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PROTOZOOSES INTESTINAIS
Protozoários são considerados importantes no mundo em desenvolvimento, onde a higiene de
alimentos e da água é insuficiente.
Vários são os fatores que estão envolvidos nessa ocorrência, entre os quais se destacam a baixa
qualidade da água consumida, os aglomerados populacionais em condições precárias de
habitação, as migrações, a proliferação e falta de combate aos vetores, o insuficiente nível de
educação sanitária, a deficiência de destinação de dejetos humanos e o inadequado controle de
qualidade dos alimentos.
São classificados de acordo:
-De acordo com número de células: Helmintos (pluricelulares) e protozoários (unicelulares).
-De acordo com as características morfológicas
: nematelmintos (vermes cilíndricos); platelmintos (vermes chatos); cestódeos (vermes
segmentados, em forma de fita); trematódeos (vermes não segmentados).
-De acordo com o ciclo evolutivo:
-Geo-helmintos (ocorre parte do ciclo no solo, antecedendo um hospedeiro humano);
-Bio-helmintos (necessitam de hospedeiro intermediário).
Deve-se ressaltar a ocorrência de transmissão por vetores, principalmente moscas e baratas.
Resposta Imune
A resposta imune do hospedeiro às infecções parasitárias está relacionada com os
linfócitos T CD4+ do tipo Th2 e com células T reguladoras.
Nas parasitoses as IL-4 age induzindo os linfócitos B a produzir imunoglobulinas E (IgE) e G (IgG)
e a IL-5 atrai e ativa os eosinófilos o que explica a eosinofilia e aumento do IgE.
Cisto 🡪 Contato com o ácido gástrico e proteases gera a excistação, que ocorre no intestino
delgado 🡪 Liberação de trofozoítos.
Trofozoítos 🡪 Adesão às mucinas colônicas e células epiteliais (Via uma Lecitina amebiana de
superfície que inibe a galactose/N-acetil-o-galactosamina) 🡪 Liberação de enzimas líticas (por isso
histolytica) que leva à apoptose e a digestão química da mucosa, porém com pouca reação
inflamatória
Trofozoítos liberam proteases que facilitam a invasão da mucosa através da degradação de
muco no cólon por proteínas na matriz extracelular nos protozoários.
A ruptura adicional do epitélio colônico é resultado direto de uma citólise dependente de contato
das células epiteliais e imunes e de uma resposta inflamatória aguda de células epiteliais, com o
recrutamento de neutrófilos e lesão de tecido mediada pelo sistema imune.
As regiões mais afetadas são o ceco e o cólon ascendente, embora possa afetar todo o cólon.
Achado macroscópico
A E. histolytica que causam lesão no intestino grosso podem, através da veia porta, atingir o
fígado causando lesões necróticas incorretamente chamadas de abscessos amebianos.
Incorretamente, porque abscesso é por definição uma inflamação com acúmulo de
exsudato purulento. No caso, não há pus. O que há é necrose tecidual causada pelos
protozoários e suas enzimas histolíticas. Portanto, o melhor termo é necrose amebiana hepática.
Imunologia
Mais de 90% dos indivíduos colonizados por E. histolytica curam a infecção espontaneamente
dentro de 1 ano, aparentemente se desenvolve uma resposta imune eficaz contra a amebíase.
-Produção de IgA fecal antilectina amebiana é observada em crianças.
-A imunidade humoral e celular é importante para a proteção da infecção;
Aspectos clínicos
A infecção por amebíase poderá:
1- Em 90% dos casos é assintomática;
2- Em 10% dos casos é sintomática;
3- Em uma minoria dos casos gera doença extraintestinal em fígado.
LUCAS S. MACHADO SOI IV
O principal achado clínico da amebíase é a colite amebiana, que causa diarreia sanguinolenta
com presença de muco;
!!! Colite amebiana é gerada pela inflamação da parede do cólon ascendente e ceco;
Como esse sintoma está presente em várias doenças intestinais, a escolha de um diagnóstico
diferencial deve ser observada para amebíase se possuir os fatore epidemiológicos de:
Essa diarreia ainda apresenta como diagnóstico diferencial outros agentes causadores de
disenteria bacteriana como: Shingella, Salnionella e Campylobacter e Esclierichia coli
enteroinvasiva ou êntero-hemorrágica e doenças não infecciosas, incluindo doença inflamatória
intestinal e colite isquêmica.
Quando pensamos em uma disenteria por amebíase temos que pensar que seu início é
gradualmente longo de uma a várias semanas.
Sinais e sintomas comumente observados: 90% apresentarão diarreia e dor abdominal.
-Dor abdominal;
-Tenesmo (desejo contínuo de evacuar, embora não tenha fezes na ampola retal);
-Febre;
-Perda de peso: Devido à cronicidade da doença;
-Sangue nas fezes (maioria dos pacientes pela colite amebiana);
-Colite necrosante aguda com megacólon tóxico:
-Complicação mais temida da disenteria amebiana, ocorre em 0,5% dos casos.
-Ocorre dilatação aguda do cólon (> 6 cm);
-A probabilidade de óbito é de 40% por sepse;
-Tratamento é cirúrgico;
Sinais e sintomas dificilmente observados:
-Formação de fístulas (comunicação anormal entre dois órgãos e/ou pele) enterocutâneas,
rectovaginais e enterovesiculares;
No entanto, o epitélio colônico pode simplesmente parecer endurecido, sem ulcerações visíveis;
Pode parecer colite ulcerativa com muitas ulcerações e mucosa granular, friável;
Em casos severos em que as úlceras coalesceram, o epitélio pode parecer necrótico.
Exame histopatológico
-Uma biópsia é realizada da borda da úlcera. Nessa região são encontrados trofozoítos amebianos
e um infiltrado inflamatório variável;
Coloração: A coloração é feita pelo ácido periódico de Schiff, que cora os trofozoítos de
magenta.
Exame de fezes:
Não é confiável, pois, por mais que sejam encontrados ovos e parasitas não é capaz de distinguir
E. histolytica de E. díspar.
Encontrar trofozoítos hematófagos é fortemente indicativo de E. histolytica, contudo, isso é
raramente observado nas fezes.
É difícil a diferenciação das E. histolytica das células branca do sangue.
Especificidade de 60%, pode estar relacionado à demora de analisar as fezes.
!!! O exame de fezes é pedido para descartar a infecção por outros parasitas que também
causem diarreia, encontrando os parasitas e seus ovos.
-Cultura de fezes com analises de isoenzimas: É capaz de diferenciar E. histolytica de E.
díspar, realizando essa diferenciação com exatidão.
-Exame de título de anticorpos antiamebianos séricos: A E. díspar não produz anticorpos.
LUCAS S. MACHADO SOI IV
-Esses anticorpos permanecem por anos, assim a análise deste deve ser feita com cautela.
-PCR;
-Imunoensaios enzimáticos (ELISA): Detectam a lectina amebiana nas fezes. É o mais
específico, com especificidade de 90% e sensibilidade de 85%. (Para fezes frescas).
São pedidos em rotinas ELISA e título de anticorpos antiamebianos séricos, estando disponíveis
para uso clínico.
Quando tratar?
Se o indivíduo for epidemiologicamente vulnerável deve-se suspeitar de infecção em um passado
distante. Entretanto, se houver uma viagem recente deve-se tratar e esperar uma resposta
sintomática apropriada ao tratamento.
Tratamento
Os fármacos são categorizados em amebicidas luminais (iodoquinol, furoato de
diloxanida e paromomicina) e tissulares (metronidazol, o tinidazol, a nitazoxanida, a eritromicina e
a cloroquina).
A reação tipo “dissulfiram” caracteriza-se por desconforto abdominal, rubor, vômitos e cefaléia e
ocorre quando o paciente ingere bebidas alcoólicas durante o tratamento com metronidazol.
-Luminal: Paromomicina 25-35 mg/kg de peso/dia, divididos em três doses durante 7 dias.
-Tissular: Metronidazol [500-750 mg, três vezes ao dia durante 10 dias] ou tinidazol [2 g uma vez
ao dia durante 3 a 5 dias]).
Giardíase
A giardíase intestinal é causada pela Giardia lambia e pela G. duodenalis. É um protozoário
flagelado ubíquo (onipresente).
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O protozoário possui:
-Cisto infeccioso: 7-10 µm de largura, com 4 núcleos e uma parede exterior rígida que impede a
desidratação, extremos de temperatura e cloração.
A ingesta de 10-25 cistos gera a infecção.
Excistação ocorre pelo ácido clorídrico e proteases intestinais.
Ingesta dos cistos (10-25) 🡪 HCl + proteases intestinais 🡪 Divisão binária e origem 🡪 Dois
trofozoítos (binucleado) 🡪 Duodeno pH alcalino e sais 🡪 Encistação 🡪 Liberado nas fezes.
1 cisto 🡪 2 trofozoítos
Epidemiologia
É composta por sete genótipos: A, B, C, D, E, F e G. Destes, apenas os genótipos A e B infectam
humanos, gatos e cães. Nesse sentido, os animais de estimação comumente atuam como
reservatório para a doença humana. A virulência de A > B.
-Os G. intestinais estão presentes em 7,2% das amostras de fezes nos EUA.
Sua endemia e epidemia estão relacionadas através de transmissão de água alimentos ou
pessoa a pessoa.
Aspectos macroscópicos
Pode variar de mucosa duodenal normal, com trofozoítos aderidos, observado em 96% das
biópsias.
À mucosa atrofiada severa das vilosidades com infiltrados de células mononucleares que lembram
doença celíaca.
A gravidade do dano da mucosa é proporcional à severidade da diarreia.
Aspectos microscópicos
É gerado após uma a reconstituição imune pela mucosa a ocorrência de alterações inflamatórias
severas e atrofia de vilosidades, sugerindo que a resposta imune à infecção pode contribuir para
os achados patológicos.
No qual pode-se observar:
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-Arredondamento de vilosidades;
-Hipertrofia de cripta;
-Inflamação da mucosa;
Manifestações clínicas
-Infecção assintomática, maioria dos casos;
-Diarreia crônica severa com má absorção, é algo raro, mas pode ocorrer em indivíduos
imunossuprimidos;
-Os sintomas mais comuns são:
-Diarreia, 32%;
-Fadiga;
Cólicas abdominais;
-Empachamento/estufamento;
-Fezes fétidas;
-Flatulência;
-Perda de peso;
-Febre;
-Vômito;
A cura é espontânea em 50% dos pacientes em 7 a 8 dias.
A média de duração da diarreia foi de 16 dias.
-Intolerância à lactose e/ou má absorção pode ocorrer por meses após a infecção.
Sintomas graves: Ocorre em crianças com menos de 2 anos e pacientes com
hipogamaglobulinemia.
Diagnóstico
VERMINOSES INTESTINAIS
As verminoses intestinais demoram tempo para se desenvolver, demorando anos até ser notada.
Em países desenvolvidos são achados incidentais.
Os helmintos são animais altamente adaptados ao hospedeiro, gerando poucos sintomas.
LUCAS S. MACHADO SOI IV
-Geralmente não causam sintomas.
!!! Infecção por helmintos parece proteger de doenças autoimunes. Helmintos induzem vias
imunes regulatórias.
Estudos recentes com camundongos e ratos mostram que a exposição a helmintos pode ser
usada para, prevenir e tratar colite, diabetes dependente de insulina e encefalite autoimune.
E que a erradicação do helminto aumenta a atopia.
ASCARIS LUMBRICOIDES
É o maior nematódeo que coloniza humanos.
-Crescem até 49 cm;
!!! Lumbicoides pois são semelhantes às minhocas;
A infecção ocorre pela ingesta dos ovos;
Pode causar obstrução intestinal e sintomas pancreaticobiliares. O tratamento é feito com
Albendazol.
Epidemiologia
-Distribuição mundial, com mais parasitas em países menos desenvolvidos e áreas com
saneamento básico deficiente.
-25% da população mundial (1,2 bi) está infectada por A. lumbricoides.
Crianças: Pegam a infecção ao brincar na sujeira contaminada com ovos.
Adultos: Pegam a infecção ao comerem vegetais crus fertilizados com esgoto não tratado e
serem infectados em áreas de cultivo que usam esses fertilizantes.
Ciclo de vida
A infecção se inicia com a ingesta de um ovo embrionado contendo larvas L3.
Os ovos fertilizados recém depositados incubam no solo por de 10 a 15 dias. Nesse tempo, o
embrião se desenvolve e sofre duas mudas. Após esse período de incubação os ovos se tornam
infectantes, podendo ser manter no ambiente e congelados por 10 anos.
São resistentes a conservas, só morrendo com o calor.
Ao serem ingeridos:
-Os ovos chocam no duodeno e liberam as larvas na parede intestinal;
-As larvas penetram nas vênulas mesentéricas e nos vasos linfáticos;
-Larvas migram para o sangue portal;
-No sistema porta-hepático as larvas migram para o fígado e passam através dos sinusoides
hepáticos para as veias hepáticas;
-Das veias hepáticas as larvas migram para o coração, lado direito, indo para os pulmões.
-As larvas que entram nos vasos linfáticos e nos linfonodos mesentéricos;
O verme se fixa no intestino delgado, jejuno e íleo, pela forte musculatura bucal.
Manifestações Clínicas
-Não produz sintomas na maioria dos casos;
-Achados incidentais na endoscopia;
-Observados em raio-X;
A ingestão de cisticerco (larva) da tênia solium pode causar neurocisticercose, uma doença
potencialmente fatal.
-S. japonicum habitam veia mesentérica superior, podendo causar dor abdominal superior não
relacionada com as refeições, sangramento gástrico e obstrução pilórtica devido à inflamação e
fibrose.
Outros ovos alojam-se nas veias mesentéricas e portais ou permanecem na parede intestinal.
Nestes locais, os ovos induzem uma inflamação granulomatosa com eosinófilos, macrófagos,
linfócitos, fibroblastos e mastócito.
Os eosinófilos provavelmente ajudam a destruir os miracídios protegidos pela resistente casca do
ovo. Após 1 ou 2 semanas o miracídio morre, a liberação de antígenos declina e o granuloma
regride, deixando cicatriz fibrótica.
Ao longo dos anos, a produção diária de ovos, granulomas e cicatrizes acumula dano suficiente
para produzir doença.
Ovos que se alojam nos vasos hepáticos e portais produzem um padrão único de cicatrização
conhecido como "haste de cachimbo de Synuner", na qual os vasos tomam-se fibróticos e
lembram hastes de cachiriibo de barro em um corte transversal.
Diagnóstico
Método de esfregaço espesso de Kato-Katz:
Passo a passo da técnica:
1- Preparar uma pequena quantidade de fezes em papel higiênico;
2- Comprimir essa porção de fezes com a tela de metal (do kit); apenas os ovos dos helmintos
e detritos menos passaram pela malha;
3- Retirar as fezes que passaram pela tela e com o auxílio do coletor, passe para a um cartão
retangular do kit (que possui um orifício de 6 mm de diâmetro onde as fezes serão
colocadas). Este será colocado em uma lâmina comum de microscopia;
4- Após preencher completamente o orifício, retire o cartão com cuidado, deixando as fezes na
lâmina de vidro;