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UNIVERSIDADE KATYAVALA BWILA

FACULDADE DE MEDICINA

TRABALHO DE CIRURGIA GERAL

TEMA:
ABCESSO HEPÁTICO AMEBIANO

Elaborado pelo grupo Nº 1


Turma:1B O docente

4º Ano Benguela, Fevereiro, 2024 Evelio Salvador Reyes Balseiro


INTRODUÇÃO
Amebíase é uma infecção causada no ser humano pelo protozoário
parasito E. histolytica. É uma das formas mais primitivas de protozoário, sendo
extremamente frágil, pleomórfica e sensível a mudanças de temperatura.
Pertence a um grupo maior de amebas, da família Entamoebidae, que são
parasitos comuns da nossa espécie. integra o grupo das Entamoebas, ou amebas
interiores, porque geralmente são encontradas no interior de animais
vertebrados.
O abscesso hepático amebiano ocorre devido a infestação por Entamoeba
histolytica, protozoário mais frequentemente encontrado em climas
tropicais e associado com precárias condições sanitárias. Os cistos contendo
parasitas permanecem nas fezes humanas e podem sobreviver por períodos
prolongados.
HISTORIAL DA DOENÇA

O abscesso hepático amebiano foi descoberto pela primeira vez no século XIX, quando o médico alemão
Friedrich Theodor von Frerichs descreveu a doença em 1875. Desde então, houve avanços significativos no
entendimento, diagnóstico e tratamento dessa condição.

No início do século XX, foram realizados estudos adicionais para entender a epidemiologia e a patogênese
do abscesso hepático amebiano. Foi estabelecido que a infecção é causada pela parasita Entamoeba
histolytica, que é transmitida principalmente por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com
cistos do parasita.

Ao longo dos anos, foram desenvolvidos métodos de diagnóstico mais precisos, como exames de imagem,
como ultrassonografia e tomografia computadorizada, e testes laboratoriais para detectar a presença de
parasitas ou anticorpos específicos.
PREVALÊNCIA
E. histolytica encontra-se distribuída amplamente em todo o mundo.
Sua prevalência é maior nos países das zonas tropicais e subtropicais,
onde a população é carente e é baixo o nível de saneamento.
Porém, a crescente migração de pessoas de países em desenvolvimento
para países desenvolvidos favoreceu a disseminação do parasito por todo
o mundo. Há grande quantidade de pessoas infectadas em regiões frias,
como o canadá, norte dos Estados Unidos e Europa.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, mais de 100 mil
indivíduos morrem anualmente vitimados pela doença, o que a torna a
segunda principal causa de morte por infecção provocada por protozoário
parasita, afeta mais homens que mulheres.
AGENTE ETIOLOGICO

Os trofozoítos de E. histolytica são considerados microaerófilos


por não possuírem mitocôndrias e citocromos, embora executem
a via metabólica clássica, apresentando o sistema de malato
dehidrogenase e álcool dehidrogenase. Eles apresentam uma
limitada capacidade de consumir oxigênio, sendo capazes de
crescer em uma atmosfera com até 5% de oxigênio. Os parasitos
fagocitam bactérias e partículas de alimento e se reproduzem por
divisão binária. E. histolytica encontra-se distribuída
amplamente em todo o mundo. Sua prevalência é maior nos
países das zonas tropicais e subtropicais, onde a população é
carente e é baixo o nível de saneamento.
CICLO EVOLUTIVO
O homem se infecta ingerindo a forma cística madura contida em
alimentos, água ou por qualquer tipo de contato fecal-oral. também são
possíveis formas menos usuais de transmissão, incluindo o sexo anal e oral
e equipamentos de lavagem intestinal contaminados. O desencistamento
ocorre no intestino delgado e os trofozoítos liberados migram para o
intestino grosso. Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binária e estes
sofrem o processo de encistamento, originando novos cistos que são
eliminados nas fezes. Por causa da proteção conferida por sua parede, os
cistos podem sobreviver dias e até semanas no meio ambiente. Os
trofozoítos podem ser eliminados em fezes diarréicas, mas são rapidamente
destruídos no meio externo e, se ingeridos, não sobrevivem às enzimas
digestivas.
Na forma não invasiva os trofozoítos permanecem confinados no lúmen
intestinal dos portadores assintomáticos, que eliminam os cistos em suas
fezes. Na forma invasiva os trofozoítos invadem a mucosa intestinal e
através da corrente sanguínea atingem outros órgãos como fígado, pulmão e
encéfalo.
VIRULÊNCIA
A virulência da E. histolytica é um evento multifatorial influenciado por fatores
do hospedeiro, fatores intrínsecos do parasito e fatores do microambiente. com
relação ao microambiente, um dos aspectos de maior importância na virulência
amebiana talvez seja a interação das amebas com os diferentes tipos de
bactérias que, concomitantemente, habitam o intestino do hospedeiro. O papel
das bactérias intestinais no início e durante o curso da amebíase intestinal é
pouco conhecido.
Enzimas, como as cisteíno-proteases e as metalo-proteases, são
reconhecidamente capazes de destruir as células intestinais causando a invasão
da mucosa intestinal (Singh, 2004; Bruchhaus, 2003). As proteases são
consideradas um importante fator de virulência na patogenicidade de E.
histolytica .
FACTORES DE RISCO

Existem alguns fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver um abscesso hepático
amebiano. Esses fatores incluem:
1. Infecção por Entamoeba histolytica: A principal causa do abscesso hepático amebiano é a infecção pelo
parasita Entamoeba histolytica. Portanto, estar exposto a áreas ou populações onde a infecção é comum
aumenta o risco.
2. Viagens para áreas endêmicas: Viajar para regiões onde a infecção por Entamoeba histolytica é mais
prevalente, como certas partes da América Latina, África e Ásia, pode aumentar o risco de contrair a
infecção.
3. Consumo de água ou alimentos contaminados: A infecção por Entamoeba histolytica ocorre
principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes contendo o parasita. Portanto,
consumir água não tratada ou alimentos mal higienizados aumenta o risco.
4. Condições de higiene precárias: Viver em condições de higiene inadequadas, como falta de saneamento
básico ou acesso limitado a água potável limpa, pode aumentar o risco de infecção.
QUADRO CLÍNICO

A maioria dos pacientes se apresenta com menos de três semanas entre o


início da infecção e o desenvolvimento dos abscessos. As queixas mais
comuns são febre, dor, calafrios, sudorese e icterícia. Outros sintomas que
podem também ser observados são perda de peso, anorexia, náuseas,
vômitos, indisposição, fraqueza, diarréia com muco e sangue, constipação,
ascite, desorientação, hepatomegalia, atelectasia e derrame pleural.
DIAGNÓSTICO

 Historial
 Quadro clinico
 Exame físico:

Os achados mais comuns de exames físicos são a dor à percussão, que pode ser observada em até
95% dos pacientes, e hepatomegalia dolorosa em até 85% dos casos. Eliason(12) observou
sensibilidade dolorosa sempre presente sobre a décima costela na
linha axilar média, a icterícia também é um dado importante no exame físico.

 Exames complementários
COMPLEMENTÁRIOS
EXAMES LABORATORIAIS:
A maioria dos pacientes com abscesso hepático apresenta leucocitose de
aproximadamente 15000 a 20000/ mm3. Anemia moderada e severa está
presente em pacientes graves e é mais marcada em abscesso piogênico de
longa duração. Hemoglobina varia de 7% a 14%. Em relação à função
hepática, observa-se hipoalbuminemia que, quando severa (abaixo de
2g/dl), indica mau prognóstico. A hiperbilirrubinemia sugere icterícia
obstrutiva indicativa de obstrução biliar ou colangite ascendente. As
aminotransferases apresentam elevação moderada e não são específicas.
Testes sorológicos são utilizados nos diagnósticos do abscesso amebiano
do fígado. O mais utilizado é o teste de hemaglutinação indireta por ser
mais sensível, com até 95% de positividade (títulos acima de 1:64). Estes
títulos podem persistir por 6 a 12 meses.
 EXAMES DE IMAGEM
As mais frequentes observações radiológicas são elevação e alteração do
contorno da cúpula diafragmática direita com restrição respiratória. Compressão
segmentar e atelectasia com reação pleural, derrame ou empiema no pulmão
direito podem ser observados em até 80% dos pacientes.
Estes achados podem ser observados ocasionalmente no pulmão esquerdo se o
abscesso envolver grande parte do lobo hepático esquerdo. Radiografia simples
do abdome em duas incidências demonstra sombra hepática alargada no
abdome superior direito devido à hepatomegalia.
O exame ultra-sonográfico tem sido utilizado de rotina em pacientes com
suspeita de abscesso hepático, e lesões de 2 cm podem ser observadas no
parênquima. Como o centro desses abscessos contém fluídos, eles apresentam
aparência de cistos de parede espessa com margem central irregular e debris.
A tomografia computadorizada tem se tornado um importante e valioso
método diagnóstico para detecção de lesões que ocupam espaço. A detecção de
abscessos ou cistos são geralmente inequívocos se únicos ou múltiplos e com
até 0,5 cm de diâmetro. Essas lesões são geralmente bem definidas devido a sua
baixa densidade tecidual quando comparadas ao parênquima hepático normal
DIFERENCIAIS

 Abcesso hepático piogeno;


 Carcinoma Hepatocelular;
 Doença de Crohn;
 Hepatite Viral;
 Colite amebiana.
TRATAMENTO
O tratamento do abcesso hepático amebiano envolve uma abordagem combinada de medicamentos
antiparasitários e em alguns casos a drenagem do abcesso.
 Os medicamentos antimicrobianos mais comumente utilizados são o metronidazol e o tinidazol. O
tratamento geralmente dura de 7 a 10 dias, mas pode ser necessário um meriodo mais longo em alguns
casos.
 Drenagem cirúrgica: a exploração transperitoneal com drenagem de toda coleção hepática
piogênica sob proteção pré-operatória de antibióticos é, atualmente, a abordagem operatória mais
frequentemente utilizada. Após exploração abdominal completa, a área de fígado envolvida é isolada do
restante da cavidade peritoneal com compressas. O abscesso é geralmente aparente, mas, na ocasião,
aspiração com agulha localiza rapidamente a coleção purulenta e proporciona material para bacteriologia.
Após evacuação completa, a cavidade deve ser alargada para permitir ruptura de todas as lojas do
abscesso. Uma biópsia deve ser realizada, da parede do abscesso, para descartar
tumor infectado, necrose e para excluir trofozoítos de ameba.
 Drenagem percutânea: A drenagem percutânea direta do abscesso hepático guiado por
ultrasonografia ou tomografia é um procedimento bem-sucedido em 75% a 90%
dos pacientes bem selecionados com abscesso hepático piogênico, e tem se
ornado uma técnica aceitável quando clínicos, radiologistas e cirurgiões cooperam na
seleção e cuidados com estes pacientes. Do ponto de vista do cirurgião, entretanto,
pacientes em que a drenagem percutânea do abscesso não deve ser empregada inclui
aqueles com abscessos múltiplos, atingindo ambos os lobos, infecção intra-abdominal
conhecida que necessite de cirurgia, abscessos de etiologia desconhecida, localização
distante da parede abdominal, pequenos abscessos e presença de ascite. A passagem do
cateter também deve ser evitada onde existam estruturas vasculares pelo risco de
sangramento subsequente.
Conclusões
Referencias
1. Alback RA. Nucleic acids of Entamoeba histolytica. J Protozool 36: 197-205, 1989.
2. Anaya-Velázquez F, Padilla-Vaca F. Effect of intestinal bacteria on the virulence of Entamoeba
histolytica. Arch Med Res 23: 183-185, 1992.
3. Aquino JL. Estudo comparativo entre o método imunológico Prospect e métodos tradicionais para
o diagnóstico laboratorial da Entamoeba histolytica. Rev Bras Anal Clin 30: 147-150, 1998.
4. Bracha R, Kobiler D, Mirelman D. Attachment and ingestion of bacteria by trophozoites of
Entamoeba histolytica. Infect Immun 36: 396-406, 1982.
5. Bracha R, Mirelman D. Adherence and ingestion of Escherichia coli serotype 055 by trophozoites
of Entamoeba histolytica. Infect Immun 40: 882-887, 1983.
6. Braga LL, Mendonca Y, Paiva cA, Sales A, cavalcante AL, Mann BJ. Seropositivity for/and
intestinal colonization with Entamoeba histolytica and Entamoeba dispar in individuals in
northeastern Brazil. J Clin Microbiol 36: 3044-3045, 1998
MUITO OBRIGADO

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