sem a presença
exposição aos estressores agudos pode aumentar a de recuperação (relaxamento), resulta em
resposta imune a patógenos. Indivíduos vacinados desenvolvimento de doenças. Essa ativação sustentada é
contra o vírus influenza apresentaram aumentada o resultado da prolongada exposição ao estressor, ao
produção de anticorpos após serem submetidos a qual o indivíduo não consegue se adaptar. Elevada
estresse agudo. Ademais, o estresse psicológico agudo pressão sanguínea pode ser considerada sinal de
pode induzir a resposta imune celular, através do desregulação do SNA, enquanto que a hiper- ou
aumento do número de células natural killer (NK) e de hiposecreção de cortisol é um indicativo da desregulação
granulócitos . Avaliando a resposta imune humoral de do eixo HPA . Por outro lado, as respostas
ratos submetidos a estresse por imobilização por 2 h em desencadeadas pelo estímulo estressor podem ser
2 dias consecutivos, foi observado aumento na produção reguladas por complexos mecanismos de feedback frente
de anticorpos contra hemácias de carneiro, evidenciando aos mediadores neuroendócrinos.
que a resposta imune adaptativa pode ser ativada pelo
estresse agudo. Há evidências de que as respostas ao Diabetes
estresse crônico possam causar, clinicamente, relevante Diversos achados laboratoriais auxiliam na compreensão
imunossupressão, embora nem sempre haja
da associação entre DM e infecção. O paciente diabético
concordância entre os pesquisadores quanto ao tipo, apresenta depressão da atividade dos
duração e intensidade do estresse psicológico. Dois
polimorfonucleares neutrófilos, diretamente relacionada
componentes que estão bem distinguidos e envolvidos aos níveis de hiperglicemia, demonstrando menor
na ativação da resposta ao estresse são o eixo HPA e o
capacidade de fagocitose. Expressam, também, alteração
SNA. Assim, a resposta do organismo ao estresse está
na aderência, quimiotaxia e opsonização leucocitária - o
associada à sua ativação, acarretando mudanças nas sistema imune celular apresenta uma resposta
concentrações de vários mediadores relacionados ao ineficiente. E, por fim, alteração dos sistemas
estresse (8). A ativação do eixo HPA inicia-se através dos antioxidantes e menor produção de interleucinas (IL-2),
impulsos nervosos originários do estresse que são
indispensáveis no processo inflamatório para uma
transmitidos para o hipotálamo. O hipotálamo, por sua resposta imunológica eficaz. Por outro lado, a função
vez, secreta o CRH, o qual passa pelo sistema porta
humoral parece estar preservada.
hipotálamo-hipofisário, chegando até a hipófise anterior.
Neste local, o CRH induz a secreção do ACTH, que flui Pacientes com diabetes parecem ter um risco
pela corrente sanguínea até o córtex da adrenal, aumentado para bacteriúria assintomática e infecção do
induzindo a secreção de glicocorticóides como o cortisol trato urinário, bem como infecção da pele e mucosas,
e aldosterona. Nem sempre os níveis de ACTH e de incluindo infecções por Candida imunológica eficaz. Por
glicocorticóides encontramse elevados durante o outro lado, a função humoral parece estar preservada.
estresse. Observou-se que animais submetidos a estresse Pacientes com diabetes parecem ter um risco
crônico apresentaram menor concentração de ACTH aumentado para bacteriúria assintomática e infecção do
liberado do que de corticosterona. Embora a produção trato urinário, bem como infecção da pele e mucosas,
de glicocorticóides seja estimulada através da liberação incluindo infecções por Candida. Pavlović e
de ACTH, estudos sugerem que sua produção também colaboradores (2007) afirmam que diabéticos,
pode ser modulada por mecanismos ACTH- freqüentemente, apresentam algum tipo de lesão na pele
independentes. Já o SNA ativado resulta na secreção de que, geralmente, aparece logo após o desenvolvimento
acetilcolina, que induz a medula da adrenal a liberar da doença, porém também podendo ocorrer como o
epinefrina e norepinefrina na corrente sanguínea. Uma primeiro sinal. Entre as lesões na pele, pode-se citar a
vez liberadas, as catecolaminas induzem aumento da lesão mais conhecida como pé diabético, que resulta da
freqüência cardíaca, do fluxo sanguíneo para os presença de neuropatia e/ou vasculopatia, sendo
músculos, da glicemia e do metabolismo celular, na considerada uma complicação que piora a qualidade de
vida do paciente, representando um importante fator de
predisposição à presença de infecções . Segundo o
Consenso Internacional sobre Pé Diabético (2001), o pé
diabético, de etiologia multifatorial, é caracterizado
como uma das mais sérias e dispendiosas complicações
do DM, sendo responsável por 40% a 70% das
amputações das extremidades inferiores. Os portadores
dessa condição clínica apresentam o risco 15 vezes maior
de amputação , porém com a higiene adequada do pé, o
uso de meias e sapatos confortáveis, cuidados com as
unhas, bem como evitar os pés descalços são medidas
simples que podem impedir o surgimento de lesões .De
maneira geral, os pacientes com DM são reconhecidos
como mais vulneráveis a uma série de complicações de
natureza metabólica e/ou de origem infecciosa, como
processos bacterianos, fúngicos e virais .Diversas
infecções superficiais causadas por fungos acometem
mais freqüentemente a população com DM). Entre as
infecções fúngicas superficiais, destacam-se as
freqüentes infecções ungueais (onicomicoses), que
levam a relevantes alterações das unhas, podendo
favorecer o aparecimento de infecções secundárias,
como paroníquias (infecção da pele ao redor da unha)
Destaca-se, ainda, o intertrigo que se refere a qualquer
lesão cutânea ocorrida em superfícies opostas em
contato, como por exemplo, a região inguinal, axilas,
região inframamária e dobras abdominais.

Antibióticos e medicamentos

Os antibióticos intravenosos têm sido associados a


infecções por Candida desde 1945. As bactérias que
normalmente habitam a flora intestinal, inibem o
crescimento de fungos. Alterando-se a flora bacteriana
intestinal com o uso de antibióticos sistêmicos, os
fungos têm a possibilidade de crescer e invadir tecidos
profundos, vasos sanguíneos e linfáticos, resultando em
uma doença disseminada, principalmente nos indivíduos
imunocomprometidos. A relação entre cateteres
intravenosos e candidemia tem sido abordada por
diversos autores. Nessas situações, os pacientes estão em
regime de hiperalimentação e mantidos por cateteres
intravenosos por longos períodos. Como informa, por
exemplo, o estudo no qual pacientes faleceram com
fungemia documentada ,sendo 24% destes pacientes
estiveram em regime de hiperalimentação antes do
óbito. Outros autores descreveram que 100% dos
pacientes com fungemia tinham cateteres intravenosos.

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