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Imunogenética

A imunogenética trata dos aspectos genéticos dos antígenos, dos anticorpos e


suas interações.
Quatro áreas da imunogenética são de importância na área da saúde:
(a) Os grupos sanguíneos e os problemas clínicos relacionados com suas
incompatibilidades;
(b) Os transplantes;
(c) As doenças por deficiência imune;
(d) As doenças auto-imunes.
Conceitos gerais
ANTÍGENO

Antígeno é uma substância, geralmente uma proteína, com capacidade de induzir


uma resposta imune específica. Ele pode ser uma substância geneticamente determinada
na superfície de uma hemácia, de uma célula viva nucleada ou uma bactéria, ou pode
não estar relacionado a nenhuma célula viva.
É chamado de endógeno se for produzido no interior da célula do hospedeiro
(por exemplo, o vírus, um parasita intracelular) e exógeno se for produzido fora dela
(por exemplo, um fungo, uma bactéria, etc.)
Sendo em geral muito grande, o antígeno apresenta epítopos ou determinantes
antigênicos que são os locais em que ocorre o contato do antígeno com o anticorpo.
ANTICORPO

São as proteínas do soro, do tipo gamaglobulina, denominadas imunoglobulinas.


Apresenta parátopos ou sítios combinatórios que são sítios de ligação antígeno-
anticorpo. As reações antígeno-anticorpo dependem de sítios mutuamente ajustáveis e
específicos, em um sistema de chave-fechadura.
COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA OU IMUNOCOMPETÊNCIA

É a capacidade do organismo de formar anticorpos contra antígenos estranhos.


Ela inicia-se no feto e quando isso acontece, os antígenos já se encontram presentes no
organismo, motivo pelo qual não consegue desencadeá-la.
HOMEOSTASIA IMUNOLÓGICA

É a capacidade do organismo de aceitar ou reconhecer os seus próprios


antígenos, bem como formar anticorpos contra antígenos estranhos. Assim, os
componentes do sistema imunológico estão interligados em equilíbrio, apenas quando
ocorre uma infecção é que esse equilíbrio se rompe e ocorre a resposta imune.
TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA
É a aceitação do organismo de células de organismo geneticamente diferente.
Essa aceitação é devida à incompetência imunológica do feto ou recém-nascido. Um
exemplo disso é o caso de gêmeos dizigóticos que sofreram trocas de células
hematopoiéticas durante a vida intra-uterina, aceitando as células sanguíneas do seu co-
gêmeo como as suas próprias, fenômeno conhecido como quimera.
Grupos sanguíneos
Os grupos sanguíneos são antígenos situados na superfície das hemácias.
Constituem, juntamente com as proteínas do soro e enzimas dos eritrócitos,
polimorfismos importantes como marcadores genéticos. São clinicamente essenciais em
transfusões de sangue, transplantes de órgãos e obstetrícia, na incompatibilidade
materno-fetal. Além disso, são usados em medicina legal para identificação e na
investigação de paternidade.
Atualmente são conhecidos mais de 20 sistemas de grupos sanguíneos
diferentes. Alguns são muito bem estudados, outros pouco compreendidos. Dentre os
vários grupos sanguíneos, serão abordados aqui os mais importante.
Sistema ABO
!
Descoberto em 1900 pelo austríaco Karl Landsteiner, o sistema ABO é um dos
sistemas de maior importância na tipagem e na transfusão sanguínea. De acordo com
sua pesquisa, a presença ou não dos antígenos A e B e dos anticorpos anti-A e anti-B no
sangue humano determinam os quatro grupos sanguíneos existentes: A, B, AB e O.
A classificação do grupo sanguíneo desse sistema é realizada através de dois
tipos de testes: primeiro a classificação ou tipagem direta, onde haverá a identificação
da presença de antígenos, usando reativos compostos de anticorpos conhecidos (anti-A,
anti-B, anti-AB) e posteriormente a classificação ou tipagem reversa, que consiste na
identificação da presença de anticorpos, usando reativos compostos de antígenos
conhecidos (hemácias A, hemácias B). Ao realizar os dois testes é possível observar há
formação de aglomerados celulares nas amostras do sangue a ser identificado, sendo
possível classificá-lo em um determinado grupo sanguíneo. (ver quadro)
!
GRUPO SORO DE HEMÁCIAS DE ! !
TIPAGEM TIPAGEM ANTÍGEN ANTICORP
SANGUÍNEO
! A B O O

anti-A anti-
B
A + - - + A anti-B
B - + + - B anti-A
AB + + - - AeB Ausente
O - - + + - anti-A e anti-
B

!
Os antígenos do sistema ABO são produtos dos genes ABO, localizados no loco
do cromossomo 9 de humanos e apresentam três alelos : A e B co-dominantes e O
recessivo. O quadro abaixo mostra a relação entre fenótipo e genótipo no sistema ABO.
!
FENÓTIPO GENÓTIPO
IA IA
A
IA i
IBIB
B
IBi
AB IA IB
O ii

!
Vários estudos apontam que os grupos sanguíneos do sistema ABO parecem
estar associados à suscetibilidade ou à resistência de certas doenças. Estes são alguns
exemplos dessa associação entre os grupos sanguíneos e doenças comuns:
!
• Câncer Gástrico
• Doença Cardíaca Isquêmica
• Doenças Reumáticas
• Doenças Tromboembólicas
• Tumores de Glândulas Salivares (malignos)
• Tumores de Glândulas Salivares (não-malignos)
• Úlcera Duodenal
• Úlcera Gástrica
!
Sistema RH
É constituído por um fator RH, que é uma proteína encontrada nas hemácias que
pode agir como antígeno se for inserida em indivíduos que não a possuam.
O fator RH foi descoberto em 1940, depois dos estudos de dois pesquisadores.
Nesta pesquisa foi retirado o sangue de um macaco e injetado em cobaias. Após a
pesquisa foi concluído que ao injetar o sangue dos macacos, o organismo das cobaias
reagia produzindo anticorpos, pois aquele sangue era uma substância desconhecida pelo
organismo. Os anticorpos produzidos pelas cobaias formam os chamados anti-RH, pois
no sangue do macaco havia um antígeno denominado fator RH.
Este fator é encontrado nas hemácias, ele cumpre as leis da hereditariedade,
sendo que o fator RH positivo é dominante sobre o fator RH negativo.
Genética do sistema RH
O sistema sanguíneo RH está determinado por genes situados no cromossomo 1.
Existe Ainda controvérsia sobre a exata determinação genética deste sistema e, para
descrevê-la de forma mais complexa, existem duas hipóteses: a de Fisher-Race e a de
Wiener.
Para Fisher-Race, os grupos sanguíneos do sistema são determinados por uma
série de três genes intimamente ligados, na ordem D,C e E e seus alelos respectivamente
d, c e e, permitindo oito combinações haplotípicas (conjunto de genes intimamente
ligados, que não sofrem crossing-over e são transmitidos em blocos), sendo que Dce,
DCe, DcE, DCE (RH positivos) e dce, dCe, dcE, dCE (RH negativos), desta forma
basta um alelo D para um indivíduo ser RH positivo e um alelo d para ser RH negativo.
De acordo com a hipótese de Wiener, o sistema RH seria determinado por um
único loco com várias especificidades antigênicas. Geneticamente, esse loco teria uma
série de oito alelos (alelos múltiplos).
Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) ou eritroblastose fetal
Normalmente a circulação materna e a fetal são completamente separadas pela
placenta, mas, quando ocorrem falhas nesta membrana, pequenas quantidades de sangue
fetal atingem a circulação materna. A grande transferência de eritrócitos fetais para a
circulação materna ocorre durante o trabalho de parto e nascimento, quando a placenta
desprende-se e um grande número de hemácias fetais entra na corrente sanguínea da
mãe.
Geralmente o primeiro filho não sofre a ação de anticorpos maternos, mas, em
uma segunda gestação, o feto poderá ser prejudicado. No entanto, quando a mãe RH
negativa já sofreu uma transfusão prévia incompatível ou teve um aborto RH positivo,
ela poderá ter ficado sensibilizada, acarretando problemas também a partir da primeira
gestação.
Em uma mãe RH negativa, as células fetais RH positivas podem estimular a
formação de anti-RH (ou anti-D), o qual é transferido para a circulação fetal. Quando
isso acontece, suas hemácias são destruídas, tornando-se o feto anêmico e liberando
grande quantidade de eritroblastos (hemácias imaturas e nucleadas) no sangue. A
gravidade da doença hemolítica varia desde ligeira anemia até morte intra-uterina, que
pode ser causada por hidropisia.
Após o nascimento, a rápida destruição das hemácias produz grande quantidade
de bilirrubina, causando icterícia durante as primeiras 24 horas de vida. A bilirrubina vai
se ligando à albumina até a sua total saturação; a fração livre de bilirrubina irá se
depositar nas células nervosas da criança provocando uma lesão cerebral.
As crianças que sobrevivem à DHRN apresentam, geralmente, surdez, retardo
mental e paralisia cerebral. Podem mostrar outros sinais clínicos, ainda, como
hepatoesplenomegalia, ascite, petéquias hemorrágicas, edema generalizado, etc.
Sistema ABO e RH em transfusões sanguíneas
Os sistemas sanguíneos ABO e RH são os mais frequentemente considerados em
casos de transfusão. Os receptores devem receber sangue de grupo idêntico ao seu, mas,
em casos de emergência, indivíduos de outros tipos sanguíneos podem ser doadores,
contanto que haja compatibilidade entre doador e receptor.
Observa-se que quando o doador for do grupo sanguíneo O, não existe reação de
aglutinação, pelo fato de não possuir antígenos A e/ou B nas suas hemácias, é por essa
razão que ele é denominado de doador universal. Por outro lado, quando o receptor for
do grupo sanguíneo AB, pelo fato de não possuir anticorpos anti-A e anti-B em seu
soro, poderá receber sangue de indivíduos de todos os grupos sanguíneos, motivo pelo
qual ele é denominada de receptor universal.
!
Sistema Imune
As células do sistema imune originam-se de célula precursora hematopoiética e
multipotente, presente na medula óssea da qual se formam células progenitores, que
constituem a base duas linhagens celulares do sistema hematopoiético: a linhagem
mielóide e a linhagem linfóide.
A linhagem mielóide!diferencia-se nos elementos do sangue e dos tecidos formando:
• Série eritrocitária: células que formam os eritrócitos encarregados do transporte
de O2 e CO2;
• Série trombocítica: origina as plaquetas, envolvidas com o fenômeno de
coagulação e com a resposta inflamatória;
• Série monocítica: onde se formam os monócitos, que dão origem aos
macrófagos;

! O eosinófilo é um granulócito da linhagem


celular mielóide
A linhagem linfóide ou série linfocítica! origina os linfócitos T, e os linfócitos B.
! Células neoplásicas, é da linhagem linfóide
As células do tecido imunológico estão alojadas principalmente timo, linfonodos e baço.
✓ Timo: é o principal órgão fetal a adquirir características linfóides;
✓ Baço: é o principal local de remoção e destruição de hemácias mortas, e
também ocorre reposta a antígeno circulante no sangue.
✓ Linfonodos: filtra os antígenos da linfa e ativa os linfócitos;
Há praticamente dois sistemas imunológicos:
▪ Sistema de bolsa ! é responsável pela imunidade humoral,com participação
direta de linfócitos B;
▪ Sistema do timo ! é responsável pela imunidade celular, com participação
direta de linfócitos T;
!
Dois outros grupos de células também executam funções na resposta imune:as
células do sistema fagocitário,que executam a função indutora de apresentar os
antígenos ao linfócito T e a função efetora de eliminá-los por fagocitose,agindo sob o
comando de fatores liberados principalmente pelos linfócitos Ta e os granulócitos,que
exercem vários tipos de funções efetoras.As células fagocitárias tem um impressionante
potencial antimicrobiano,mas quando um agente infeccioso ingressa no organismo esse
arsenal mostra-se inútil até que um fagócito possa “capturar” o microorganismo.As
principais CAAs são as células dendríticas e os macrófagos,que endocitam e apresentam
antígenos inespecificamente, e os linfócitos B,que endocitam antígenos reconhecidos
por seus receptores (as imunoglobulinas).
Além dos linfócitos B e T,participam também da resposta imune pelo menos
quatro grupos de moléculas solúveis ou de superfície,que são:Receptores de
antígenos,moléculas do complexo de histocompatibilidade principal,citosinas e
moléculas acessórias.
Os receptores de antígenos ocorrem nos linfócitos B e T tendo o sítio de
reconhecimento do antígeno em sua extremidade aminoterminal.Apresenta uma
sequência de aminoácidos única para cada receptor.Os receptores de antígenos das
células B são as imunoglobulinas que pode reconhecer antígenos na sua forma nativa ou
solúvel.Os receptores de antígenos da células T só reconhecem antígenos após estes
serem processados por outras células do organismo e apresentados na superfície da
mesmas,combinados a moléculas do complexo de histocompatibilidade principal.
O complexo de histocompatibilidade principal é um segmento do braço curto do
cromossomo 6,que contém uma série de genes intimamente ligados e relacionados de
maneira importante à resposta imune.Esses genes codificam as moléculas que
apresentam antígenos aos linfócitos T.Os genes desse complexo e as moléculas por eles
codificadas podem ser divididas em três classes:Classe I,Classe II e Classe III.As
moléculas da classe I são produzidas por todas as células nucleadas do organismo e sua
função é apresentar aos antígenos os linfócitos Tc.As moléculas da classe II são
produzidos apenas pelos linfócitos B,pelas células apresentadoras de antígenos e por
outras células em estados específicos de ativação,sua função sendo a de apresentar os
antígenos aos linfócitos Ta;são também moléculas diméricas,mas as duas cadeias são de
tamanho semelhante ,sendo ambas codificadas por genes localizados no CHP.Ambos os
tipos de moléculas apresentam um fenda,na extremidade aminoterminal,nas qual se dá a
ligação com os peptídios resultantes da fragmentação dos antígenos,que serão
apresentados ao sistema imune.As moléculas de classe III não se envolvem diretamente
com a indução da resposta imune,estando relacionadas com o fator de necrose
tumoral,proteínas de choque térmico,enzima 21-hidroxilase e vários componentes do
sistema de complemento.O complemento atua na destruição de microorganismos,na
produção de inflamações e na rejeição de tecidos implantados.
As citosinas são hormônios protéicos produzidos por vários tipos de células,que
desempenham uma ampla variedade de funções no sistema imune. As citosinas
produzidas por monócitos/macrófagos são denominadas monocinas e as produzidas por
linfócitos chamam-se linfocinas. Essas substancias controlam a proliferação,a
diferenciação e ativação dos elementos do sistema imune e hematopoiético de um modo
geral,propiciando ainda sua interação com outros componentes do organismo.
As moléculas acessórias tem importância na regulação do sistema imune.São
elas: Moléculas de membrana, que contribuem pata ativação dos linfócitos B e T
específica para o antígeno;moléculas de adesão e seus receptores,que permitem a
ligação de células entre si e com a matriz extracelular e moléculas que realizam a
transdução de sinais.
A resposta imune
A resposta imune geralmente e classificada em natural ou adaptativa, segundo os
componentes que nela participam. No primeiro tipo que, corresponde a uma resposta
imune inicial, os mecanismos imunológicos são inespecíficos, constituídos
principalmente por fagócitos e células NK; no segundo tipo a reação e específica,
flexível e mais eficaz, envolvendo linfócitos e as citosinas que eles produzem.
Com a formação do complexo antígeno-anticorpo, iniciam-se os processos que
servem para remover o antígeno estranho do organismo. A seqüência total de processos
constitui a resposta imune adaptativa. A capacidade de um organismo reconhecer o que
lhe e próprio e o que lhe e estranho e vital para a sua sobrevivência. Alem dessa
capacidade de discriminação a resposta imune apresenta também memória e
especificidade.
Na corrente sanguínea a milhares de linfócitos com anticorpos diferentes em sua
superfície. No primeiro contato do organismo com o antígeno estranho, este será
reconhecido como não-próprio por linfócitos cujo anticorpo seja capaz de ligar-se
especificamente com aquele antígeno.
A resposta imune apresenta-se em duas fases que e a fase indutora, na qual o
antígeno e apresentado ao sistema imune pela ativação, proliferação e diferenciação das
células responsáveis pela resposta imune, e a fase efetora, na qual o sistema imune
promove processos humorais e celulares levando à eliminação desse antígeno.
Na resposta humoral, os linfócitos ativados são do tipo B e diferenciam-se em
plasmócitos capazes de liberar anticorpos. Este processo demora vários dias, não
havendo a liberação maciça de anticorpos e constituindo a resposta imune primaria. Em
um segundo contato com este mesmo antígeno, um grupo de linfócitos capazes de
reconhecê-lo são induzidos a dividir-se a diferenciar-se em plasmocitos, ocorrendo
produção rápida e maciça de anticorpos, constituindo a resposta imune secundaria.
A ligação antígeno-anticorpo e, na maioria dos casos, do tipo chave-fechadura e
induz um determinado linfócito a entra em divisão celular, formando-se, assim, um
clone de linfócitos geneticamente idênticos e capazes, portanto, de sintetizar o anticorpo
especifico – processo denominado de seleção clonal.
A seleção clonal e as respostas primaria e secundaria também ocorrem nos
linfócitos T.
Transplantes
O Transplante é um dos procedimentos mais complexo no contexto da Medicina.
As primeiras experiências de transplante entre indivíduos quaisquer não
obtiveram êxito, pois após alguns dias as células do tecido ou enxerto transplantado
morriam. Entretanto, observou-se que transplantes entre gêmeos monozigóticos eram
mais facilmente seguidos de sucesso, por possuírem a mesma identidade genética, e
conseqüentemente especificidades antigênicas iguais. Assim, o primeiro transplante de
órgãos bem–sucedido ocorreu em Boston, nos EUA, no ano de 1954; quando um irmão
doa ao seu gêmeo um rim.
Atualmente, tais órgãos e tecidos: coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas,
intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular são
facilmente transplantados. Entretanto, esse avanço na Medicina ainda sofre limitações,
na qual a Rejeição é a principal.
!
Diferentes tipos de Transplantes :
1. Autotransplante – Transplante de órgãos ou tecidos procedentes do próprio
indivíduo, não havendo uma resposta imune.
Ex : Ponte Safena / Mamária;
Enxerto de pele;
Medula Óssea.
2. Isotransplante – Transplante de órgãos ou tecidos entre indivíduos geneticamente
idênticos (gêmeos monozigóticos), não há desenvolvimento de resposta imune.
3. Alotransplante – Um transplante que ocorre entre indivíduos de mesma espécie ,
porém geneticamente diferentes. Esse tipo é o mais comum e é facilmente
rejeitado.
4. Xenotransplante – Realizado entre indivíduos de espécies diferentes. Transplante
fortemente rejeitado.
!
Reações aos Transplantes:
1. Reação ao Alotransplante :
Chama-se de Resposta Primária a reação do receptor ao tecido do órgão
transplantado quando os indivíduos são geneticamente incompatíveis. Nessa situação, o
transplante aparentemente parece ser aceito, entretanto, com o passar dos dias o
transplante morre e se desprende. Caso ocorra um segundo transplante do mesmo
doador, a reação será denominada Resposta Secundária. Esta é mais rápida e mais
intensa.
2. Reação Transplante versus Receptor:
Quando imunocompetentes, as células do doador também reagem contra os
antígenos do hospedeiro. Um bom exemplo é o transplante de medula óssea, no qual
essa reação impedia o sucesso do procedimento, trazendo algumas vezes conseqüências
fatais para o hospedeiro.

Rejeição e seus principais tipos:


Ao realizar um transplante, o sistema imunitário do receptor pode identificar os
antígenos presentes no tecido transplantado como estranhos, desencadeando uma
ataque agressivo contra esses .
1. Rejeição Aguda
- É a mais comum;
- Nos seis primeiros meses após a transplantação;
- Mediada pelos Linfócitos T (sofrem expansão e destroem as células dos tecidos);
- Utilização de drogas imunossupressoras (inibir a proliferação celular).
2. Rejeição Hiperaguda
- Minutos , horas , ou poucos dias após a intervenção cirúrgica ;
- Reação de Anticorpos pré-formados (IgG x I HLA);
- Perda da função do órgão (deposição de anticorpos e destruição vascular);
- Transplantes renais são mais suscetíveis;
3. Rejeição Crônica
- Função lentamente perdida;
- Hipertrofia / Fibrose;
✓ Coração > Doença da Art. Coronária
✓ Rins > Fibrose intersticial
✓ Fígado > Destruição do Epitélio biliar
- Ainda não há tratamento padrão.
!
Determinação da compatibilidade Doador – Receptor
A compatibilidade entre indivíduos é determinada através do teste Sorologia
HLA (Antígeno Leucocitário Humano), que consiste na coleta de cerca de 10 ml de
sangue de quem receberá o transplante e dos possíveis doadores. Este método, como os
demais, avaliará as glicoproteínas produzidas a partir de informações genéticas do
cromossomo seis e estão presentes na superfície das células que vão determinar uma
resposta imunológica do receptor.
Seleção do Doador
Para a realização de um transplante seleciona-se o doador com maior
semelhança quanto ao CHP (Complexo de Histocompatibilidade Principal), bem como
os sistemas sanguíneos ABO e Rh, pois será menor a necessidade de supressão da
resposta imune. Assim, considera-se como doador ideal aquele que é geneticamente
idêntico ao receptor (irmãos monozigóticos). Entretanto, caso o receptor não possua um
irmão monozigótico, o doador mais adequado será um irmão ou irmã, por terem 25% de
probabilidade de compartilharem os mesmos halótipos HLA.
!
Doenças por deficiência imune ou imonodeficiências

As imunodeficiências primárias são, na maioria, congênitas, hereditárias, raras e


seus sintomas surgem geralmente na infância.
A classificação das doenças por imunodeficiência primária é a seguinte:
1. Predominantemente humorais: o defeito está nas células B.
Ex.: doença de Bruton.
2. Predominantemente celulares: defeito primária está nas células T.
Ex.: síndrome de di George.
3. Imunodeficiências combinadas: deficiência tanto de células B quanto de células
T.
Ex.: imunodeficiência combinada grave.
4. Distúrbios dos fagócitos: são diagnosticados com maior freqüência.
Ex.: síndrome de Chediak-Higashi.
5. Distúrbios do complemento: são conhecidas várias deficiências genéticas,
algumas causam defeitos imunológicos, outras acarretam doenças auto-imunes.
Ex.: edema hereditário angioneurótico.
!
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)
A AIDS é uma doença do sistema imunológico humano, causado pelo HIV, que
atua sobre os linfócitos T auxiliares (Ta), deixando a pessoa suscetível a infecções
oportunistas.
O vírus HIV introduz seu RNA nas células T e uma enzima denominada
transcriptase reversa catalisa a formação de uma cadeia de DNA complementar ao RNA
viral. A cadeia de DNA viral inicial replica-se para formar um DNA de dupla hélice, o
qual entra no núcleo do linfócito Ta. O HIV replica-se e ocupa a célula hospedeira, que
deixa de fornecer imunidade e arrebenta liberando novas partículas de HIV, que causa a
redução gradual do número de células T auxiliares.
!
Doenças auto-imunes
Normalmente, o organismo não desenvolve reações imunes contra os seus
próprios antígenos (auto-antígenos). Para que surja uma doença auto-imune é necessário
que ocorra uma falha na tolerância imunológica, o que causa uma resposta imune
específica contra um antígeno ou uma série de antígenos próprios do organismo.
Os fatores que contribuem para a auto-imunidade são:
1. Prolongadas exposições a agentes físicos que alterem a estrutura das suas
moléculas. Ex.: drogas, radiação UV e patógenos;
2. Antígeno seqüestrado: São antígenos que não entram em contato com o sistema
imunológico durante o desenvolvimento embrionário, devido a sua localização,
que se vierem a ter contato com esse sistema imunológico posteriormente,
provocarão a produção de anticorpos.
3. Mimetismo antigênico: É quando os determinantes do antígeno exógeno são
muito semelhantes aos do auto-antígenos, fazendo com que os anticorpos
produzidos contra os exógenos também reajam com os auto-antígenos, assim
desencadeando fenômenos auto-imunes.
4. Alterações do sistema imunitário: Provocam o surgimento de linhagens anormais
de linfócitos que reagem com os auto-antígenos, ocasionando o aparecimento de
doenças auto-imunes. Elas podem ocorrer sob a ação de agentes infecciosos ou
drogas.
!
Classificação das doenças auto-imunes:
1. Doenças organoespecíficas: Envolvem clínica e imunologicamente apenas um
órgão. Ex.: Tireoidite de Hashimoto.
2. Doenças intermediárias: Acometem de uma maneira importante um determinado
órgão, mas os auto-anticorpos não lhes são específicos. Ex.: Colite ulcerativa.
3. Doenças sistêmicas: se manifestam de forma mais ampla, atingindo o sistema
imunológico como um todo. Ex.: febre reumática.
!
Algumas doenças auto-imunes:
TIREOIDITE DE HASHIMOTO:
Doença organoespecífica, mediada por células T específicas que infiltram a
tireóide causando a destruição glandular, resultando no hipotireoidismo (insuficiência
de funcionamento da glândula tireóide).
!
DOENÇA DE GRAVE:
Doença organoespecífica em que os antígenos tireoidianos encontram-se
próximos ao receptor do hormônio estimulante da tireóide. Causa hipertireoidismo
(produção excessiva de hormônios pela glândula tireóide), oftalmopatia (protusão dos
globos oculares) e dermopatia infiltrativa.
!
DIABETES JUVENIL (TIPO1)
Doença intermediária que ocorre mais frequentemente em crianças e envolve
uma reação imunitária contra várias proteínas, ao nível das células do pâncreas que
produzem insulina.
!
ARTRITE REUMATÓIDE
Doença sistêmica que caracteriza-se pela inflamação das articulações causadas
pelo excesso de infiltração de leucócitos.
!
LUPUS ERITEMATOSO
Doença sistêmica na qual o paciente desenvolve anticorpos que reagem contra as
suas células normais, podendo afetar a pele, as articulações, os rins e outros órgãos. A
pessoa torna-se ‘alérgica’ a ela própria.

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