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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Faculdade de Engenharia Florestal - FENF


Curso de Engenharia Florestal

PATOLOGIA FLORESTAL
(TEORIA 9 – PROGRESSO DAS DOENÇAS DE PLANTAS – FATORES)

Sidney Fernando Caldeira


Cuiabá – MT – 2022
CICLO DAS DOENÇAS DE PLANTAS
OBJETIVOS DA AULA
▪ Conhecer e saber os fatores que afetam a progresso das doenças de plantas ou dos patossistemas;
▪ Saber os fatores relacionados ao hospedeiro, ao patógeno e ao ambiente;
▪ Conhecer os exemplos comuns de fatores ambientais que afetam o progresso das doenças.
REFERÊNCIAS:
AGRIOS, G.N. Plant Pathology. New York: Academic Press, 2005. p.265-291.
ALFENAS, A.C.; ZAUZA, E.A.V.; MARIA, R.G.; ASSIS, T.F. Clonagem e Doenças do Eucalipto.
2ª Ed. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2009. p.193-194.
BARCELI, A.C.; BONALDO, S.M.; RONDON, M.N. Monitoramento de ferrugem (Olivea tectonae)
em diferentes clones de teca no norte de Mato Grosso. Tropical Planta Pathology, v.36, p.274.
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia. Princípios e conceitos.
3ª ed. São Paulo: Ceres, 1995. p.603-626.
1
PROGRESSO DAS DOENÇAS DE PLANTAS
4. FATORES QUE AFETAM O PROGRESSO DAS DOENÇAS
O progresso da doença é afetado por características do patógeno, do hospedeiro e pelas
variações do ambiente.
4.1. FATORES RELACIONADOS AO PATÓGENO
Características do patógeno que afetam o incremento da doença:
✓ Tipo de inóculo;
✓ Quantidade de inóculo (QI) disponível;
✓ Virulência (características genética)
VARIAÇÕES QUANTO À PATOGENICIDADE
(a) Forma especial (“f.sp.”em fungos) e patovar (“p.v.”em bactérias)
População do patógeno com características morfológicas iguais, mas com diferenças de
patogenicidade para diferentes espécies de hospedeiros. 2
PROGRESSO DAS DOENÇAS DE PLANTAS
4.1. FATORES RELACIONADOS AO PATÓGENO (cont.)
Sorgo com Trigo com
ferrugem ferrugem

Isolamento Isolamento

Puccinia graminis Morfologicamente iguais Puccinia graminis

Sorgo Inoculação Trigo Sorgo Inoculação Trigo


sadio sadio sadio sadio

Sorgo com Trigo Sorgo Trigo com


ferrugem sadio sadio ferrugem

P. graminis f.sp. sorghum Fisiologicamente diferentes P. graminis f.sp. tritici


3
VARIAÇÕES QUANTO À PATOGENICIDADE (cont.)
(b) Raça fisiológica (RF)
População do patógeno com características morfológicas iguais, mas
com diferenças de patogenicidade para diferentes variedades (clones) de uma
mesma espécie de hospedeiro.
(c) Sub-raça fisiológica
(d) Biótipos
Patógeno Hospedeiro
Forma especial Espécie
Raça fisiológica Variedade (clones)
Sub-raça fisiológica ...
Biótipos ...
4
VARIAÇÃO NA CURVA DE PROGRESSO DA DOENÇA
8
Doença de ciclo primário 7
6
5 N
I
4
D
3
2
1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condição do patógeno quanto aos fatores (a) virulência, (b) tipo de inóculo e (c) quantidade de
inóculo, que afetam o progresso da doença: N = normal I = Ideal D = desfavorável
5
VARIAÇÃO NA CURVA DE PROGRESSO DA DOENÇA
100
Doença de ciclo secundário 90
80
70
60 N
50 I
40 D
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condição do patógeno quanto aos fatores (a) virulência, (b) tipo de inóculo e (c) quantidade de
inóculo, que afetam o progresso da doença:
N = normal I = Ideal D = desfavorável
6
4. FATORES QUE AFETAM O PROGRESSO DAS DOENÇAS (cont.)
4.2. FATORES RELACIONADOS AO HOSPEDEIRO
A suscetibilidade e a resistência são características controladas geneticamente e que
afetam o incremento da doença.
Estas características não tem valores fixos e são afetadas por fatores externos,
principalmente pelo ambiente.
EXPRESSÃO DE RESISTÊNCIA E SUSCETIBILIDADE:
✓Imune (não é infectada, não expressa sintomas);
ALTAMENTE RESISTENTE ➔ Reage à infecção com estagnação rápida de sintomas
MEDIANAMENTE RESISTENTE ➔ Reage à infecção, com alguma evolução de sintomas
POUCO RESISTENTE ➔ Reage à infecção, há evolução de sintomas, mas sem prejuízo significativo
POUCO SUSCETÍVEL ➔ alguma reação, há evolução de sintomas e algum prejuízo
MEDIANAMENTE SUSCETÍVEL ➔ pouca reação, maior evolução de sintomas, e prejuízo significativo
ALTAMENTE SUSCETÍVEL ➔ sem reação, rápida evolução de sintomas, prejuízo significativo ou morte 7
4.2. FATORES RELACIONADOS AO HOSPEDEIRO (cont.)
TIPOS DE RESISTÊNCIA
(a) Resistência horizontal
✓Poligogênica, determinada por vários pares de genes;
✓Comportamento semelhante às características de produtividade;
✓Genes de resistência concorrem com genes de produtividade;
✓Confere resistência mediana a todas as raças do patógeno;
✓Diminui o progresso da epidemia pela redução da velocidade.
(b) Resistência vertical
✓Oligogênica, determinada por um determinado par de gene;
✓É uma resistência que pode ser quebrada;
✓Confere resistência total somente a determinada raça do patógeno;
✓Adia a ocorrência da fase LAG, enquanto resistente.
(c) Resistência citoplasmática
✓Não tem importância florestal. Registrado apenas em milho. 8
VARIAÇÃO NA CURVA DE PROGRESSO DA DOENÇA
Doença de ciclo primário
8
7
6
5 N
S
4
R
3
2
1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Condição do hospedeiro quanto à resistência no progresso da doença:


N = suscetível S = altamente suscetível R = resistente 9
VARIAÇÃO NA CURVA DE PROGRESSO DA DOENÇA
Doença de ciclo secundário
100
90
80
70 V
60 S
50 H
40
M
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Condição do hospedeiro quanto à resistência no progresso da doença:


S = sem resistência H = resistência horizontal
V = resistência vertical M = multilinhas 10
PROGRESSO DAS DOENÇAS DE PLANTAS
4. FATORES QUE AFETAM O PROGRESSO DAS DOENÇAS (cont.)
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE
O ambiente influencia a ocorrência da doença e pode ser a causa de doenças não
infecciosas ou desordens fisiológicas.
Considerações iniciais:
✓Macroclima: condições climáticas de determinada área;
✓Microclima: condições climáticas dentro do povoamento florestal;
✓Mini-microclima: condições climáticas em certas partes da árvore.
Fatores importantes que afetam tanto o hospedeiro como o patógeno:
Umidade relativa Temperatura
Precipitação Orvalho
Vento Radiação, Luz, Outros... 11
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE (cont.)
4.3.1. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O HOSPEDEIRO
A suscetibilidade e a resistência são controlados geneticamente, ocorrendo em uma faixa de
variação determinada por fatores extragenéticos que influenciam a planta, tornando-a mais ou menos
propensa ao ataque de fitopatógenos.
F = G + A F = G + A + (G x A) ➔ (G x A entre gerações).
PREDISPOSIÇÃO é a condição de maior ou menor suscetibilidade causada por fatores extragenéticos.
✓Idade da árvore;
✓Injúrias mecânicas;
✓Aplicação de agrotóxicos;
✓Poluentes atmosféricos;
✓Infecções prévias;
✓Ambiente.
12
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE (cont.)
4.3.1. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O HOSPEDEIRO (cont.)

(a) Efeito da umidade


Falta ou excesso ➔ estresse na planta ➔ predisposição.

✓Solo saturado: favorece a podridão de raízes por Phytophthora sp.;

✓Falta de umidade: favorece a podridão de raízes por Macrophomina phaseolina;

✓Seca severa seguida de irrigação alternada aumenta a liberação de exsudados das


raízes e os patógenos se desenvolvem na sua direção.

13
4.3.1. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O HOSPEDEIRO (cont.)
(b) Efeito da temperatura sobre o hospedeiro

Alta ou baixa ➔ debilitação da planta ➔ predisposição


✓ Baixa temperatura: eliminação de exsudados que “atraem” Rhizoctonia solani, agente
de podridão de raízes em diversas espécies de árvores;
✓ Geadas: predispõem Pinus spp. ao ataque da seca do ponteiro causada por Diplodia
pinea;
✓ Geadas: predispõem Eucalyptus spp. ao ataque de Botrytis sp., Pestalotia sp.,
Crysoporthe cubensis e Hendersonula sp.;
✓ Grande amplitude térmica em curto período de tempo: predispõe Hevea spp. ao
ataque de Botryodiplodia sp. [Lasiodiplodia sp.];
✓ Alta temperatura: de modo geral reduz ou suprime a produção de fitoalexina.
14
4.3.1. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O HOSPEDEIRO (cont.)
(c) Efeito da fertilidade sobre o hospedeiro
Determinados nutrientes podem predispor o hospedeiro, dependendo de:
✓Combinação patógeno-hospedeiro;
✓Interação com outros fatores;
✓Razão entre diversos nutrientes no solo.
Plantas vigorosas ou plantas subnutridas podem ser atacadas, dependendo apenas das
características do próprio patógeno.
Modo de ação:
✓Alteração das reservas nutricionais do hospedeiro;
✓Variação dos mecanismos bioquímicos de defesa do hospedeiro;
✓Variação nos elementos estruturais.
Critérios gerais:
✓Excesso de Nitrogênio ➔ aumenta a predisposição do hospedeiro;
✓Excesso de Potássio ➔ diminui a predisposição do hospedeiro. 14
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE (cont.)
4.3.2. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O PATÓGENO
O ambiente afeta o patógeno direta ou indiretamente (outros microrganismos do solo).
(a) Efeito direto
(a.1.) No desenvolvimento saprofítico
Falta ou excesso de umidade no solo: dessecamento ou anaerobiose.
✓Patógenos que vegetam bem em alta umidade também causam doença severa em alta
umidade;
✓Exceção: Verticillium alto-atrum e Fusarium spp., agentes de doença vascular, crescem
bem em solo seco e causam doença severa em solo úmido.
Temperatura: distribuição geográfica dos patógenos.
✓Ralstonia solanacearum, agente da murcha do Eucalyptus spp., só ocorre em regiões
quentes. 14
4.3.2. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O PATÓGENO (cont.)
(a) Efeito direto (cont.)
(a.2.) Na disseminação
✓Vento, precipitação, umidade do solo, água de escorrimento e outros agentes, combinados
ou não, afetam a disseminação passiva.
(a.3.) Na germinação e na penetração
Umidade: pode favorecer ou prejudicar.
✓Bactéria e os agentes de míldios exigem água livre;
✓Esporos de Oidium sp., agente da oidiose em Eucalyptus spp., podem se inviabilizar com
água livre.
Outras fatores: temperatura, luz, pH, O2 e CO2.
✓Influenciam na velocidade e na porcentagem de germinação, mas são menos importantes.
14
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE (cont.)
4.3.2. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE O PATÓGENO (cont.)
(b) Efeito indireto
É aquele que ocorre no solo e afeta a flora microbiana natural do solo e esta afetará a
população de patógenos.
Exemplos:
✓ Solo muito úmido aumenta a população bacteriana que pode causar a lise do tubo
germinativo de Fusarium spp.;
✓ Solo rico em matéria orgânica pode aumentar a população de fungos hiperparasitos que
atuam sobre nematoides fitófagos.

14
4.3. FATORES RELACIONADOS AO AMBIENTE (cont.)
4.3.3. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE A INTERAÇÃO PATÓGENO-HOSPEDEIRO
Ocorre quando a doença já está instalada e afeta o aumento da doença.
Exemplos:
✓Maior ou menor disseminação de Fusarium spp., agente de doença vascular, com maior
ou menor fluxo de seiva nos vasos;
✓Maior ou menor período de geração (reprodução do patógeno) pela manutenção de
condições desfavoráveis ou favoráveis.

COMO EXPRESSAR
ESSES EFEITOS
NO TRIÂNGULO
DAS DOENÇAS?
➔ ➔ ➔ ➔
14
TRIÂNGULO DA DOENÇA
AMBIENTE
(favorável)
Microrganismos
do solo
Efeito indireto

TRIÂNGULO
DA DOENÇA

Ação do patógeno
PATÓGENO HOSPEDEIRO
(virulento) Reação do hospedeiro (suscetível)
14
DÚVIDAS ? ...
Serpente

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