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Alice Mota Brum

3º Período – Medicina 1
Parasitologia

29/10/2022
ESQUISTOSSOMOSE

É uma infecção produzida por cada uma das três espécies de esquistossomo: Schistosoma
haemotobium, Schistosoma japonicum e Schistosoma mansoni.
Taxonomia
 Filo – Platyhelminthes
 Classe - Trematoda
 Subclasse – Digenea
 Hospedeiro intermediário: moluscos da Família Planorbidae

EPIDEMIOLOGIA
 Schistosoma mansoni - África (52 países), Caribe, Mediterrâneo Oriental, América do
Latina (Brasil, Venezuela e Ilhas do Caribe)
 Schistosoma japonicum - Países asiáticos e no Pacífico
 Schistosoma haematobium - África (54 países), Mediterrâneo Oriental
 Cerca de 220 milhões de infectados, 800 mil mortes/ano

Distribuição da esquistossomose, de acordo com a faixa de prevalência, por município. Brasil,


2009
 Área endêmica (9 UF): MA, AL, BA, PE, PB, RN, SE, MG e ES
 Área com transmissão focal (10 UF): PA, PI, CE, RJ, SP, PR, SC, RS, GO e DF
 Acomete 2,5 a 6 milhões de pessoas Situação Epidemiológica no Brasil

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
 Moluscos da Família Planorbidae
 Várias Espécies do Gênero Biomphalaria
 Água doce ou salobra; infecção por toda vida

ESPÉCIES BRASILEIRAS
 Biomphalaria glabrata - Regiões Nordeste e Sudeste, Goiás e Paraná
 Biomphalaria tenagophila – Região Sul
 Biomphalaria straminea – Região Nordeste

CICLO BIOLÓGICO
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OVO

Mede 150 µm x 60 µm
Oval
Espícula lateral
Longevidade do ovo maduro: 3 a 4 semanas (até 5 dias no
meio externo)

MIRACÍDIO
Viável por até 12 horas
Epitélio ciliado -> Deslocamento
Fototropismo +, Termotropismo +
Quimiotropismo pelo molusco
Invasão: 5-10min -> Enzimas líticas + movimento giratório
Superinfecção mata moluscos

DESENVOLVIMENTO DO MOLUSCO
Cercária
Esporocisto Secundário (origina 1000-3000 cercárias em 3-4 semanas)
Esporocisto Primário (origina 20-40 esporocistos secundários)
Miracídio (origina 1 esporocisto primário)

Liberação de cercárias por B. Glabrata: 3-4 semanas após a infecção


1000-3000 por dia, 100.000 durante a vida do molusco
Ritmo circadiano: dia (luz, calor...)

CERCÁRIA
Tem 8 horas para invadir o hospedeiro definitivo (viável por 24/36 horas)
Fatores facilitadores:
• Movimento da cauda (0,3 mm dos 0,5 mm totais)
• Glândulas secretoras de proteases, hialuronidases, colagenases
• Turbulência da água; Sombra do corpo
• Quimiotropismo por moléculas da pele (Chemical attractants of human skin for swimming S.
mansoni cercariae; Parasitol Res 2008)

APÓS A INFECÇÃO NO HOMEM


 Perda da cauda
 Mudança no fototropismo
 Grandes mudanças no tegumento: Esquistossômulo no subcutâneo (3 a 6 horas)
 São levados para coração e pulmões, além de outros órgãos
 Somente os que chegam ao sistema porta hepático (3 semanas depois) amadurecem

DESENVOLVIMENTO NO HOMEM
ESQUISTOSSÔMULO -> VERME ADULTO -> OVOS
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VERME ADULTO
 Diferenças entre macho e fêmea
 Topologia do canal ginecófaro
• Schisto = fenda + Soma = corpo
• Schistosoma (corpo em forma de fenda)

Macho - Mede 1 cm, cor esbranquiçada, corpo dividido em 2 porções:


• Anterior: ventosa oral e ventral
• Posterior: canal ginecóforo
Fêmea - Mede 1,5 cm, cor mais escura, corpo dividido em 2 porções:
• Anterior: ventosa oral e ventral
• Posterior: glândulas vitelinas e ceco

ESQUEMA MORFOLÓGICO DO TUDO DIGESTIVO E APARELHO REPRODUTOR DOS MACHOS

06/10/2022
ASCARIS LUMBRICOIDES
Esse parasita faz o CICLO DE LOEFFLER onde parte do ciclo biológico dele acontece no
pulmão. (Professor falou sobre esse ciclo, porém pesquisei é errado, o ciclo é de Loss e a
Síndrome é de LOEFFLER)
A Síndrome de Loeffler é caracterizada por uma pneumonia eosinofílica, causada por parasitas
intestinais com ciclo pulmonar obrigatório na qual evidencia-se infiltrado pulmonar migratório na
radiografia de tórax e eosinofilia detectada no hemograma, em pacientes com tosse seca,
dispneia, sibilos e febre baixa.
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O Ciclo de Loss, também conhecido como ciclo pulmonar, dá-se quando os nematelmintos
penetram no corpo do hospedeiro e caem na corrente sanguínea, seguindo para o pulmão, onde
podem sofrer mudanças.

INTRODUÇÃO
o Familla Ascarididae, subfamília Ascaridinae
o Espécies de grande importância médica representada principalmente pelo Ascaris
lumbricoides.
o Ampla distribuição geográfica
o Danos causados aos hospedeiros.
o Lombriga ou bicha, causando a doença denominada por ascaridiose.

MORFOLOGIA
o Fases evolutivas: verme macho, a fêmea e o ovo.
o Formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas.

BIOLOGIA
o Hábitat
o Infecções moderadas: vermes adultos encontrados no intestino delgado (pp//jejuno e
Íleo)
o Infecções Intensas: toda a extensão do órgão.

CICLO BIOLÓGICO
o Monoxênico (único hospedeiro).
o Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não
embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes.
o Os ovos férteis em presença de temperatura entre 25 e 30 graus, umidade mínima de
70% e oxigênio em abundância tornam-se embrionados em 15 dias.
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TRANSMISSÃO
o Ingestão ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3.
o Poeira, aves e Insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos
de A. Lumbricoides.
o Contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis.
o Ovos de A. Lumbricoides, uma vez presente no ambiente ou em alimentos não são
removidos com facilidade por lavagens.
o Uso de substâncias que tenham capacidade de inviabilizar o desenvolvimento dos ovos
em ambientes é de grande importância para o controle da transmissão.

LARVAS
o Infecções de baixa Intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração.
o Infecções maciças podem determinar a ocorrência de lesões hepáticas e pulmonares.
o Pulmões: vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos.

VERMES ADULTOS
o Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos,
lipídeos e vitaminas A e C..
o Subnutrição e depauperamento físico e mental.
o Ação Tóxica/alérgica: edema, urticária e convulsões.

VERMES ADULTOS
o Ação mecânica: os vermes causam irritação na parede intestinal e podem enovelar-se
na luz, levando á obstrução.
o A literatura registra um número de situações ectópicas que podem levar o paciente a
quadros graves necessitando algumas vezes de intervenção cirúrgica:
o Apêndice cecal causando apendicite aguda;
o Ducto colédoco, causando obstrução;
o Duto pancreático, causando pancreatite aguda;
o Eliminação do verme pela boca e pelas narinas;

DIAGNÓSTICO CLÍNICO
o Usualmente a ascaridiose humana é pouco sintomática, por isto mesmo difícil de ser
diagnosticada em exame clínico.
o A gravidade da doença determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa.

LABORATORIAL
o O diagnóstico da ascaridiose é feito pela identificação de ovos nas fezes.
o Em fases precoces da infecção, ou seja, quando as larvas estão passando pelo pulmão,
o exame de fezes é negativo.
o Os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias após a
contaminação do paciente.
o Como as fêmeas apresentam elevada ovipostura, não há necessidade de metodologia
específica ou métodos de enriquecimento, bastando a metodologia de sedimentação
espontânea.

TRATAMENTO
o OMS: albendazol e mebendazol para o tratamento e o controle de geo-helmintos.
o O albendazol é pouco absorvido pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre
diretamente no trato gastrointestinal. A fração absorvida é metabolizada no fígado.
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o Mebendazol: a absorção do medicamento é pequena, mas pode ser aumentada pela


ingestão de alimentos gordurosos. É metabolizada predominantemente no fígado e sua
excreção pode ocorrer pela bile e pela urina.
o Ivermectina: boa eficácia contra o A. Lumbricoides e outras infecções por nematódeos.

EPIDEMIOLOGIA
o O A. Lumbricoides: o helminto mais frequente em regiões pobres
o Prevalência de 30%, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo.
o Mais de 150 países e territórios, atinge cerca de 70% a 90% das crianças na faixa etária
de 1 a 10 anos.

Fatores que interferem na prevalência desta parasitose:


1) Grande quantidade de ovos produzidos e eliminados pela fêmea;
2) Viabilidade do ovo infectado por até l ano, principalmente no peridomicílio;
3) Concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico;
4) Grande quantidade de ovos no peridomicílio, em decorrência do hábito que as crianças têm
de aí defecarem;
5) Temperatura e umidade com médias anuais elevadas;
6) Dispersão fácil dos ovos pelas chuvas, ventos, insetos e aves;
7) Conceitos equivocados sobre a transmissão da doença e sobre hábitos de higiene na
população.

CONTROLE
Quatro medidas são bem conhecidas para o controle das infecções por helmintos:
1. Repetidos tratamentos em massa com drogas ovicidas nos habitantes de áreas
endêmicas;
2. Tratamento das fezes humanas que, eventualmente, possam ser utilizadas como
fertilizantes;
3. Saneamento básico;
4. Educação para a saúde;

ANCILOSTOMOSE
ANCYLOSTOMATITE
o A família Ancylostomatidae apresenta diversas espécies de nematódeos hematófagos
de grande importância médica cujo parasitismo pelo verme adulto causa a
ancilostomose.
o Apenas três são agente etiológicos da ancilostomose humana: Ancylostoma duodenale,
Necator americanus e A. Ceylanicum.
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Parasitologia

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
o N.Americanus é a espécle predominante no mundo, exceto em algumas localidades
onde a endemicidade do A. Duodenale é focal.
o A. D.: Regiões de clima temperado a frio. Sua sobrevivência em regiões mais frias é
devida à sua capacidade de dormência (hipobiose) em tecidos do hospedeiro, em
períodos de seca ou frio.
o A infecção por A. Ceylanicum é mais prevalente na Ásia.
o A presença de A. Ceylanicum já foi relatada na India, na Malásia, na Indonésia, na
Tailândia, nas Filipinas, na China, no Japão e no Brasil.

CLASSIFICAÇÃO E MORFOLOGIA
• Dimorfismo sexual é evidente pelo tamanho da fêmea (maior do que o macho) e pela presença
de bolsa copuladora (projeção da cutícula na região posterior) bem desenvolvida nos machos.

CICLO BIOLÓGICO

o Os ancilostomatídeos apresentam um ciclo biológico direto, sem a necessidade de


hospedeiros intermediários.
o Ovos liberados nas fezes do hospedeiro darão origem aos dois primeiros estádios
larvais.
o Posteriormente, ocorrerá a mudança para a forma de vida infectante, com esôfago
filaroide que é a larva de terceiro estádio.
o As condições de oxigenação, temperatura e umidade do ambiente favorecem o
desenvolvimento dos ovos até a formação das larvas de terceiro estádio.
o Embrionamento e a eclosão da L:12 a 24 horas
o LI para L2: 3 a 4 dias
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o L2 para L3: após 5 dias.

PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


o Após a penetração das L3 pela pele, o primeiro sintoma é o aparecimento imediato de
erupções papulovesiculares pruriginosas eritematosas.
o Os sinais e sintomas sequenciais: tosse, inflamação na garganta e febre, presença do
parasito no pulmão.
o Pode ocorrer, migração no trato respiratório, sinais e sintomas incluindo coriza, faringite,
laringite, sensação de obstrução da garganta e dor ao falar e deglutir.

DIAGNÓSTICO
o O diagnóstico clínico da ancilostomose é baseado na anamnese associada aos sintomas
cutâneos, pulmonares e intestinais, acompanhados ou não de anemia e eosinofilia.
o O diagnóstico laboratorial é realizado pelo exame coproparasitológico.
o O diagnóstico diferencial para determinar a infecção por N. Americanus ou Ancylostoma
sp. pode ser realizado pela coprocultura.
o Métodos imunológicos (ELISA, hemaglutinação, reação de fixação de complemente etc.)
apresentam eficácia diagnóstico limitada uma vez que não diferenciam infecção presente
de passada.

EPIDEMIOLOGIA
o No passado, a ancilostomose estava limitada à áreas rurais.
o Muitos países da região da América Latina e do Caribe têm se tornado regiões
extremamente urbanizadas, aumentando o número de indivíduos infectadas nas regiões
urbanas.

PROFILAXIA
o Infraestrutura sanitária
o Atendimento básico em saúde
o Condições mínimas de alimentação, educação e habitação.
o Ações educativas para hábitos de higiene
o Defecar em locais apropriados (privadas, acesso à fossas ou rede de esgoto)
o Lavar as mãos antes das refeições e do manuseio de alimentos, lavar alimentos crus,
o Beber água filtrada ou fervida, uso de calçados equipamentos de proteção individual.

TRATAMENTO
• Fármacos à base de benzimidazóls, independente do peso e da idade do paciente (400mg
de albendazol ou 500mg de mebendazol).
o OMS: tratamento de crianças em idade escolar para o controle das geo-helmintises, com
expectativa de necessidade de tratamento em massa para o controle efetivo dessas
infecções.
o Reinfecções ocorrem frequentemente e a eficácia da terapia usualmente diminui com o
tempo.
o No Brasil, a administração de fármacos em massa, diferente do observado para
infecções por Ascaris sp., não foi efetiva para o controle da ancilostomose pela constante
reinfecção após o tratamento.
o Programas de vermifugação em escolares podem não ser eficientes para reduzir a
transmissão de ancilostomatídeos pela alta intensidade de infecção em indivíduos
adultos.
NÃO EXISTE VACINA PARA ANCILOSTOMESE!

13/10/2022
TENÍASE
Introdução
Classe Cestoda: grupo de parasitos, hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em
animais vertebrados.
Corpo achatado dorsoventralmente, órgãos na extremidade mais estreita, sem sistema
digestório.
Os cestoides mais frequentemente encontrados parasitando os humanos pertencem à família
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Parasitologia

Taenidae, na qual são destacadas Taenia solium e T. Saginala."


Essas espécies são responsáveis por teniose-cisticercose.

Morfologia

 T. saginala e T. Solium: corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido


em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo.
 Cor branca leitosa.
 Escólex: Órgão de fixação do cestoide à mucosa do intestino delgado humano.
 Colo: Porção mais delgada do corpo na qual as células do parênquima estão em intensa
atividade de multiplicação
 Estróbilo: É o restante do corpo do parasito. Inicia-se logo após o colo.

Ovos
Esféricos, morfologicamente indistinguíveis, medindo cerca de 30mm de diâmetro.

Cisticerco
O cisticerco da T. Solium é constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo
invaginado no seu interior, um escólex com quatro ventosas, rostelo e colo.

Biologia
T.solium como a T. Saginata, na fase adulta ou reprodutiva, vivem no intestino delgado humano
Cisticerco da T. Solium: encontrado nos tecidos subcutâneo, muscular, cardíaco e no olho de
suínos, e acidentalmente em humanos e cães.
Cisticerco da T. Saginata: encontrado nos tecidos dos bovinos.

Ciclo biológico
Os seres humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior.
As proglotes se rompem no meio externo por efeito da contração muscular ou da decomposição
de suas estruturas, o que libera milhares de ovos no solo.
Resumo (Teníase): Homem ingere carne infectada (cisticercos) -> verme adulto no intestino ->
ovos e proglotes nas fezes -> boi e porco contaminados-› cisticercos no músculo.
Resumo (cisticercose): homem ingere ovos e proglotes -> cisticercos disseminados no SNC,?
olhos, etc.

Transmissão
Teniose
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 10
Parasitologia

O hospedeiro definitivo (ser humano) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina crua ou
malcozida, infectada respectivamente, pelo cisticerco de cada espécie de Taenia.
A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. Solium
eliminados nas fezes de portadores de teniose.
Autoinfecção externa: portadores de T. Solium eliminam proglotes e ovos levando-os à boca
pelas mãos contaminadas ou pela coprofagia.
Autoinfecção interna: vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino, possibilitando
presença de proglotes grávidas ou ovos de T. Solium no estômago.
Heteroinfecção: humanos ingerem alimentos ou água contaminados com os ovos da T. Solium
(fezes).

Patogenia e sintomatologia
Teniose
Geralmente pessoas são infectadas com mais de uma tênia (solitária?).
T. Solium ou a T. Saginata podem causar:
1. Fenômenos tóxicos alérgicos por substâncias excretadas
2. Hemorragia ? fixação da mucosa, destruir o epitélio
3. Inflamação ? filtrado celular com hipo ou hipersecreção de muco.

CISTICERCOSE
• É uma doença pleomórfica
O cisticerco pode alojar-se em diversos locais, como:
1) tecidos musculares ou subcutâneos;
2) glândulas mamárias (mais raramente)
3) bulbo ocular
4) sistema nervoso central.

Diagnóstico
 Teniose
 Diagnóstico clínico difícil: maioria dos portadores é assintomática, ou sintomas similares
a outras parasitoses intestinais.
 Detecção de ovos (não diferencia as duas espécies) ou proglotes (método de tamisação,
identifica a espécie) nas fezes.
 Método de fita adesiva
 PCR é sensível e possibilita o diagnóstico específico das tênias.

Teniose
 Tamisação (lavagem em peneira fina) de todo o bolo fecal, recolher as proglotes
existentes e identifica-las pela morfologia da ramificação uterina.
 Os antígenos podem ser detectados na ausência de ovos nas fezes
 Os coproantigenos são testes com base em ELISA.

Cisticercose
 Clínica + neuroimagem + testes sorológicos + LCR + história de exposição.
 Pesquisa-se o parasito por meio de observações anatomopatológicas de biópsias,
necrópsias e cirurgias.
 O cisticerco pode ser identificado ainda em exame oftalmoscópio de fundo de olho.
Neurocisticercose: clínica + neuroimagem + testes sorológicos + LCR (pleocitose,
cosinofilorraquia e positividade para reação de complemento) + história de exposição.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 11
Parasitologia

Neuroimagem

Epidemiologia
As tênias são encontradas em todas as partes do mundo em que a população tem o hábito de
comer carne de porco ou de boi, crua ou malcozida.
De acordo com os hábitos alimentares de determinadas populações, a teniose pode ser mais
comum ou rara.

Profilaxia
A teniose é uma doença infecciosa potencialmente erradicável.
Inspeção das carcaças nos maladouros dos grandes centros são praticadas (Ministério da
Agricultura) com o objetivo de:
a) Liberação de carnes adequadas para o consumo da população
b) Tratamento especiais para as carcaças com cisticerco (salga, defumação, refrigeração)
c) Rejeição total ? o consumo humano

Critérios para o aproveitamento de uma carcaça:


Somente poderá ser aproveitada após o tratamento pelo frio (- 15C por 15 dias), pelo calor
(temperatura mínima de de 60 C) e pela salga (temperatura de 10ºC). Se houver mais de 20
cisticercos, deverá ser descartada.
Medidas definitivas para profilaxia:
• Impedir o acesso do suíno e do bovino às fezes humana.

Tratamento
Teniose
T. Solium ou T. Saginata: albendazol, clorossalicilamida, niclosamida e o praziquantel.
Niclosamida: imobilização da tênia, facilitando a sua eliminação com as fezes.

Neurocisticercose
Praziquantel e albendazol têm sido considerados eficazes na terapêutica etiológica da
neurocisticercose.
Albendazol é mais eficaz que praziquantel na redução do número de cisticercos.
Tratamento farmacológico: destruição simultânea de múltiplos cisticercos, controlando um
eventual surgimento de reação inflamatória com costicosteróides.

Tratamento sintomático
Neurocisticercose com crise epiléptica: fenitoína e carbamazepina para controle da crise.
Sempre associar corticóide.

Tratamento cirúrgico
Queda da importância
Interposição de derivação do líquor na hidrocefalia secundária à neurocisticercose.
Remoção de cistos em topografia intraventricular ou no espaço subaracnóide, quando exequível.

(ICRS - Residência Médico) Frederico está com quadro de cefaleia há 10 dias, apresenta uma
análise liquórica com proteínas de 50 ma/di, glicose normal, 60% de células mononucleares, 10%
de células eosinofílicas, e pressão aumentada. Deve-se considerar, inicialmente, a hipótese de:
A. Meningite meningocócica
B. Encefalite por herpes zoster
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3º Período – Medicina 12
Parasitologia

C. Meningite fúngica
D. Meninoite parasitário
E. Meningite tuberculosa

(UFF - Residência Médica) Paciente feminina, com 20 anos e história de crises convulsivas
frequentes nos últimos 2 meses, foi submetida à TC de crânio. Esta demonstrou múltiplas
calcificações difusas pelo parênquima cerebral, sem outras alterações. Marque a opção com o
diagnóstico mais provável:
A. Tuberculose
B. Glioma cerebral
C. Neurocisticercose
D. Toxoplasmose
E. Criptococose

20/10/2022
ENTEROBIUS VERMICULARES

Doença de caráter benigno, sintomatologia gira em torno de prurido e causa muito incômodo.

MORFOLOGIA
Dimorfismo sexual (macho e a fêmea de uma mesma espécie são diferentes externamente)
Caracteres comuns aos dois sexos: cor branca, corpo filiforme e cutícula finamente estriada em
sentido transversal.

BIOLOGIA
 Hábitat
 Ceco, apêndice cecal, livres ou aderidos à mucosa
 Alimentam-se do conteúdo intestinal do hospedeiro.
 Adultos, em especial jovens, podem também ser observados no íleo,
 Formas imaturas ocorrem ao longo de todo intestino delgado.
 Fêmeas grávidas, abarrotadas de ovos: ânus e na região perianal do hospedeiro.
 Em mulheres, o parasito é mais comumente encontrado em localizações ectópicas,
sobretudo na uretra e na vagina.

CICLO BIOLÓGICO
 É do tipo monoxênico.
 Depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e morrem.
 As fêmeas grávidas de E. Vermicularis desprendem-se do ceco, passam por todo o
intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente externo.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 13
Parasitologia

TRANSMISSÃO
 Heteroinfecção: ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcaçam novo
hospedeiro
 Indireta: quando os ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam o
mesmo hospedeiro que os eliminou
 Autoinfecção externa ou direta: o próprio indivíduo parasitado, após coçar a região
perianal, leva os ovos infectantes até a boca;
 Autoinfecção interna: as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco,
transformando-se em vermes adultos. É considerado um processo excepcional.
 Retroinfecção: as larvas eclodidas na região perianal do hospedeiro readentram o
sistema digestivo pelo ânus, ascendem pelo intestino grosso até chegar ao ceco, onde
se transformam em vermes adultos.

PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
 Alterações causadas pelos vermes dentro do intestino
 Lesões anais e perianais resultantes da presença de fêmeas grávidas e da deposição
de ovos no local;
 Lesões decorrentes do parasitismo ectópico (i.e., extraintestinal).
 Eventos secundários a esses processos;

COMPLEMENTAR
 Diagnóstico de certeza: observação de ovos ou espécimes adultos do nematódeo.
 Método da fita adesiva ou de Graham: melhor método.
A sua execução deve ser feita da seguinte maneira:
1. Corta-se um pedaço entre 8 e 10 cm de fita adesiva transparente;
2. Com a parte adesiva voltada para fora, a fita é colocada sobre um tubo de ensaio ou
dedo indicador
3. Apõe-se várias vezes a fita na região perianal;
4. Cola-se o fragmento da fita, sobre uma lâmina de vidro;
5. Ao microscópio, examina-se com aumento total de 10 e 40 vezes.
6. Essa técnica deve ser executada preferencialmente ao amanhecer, antes de a
pessoa banhar-se, sendo repetida em dias sucessivos no caso de suspeita clínica e
resultados parasitológicos negativos.
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3º Período – Medicina 14
Parasitologia

EPIDEMIOLOGIA
 Distribuição mundial
 Cosmopolita: ocorrência e prevalências significativas da infecção por E. Vermicularis em
diferentes localidades, climas e populações.

PROFILAXIA
 Manejo adequado de vestes, roupas íntimas e de cama usadas pelo indivíduo infectado,
as quais não devem ser "sacudidas" pela manhã, mas enroladas e lavadas diariamente
em água fervente.
 Corte rente das unhas e lavagem frequente das mãos, sobretudo após o uso do banheiro
e antes das refeições.
 Banho diário, preferencialmente em chuveiro, ao levantar-se.
 Desestímulo ao ato de coçar a região perianal.
 Combate ao mau hábito de levar a mão a boca, incluindo onicofagia.
 Limpeza doméstica com aspirador de pó, quando possível.
 Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família ou outra coletividade.

TRATAMENTO
 Eliminação do parasito não apenas do paciente assistido, mas de todas as pessoas do
seu convívio.
 O tratamento anti-helmíntico deve ser repetido por no mínimo duas vezes, com intervalo
de 14 dias entre as doses até que nenhuma pessoa da família ou instituição esteja
parasitada. Os fármacos mais utilizados são:
 Pamoato de pirantel
 Albendazol: Não deve ser administrado durante a gravidez.
 Ivermectina

ELEFANTÍASE
WUCHERERIA BANCROFTI - FILARIOSE LINFÁTICA
 Helmintos das espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malaya e B. Timori.
 Endêmica em várias regiões com clima tropical ou subtropical, atingindo73 países da
Asia, da África e das Américas, particularmente em áreas de muita pobreza
 Problema de saúde pública na Índia, na Indonésia e partes lestes, central e oeste da
África.

MORFOLOGIA
 As formas evolutivas que parasitam os hospedeiros humanos são os vermes adultos e
embriões denominados microfilárias.
 O estágio larvário se desenvolve no mosquito vetor.
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3º Período – Medicina 15
Parasitologia

BIOLOGIA
 Vermes adultos permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos humanos
 Vivem de 8 a 10 anos.
 As regiões do corpo humano que normalmente abrigam as formas adultas são: pélvica
 (atingindo pernas e escroto), braços e mamas (mais raramente).
 Frequentemente localizados nos vasos linfáticos do cordão espermático.

PERIODICIDADE
 Periodicidade noturna de suas microfilárias no sangue periférico: durante o dia, se
localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões e, durante a noite,
aparecem no sangue periférico.
 Pico do micro filaremia: meia-noite
 Decresce até o final da madrugada.

CICLO BIOLÓGICO
 É do tipo heteroxênico.
 A fêmea do Culex ingere microfilárias
 Estômago do mosquito: atravessam a parede do estômago, caem na cavidade geral,
alojam-se nos músculos, transformam-se em uma larva (larva salsichoide) denominada
LI ou larva de primeiro estádio.
 6-10 dias após repasto infectante: LI-L2.
 10-15 dias: L2-L3.

TRANSMISSÃO
Unicamente pela picada do inseto vetor infectado (fêmea de C. Quinquefasciatus nas Américas)
e deposição das larvas infectantes na pele lesada do hospedeiro.
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3º Período – Medicina 16
Parasitologia

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 As manifestações clínicas podem ser devidas aos vermes adultos no sistema linfático ou
à resposta imune do hospedeiro contra as microfilárias e antígenos do parasito.
 Pacientes assintomáticos ou com manifestações discretas podem apresentar alta
microfilaremia
 Pacientes com elefantíase ou outras manifestações crônicas não apresentam
microfilaremia
 periférica ou esta é bastante reduzida.
 Período de incubação: longo e pode durar de meses a alguns anos.

PATOGENIA
 Resposta imune do hospedeiro e a reação inflamatória: fatores determinantes na
patogenia da filariose linfática.
 Evolução da doença é lenta e os sinais são decorrentes principalmente na dilatação dos
vasos linfáticos.
 Mulheres: mais frequentemente nos membros inferiores, raramente afetando as mamas
e a região genital.
 Homens: hidrocele testicular é mais prevalente, e se tornado crônica progride para
elefantíase da região escrotal, podendo também acometer o pênis.
 Com a progressão da doença, há esclerose da derme e a hipertrofia da epiderme, dando
a aparência típica da elefantíase.

DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico clínico é particularmente difícil e deve ser confirmado com recursos
 auxiliares que complementem a suspeita clínica.
Auxiliam no diagnóstico diferencial:
1. História clínica e epidemiológica
2. Exames laboratoriais
3. Exames de imagem.

LABORATORIAL
 Pesquisa de microfilárias (MF) no sangue periférico pode ser feira por diferentes
 métodos parasitológicos:
 Gota espessa: 60 a 80 microlitros de sangue colhido por punção capilar digital, entre 22h
e 24h.
 GE: Mais utilizado

PESQUISA DE ANTÍGENOS SOLÚVEIS


 Os testes sorológicos são utilizados:
a. Baixa especificidade
b. Possibilidade de ocorrência de reações cruzadas.

PESQUISA DE DNA DO PARASITO


• A reação em cadeia da polimerase (PCR) é bastante sensível em diversos líquidos biológicos
como sangue, urina e até saliva de pacientes.

PESQUISA DE VERMES ADULTOS


 USG: detectar a presença e localizar vermes adultos vivos, principalmente nos vasos
linfáticos escrotais de pacientes microfilarêmicos assintomáticos.
 Linfadenopatia: biópsia pode detectar vermes adultos (raramente é utilizado como
diagnóstico).

EPIDEMIOLOGIA
 Parasitose transmitida por vetores mais importante no mundo, devido à incapacidade
física e perdas econômicas que ocasiona.
 Brasil: está em vias de eliminação inclusive nas quatro cidades da região metropolitana
de Recife no litoral Nordestino (Recife, Olinda, Jaboatao dos Guarapares e Paulista), até
recentemente consideradas como as últimas endêmicas para esta parasitose no país.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 17
Parasitologia

PROFILAXIA E CONTROLE
 Não existe um medicamento profilático
 Deve ser evitado o contato humano com o vetor.
 O controle baseia-se principalmente em três pontos básicos:
1. tratamento de todas as pessoas parasitadas
2. combate ao inseto vetor
3. melhoria sanitária.

TRATAMENTO
 O tratamento quimioterápico: todos os indivíduos com infecção ativa, independente de
apresentarem ou não manifestações clinicas relacionadas com a presença do parasito.
 Citrato de dietilcarbamazina (DEC) - 6 mg/kg por 12 dias, VO.
 Tratamento em massa - DEC semestral ou anual
 Efeitos colaterais: febre, cefaleia, dores no corpo, mal estar, hematúria, linfangite,
orquite, dentre outros
 Linfedema: higiene local com uso de água, sabão e, quando necessário administração
de antimicrobianos e antifúngicostópicos ou antimicrobianos sistêmicos, para combater
infecções secundárias bacterianas e/ou fúngicas que agravam o quadro.

27/10/2022
LARVA MIGRANS

Larva Migrans Cutânea (LMC)


 Também denominada dermatite sergipiginosa e dermatite pruriginosa
 Distribuição cosmopolita
 Ocorre com maior frequência nas regiões tropicais e subtropicais.
 Os principais agentes etiológicos envolvidos são larvas infectantes de A. Braziliense e
Caninun. parasitos do intestino delgado de cães e gatos.

Ciclo Biológico no Hospedeiro Definitivo


1. Postura de milhares de ovos eliminados nas fezes de cães e gatos.
2. Desenvolvimento de larvas de primeiro estádio (LI) dentro do ovo, que eclodem.
3. Em sete dias: LI-L2- L3.
4. As L3 penetram a pele dos humanos e migram através do tecido subcutâneo durante
semanas ou meses e então morrem.

Infecção em humanos
 À medida que as L3 progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso conhecido
popularmente como "bicho geográfico" ou " bicho das praias".
 Menos frequentemente, as L3 podem ser ingeridas e, ao alcançar o intestino, podem
migrar através das vísceras, provocando a síndrome de larva migrans visceral.
 Cães e gatos podem infectar-se pelas vias oral, cutânea e transplacentária.
 As L3 sofrem duas mudas nesses hospedeiros, chegam ao intestino delgado e alcançam
a maturidade sexual em aproximadamente quatro semanas.

Sintomas
 Partes mais acometida: pés, pernas, nádegas, mãos e antebraços e mais raramente
boca, lábios e palato.
 Algumas vezes, as lesões são múltiplas e em várias partes do corpo.
 O momento da penetração podo passar despercebido ou ser acompanhado de eritema
e prurido em pacientes sensíveis.
 No local da penetração das L3 aparece uma lesão eritemopapulosa que evolui.
 assumindo um aspecto vesicular.
 Rastro saliente e pruriginoso.
 Risco de infecções secundárias.
 Nas lesões mais antigas, há formação de crostas, que desaparecem lentamente,
deixando uma linha sinuosa escura que posteriormente também desaparece.
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3º Período – Medicina 18
Parasitologia

Diagnóstico
O Fundamentado no exame clínico: anamnese, sintomas e aspecto dermatológico da lesão,
caracterizado por erupção linear e tortuosa ne pele.

Tratamento
 Casos benignos: não é necessário tratamento.
 Alguns casos as infecções podem estender-se por semanas ou meses.
 Uso tópico: tiabendazol
 Caso de infecções múltiplas: associar tiabendazol oral.
 Albendazol + ivermectina.

ESTRONGILOIDÍASE

Mais comum em pacientes imunossuprimidos


Strongyldides stercoralis
 A estrongiloidose é um importante emergente e relevante causa de morbidade e
moralidade em áreas tropicais e subtropicais
 Mais importância em indivíduos imunossuprimidos.
 Há pelo menos 52 espécies descritas do nematódeo do gênero Strongyloides
 Infectantes para o homem: Strongyloides stercoralis e S. Fuelleborni.
Biologia
 Habitat
 As fêmeas partenogenéticas localizam-se na parede do intestino
 Criptas da mucosa duodenal, principalmente nas glândulas de Lieberkuhn e na porção
superior do jejuno, onde fazem as posturas.
 Nas formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o intestino
grosso.

Ciclo Biológico
 Tem 2 ciclos (monoxênicos): o ciclo direto, ou partenogenético, e o indireto, sexuado ou
de vida livre.
 A fase dos ciclos que se passa no solo exige: solo arenoso, umidade alta, temperatura
entre 25 graus e 30 graus e ausência de luz solar direta.
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3º Período – Medicina 19
Parasitologia

Transmissão
 Hetero ou Primoinfecção
 Larvas filarioides infectantes (L3) penetram através da pele ou mucosas, principalmente
da boca e do esôfago.
 Pés descalços: Penetração ocorre pela pele dos pés, particularmente nos espaços
interdigitais, e lateralmente.

Autoinfecção externa ou exógena


 Larvas randitoides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-
se em larvas filaroides infectantes e aí penetram, completando o ciclo direto.
 Esse modo de infecção pode ocorrer em crianças, idosos, pacientes internados que
defecam na fralda, ou na roupa ou ainda em indivíduos que deixam restos de fezes nos
pelos perianais.

Autoinfecção interna ou endógena


 Larvas randitoides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados, transformam-se em
larvas filaroides, que penetram a mucosa intestinal (íleo ou cólon).
 Essa modalidade pode ocorrer em indivíduos com estrongiloidose e constipação
intestinal devido ao retardamento da eliminação do material fecal.
 Em pacientes com ou sem retardo de eliminação das fezes, mas com baixa de imunidade
(uso de substâncias imunossupressoras, radioterapia), pode ocorrer a autoinfecção
interna com presença de L1, L2 o L3 em diferentes órgãos.

Patogenia, patologia e sintomatologia


 Indivíduos portadores de pequena quantidade de parasitos no intestino geralmente são
assintomáticos ou oligossintomáticos.
 Formas graves, as vezes fatais, relacionam-se com carga parasitária adquirida e
subalimentação com carência de proteínas
 Facilitam os mecanismos de autoinfecção: enterite, diarreia e vômito alcoolismo,
infecções parasitárias e bacterianas associadas, comprometimento da resposta
imunitária natural ou adquirida, intervenções cirúrgicas gastroduodenais e outras
cirurgias.

Cutânea
 Discreta, ocorrendo nos pontos de penetração das larvas.
 Em reinfecção: hipersensibilidade com edema, eritema, prurido, pápulas hemorrágicas
e urticárias.
 Migração única ou múltipla das larvas filaroides no tecido subcutâneo
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 20
Parasitologia

 Aspecto linear ou serpiginoso urticariforme com prurido.


 Larva cumens: tronco, nádegas, períneo, virilha e coxas, avançando de 5 a 15 cm/h.

Pulmonar
 Tosse, com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes.
 A travessia das larvas do interior dos capilares para alvéolos provoca hemorragia.
infiltrado inflamatório constituído de linfócilos e eosinófilos.
 Casos mais graves: broncopneumonia, síndrome de Loeffler, edema pulmonar e
insuficiência respiratória.

Intestinal
 Enterite catarral: aumento de secreção mucoide, com caráter reversível.
 Enterite edemolosa: reação inflamatória com edema de submucosa e desaparecimento
do relevo mucoso, síndrome de má absorção intestinal;
 Enterite ulcerosa: dor epigástrica, diarreia em surtos, náusea e vômito, síndrome
disentérica com esteatorreia.

Disseminada
 Pacientes infectados, imunocomprometidos, portadores de mega cólon, diverticulite, íleo
paralítico, uso de antidiarreicos e constipação intestinal.
 Larvas encontradas intestino, pulmões
 Podem ser encontradas também: rins (hematúria e proteinúria). fígado (padrões
obstrutivos com elevação de bilirrubina e enzimas hepáticas) vesículas biliares (quadro
semelhante à colicistite), coração (no líquido pericárdico). cérebro (no liquor, nos vasos
das meninges e nos espaços cerebrais). pâncreas, ovários, tireoide, adrenais, próstata,
glândulas mamárias, linfonodos.
 Pode complicar-se com infecções secundárias bacterianas: peritonite, endocardite,
meningite, culminando com sepse de Gram negativos.

Diagnóstico
 Clinico
 O diagnóstico clínico é difícil: 50% dos casos não há sintomas; quando existentes, são
comuns em outras helmintíases intestinais.
 A tríade clássica de diarreia, dor abdominal e urticária é sugestiva.
 A eosinofilia e os achados radiográficos e sorológicos podem auxiliar na suspeita
diagnóstico.

Laboratorial
 Os métodos parasitológicos ou diretos: achado das formas evolutivas de S.
Stercoralis.
 Métodos indiretos: imunológicos, que podem ser utilizados como testes de
screening. e quando positivos, realiza-se a pesquisa do parasito.

Métodos parasitológicos ou diretos


 A confirmação parasitológica da infecção pode ser dificultada:
1) pelo pequeno número de parasitos
2) liberação de larvas nas fezes é mínima e irregular na infecção moderada (cerca de 25
larvas/g de fezes).
 Nessas circunstâncias, os métodos de rotina utilizados (Lutz ou hoffmann. Pons e Janer.
 Ritchie ou formol-éter ou MIFC, Faust ou centrifugo-flutuação) não são adequados.

Exame de fezes
 Realiza-se a pesquisa de larvas em fezes sem conservantes pelos métodos de
Baermann-Moraes e de Rugai.
 Três a cinco amostras de fezes, coletadas em dias alternados.
 Repetidos exames de fezes aumentam a chance de encontrar parasitos, elevando a
sensibilidade para 50% com três amostras e aproximadamente para 100% com sete
amostras fecais seriadas.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 21
Parasitologia

Pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos orgânicos


A pesquisa das formas evolutivas por exame direto ou após centrifugação, conforme o quadro
clínico: bronco-pulmonar, exame de escarro e lavado bronco pulmonar: duodenal, coletado por
tubagem, urina, líquido pleural, vômito, líquido ascitico e líquor.

Endoscopia digestiva
 Visualização da mucosa gastrointestinal, recomendada em pacientes com infecção
maciça e alterações duodeno jejunais.
 Possibilita a realização de biópsia em várias localizações.
 A biópsia ou tecido removido durante o procedimento podem ser realizados em todo trato
gastrointestinal.

Esfregaços citológicos
A partir de aspirado gástrico ou de secreção cervicovaginal, prepara-se esfregaços citológicos,
corados por Papanicolau ou por outras colorações citológicas.

Métodos indiretos
Auxiliam no diagnóstico, contribuindo para esclarecimento em casos de suspeita clínica.

Hemograma
 Eosinofilia pode ser indicativo da parasitose.
 Na fase aguda, a taxa de eosinófilos pode ser elevada até 82%, entretanto diminui na
fase crônica (8 a 15%) desaparecendo nos casos de evolução grave ou fatal.

Imagem
 Radiografia de tórax, identificando a síndrome de Loeffler, e de trato digestivo,
demonstrando aceleração do trânsito intestinal.
 Ultrassonografia e tomografia computadorizada também podem ser requisitadas.

Métodos Imunológicos
 Utilizados preferencialmente para detecção de anticorpos, mas também na detecção de
antígenos e de imunocomplexos.
 Úteis na avaliação da resposta imune do hospedeiro, nos casos de formas
assintomáticas e no esclarecimento do diagnóstico clínico.

Biologia molecular
A PCR pode ser útil nas análises moleculares, no diagnóstico e nos estudos epidemiológicos.

Epidemiologia
Os fatores que influenciam o aparecimento, a manutenção e a propagação da estrongiloidose
são:
1. Fezes de homens ou animais infectados contaminando o solo;
2. Larvas infectantes originárias dos ciclos direto e de vida livre no solo;
3. Solo arenoso ou arenoargiloso, úmido, com ausência de luz solar direta;
4. Temperatura entre 25 e 30 graus:
5. Condições sanitárias inadequadas;
6. Hábitos higiênicos inadequados;
7. Contato com alimento contaminado por água de irrigação poluída com fezes;
8. Não utilização de calçados;

Profilaxia
1) Programas de controle
2) Atenção aos hábitos higiênicos
3) Lavagem adequada dos alimentos
4) Utilização de calçados
5) Educação e engenharia sanitária
6) Melhoria da alimentação.

Tratamento
 Das infecções causadas por nematódeos, a estrogiloidose é a mais difícil de ser tratada.
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3º Período – Medicina 22
Parasitologia

 Tiabendazol. cambedazol, albendazol e ivermectina são empregadas no tratamento


específico da estrogiloidose:

Tiabendazol
 Atua somente sobre as fêmeas partenogenéticas
 Na estrongiloidose crônica é recomendado nas apresentações líquidas para crianças e
comprimidos para adultos.
 Eficácia é superior a 90%.
 Efeitos colaterais: náusea, vômito, diarreia, tontura, cefaleia, sonolência e erupções
cutâneas.

Cambendazol
 Atua sobre fêmeas partenogenéticas e larvas.
 Eficácia superior a 90%.
 São raros os efeitos colaterais: cólicas, náusea, vômito, diarreia a sonolência.

Albendazol
 Atua sobre as fêmeas partenogenéticas e larvas.
 Comercializado nas apresentações líquida e comprimidos
 Crianças com idade superior a 2 anos como para adultos na dose de 400 mg/dia durante
três dias consecutivos (com eficácia em tomo de 60%), ou 800 mg/dia durante três dias
(com eficácia de 90%).
 Efeitos colaterais: cefaleia, tontura o desconforto gastrointestinal.

Ivermectina
 Medicação de escolha no tratamento da estrogiloidose em indivíduos
imunocompetentes, imunossuprimidos e pacientes Co infectados com HIV.
 A eficácia pode ser comprovada pela ausência de larvas nas fezes quatro dias após o
tratamento.
 Os efeitos colaterais são leves: diarreia, anorexia e prurido.

Questão de Residência Médica


O (Associação Médica do Rio Grande do Sul) Assinale a infestação parasitária de maior
gravidade em pacientes imunocomprometidos.
A) Estrongiloidíase
B) Amebiase
C) Giardíase
D) Ascaridíase
E) Sarcocistose

Questão de Residência Médica


(HCAP - RJ) Dentre as parasitoses intestinais abaixo, aquela que incide proporcionalmente mais
em desnutridos graves do que em crianças eutróficas é;
A) Estrongiloidlase
B) Tricocefaliase
C) Ascaridiase
D) Teníase

Questão de Residência Médica


O (UERJ) Pré-escolar de 3 anos de idade apresenta quadro de dor abdominal periumbilical.
diarreia intermitente e emagrecimento. A mãe relata ainda episódios de tosse não produtiva.
Nega febre. Apesar das péssimas condições de saneamento em que vive (casa sem esgoto,
brinca perto de uma vala negra), a água é tratada e a criança recebe uma dieta adequada devido
a um programa de apoio da prefeitura local. Das parasitoses intestinais que poderiam estar
relacionadas ao caso, aquela que estaria em maior concordância com a clínica e os aspectos
epidemiológicos citados é:
A) estrongiloidíase
B) ascaridíase
C) amebíase
D) oxiuríase
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 23
Parasitologia

Questão de Residência Médica


(SES – DF) Um paciente de 32 anos de idade, que tem diagnóstico de uma dermatose com uso
de corticosteroide em dose imunossupressora, antes do início da corticoterapia, realizou exame
de fezes, no qual foram observadas larvas de Strongyloides stercoralis. Com base nessas
informações, julgue o item. Do ponto de vista do exame coprológico, o método recomendado
para confirmar o diagnóstico da referida parasitose intestinal é o de Kato-Katz.
A) Certo. B) Errado.

03/11/2022
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Acidente ofídico
EPIDEMIOLOGIA
• Brasil: 30 mil acidentes ofídicos por ano (85%: cobras peçonhentas e 11%: cobras não
identificadas.
• A maioria dos casos: Norte e Nordeste
• Pará o estado com maior número de notificações. Mais de 80% dos acidentes ocorrem
em área rural.
• Mais de dois terços dos acidentes ofídicos ocorrem nos pés e pernas, indicando que o
uso de botas e perneiras ajudaria na redução do número de acidentes.
• A maioria dos acidentes classificados como leves e letalidade baixa (0,5%).
• A maior letalidade é observada para os acidentes crotálico (cerca de 1,1%).
Como reconhecer a cobra responsável pelo acidente?
• Reconhecer se a cobra é ou não peçonhenta:
• 1)presença de fosseta loreal (orgão termorreceptor que se apresenta com um orificio
entre os olhos e as narinas)
• 2) dentes onoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do
maxilar .
• A grande diferença de um animal peçonhento para um animal venenoso é a presença,
no primeiro, de um aparelho inoculador (ex:presas) para injetar as toxinas.
• Exceção: gênero Micrurus não apresenta fosseta loreal e tem dentes inoculares fixo e
pouco desenvolvidos, porém sua coloração em anéis é característica.
Diferenciado por características físicas
• Podemos analisar desde a coloração até o tipo de cauda.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 24
Parasitologia
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 25
Parasitologia

Diferenciando por características epidemiológicas


• Os ofídios botrópicos (jararaca e jararacuçu) tem distribuição em todo território nacional
com suas 60 espécies

• Os crotálicos (cascavel) apresentam seu habitat em campos abertos, áreas secas, longe
do litoral e ausente em florestas.

• O gênero Lachesis (das cobras surucucu) habita áreas florestais, enquanto as cobras
Micrurus são encontradas em todo território nacional.
Bothrops SP.: BR: Jararaca e jaracuçu

Crotalus sp.: br:

Lachesis sp.:br: surucucu

Micrurus sp.:br: coral


Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 26
Parasitologia

Diferenciando por característica clínicas:


• Muitas vezes, o paciente não é capaz de descrever em detalhes o animal que o atacou.
Portanto, a sintomatologia exerce papel fundamental nestes casos.

Acidente botrópico
• As principais espécies são: Bothrops atrox (Amazônia), Botrops erythromelas (áreas
litorâneas e úmidas do Nordeste),Bothrops jararaca (Sudeste e Sul), Bothrops
jararacussu (maior e com mais quantidade de veneno),Bothrops moojeni (cerrados),
Bothrops alternatus (campos abertos do Centro-Oeste até Sul).

• Nomes populares: jararaca, jararacuçu, urutu, caiçara.


BOTHROPS – Não tem ação no SNC.

Quadro clínico
• O veneno botrópico possui três ações diferentes: proteolítica, coagulante (com consumo
dos fatores de coagulação) e hemorrágica.

• As manifestações locais ocorrem precocemente e são caracterizadas por dor e edema


endurado no local da picada, de intensidade variável, podendo ocorrer equimoses e
sangramentos locais.

Acidente botrópico (jararacas)


• Dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento
pelo orifício da picada, sangramentos em gengivas, pele e urina.

• Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada.

• Os exames laboratoriais podem mostrar tempo de coagulação alargado, leucocitose com


aumento de neutrófilos e desvio à esquerda, além de plaquetopenia de intensidade
variável.

Questão de residência médica (UNICAMP) Você está acompanhando um menino de 6 anos,


vítima de acidente botrópico grave em membro inferior. A complicação possível é:

A) Crise convulsiva

B) Síndrome compartimental

C) Edema pulmonar

D) Paralisia dos músculos respiratórios

Tratamento
1) Medidas gerais de suporte: repouso e elevação do membro afetado

2) Administração imediata do soro-antibotrópico (SAB) ou do soro antibotrópico-laquético


(SABL). A dose varia de acordo com a gravidade da lesão.

Acidente laquético
• Espécies: lachesis muta (bacia Amazônica), lachesis rhombeata (Mata Atlântica).

• Nomes: surucucu, pico-de-jaca.

• É a maior das serpestes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5.

• Habitam áreas florestais com Amazônia, Mata Atlântica e alguns enclaves de matas
úmidas do Nordeste.
LAQUÉTICO – Tem ação no Sistema Nervoso.

Quadro Clínico
• As ações do veneno laquético consistem em efeitos proteolítico, coagulante,
hemorrágico e neuro tóxico.
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3º Período – Medicina 27
Parasitologia

• As manifestações locais se assemelham as do acidente botrópico, com reação


inflamatória intensa, cursando com eritema, edema, dor, equimoses e bolhas, enquanto
os fenômenos hemorrágicos normalmente se limitam ao local da picada.

Acidente laquético (surucucu)


• Quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanhado de alterações vagais como
vômitos, diarreia, cólicas abdominais e queda da pressão arterial.

Tratamento
• Os acidentes laquéticos são considerados de moderados a graves, devendo-se
administrar de 5-20 ampolas de soro antibotrópico-laquético (SABL).

Acidente crotálico
• Espécies: Crotalus durissus.

• Nomes: cascavel, cascavel-quatro- ventas, boicininga, meracamboisa, maracá e outras


denominações populares.

Quadro clínico
• As manifestações da picada das cobras do gênero Crotalus são baseadas nos efeitos
neurotóxico, miotóxico e coagulante do veneno, sendo este último de pouca intensidade.

• A neurotoxina age na região pré-sináptica,impedindo a liberação de aceticolina, levando


ao bloqueio neuromuscular.

Acidente crotálico (cascavel)


1) sensação de formigamento, sem lesão evidente

2) fácies miastênica

3) visão turva ou dupla

4) dores musculares generalizadas

5) urina escura pela rabdomiólise

Os exames laboratoriais mostram aumento de enzimas musculares (CK, aldolase, TGO e


LDH), com aumento das escórias nitrogenadas dependendo do grau da lesão renal.
PLAQUETAS BAIXAS – sangramento (20.000)

Tratamento
• Soro anticrotálico.

• Prevenção de IRA induzida por rabdomiolise.

• Hidratação vigorosa com salina isotônica deve ser iniciada, visando um débito urinário
em torno de 300ml/h (pode-se iniciar com reposição de 1,5L por hora).

Acidente elapídico (graves)


• Espécies: Micrurus corallinus, Micrurus frontalis, Micruris ibiboca, Micrurus lemnscatus,
Micrurus spixii, Micrurus surinamensis.

• Nome: cobra coral verdadeira e boicorá.

Quadro clínico
• Os constituintes tóxicos do veneno são as neurotoxinas, que se dividem em pós-
sináptica e pré-sináptica, sendo que a segunda está presente em apenas algumas
espécies. CHANCE DE PARALISIA.

• Ambas impedem a ação da acetilcolina nos receptores da junção neuromuscular.


Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 28
Parasitologia

Acidente elapídico (coral verdadeira)


• No local da picada não se observa alteração importante, as manifestações do
envenenamento caracterizam-se por:

1) visão borrada ou dupla,

2) fácies miastênica.

Tratamento
• O soro antielapídico (SAE) deve ser administrado o mais precocemente possível (10
ampolas IV).

• Administração de anticolinesterásicos (neostigmina), prolongando a visão média da


acetilcolina, com resultante reversão rápida do quadro respiratório.

Questão de residência (SMS - CE) Mariana, 5 anos, foi trazida pela mãe à unidade de saúde,
após acidente ofídico a cerca de duas horas. Apresentava dois sinais de picada, dor, calor e
rubor no local, edema endurecido leve e não apresentava sinais e sintomas como: hemorragia
ou choque, em tempo de coagulação normal (até 10 minutos.) Quanto ao agente causal e a
classificação do caso clínico, assinale a alternativa correta.

a) Acidente crotálico (caso leve)

b) Acidente botrópico (caso leve)

c) Acidente crotálico (caso moderado)

d) Acidente elapídico (caso moderado)


Questão de residência (Suprema) Paciente vítima de picada de cobra há 1 hora. No local da
picada encontra-se apenas edema discreto e parestesia. A urina está escura. Fácies miastênica
também está presente. Provavelmente a picada foi do gênero:

a) Botrópico

b) Crotálico

c) Laquético

d) Elapídico
Questão de residência (AMP) Assinale a alternativa que contém complicações relativas ao
acidente crotálico:

a) Insuficiência respiratória e necrose cutânea

b) Síndrome compartimental, infecção secundária e IRA.


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3º Período – Medicina 29
Parasitologia

c) Insuficiência respiratória e IRA.

d) Septicemia e edema agudo de pulmão.

e) Choque cardiogênico, IRA e síndrome compartimental.

Escorpionismo
• Estes acidentes vêm aumentando nos últimos anos, principalmente no Nordeste e
Sudeste.

• Ultrapassou 50 mil notificações no país (2010).

• É o de maior número de notificações no Brasil.

Principais espécies de escorpião


• Os escorpiões de importância médica no Brasil pertencem ao gênero Titys:

1) T. Serrulatus (escorpião-amarelo-principal),

2) T. Bahiensis (escorpião-marrom)

3) T. Stigmurus

4) T. Metuendus

5) T. Paraensis (escorpião preto)

6) Tityus pusillus
T. Serrulatus (escorpião-amarelo-principal)

T. Bahiensis (escorpião-marrom)
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3º Período – Medicina 30
Parasitologia

T. Stigmurus

T. Paraensis (escorpião preto)

Quadro clínico
• O mecanismo de ação dos venenos escorpiônicos envolve a ativação de canais de sódio,
produzindo a despolarização de terminações nervosas pós-ganglionares, com liberação
de acetilcolina e catecolaminas.

• Atuam no nervo periférico sensitivo, motor e autônomo.

• As manifestações decorrem da predominância dos efeitos simpáticos ou


parassimpáticos.

Tratamento
• Na maioria dos casos, um quadro local autolimitado de tratamento apenas sintomático
(infiltração de anestésico sem vasoconstritor (lidocaina 2%) ou analgésico sistêmico).

• Tratamento específico: soro antiescorpiano (SAEsc ou antoracnídico (SAA) via IV, aos
pacientes com formas moderadas (2-3 ampolas) e graves (4-6 ampolas).
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 31
Parasitologia

Questão de residência (HCG) Uma criança de um ano de idade, sexo masculino, foi picada por
um escorpião quando brincava no quintal de sua casa há cerca de 2 horas. A mãe disse que a
criança apresentava choro contínuo desde o momento do acidente. Ao exame: chorava muito e
foi observado um ponto único de picada no pé direito. Apresentava dispneia leve e bradicardia.
Qual conduta deve ser tomada?

A) Anestésico local e observar durante algumas horas para avaliar a necessidade de


aplicação do soro antiescorpiônico

B) Anestésico local associado ao soro antiescorpiônico endovenoso, sem diluição

C) Anestésico local e anti-inflamatório não hormonal horário

D) Anestésico local e teste de sensibilidade antes da aplicação do soro anti-escorpiônico

Questão de residência (SMS- Ceará) João, 18 anos, residente em Fortaleza, comparece à


Unidade de saúde após “picada” de escorpião há cerca de 4 horas. Apresenta dor local. Quanto
à conduta, assinale a alternativa correta:

A) encaminhar o paciente ao Centro de Assistência Toxicológica

B) aplicar soro antiescorpiônico

C) usar analgésico oral

D) Observar o paciente por 6 horas com hidratação venosa.

Araneísmo
• Em 2010 tivemos quase 25 mil casos registrados, com 17 óbitos.

• Destacam-se no Brasil três gêneros de maior relevância clínica: 1) Phoneutria, 2)


Loxosceles e 3) Latrodectus. (Viúva Negra)

• Os acientes por Loxosceles (aranhas marrons): + frequentes (30%)

• Phoneutria (aranhas armadeiras): + comuns na Região Sudeste (14,1%).

• Latrodectus (viuvas-negras): 0,5% dos casos nacionais. + comum: Nordeste brasileiro.

Loxosceles (aranha Marrom)


• Encontrado em todo o país, principalmente na região Sul e , mais especificamente no
Paraná, onde configura um importante problemas de saúde pública.
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 32
Parasitologia

• Várias são as espécies descritas no Brasil, sendo as principais: 1) Loxosceles intermédia


(mais comum de Curitiba), 2) Loxosceles laeta e 3) Loxosceles gaucho.

• São aranhas pequenas, não agressivas, de hábitos noturnos e que picam somente
quando comprimidas contra o corpo.

Loxosceles (aranha Marrom)

Quadro clínico
• Ação do veneno: processo inflamatório intenso, com ativação do sistema complemento,
da coagulação e das plaquetas.

• A picada costuma ser imperceptível e a evolução clínica pode ocorrer de 2 formas:


I) Forma cutânea (99%)

A sintomatololia local se instala de forma lenta e progressiva com dor, edema endurado e
eritema, acentuando-se nas primeiras 24-72 horas do evento. A sintomatologia local demora
a aparecer.
A lesão pode ser classificada em:

1) Loxoscelismo evidente: apresenta lesão característica marcada por base eritematosa,


com ou sem enduração, no centro áreas de isquemia, mesclada com áreas violáceas,
com ou sem bolhas hemorrágicas, acompanhada de dor em queimação. Estes sinais
evoluem para necrose em alguns dias levando a formação de uma escara (necrose seca)
que, destacada, deixa uma úlcera de difícil cicatrização.

2) Loxoscelismo provável: leão sugestiva (esquimose, dor em queimação, com ou sem


enduração), acompanhada de rash.

3) 3) Loxoscelismo possível: pode ser lesão incaraterística (eritema, dor discreta, prurido,
vesícula ou bolha, com poucas horas de evolução) ou necrótica seguida de infecção
fazendo diagnóstico diferencial com outras doenças ulcerosas.

4) 4) Loxoscelismo edematose: tecido frouxo e o edema se torna mais exuberante.

II) Forma cutâneo-visceral ou hemolítica (1%)

1) Hemólise intravascular

2) Anemia

3) Icterícia

4) Hemoglobinária

5) CIVD (coagulação intravascular disseminada).

E como confirmar o quadro de Loxoscelismo?


• Como não existem exames complementares que fechem o diagnóstico, podemos utilizar
os critérios a seguir:
Alice Mota Brum
3º Período – Medicina 33
Parasitologia

• Paciente sentiu a picada e viu a aranha no momento da picada, levou a aranha até o
serviço de saúde, onde foi identificada por técnico habilitado e apresenta sinais locais
e/ou sistêmicos.

• O paciente não viu a aranha e não sentiu a picada, mas apresenta, conforme já vimos:
(1) lesão característica; (2) lesão sugestiva com exantema morbiliforme disseminado
(rash), ou (3) lesão incaracterística (quando deve ser acompanhado por 72h)

• Acompanhando o quadro local os pacientes tem um ou mais dos seguintes sintomas


sistêmicos: cefaleia, tontura, mialgia, náusea, vômito, febre nas primeiras 24 horas e
exantema.

Tratamento

• A eficácia da soroterapia (soro antiloxoscélico) diminui após 24-36 horas do acidente. O


soro antiaracnídeo (SAA) é uma opção para casos moderados e graves.

• Prednisona: pode ser usada, nas formas cutânea moderada e grave. Maior eficácia se
aplicada dentro de 48h.

• A dapsona, pode ser útil na tentativa de modular a resposta inflamatória

• Tratamento de suporte adequado é essencial para o controle do quadro.

Phoneutria (armadeira)
• São aranhas popularmente conhecidas como aranha-armadeira no Sul e Sudeste e
aranha-macaca na Amazônia, por assumirem comportamento de defesa e saltarem em
direção á presa ou ao homem.

Phoneutria (armadeira)

Quadro clínico
• As manifestações locais são predominantes no quadro, sendo a 1) dor de início imediato
e intensidade variável, podendo estar acompanhada de 2) edema, 3) eritema, 4)
parestesias e 5) sudorese no local da picada.

• Em aproximadamente 8% dos casos cursa com sintomas sistêmicos diversos, como 1)


sudorese, 2) tremores, 3) convulsões, 4) taquicardia, 5) arritmias, 6) distúrbios visuais e
até o 7) choque, sendo nesses casos o acidente classificado como moderado ou grave.

Tratamento
• A soroterapia antiaracnídea (SAA) está indicada nos casos moderados e graves.

• A dor pode ser tratada com infiltração anestésica local ou troncular.

• Analgésicos sistêmicos como dipiroma e meperidina também são usados: a imersão do


local da picada em àgua morna ou o uso de compressas quentes parecem ser úteis no
controle da dor. (?)

Latrodectus (viúva negra)


• São aranhas popularmente conhecidas como viúva negra, representadas pelas espéces
Latrodectus curacaviensis e Latrodectus geometricus, encontradas principalmente no
litoral da região Nordeste.
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3º Período – Medicina 34
Parasitologia

• Somente as fêmeas (elas costumam matar o macho na copulação – daí o nome popular)
são causadoras de acidentes, quando são comprimidas contra o corpo.

Latrodectus (viúva negra)

Quadro clínico
• O componente do veneno responsável pela sintomatologia é a alpha-latrotoxina, que
atua tanto nas terminações nervosas sensitivas, gerando dor, quanto no sistema nervoso
autônomo, promovendo descargas adrenérgicas e colinérgicas.

• A dor é de leve intensidade, com posterior sensação de queimação.

Tratamento
• O “soro antilatrodéctico encontra-se em fase experimental, não sendo disponível para
uso de rotina”.

O tratamento inclui além de analgésicos sistêmicos:

• Benzodiazepínicos do tipo Diazepam, se necessário;

• Gluconato de cálcio 10%, se necessário;

• Clorpromazina, se necessário.

Questão de residência (HSJC) Nos acidentes com animais peçonhentos (aranhas e


escorpiões):

A) A prática de espremer ou sugar o local da picada está indicada

B) O tratamento sintomático a base de anestésicos e analgésicos é o mais indicado

C) As crianças menores de sete anos têm menos complicações clínicas que os adultos

D) Está indicado o uso de torniquete no membro para impedir a disseminação do veneno.

E) Deve-se fazer a criança se movimentar para manter a boa consciência.


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3º Período – Medicina 35
Parasitologia

Questão de residência (HC - USP – Ribeirão Preto) Crianças, 10 anos de idade, foi picada
por aranha na mão há 3 horas. Procurou o posto de saúde, relatando dor local intensa,
sudorese e hiperemia. A dor posteriormente se irradiou para o braço, acompanhada de
parestesia. Ao exame, apresentava-se bem, sem manifestações sistêmicas e no local,
observou-se hiperemia, edema e presença de dois orifícios. O paciente provavelmente foi
picado por uma aranha:

A) Caranguejeira (Mygalornorphae)

B) Tarântula (Lycosa)

C) Marrom (Loxosceles)

D) Armadeira (Phoneutria)

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