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APRESENTAÇÃO
O estudo e a classificação dos grupos sanguíneos por meio de reações imunológicas entre
aglutinogênio e aglutinina têm um nome: imuno-hematologia. A partir desse princípio, se realiza
a tipagem sanguínea: teste que estabelece o tipo sanguíneo do sistema ABO (A, B, AB ou O) e
fator Rh (positivo ou negativo) de uma pessoa
Você sabe qual a importância dessa informação? Em uma transfusão de sangue, por exemplo,
pode ocorrer a incompatibilidade entre o doador e o receptor, considerando que, na maioria das
vezes, essas transfusões são de emergência. Se você sabe o seu tipo de sanguíneo, isso não
acontece. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as metodologias necessárias para a
realização da tipagem sanguínea, as quais são fundamentais para a acurácia do teste, tais como
Coombs direto, indireto, prova direta e reversa. Também vai aprender o que é eritroblastose
fetal.
Bons estudos.
DESAFIO
Considere o cenário atual: aproximadamente 85% das pessoas, em geral, são Rh positivas, pois
elas possuem fator Rh em suas hemácias. Em geral, 15% das pessoas não possuem o fator Rh
em suas hemácias e são, por isso, classificadas de Rh negativas, produzindo anticorpos no
plasma somente quando são sensibilizadas.
Essa sensibilização pode ocorrer em pessoas que realizam transfusões e/ou em mulheres durante
a gravidez. A eritroblastose fetal é uma doença que deve ser investigada principalmente em uma
segunda gravidez de um filho(a) com o mesmo sistema Rh do filho(a) da primeira vez.
A atenção também deve ser direcionada para essa doença em mulheres que receberam
transfusões prévias a essa gravidez. Sobre a eritroblastose, que é caracterizada pela destruição
das hemácias do feto ou do recém-nascido, e fatores imuno-hematológicos envolvidos, explique:
1) Quais são os grupos sanguíneos da mãe e do feto, quanto ao sistema Rh, que poderiam
desenvolver a eritroblastose fetal? Explique a importância de investigar a eritroblastose fetal em
uma segunda gravidez e/ou em mulheres que realizaram transplante antes da primeira gravidez.
3) Após uma gravidez de uma mãe Rh negativa e um filho Rh positivo, qual procedimento deve
ser realizado a fim de que a mãe não seja sensibilizada?
INFOGRÁFICO
Veja no infográfico os reagentes para a tipagem sanguínea e entenda como se forma o sistema
ABO (tipagem direta e tipagem reversa) e o sistema Rh (tipagem Rh).
CONTEÚDO DO LIVRO
Você sabe o que aconteceu para que hoje uma transfusão sanguínea seja considerada segura? Os
estudos na área de imuno-hematologia eritrocitária propiciaram essa segurança e melhoraram o
diagnóstico laboratorial de quadros potencialmente graves e fatais, como a doença hemolítica do
feto e do recém-nascido e a anemia hemolítica autoimune. Entre os avanços científicos
observados desde o início do século passado, podem ser destacadas as descobertas do grupo
sanguíneo ABO, em 1900, do antígeno RhD, em 1939, e do teste de Coombs, em 1945.
O livro Técnicas básicas de laboratório clínico é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem,
e, nos trechos selecionados para seu estudo, você vai conhecer mais detalhes sobre essas
descobertas e sua importância atualmente. Inicie sua leitura na Introdução da Lição 4-3 e vá até
o final da página 406. Mais adiante, na Lição 4-4, a partir da página 420, inicie sua leitura na
Introdução e termine na página 424.
Boa leitura.
BARBARA H. ESTRIDGE
ANNA P. REYNOLDS
Tradução:
Ana Lucia Peixoto de Freitas
Professora Adjunta do Departamento de Análises da Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Mestre em Microbiologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Doutora em Ciências Médicas pela UFRGS
Beatriz A. Rosário
Graduada em Farmácia Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Ex-professora Substituta de Controle de Qualidade da Faculdade de Farmácia da UFRJ
Joiza Lins Camargo
Chefe da Unidade de Bioquímica e Imunoensaios do Serviço de Patologia Clínica do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
Mestre em Bioquímica Clínica pela Universidade de Londres
Doutora em Ciências Médicas: Endocrinologia pela UFRGS
Simone Martins de Castro
Professora Adjunta do Departamento de Análises da Faculdade de Farmácia da UFRGS
Farmacêutica-Bioquímica Responsável Técnica do Laboratório de Referência em
Triagem Neonatal do RS – HMIPV – PMPA
Mestre em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Doutora em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela UFRGS
CDU 615.12
determinação direta – uso de antissoros conhecidos (anticorpos) para identificar antígenos desconheci-
dos nas células de um paciente, tipagem direta, grupamento direto.
determinação reversa – uso de células conhecidas (antígenos) para identificar anticorpos desconhecidos
no sangue ou no plasma do paciente.
genes – segmentos de DNA que codificam proteínas específicas ou enzimas, unidades estruturais da here-
ditariedade.
teste de histocompatibilidade – realização de ensaios para determinar se o tecido do doador e o do recep-
tor são compatíveis.
anticorpo específico para o antígeno ausente estará presente. Por ses estabelecimentos. O departamento de banco de sangue tam-
exemplo, indivíduos do grupo A possuem anticorpo anti-B no bém segue as diretrizes da FDA e está sujeito a suas inspeções.
soro. Alguém que seja do grupo O possui os anticorpos anti-A e As diretrizes obrigatórias de avaliação de qualidade incluem:
anti-B, pois as células O não possuem o antígeno A nem o antíge- ■ documentar a adequada condição de trabalho de refrigera-
no B (Tab. 4-11). Testar o sangue do paciente quanto à presença
dores, freezers, banhos-maria, centrífugas e qualquer outro
de anticorpos do grupo sanguíneo é chamado de determinação
equipamento usado no preparo, na testagem e no armazena-
reversa, determinação confirmatória ou determinação indireta.
mento de componentes do sangue e reagentes;
Esse teste é feito ao testar o soro ou o plasma do paciente com
■ monitorar as temperaturas em todos os momentos para ga-
células vermelhas do sangue (comercial) que contenham antíge-
nos A e B conhecidos. rantir que os componentes sejam armazenados dentro de
Ainda que os antígenos do grupo sanguíneo estejam presen- faixas de temperatura aceitáveis;
tes nas células vermelhas do sangue de recém-nascidos, os anti- ■ inspecionar visualmente e testar os reagentes em intervalos
corpos do grupo sanguíneo ainda não estão bem desenvolvidos regulares; registrar os resultados;
ao nascimento. Os anticorpos do grupo ABO podem ser difíceis ■ observar as datas de vencimento do reagente;
de detectar até os primeiros seis meses de idade. Por esse moti- ■ executar controles adequados e verificar o desempenho do
vo, apenas a determinação direta é confiável em recém-nascidos reagente.
e bebês.
Deve-se ter atenção especial na identificação do paciente e
Importância do sistema ABO da amostra. Os pacientes com testes realizados pelo departamen-
to de banco de sangue possuem braçadeiras especiais, que são
O grupo ABO deve ser determinado antes de fazer certos pro- codificadas com a amostra de sangue do paciente, evitando erros
cedimentos, como transfusão de sangue. Uma pessoa deve ser de identificação.
transfundida com sangue que seja do mesmo grupo sanguíneo As observações de reações devem ser interpretadas com cui-
ABO. Por causa da presença de anticorpos que ocorrem natural- dado e registradas. As instruções do fabricante devem ser segui-
mente para os antígenos A e B, graves reações podem resultar das das para os reagentes usados.
transfusões se o sangue não for adequadamente avaliado. Na imunoematologia, a qualidade do teste laboratorial pode
A regra para seguir a transfusão de sangue é evitar dar ao ter impacto direto e imediato no paciente. A transfusão de san-
paciente o antígeno que ele ainda não tenha. Em uma emergência, gue é um ato que salva vidas. Erros ou enganos ao identificar as
o sangue O pode ser usado porque ele não contém o antígeno A amostras, executar testes de grupo ou interpretar os resultados de
nem o antígeno B. Por esse motivo, o indivíduo com grupo san- grupo causam consequências graves. É essencial que os tecnolo-
guíneo O é chamado de doador universal. gistas que trabalham no banco de sangue sejam bem treinados,
conscientes e vigilantes.
PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA
As precauções-padrão devem ser seguidas PRINCÍPIO DA DETERMINAÇÃO DO
quando os procedimentos do banco de san- GRUPO ABO POR LÂMINA
gue forem realizados. Luvas e equipamentos
de proteção individual (EPI) adequados são indispensáveis O teste em lâmina detecta os antígenos A ou B nas células verme-
para proteger contra a exposição ao sangue ou a seus produtos. lhas ao combinar o sangue do paciente com um antissoro conhe-
Métodos de controle de exposição também devem ser usados cido em uma lâmina e observar a aglutinação. Se o antígeno pre-
para proteger da exposição acidental ao sangue e aos reagentes sente nas células corresponde ao anticorpo presente no antissoro,
de tipagem sanguínea. Como a maioria dos reagentes de gru- o anticorpo se ligará ao antígeno, provocando agrupamento das
po sanguíneo é oriunda de sangue humano, todos os reagen- células ou a aglutinação. Se o antígeno não estiver presente, não
tes devem ser manuseados como potencialmente infectantes. será observada nenhuma aglutinação.
O material de laboratório usado deve ser descartável e, após o
uso, colocado em recipientes adequados para risco biológico Determinação do grupo ABO por lâmina
ou material perfurocortante. As superfícies dos contadores de- A determinação do grupo ABO por lâmina é feita usando lâminas
vem ser desinfetadas frequentemente com desinfetante de su- de tipagem comerciais ou lâminas para microscópio. Uma gota de
perfície. Devem ser observadas as normas de segurança para soro anti-A comercial é adicionada a uma lâmina marcada e uma
proteger contra riscos físicos e elétricos quando equipamentos gota de soro anti-B é adicionada a outra lâmina marcada separa-
elétricos e instrumentos com partes móveis, como centrífugas, damente. Uma gota de sangue capilar ou venoso bem misturado é
forem usados. colocada ao lado de cada gota do antissoro (Fig. 4-14). O anti-A
é misturado com a gota de sangue usando um bastão descartável,
um agitador ou uma espátula. O procedimento é repetido com o
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE anti-B e outra gota de sangue usando um bastão limpo.
Os procedimentos de avaliação da qualidade As lâminas são suavemente balançadas por dois minutos.
são destacados no manual de procedimento Com uma boa iluminação observa-se se ocorre a aglutinação. A
operacional-padrão (POP) do banco de san- aglutinação, uma reação positiva, surge como um agrupamento
gue. Esse manual incorpora os padrões necessários para a boa de células vermelhas (Fig. 4-15). A ausência de aglutinação é uma
prática de bancos de sangue, desenvolvidos pela American Asso- reação negativa. As reações com cada antissoro devem ser regis-
ciation of Blood Bank (AABB), agência que também acredita es- tradas como positivas (+) ou negativas (0).
LIÇÃO 4-3 Imunoematologia: Determinação do Grupo ABO 403
TÓPICOS ATUAIS
Grupo ABO do
O A B AB
doador do órgão
Receptor
compatível O A B AB A AB B AB AB
FIGURA 4-16 Diagrama de compatibilidade do grupo ABO para transplante de tecidos e órgãos.
PRINCÍPIO DA DETERMINAÇÃO DO
GRUPO ABO POR TUBO
O teste do tubo é um método mais sensível e confiável do que o
teste da lâmina para determinar o grupo sanguíneo do paciente. É
usado em bancos de sangue e laboratórios clínicos, ao passo que
o da lâmina é mais usado em salas de aula. A determinação por
tubo requer a diluição do sangue com solução salina, para fazer
uma suspensão de células de 2 a 5%.
A determinação do grupo ABO por tubo consiste de (1) de-
terminação direta, que identifica os antígenos das células e (2) de- FIGURA 4-17 Centrífuga sorológica.
terminação reversa ou confirmatória, que identifica os anticorpos
do grupo sanguíneo presentes no soro. Uma centrífuga sorológi-
melhas para reagir com soros comerciais anti-A e anti-B. Depois,
ca pode ser usada para acelerar a reação (Fig. 4-17). A centrífuga
observa-se a aglutinação que deve acontecer após a centrifugação.
sorológica é um equipamento especializado, que gira pequenos
Se uma centrífuga não estiver disponível, as reações podem ser
tubos para testes.
observadas deixando os tubos em repouso, em temperatura am-
biente, por um período de 15 a 30 minutos.
Determinação direta Uma suspensão de células vermelhas do sangue de 2 a 5%
A identificação direta identifica os antígenos presentes nas célu- é feita adicionando 18 ou 19 gotas de solução salina a uma gota
las vermelhas do sangue colocando a suspensão de células ver- de sangue do paciente. Dois tubos marcados, A e B, são orga-
nizados: uma gota do soro anti-A é colocada no tubo A e uma
gota do soro anti-B no tubo B. Uma gota da suspensão de células
TABELA 4-12 Reações de grupos ABO com soros anti-A do paciente de 2 a 5% é adicionada a cada tubo, e o conteúdo
e anti-B é misturado. Os tubos são centrifugados por 30 segundos para
potencializar a reação.
REAÇÕES DE CÉLULAS COM
O 0 0 + + 0
A + 0 0 + 0
B 0 + + 0 0
AB + + 0 0 0
+ = aglutinação
0 = sem aglutinação
Determinação reversa
Graduação da aglutinação
A determinação reversa (indireta ou confirmatória) identifica os O grau de aglutinação de células vermelhas observado em qualquer
anticorpos presentes no soro ou no plasma do paciente, reagindo procedimento de teste em banco de sangue é importante e deve
o plasma com uma suspensão comercial de 2 a 5% de células san- ser registrado. Um sistema de graduação está ilustrado a seguir.
guíneas A e com uma suspensão comercial de 2 a 5% de células B. Descrição Reação Grau
Depois, observa-se a aglutinação.
Duas gotas de plasma do paciente são adicionadas a cada um Gomo com uma ou duas 4 ()
dos três tubos, marcados como a, b e controle. Uma gota da sus- aglomerações grandes após
pensão de células do grupo A é adicionada ao tubo a, uma gota ser deslocado. Fundo claro.
da suspensão de células do grupo B é adicionada ao tubo b, e uma
gota da suspensão de 2 a 5% de células do paciente é colocada no
tubo-controle. O conteúdo dos tubos é misturado, e os tubos são Gomo quebrado em poucas 3 ()
centrifugados por 30 segundos. aglomerações grandes.
Fundo claro.
nadas atravessam o gel para o fundo da coluna e, assim, a reação estáveis e bem-definidos facilitam a interpretação objetiva e re-
negativa é observada (Figs. 4-19 e 4-20). Como algumas reações produtível do resultado do teste, assim como reduzem a neces-
de tipagem no gel são estáveis por muitas horas, os testes podem sidade de repeti-lo. Ainda que a economia de gastos seja uma
ser guardados e lidos novamente, se necessário. questão importante no cuidado com a saúde, o banco de sangue
O manuseio mínimo de reagentes e amostras aumenta a deve continuar mantendo padrões rígidos e o uso dos melho-
biossegurança. O uso de testes em gel elimina variáveis rela- res métodos disponíveis, mesmo que isso aumente o custo dos
cionadas à técnica de cada profissional. Os resultados claros, serviços.
Lembretes de SEGURANÇA
Controle Célula
Identificação do Célula
A B D Rh
paciente A1 B
Grupo
Lembretes de PROCEDIMENTO
AZ 101 4 4 M 3 A Positivo
TÓPICOS ATUAIS
TÓPICOS ATUAIS
DOENÇA HEMOLÍTICA DO Por esse motivo, é muito importante que mães sob
RECÉM-NASCIDO CAUSADA POR Rh risco façam o exame pré-natal no primeiro trimestre
da gestação, para determinar seu tipo de Rh D e testar
A doença hemolítica do recém-nascido (HDN) é uma se já existem anticorpos anti-D. É comum essas mães
condição na qual o anticorpo da mãe entra na circulação também terem frequente monitoramento do feto; assim,
fetal e destrói as células vermelhas fetais. No passado, qualquer sinal de estresse fetal será detectado preco-
a HDN era causada, principalmente, pela reação anti-D cemente. O pai também pode ser testado – não existe
materna com o antígeno D das células vermelhas do feto. risco de HDN por Rh D quando ambos os pais são
Entretanto, por meio de teste pré-natal e do uso agressi- D-negativo.
vo de métodos para evitar a HDN causada pelo antígeno A HDN pode variar de leve a grave; o grau de gravi-
D, os antígenos Rh não D (como C, c, E ou e) agora são dade costuma estar relacionado à quantidade de anticor-
responsáveis pela maior proporção dessa condição. pos produzidos pela mãe e ao tempo durante a gestação
A HDN pode ocorrer quando uma mãe D-negativo que ela produziu anticorpos. Em casos leves, os sinais de
engravida de um feto D-positivo. Durante a gravidez ou HDN não podem ser detectados até o nascimento e in-
no parto, um pouco das células vermelhas D-positivo do cluem anemia, icterícia ou problemas respiratórios. Em
feto pode alcançar o sistema circulatório da mãe, estimu- casos mais graves, insuficiência cardíaca, dano cerebral
lando suas defesas imunológicas a produzir anticorpos ou até parto de natimorto ou aborto espontâneo podem
– basicamente, ela se torna imune contra células D. Esse ocorrer.
anticorpo (anti-D) é da classe IgG e, portanto, pode atra-
vessar a placenta e alcançar a circulação fetal. O sangra- Prevenção da HDN pelo Rh D
mento do sangue fetal na mãe é chamado de hemorragia Desde 1968, é possível evitar quase todos os casos de
feto-maternal (HFM). As situações que provocam a expo- HDN causados pelo antígeno D administrando imuno-
sição da mãe às células do feto incluem: globulina (RhIG) Rh injetável (D) na mãe D-negativa.
■ amniocentese ou outro procedimento invasivo; O desenvolvimento desse tratamento foi um avanço
■ aborto espontâneo ou induzido; significativo na obstetrícia, estimando-se que tenha
salvado a vida de aproximadamente 10 mil bebês por
■ gravidez ectópica; ano. RhIG é uma solução concentrada de anti-D pu-
■ intenso sangramento durante a gravidez; rificado a partir do plasma humano. Quando RhIG é
■ o processo do nascimento. administrada no momento correto, ela evitará que a mãe
produza seus próprios anticorpos para as células D. O
Na maioria dos casos, as mulheres não são expos- anti-D injetado se ligará a todas as células vermelhas do
tas ao sangue fetal até o momento do nascimento, o que sangue do feto que entrarem no sangue da mãe, fazendo
significa que o primeiro bebê não terá HDN. Entretanto, com que sejam eliminadas da circulação e evitando que
grande quantidade de sangue do recém-nascido em geral seu sistema imunológico seja estimulado. O regime de
alcança a circulação sanguínea da mãe durante o parto. Se tratamento atual é administrar imunoglobulina Rh na
uma mulher D-negativo é exposta ao sangue D-positivo vigésima oitava semana da gravidez e dentro de 72 ho-
e produz anticorpos anti-D, eles podem atravessar a pla- ras após o nascimento de um bebê D-positivo. A RhIG
centa em uma gravidez subsequente. Se o próximo feto também é administrada após eventos como aborto,
também tiver células vermelhas D-positivas, o anti-D des- aborto espontâneo ou amniocentese. Ao receber a in-
truirá as células vermelhas do feto – por isso o nome de jeção na vigésima oitava semana e após o nascimento, a
doença hemolítica do recém-nascido. sensibilização é evitada e a incompatibilidade Rh D não
será um problema durante a próxima gravidez. Esse tra-
Sintomas e consequências da HDN tamento deve ser repetido em todas as gestações, exceto
A mãe de um feto com a doença geralmente não apresen- quando se tem certeza que o feto/bebê é D-negativo. O
ta sintomas durante a gravidez, exceto se a condição for tratamento só tem sucesso com incompatibilidades de
muito grave. antígeno D.
LIÇÃO 4-4 Imunoematologia: Tipagem do Rh 423
Soro de
Anti-D controle Interpretação
+ 0 Rh (D) positivo
0 0 Possível Rh D-negativo; confirmar com teste
de D fraco (DU) antes de registrar
+ + Incapaz de interpretar; repetir o teste usando
outro método
FIGURA 4-22 Caixa de visualização aquecida e iluminada, usada para tipa- + = aglutinação
gem de Rh em lâmina. A amostra à direita é D-positiva. 0 = sem aglutinação
424 UNIDADE 4 Imunologia Básica e Imunoematologia
ESTUDO DE CASO 1
Sr. Morris foi ao centro de doação para doar sangue. Quando o centro de processamento fez a tipagem inicial
do grupo ABO e Rh D do seu sangue, os resultados indicaram que ele era A negativo. A determinação do grupo
ABO foi feita pela tipagem em tubo, e a tipagem do Rh D foi feita pelo método em lâmina.
ESTUDO DE CASO 2
Sra. Rodriguez, que foi identificada como B negativo, precisava de uma transfusão. Os únicos sangues disponí-
veis eram B positivo e O negativo. Qual ela deve receber? Explique sua resposta.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
EXERCÍCIOS
2) No sistema ABO, há dois tipos de proteínas presentes nas hemácias que atuam como
antígenos e são chamados de aglutinogênios. Além desses, há no plasma proteínas
específicas denominadas aglutininas, que atuam como anticorpos e já se encontram
sintetizadas no plasma. Sobre o sistema ABO, assinale a alternativa incorreta.
B) Há dois tipos de aglutininas que podem ocorrer no sistema ABO: anti-A e anti-B.
D) Quando o tubo da prova direta que contém anti-B aglutina, a interpretação do resultado
grupo sanguíneo B e a prova direta para a confirmação do resultado será com presença de
aglutinação no tubo A.
E) Teste em tubo de prova direta: suspender uma gota dos soros anti-A, anti-B, anti-AB, anti-
D e controle Rh nos respectivos tubos. Após isso, acrescentar uma parte da suspensão de
hemácias.
C) O teste de Coombs indireto também pode ser usado para detectar anticorpos contra
fármacos que se ligam aos eritrócitos e causam a anemia hemolítica.
B) O teste laboratorial tem como princípio o uso da hemácia do paciente com o soro de
Coombs ou o soro da antiglobulina humana (AGH), que se liga aos anticorpos fixados nas
hemácias.
D) A dificuldade de detectar os anticorpos IgG anti-Rh era uma realidade devido à reação
antígeno-anticorpo não desencadear uma aglutinação tal como ocorre no sistema ABO. A
detecção foi possível a partir do desenvolvimento do anticorpo anti-imunoglobulina
humana (soro de Coombs).
NA PRÁTICA
Observe os passos para as testagens ABO e Rh, incluindo a pesquisa do antígeno D fraco.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Imunobiologia de Janeway
Hematologia laboratorial