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Diagnose e epidemiologia de

doenças do trigo

Ricardo Trezzi Casa – Eng. Agr., Dr. Fitopatologia


Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq

Academia do Trigo – Itá/SC, 23 de março de 2010


Centro de Ciências Agroveterinárias - CAV
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

www.cav.udesc.br
1. DIAGNOSE

Interpretação dos sintomas e  sinais a fim de descobrir a


identidade do agente  causal (doença).

- Doença biótica, infecciosa ou de causa parasitária = patógeno


- Doença abiótica, não infecciosa ou não parasitária = injúria
Exemplos: luz, frio, seca, granizo, fitotoxidades...
 
a) Estabelecer diferenças entre doenças;
b) Sabendo-se os sintomas e os sinais determina-se a causa;
c) Identificar o patógeno
d) Estabelecer estratégias de controle
2. PROCESSOS DE DIAGNOSE

2.1 Indireto:
- Baseado nos sintomas da planta.

2.1.1 Sintoma

    - Exterioração da doença evidenciada pelo hospedeiro (planta)

- Modificação de hábito e estrutura apresentada pela planta


- Resultado da atividade patológica evidenciada pela planta

Qualquer manifestação das reações da planta a um agente


nocivo (Fungo, Bactéria e Vírus).
2.2 Direto:
- Baseado nos sinais do patógeno

2.2.1 Sinais: Estruturas dos patógenos

Exemplos: micélio, esporos, corpos de frutificação


 Lupa de mão e binocular
 Raspagem e montagem de lâminas
 Indução da esporulação
 Isolamento em cultura
 Prova de patogenicidade
 Testes moleculares
 Identificação (literatura)
Considerações

“A diagnose é um dos principais problemas enfrentados


pela assistência técnica no controle de doenças”

“É fundamental identificar qual a doença para se estabelecer


estratégias de controle com base no manejo integrado” (Reis)

“A quantificação da intensidade de doença é tão importante para a


fitopatologia quanto a diagnose” (Kranz, 1988)

“Não existe manejo integrado e quantificação de doença sem


conhecimento de diagnose”
A diagnose deve
ser feita
preferencialmente
no campo.
3. Doenças Bióticas do Trigo
Oídio - Blumeria graminis f.sp. tritici
Oídio

Danos: até 79% (OR 1), 63% (BR 23)

Fontes de inóculo: plantas voluntárias de trigo

Hospedeiros: ?

Disseminação: vento; conídios secos e pequenos

Sítios de infecção: folhas, bainhas foliares, espiga

Clima x doença: 15 - 20 oC e não requer molhamento


Ferrugem da Folha- Puccinia triticina
Ferrugem

Danos: até 63% (Embrapa 16), até 61 % (OR 1)

Fontes de inóculo: plantas voluntárias de trigo

Hospedeiros: ?

Disseminação: vento; uredosporos secos e pequenos

Sítios de infecção: folhas

Clima x doença: 18 oC e 4 a 6 horas de molhamento


Mancha amarela - Drechslera tritici-repentis
Mancha amarela

Danos: ?

Fontes de inóculo: semente e restos culturais

Hospedeiros: triticale, centeio, cevada, aveia,

Disseminação: respingo e vento; conídios secos e grandes

Sítios de infecção: folhas

Clima x doença: 18 - 28 oC e 30 horas de molhamento


Infecção
espigas

Lesões
halo Ciclos secundários Infecção
amarelo sementes

Inóculo primário
- Restos culturais Colheita
Infecção

Disseminação Armazengem
vento Disseminação vento
Sobrevivência saprofítica
18 meses

Inóculo

Sobrevivência
Transmissão sementes – 6-7 meses
Reis & Danelli, 2009 Inóculo primário - sementes
Chuva em Outubro de 2008

Fonte: tempoagora.uol.com

Fonte: FEPAGRO / Vacaria: 324 mm e 17 dias de chuva no mês


Cascavel, PR
Fonte: Miguel Nedel - Giruá
Septoriose - Stagonospora nodorum
Septoriose

Danos: até 38 % (BRS 49)

Fontes de inóculo: sementes e restos culturais

Hospedeiros: triticale, centeio, cevada

Disseminação: respingo d’água; conídios molhados

Sítios de infecção: folhas, colmo, glumas

Clima x doença: 20 - 25 oC e 48 a 72 horas de molhamento


Mancha marrom - Bipolaris sorokiniana
Mancha marrom

Danos: até 80 %

Fontes de inóculo: sementes, restos culturais e solo

Hospedeiros: triticale, centeio, cevada, aveia, azevém

Disseminação: respingo e vento; conídios secos e grandes

Sítios de infecção: folhas e glumas

Clima x doença: > 18 oC e 15 horas de molhamento


Brusone – Pyricularia grisea
Brusone

Danos: em folhas (?)

Fontes de inóculo: sementes, restos culturais, PV, HS

Hospedeiros: triticale, centeio, cevada, azevém

Disseminação: conídios secos e pequenos

Sítios de infecção: folhas e espiga

Clima x doença: 21 a 27 oC e 10 a 14 horas de molhamento


Mancha aquosa – Microdochium nivale
Mancha Aquosa

Danos: ?

Fontes de inóculo: ?

Hospedeiros: triticale, centeio, cevada, aveia

Disseminação: respingo e vento

Sítios de infecção: folhas

Clima x doença: > 18 oC e 15 horas de molhamento


Estria Bacteriana – Xanthomonas translucens pv. undulosa
Estria Bacteriana

Danos: ?

Fontes de inóculo: sementes, restos culturais

Hospedeiros: triticale, centeio,

Disseminação: respingo e vento

Sítios de infecção: folhas e glumas

Clima x doença: 18 a 20 oC e molhamento contínuo


Pseudomonas syringae
pv. syringae

(?)
Giberela - Gibberella zeae
(Fusarium graminearum)
Redução média do rendimento de grãos de trigo
- 1984 a 1994 = 5,4 % (até 14 %) (Reis et al., 1994) (Passo Fundo)
- 1999 = 1,3 % (até 3,4 %) (Finco et al., 1999)

- 2000 = 17,5 % (até 26 %) (Panisson, 2001)


- 2001 = 13,4 % (até 23,1 %) (Casa et al., 2004)
- 2002 = 11,6 % (até 20,5 %) (Casa et al., 2004)
- 2002 = 26,2 % (até 42,7 %) (Telles Neto, 2004)
- 2004 = 12,0 % (Casa et al., 2007) (Vacaria)
- 2005 = 22,8 % (Casa et al., 2007) (Lages)
- 2007 = 39,8 % (Casa et al., 2007) (Lages)
- 2008 = 23,2% (Kuhnem Junior et al., 2009) (Vacaria)
Figura 1. Temperatura, molhamento e intensidade da giberela
Fonte: Reis & Blum (2005) Modificado de Andersen (1948)
Tabela 1. Relação entre número de espiguetas gibereladas, rendimento
de grãos, peso de mil grãos e incidência de Fusarium
graminearum nos grãos colhidos. Média safra 2001 e 2002

Espiguetas Redução no Redução no Aumento relativo


gibereladas rendimento PMG (%) na incidência de F.
de grãos (%) graminearum (%)
Uma 6,8 2,7 52,7
Duas 12,0 6,4 94,3
Três/Quatro 20,3 11,8 137,6
 Cinco 38,4 21,3 261,0
Safra 2001: dezesseis amostras; Safra 2002: dezenove amostras Fonte: Casa et al., 2004
Lavoura com potencial de 3.000 kg

Redução de 6,8% = 204 kg de trigo


= 3,4 sacos
= 3,4 x R$ 24,00 = R$ 81,60

Redução de 12,0% = 360 kg de trigo


= 6,0 sacos
= 6,0 x R$ 24,00 = R$ 144,00
Brusone –
Pyricularia grisea
Figura 1. Temperatura, molhamento e intensidade da brusone
FONTE: Cardoso et al. (2008)
4. Doenças Abióticas do Trigo
Fungicida
Fitotoxicidade
Fitotoxicidade
RPA – Resistência de
Planta Adulta
Vento
Bacteriose e/ou Vento
Frio / Geada
Frio / Geada
Percevejo raspador – Colaria scenica
Melanismo
Melanismo
Consideração Final

“A diagnose de doenças do trigo, dentro da


fitopatologia, é tão importante quanto o controle”
OBRIGAD
O
Ricardo Trezzi Casa
e-mail: a2rtc@cav.udesc.br
(49) 2101-9191

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