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UNIVERSIDADE JEAN-PIAGET

MICROBIOLOGIA GERAL

ESTUDO DO GENERO ESTREPOCOCCUS

DRA LUISA GUADALUPE


INDICE

 INTRODUÇÃO

 CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS E DE IDENTIFICAÇÃO

 CLASSIFICAÇÃO

 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE CLINICO E SUAS


DOENÇAS

 DIAGNÓTICO LABORATORIAL

 PREVENÇÃO E CONTROLO
INTRODUÇÃO

ESTREPTOCOCOS
Pertencem a um grande grupo de bacterias que apresentam:
• Forma redonda ou ovale (cocos),
• Gram (+),
• Reino Monera,
• Aerobios .

É um grupo heterogéneo de géneros dos quais muitos se


encontram a colonizar os seres humanos.
Causando muitos distúrbios, incluindo faringite, pneumonia,
infecções em feridas e na pele, sepsia e endocardite. Os
sintomas variam com o órgão infectado. 
APRESENTAM COMO CARACTERÍSTICAS COMUNS

•F o r m a e s f é r i c a
•M é t o d o d e c o l o r a ç ã o d e g r a m
•A u s ê n c i a d e e n d ó s p o r o s

CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS

•P r e s e n ç a o u a u s ê n c i a d a c a t a l a s e

Permite dividir os vários géneros em catalase (+)


Staphylococcus , Stomatococcus , Alloicoccus

e em géneros catalase(-)
Streptococcus, Enterococcus
TAXONOMIA

Reino Monera

Phylum Firmicutes

Classe Bacilli

Família Streptococaceae

Género Streptococcus
EPIDEMIOLOGIA

 Amplamente distribuídos na natureza.

 Membros da microbiota humana normal (da boca, pele,


mucosas do intestino e trato respiratório superior).

 Associados a importantes doenças humanas.


TRANSMISSÃO

 Pessoa a pessoa por contacto directo com feridas ou úlceras.

 Objectos contaminados.

 Através de espirros e tosse.

 Durante o parto vaginal (de mãe para filho).


ESPÉCIES COM IMPORTÂNCIA MÉDICA

 Streptococcus agalactiae

 Streptococcus bovis

 Streptococcus mutans

 Streptococcus pneumoniae

 Streptococcus pyogenes

 Streptococcus salivarius

 Streptococcus suis

 Streptococcus sanguinus

 Streptococcus viridans
MORFOLOGICAMENTE SÃO IDENTIFICADOS

 Cocos esféricos ou ovoídes

 Dispostos em cadeia ou agrupados aos pares

 Organismos gram (+)

 Capsulados, a cápsula é mais evidente em culturas jovens

 Imóveis

 Não esporulados
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS

 Cultivam-se em meios ricos em sangue ou soro.

 São aeróbios ou anaeróbios facultativos.

 Alguns crescem somente em atmosfera enriquecida com


dióxido de carbono (crescimento capnofílico).

 Produzem hemolisinas no agar sangue ( α , β ,γ)

 Crescem em meios de cultura formando colónias pequenas,


translúcidas ou opacas, circulares e convexas.
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS

• O aspecto das colónias está associado a virulência, colónias opacas são virulentas e as
brilhantes são avirulentas.

• O crescimento e a hemolise é favorecido pela incubação em CO2 á 10 % e temperatura


de 37 ºc.

• São catalase negativa.

• São oxidase positiva.

• São sensíveis a optoquina.

• São homofermentadores.

• Produtoras de ac. Lactico


CLASSIFICAÇÃO DOS ESTREPTOCOCCUS

A diferenciação das espécies dentro do género não é simples. São


utilizadas 3 esquemas diferentes para classificação destes
microrganismos.

1- CLASSIFICAÇÃO DE LANCEFIELD DE 1983.

 Baseada na presença de carboidratos na parede celular e


propriedades dos carbohidratos nas suas menbranas.

 Divide os Estreptococos em grupos de Lancefield de A a


H e de K a T. 
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTREPTOCOCCUS CONTINUAÇÃO

Grupo A ( S. pyogenes e S. anginosus ) o primeiro é o


mais importante.
β–hémolitico e causa a Faringite estreptocócica,
Escarlatina, Impetigo (infecção de pele), Celulite,
Fascite necrosante e Choque séptico.

Grupo B (S. agalactiae ) pode ser β ou γ -hemolítico, causa


Meningite em neonatos, Sepsis neonatal, infecções
articulares (artrite séptica) e cardíacas (endocardite) e
infecção associada a diabetes em idosos.
(S. pneumoniae) é α– hemolitico e causa a Pneumonia.
Grupo C e G – mais frequentes nos animais mas também nos
humanos podem apresentar crescimento na orofaringe, no
intestino, na vagina e no tecido cutâneo, causando infecções
graves.

Grupo D e Enterococcus - desenvolvem-se normalmente no


tracto digestivo baixo, vagina e pele adjacente podem causar
infecções de feridas e de válvulas cardíacas, da bexiga, do
abdomem e do sangue.
2- PELA CAPACIDADE DE PROVOCAR LISE (MORTE
CELULAR) NOS ERITÓCITOS.

β – hemolítico - hemolise total ou completa


α - hemolítico – hemolise incompleta
γ - hemolitico – sem hemolise

3- POR APRESENTAÇÃO CLÍNICA

 Estreptococos piogénicos
 Estreptococos orais
 Estreptococos entéricos
FACTORES DE VIRULÊNCIA

A sua patogenia esta associada a capacidade destas


bactérias se aderirem a superfície das células do
hospedeiro, invadir estas, impedindo a opsonização e
fagocitose e produzindo uma variedade de toxinas e
enzimas.

Muitos estreptococos elaboram fatores de virulência,


incluindo estreptolisinas, desoxirribonucleases (DNases) e
hialuronidase, o que contribui para a destruição tecidual e
a disseminação da infecção.
Continuação

Poucas cepas liberam exotoxinas que ativam


certas células T, estimulando a liberação de
citocinas, incluindo fator de necrose tumoral alfa,
interleucinas e outros imunomoduladores.

Essas citocinas ativam os sistemas de


complemento, coagulação e fibrinolíticos, levando
a choque, insuficiência de órgãos e morte.
Continuação

Cápsula
Impede a fagocitose e funciona como barreira física.

Ac. Lipoteicoico
Proteína M
Proteína F
Medeiam a aderência ás células epiteliais (hospedeiro)
Enzimas e toxinas.

 Exotoxina pirogenica ou toxinas eritrogenicas.

 Estreptolisina S e O.
Capaz de lisar eritrocitos, plaquetas e leucócitos, anticorpos
marcadores de infecção.

 Estreptoquinases.
Lisam coagulos sanguíneos, responsáveis pela rápida
disseminação.

 C5a peptidase e outras enzimas ( hialuronidases,


difosfopiridinas, nucleotidases, neuramidases, proteases,
hipurases etc.)
INFECÇÃO

 As infecções afectam várias áreas do corpo, incluindo garganta,


ouvido médio, seios paranasais, pulmões, pele, válvulas cardíacas e
corrente sanguínea.

 Os sintomas podem incluir tecidos inflamados, dolorosos e


vermelhos, úlceras com crostas, garganta inflamada (faringite
estreptocócica) e erupção cutânea, dependendo da área afetada.

 Os médicos podem conseguir diagnosticar a infecção com base nos


sintomas e podem confirmar o diagnóstico ao identificar a bactéria
em uma amostra de tecido infectado, por vezes suplementado com
exames de diagnóstico por imagem.
ESTREPTOCOCCUS DE INTERESSE CLINICO E DOENÇAS QUE PROVOCAM.

Estreptococos pyogenes

Estreptococos do grupo A
 O seu crescimento é óptimo em meios enriquecidos com sangue mas é inibido se o meio
conter altas concentrações de glicose.

 As colónias são brancas com grande zona de β - hemolise .

 As cepas capsuladas tem aspecto mucoíde e as não capsuladas são menores e brilhantes.

 Colonizam a orofaringe de crianças e adultos jovens sadios.

 A doença é causada por cepas recentes capazes de estabelecer infecção da faringe ou da


pele.

Transmissão de pessoa á pessoa através dos perdigotos ou pela introdução


dos microrganismos nos tecidos superficiais ou profundos através de uma
solução de descontinuidade da pele.
FACTORES DE RISCO

Aglomerações (escolas, sala de aulas , cresches, presidios, dormitorios, quarteis


militares)

AUMENTAM A PROBABILIDADE DE DISSEMINAÇÃO DO


MICRORGANISMO.

DOENÇAS SUPURATIVAS

Faringite, Escarlatina, Piodermite ou Impetigo, Erisipela, Celulite, Fascite


necrotizante, Sindrome de choque tóxico, Sepsis puerperal, Linfagite, Pneumonia
e Bacteremia.

Celulite : A pele infectada fica vermelha e o tecido por baixo inflama causando dor.

Impetigo : Geralmente formam-se úlceras crostosas e amareladas.


Fasciite necrosante : O tecido conjuntivo que cobre o músculo (fáscia)
está infectado.
As pessoas têm calafrios repentinos, febre, sensibilidade e dores intensas
na área infectada. A pele pode parecer normal até a infecção se tornar
grave.

Febre escarlatina : Uma erupção cutânea aparece primeiro na face, depois


espalha-se para o tronco e membros.

A erupção cutânea tem aspecto áspero como “lixa” é pior nas dobras da
pele, como a dobra entre as pernas e o tronco.
À medida que a erupção cutânea diminui a pele descasca-se.

“Caroços” vermelhos desenvolvem-se na língua que é revestida com um


filme branco-amarelado. O filme então descama e a língua parece
vermelha (língua com aspecto de framboesa).
Faringite estreptocócica

 Infecção geralmente ocorre em crianças de 5 a 15 anos de idade. Crianças com


menos de 3 anos de idade dificilmente têm faringite estreptocócica.

 Os sintomas muitas vezes aparecem de repente. A garganta fica inflamada. As


crianças também podem apresentar calafrios, febre, dor de cabeça, enjoos,
vômitos e sensação geral de mal-estar.

 A garganta encontra-se avermelhada e as amígdalas inflamadas com ou sem


pús.

 Os linfonodos no pescoço ficam geralmente aumentados e dolorosos.


 Porém, crianças com menos de 3 anos de idade podem não ter esses sintomas e
podem apresentar somente nariz escorrendo.

 Se as pessoas com dor de garganta tiverem tosse, olhos vermelhos, rouquidão,


diarreia ou nariz congestionado a causa é provável de ser infecção por vírus e
não uma infecção por estreptococos.
DOENÇAS NÃO SUPURATIVAS
Complicações das infecções estreptocócicas

Se não tratadas as infecções estreptocócicas podem levar a


complicações.
Algumas complicações resultam da disseminação da infecção
para tecidos adjacentes.

Por exemplo, uma infecção de ouvido pode disseminar-se para


os seios nasais, causando Sinusite, ou para o osso mastoide (o
osso proeminente atrás da orelha) causando Mastoidite.

Outras complicações envolvem órgãos distantes.


Por exemplo algumas pessoas desenvolvem inflamação renal (
Glomerulonefrite aguda) ou Febre reumática.
Streptococcus agalactiae
Estreptococos do grupo B

 Colónias apresentam aspecto cremoso com uma estreita zona de β-


Hemolise.

 Colonizam o trato gastrointestinal e genitourinário (estado de portador


vaginal transitório em grávidas).

 Provocam doenças em recém-nascidos.(Doença neonatal de inicio precoce


e inicio tardio).

 Infecções urinárias nas Mulheres grávidas.

 Bacterémia, Pneumonia, Infecções dos ossos e das articulações, infecções


da pele e tecidos moles.
Streptococcus viridans

Grupo heterogéneo de Estreptococcus hemolíticos.


(S. anginosus ; S. mitis ; S. bovis ; S. mutans)

 Necessitam de 5 á 10 % de co2 para o seu crescimento.

 Colonizam a orofaringe, trato gastrointestinal e geniturinário,


raramente encontrados á superficie da pele.

 Causam diversas infecções, embora estejam mais ligados a


Caries dentarias, Endocardites e Infecções abdominais
supurativas.
Streptococcus pneumoniae

 Células ovais ou em forma de lança com arranjos aos pares ou cadeias


curtas.

 As cepas encapsuladas são grandes redondas e mucóides, as não


encapsuladas são menores.

 São α - hemolíticos se incubados aerobicamente e quando incubados


anaeróbicamente são β– hemolíticos.

 Crescem bem em níveis altos de glicose.

 Habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos sádios.


Ocorre doença quando os microrganismos que colonizam
nasofaringe e orofaringe disseminam-se para outros sítios
anatómicos.

 Pulmão – Pneumonia

 Seios paranasais – Sinusite

 Ouvido – Otite media

 Meninges - Meningite
Enterococcus

BACTÉRIAS ENTÉRICAS
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium

 Crescem bem em presença de 6.5% de Na cl


 γ- hemoliticos
 Microrganismo comensal com limitado poder de produzir doença
 Colonizam o intestino , trato genitourinário.

Transmissão
pessoa á pessoa e consumo de agua e alimentos contaminados.

Doenças
 Infecção pelvica
 Infecção urinaria
 Meningite
 Septicemia
 Infecções hospitalares
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Amostras biologicas

 Tecidos afectados

 Swabos da garganta

 Pús

 Aspirados dos seios nasais , ouvido médio e externo

 Expectoração

 Sangue

 Lcr
EXAMES LABORATORIAIS

MICROSCOPIA – técnica de coloração de gram

DETECÇÃO DE ANTIGENIOS – testes imunológicos


Testes de aglutinação com látex ; T. imunoenzimáticas que utilizam
anticorpos.

DETECÇÃO DE ANTICORPOS
Contra as diversas enzimas bacterianas TASO e ANTIDNASE B

EXAME CULTURAL
Em meios enriquecidos e adicionados de antibióticos

TÉCNICAS MOLECULARES
Diagnóstico rápido , muito caro e não disponível
PREVENÇÃO E CONTROLE

 Administração de penicilina G de modo profilático aos pacientes


submetidos á cirurgia nos tratos respiratório, gastrointestinal e
Genitourinário.

 Detecção e tratamento rápido com antimicrobianos nos indivíduos com


infecções respiratórias e cutâneas por estreptococcus.
Evita o desenvolvimento de doenças pós estreptococcicas

 Irradiação dos estreptococcus do grupo A aos portadores que se


encontrarem em locais como sala de aulas, partos, berçários, salas
cirúrgicas etc.

 Imunização com vacinas e profilaxia com penicilina


 Drenagem e desbridamento cirúrgico agressivo, devem ser
rapidamente iniciados em pacientes com infecções graves dos
tecidos moles.

 Evitar a doença neonatal

 Recomenda-se a todas mulher gravidas fazer o exame para


detecção de estreptococcus do grupo B entre 35º e 37º semana de
gestação.

 Quimioprofilaxia deve ser utilizada em todas mulheres


colonizadas por estreptococcus e também ás de alto risco
(grávidas) com penicilina G endovenosa 4 horas antes do
parto .
FIM DA APRESENTAÇÃO
OBRIGADA

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