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20/4/2012

(1)

Fitopatologia Geral
GAG-38 Agronomia, Uberlândia, ICIAG
Laboratório de Virologia Vegetal, Sala 2E123

Análise Genética da Patogenicidade;


1. Análise Genética da Patogenicidade
e
Análise Genética da Resistência.

Prof. Jonas Jäger Fernandes

(1)
Técnicas utilizadas
1. Análise Genética da Patogenicidade:

Convencionais
Conteúdo
Existem limitações quanto a possibilidade de realização de
1.1. Genes hrp - hypersensitive reaction and pathogenicity;
cruzamentos controlados de fitopatógenos ;
1.2. Genes que controlam interações inter-específicas (genes hsv);

1.3. Genes que controlam interações intra-específicas: Avr (avirulence);


Moleculares:
A análise genética da patogenicidade tem sido realizada por
1.4. Exemplo: Pseudomonas syringae pv syringae X tomateiro;
métodos de mutação por agentes físicos, químicos e
‘transposons’;

(Bergamin et al. 1995)

(1) (1.1)

Análise Genética da Patogenicidade Genes hrp: (hypersensitive reaction and pathogenicity)

 genes de reação de hipersensibilidade (HR) e


de patogenicidade

 9 genes (cluster)
1.1. Genes hrp
 Exemplo:
Pseudomonas syringae pv. phaseolicola →
agente do crestamento de halo do feijoeiro

(Lindgren et al. 1986; IN: Bergamin et al. 1995)

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(1.1) (1.1)

Crestamento de halo do feijoeiro Reação de HR

Inoculação de Pseudomonas syringae pv. phaseolicola em


feijoeiro : Inoculação de Pseudomonas syringae pv. phaseolicola em
(Planta hospedeira deste patógeno)
Nicotiana tabacum:
 população bacteriana aumenta dramaticamente nas primeiras 48 horas (planta não-hospedeira desta bactéria)

 sintomas típicos: lesões translúcidas, circundadas por halo verde-amarelado


• população bacteriana aumenta;
 reação de compatibilidade (planta x patógeno) • Sintoma: lesão local necrótica, típica de reação de HR;
• Reação de incompatibilidade (planta x patógeno)

(Lindgren et al. 1986; IN: Bergamin et al. 1995)


(Lindgren et al. 1986;, IN: Bergamin et al. 1995)

(1) (1.2)

Análise Genética da Patogenicidade Genes hsv (host specificity virulence)

 Genes que controlam interações inter-específicas; Exemplo:

Xanthomonas campestris pv. translucens →


Causa infecção nos seguintes hospedeiros: aveia;
trigo;
1.2. Genes hsv centeio;
cevada;
triticale;
 Waney et al. (1991) identificaram genes que controlam a
especificidade para cada um destes hospedeiros

(Bergamin, et al. 1995)

(1.2) (1)
Reação do isolado selvagem não-mutante (Xct-216.2) e de oito isolados
Análise Genética da Patogenicidade
mutantes de Xanthomonas campestris pv. translucens em cinco
espécies hospedeiras e uma espécie não-hospedeira
Hospedeiros Não-hospedeiro
Isolados
Cevada Trigo Centeio Aveia Triticale Algodão
Xct-216.2 + + + + + HR
T21 - - - - - -
T2 - + + + + HR 1.1. Genes avr
T18 + - + + + HR
T3 + + - + + HR
T4 + + + - + HR
T12 + + + + - HR

(+) = lesões típicas; (-) = ausência de sintomas; HR = reação de hipersensibilidade.

(Waney et al. 19191; IN: Bergamin et al. 1995)

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(1.3) (1.3)

Genes Avr (avirulencia) Reações diferenciais de algumas raças de Pseudomonas syringae pv.
glycinea contendo diferentes genes avr em cultivares de soja.

Compatibilidade de cultivares de soja


• Genes que controlam interações intra-específicas; Raça
Acme Chippewa Flambeau Hardee Harosoy Norchief Pekin
• Interações entre: raças do patógeno x cultivares (ou linhagens)
Psg1 + - + - - - +

Psg4 + + + + + + +

Psg5 - - - + + - +

Psg6 - - + + - + -
(+) = lesões típicas; (-) = ausência de sintomas.

(BERGAMIN et al. 1995) (BERGAMIN et al. 1995)

(1.3) (1)

Reações diferenciais das raças 1, 4 e 6 de Pseudomonas syringae pv. Exemplo:


glycinea em cultivares de soja modificados pela introdução de um
fragmento cromossômico (L3) da raça 6 contendo um gene avr.

Compatibilidade de cultivares de soja


Raça
Acme Chippewa Flambeau Hardee Harosoy Norchief Pekin

Psg1 + L3 - - + - - - - 1.4. Pseudomonas syringae pv syringae X tomateiro


Psg4 + L3 - - + + - + -

Psg5 + L3 - - - + - - -

(+) = lesões típicas; (-) = ausência de sintomas.

(Bergamin et al. 1995)

(1.4) (1.4)
O modelo descreve a estrutura prevista
Dinâmica de funcionamento do sistema de transporte de P.
Aparato secretório Hrp de Pseudomonas na montagem do aparato de transporte
de proteínas de Pseudomonas syringae
syringae pv tomato e interação da proteína AvrPto do
syringae pv syringae (isolado 61): patógeno e da proteína Pto de tomateiro
para o interior do citoplasma da célula
da planta hospedeira via sistema de
transporte tipo III. A organização
genômica dos genes hrp/hrc estão
presentes na parte inferior da figura. O
nome dos produtos dos genes e a
provável localização deles estão
indicados na figura. Acredita-se que os
genes do regulon hrp estão envolvidos
na secreção de HrmA, Avr, HrpZ para
fora da célula bacteriana. HrcN tem um
domínio conservado de função ATPase,
o que sugere que ele tem a função de
prover a energia necessária para o
transporte ativo destas proteínas para o
interior da célula vegetal.
(Baker, Zambryski, Staskawicz, et al. 1997) (Bet al. 1995)

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2. Análise Genética da Resistência:

Conteúdo:

2.1. Introdução;
2.2. A teoria gene-a-gene (H.H. Flor, 1942);
2. Análise Genética da Resistência 2.3. Especificidade da interação planta patógeno;
2.4. Número de genes envolvidos na resistência;
2.5. Tolerância.

(2) (2.1)

Análise Genética da Resistência Patosistema analisado

1905 – Início dos estudos da resistência de plantas;


1942 – Teoria de Flor, estudos com o patosistema:

2.1. Introdução.
Melampsora lini, Linho
agente da ferrugem do linho (Linum usitatissimum)

(Bergamin et al. 1995)

(2.1) (2.1)

Melampsora lini (agente da ferrugem do linho) Linho (Linum usitatissimum)

(5)

(treklens.com)

(nifg.org.uk) (apsnet.org)

(asturnatura.com)

(ebi-campia.rcts.pt/plinho.htm)

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(2)

Análise Genética da Resistência 2.2. Teoria gene-a-gene ou Hipótese de Flor

HIPÓTESE DE FLOR: “Para cada gene que condiciona


uma reação de resistência no hospedeiro existe um
2.2. A teoria gene-a-gene; ou
gene complementar no patógeno que condiciona a
Hipótese de H.H. Flor (1942)
avirulência”.

(Bergamin et al. 1995)

(2.2) (2.2)
Reações de resistência (R) e de suscetibilidade (S) dos cultivares Reações de virulência (+) e de avirulência (-) das raças parentais
parentais Ottawa e Bombay de linho e freqüência observada e esperada 22 e 24 de M. lini e freqüência observada e esperada (1:3) de
(3:1) de indivíduos F2 resistentes e suscetíveis às raças 22 e 24 de M lini. indivíduos F2 virulentos e avirulentos nos cultivares Ottawa e Bombay

Cultivar parental Freqüência de indivíduos F2 Raça Parental Freqüência de indivíduos F2


Observada Esperada * Observada Esperada *
Ottawa Bombay 22 24
Raça resistentes suscetíveis res:suscet (3:1) Cultivar Virulentos Avirulentos vir: avir (1:3)

22 S R 153 41 145,5:48,5 Ottawa + - 32 101 33:100

24 R S 142 52 145,5:48,5 Bombay - + 28 105 33:100


(Flor, 1946; IN: Bergamin et al. 1995) (Flor, 1946; IN: Bergamin et al. 1995)
(*) A freqüência esperada foi determinada pelo teste de proporções pelo calculo da
variável denominada qui-quadrado, conforme formula a seguir: (*) A freqüência esperada foi determinada pelo teste de proporções pelo
2
calculo da variável denominada qui-quadrado.
k
(Oi – Ei) Oi = número observado de indivíduos na i-ésima classe fenotípica;
2
c=∑ Ei = número observado de indivíduos na i-ésima classe fenotípica;
i =1 Ei
k = número de classes fenotípicas.

(2.2) (2)
Quadrado de verificação da combinação de genes e tipos de
Análise Genética da Resistência
reação da planta num sistema patógeno-hospedeiro em que o
conceito gene-a-gene funciona com um gene em cada um dos
componentes do patosistema.

Genes de avirulência Genes de resistência na planta


do patógeno R r
Avr (-) (+) 2.3. Especificidade da interação planta patógeno

avr (+) (+)


Avr = Avirulência, dominante; R = Resistente, dominante;
avr = Virulência, recessivo; r = (Suscetível) recessivo ;
(-) Indica reação de incompatibilidade (hospedeiro resistente), [não ocorre doença]
(+) Indica reação de compatibilidade (hospedeiro suscetível), [ocorre doença]
(Bergamin et al. 1995)

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(2.3) (2.3)
Especificidade da interação planta patógeno Especificidade da interação planta patógeno

receptor elicitor interação tipo de reação: Obs.:

( + ) compatível [presença de doença]

[ausência de doença]
( - ) incompatível

Ilustração do modelo molecular elicitor-receptor proposto


para explicar a hipótese gene-a-gene:
O receptor corresponde ao produto do gene de resistência da planta;
O elicitor corresponde ao produto do gene de avirulência do patógeno.

(Bergamin et al. 1995)

(2.3) (2.3)
Interação básica entre genes de avirulência (A)/virulência (a) com genes de Interação básica entre genes de avirulência (A)/virulência (a) com genes de
resistência (R)/suscetibilidade (r), e o resultado final da interação. resistência (R)/suscetibilidade (r), e o resultado final da interação.
Genes do A1 a1 Genes do A1 a1
patógeno patógeno
Produto do O patógeno não Produto do O patógeno não
gene avrA1 produz elicitor gene avrA1 produz elicitor
Genes do específico Genes do específico
hospedeiro hospedeiro
O gene R1 codifica O gene R1 codifica
um receptor que um receptor que
reconhece a
R1 Hospedeiro Hospedeiro
reconhece a
R1 Incompatível Compatível
resistente suscetível
molécula elicitora molécula elicitora
do patógeno do patógeno
A1R1 a1R1 A1R1 a1R1
Interação dos Interação dos
genes: planta x genes: planta x
patógeno patógeno
O hospedeiro não O hospedeiro não
possui receptor r1 Hospedeiro Hospedeiro possui receptor r1 Compatível Compatível
para o elicitor suscetível suscetível para o elicitor

A1r1 a1r1 A1r1 a1r1


(???? Science) (???? Science)

(2) (2.4)

Análise Genética da Resistência Número de genes envolvidos na resistência

Resistência MONOGÊNICA: é a resistência governada por


apenas um gene ;

2.4. Número de genes envolvidos na resistência Resistência POLIGÊNICA: é a resistência é governada por
2 ou mais genes , em geral,
vários genes;

(Bergamin et al. 1995)

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(2.4) (2.4)

Tipos de variação genética dos seres vivos. Tipos de variação genética dos seres vivos.

Freqüência Freqüência
de de Os caracteres de distribuição contínua,
indivíduos indivíduos
são governados por vários genes Mendelianos.
(Nilson Ehle)

s R s R
Categoria de Categoria de Eles são denominados QTLs
indivíduos indivíduos
(Quantitative Trait Loci)
Variação descontínua Variação contínua
(G. Mendel ) (Francis Galton)

(Bergamin et al. 1995) (Bergamin et al. 1995)

(2.4) (2)

Outros termos utilizados na classificação de resistência Análise Genética da Resistência

 Resistência de campo

 Resistência de planta adulta

 Resistência de “seedling” 2.5. Tolerância

 Resistência durável

(Bergamin et al. 1995)

2.5. Tolerância Referência bibliográfica

AGRIOS, G.N. Plant Pathology. Fifth Edition. New York. Academic Press, inc. 922 p.
Este termo refere-se à capacidade inerente ou adquirida de 2007.
uma planta em suportar um ataque do patógeno sem que AGRIOS, G.N. Plant Pathology. Fourth Edition. New York. Academic Press, inc. 635 p.
ocorram danos significativos em sua produção. 1997.
BERGAMIN, A., KIMATI, H. & AMORIM, L. (Ed.) Manual de Fitopatologia: Princípios e
Conceitos. Vol. 1. São Paulo. CERES, SP. 3ªEd. 919 p. 1995 (Cap. 19 a 22)
Vantagem: produção melhor que a planta suscetível sem
VIANA, J.M.S.; CRUZ, C.D. e BARROS, E.G. Génetica – Fundamentos, Vol 1. Viçosa–MG,
tolerância; UFV. Editora Folha de Viçosa Ltda. 254 pg. 2001.

Desvantagem: produção de inóculo em quantidade igual ao da


planta suscetível contribuindo para a epidemia e dificultando o
manejo da doença;

(Bergamin et al. 1995)

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Fitopatologia Geral
GAG-38 Agronomia, Uberlândia, ICIAG
Laboratório de Virologia Vegetal, Sala 2E123

Fim

Prof. Jonas Jäger Fernandes


(jonas@ufu.br)

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