Você está na página 1de 5

CANCRO EUROPEU (Neonectria ditissima sin.

Neonectria galligena)

Willian Bucker Moraes


Breno Benvindo dos Anjos
1. Classificação taxonômica
Classificação Taxonômica
Reino Fungi
Filo Ascomycota
Classe Sordariomycetes
Ordem Hypocreales
Família Nectriaceae
Gênero Neonectria
Espécie Neonectria ditissima
Fonte: (Castlebury et al. 2006; Chaverri et al. 2011; CPCI 2021)

2. Monitoramento
A remoção regular de cancros mais antigos faz parte do controle de doenças
em pomares comerciais, o que reduz drasticamente a ocorrência de peritécios.
Um sistema de monitoramento simples e dinâmico torna-se necessário para
que os produtores determinem a eficácia das estratégias de controle do Cancro
europeu. Sendo que o monitoramento, é necessário para quantificar o efeito da
doença sobre a produtividade das árvores e determinar se a incidência e a
severidade da doença estão aumentando ou diminuindo ao longo do tempo
(Campbell et al. 2016). Em quadras com mais de 10.000 plantas deve-se fazer
a amostragem em no mínimo 100 plantas. Quadras com mais de 10.000
plantas deve-se amostrar no mínimo 1% das plantas. Realizar o sorteo das filas
e os pontos amostrais (conjunto de 10 plantas) dentro das filas.

3. Levantamento de ocorrência em condições de campo


N. ditissima, agente causal do cancro europeu e da podridão de frutas
Neonectria, é um patógeno de quarentena da maçã no Brasil, sendo restrito a
algumas áreas de produção no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A
quarentena depende da certificação do produto, baseada na ausência de
sintomas, no entanto, não se sabe se o patógeno se move em infecções
quiescentes (Gelain et al. 2021). A doença está restrita a algumas áreas da
região sul do Brasil, principalmente nos municípios dos dois estados produtores
de maça, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No estado do Paraná, terceiro
maior produtor de maças, a doença é encontrada em poucos pomares. Em
outras áreas brasileira o patógeno é considerado ausente (Gelain et al. 2021).

4. Identificação
O patógeno pode danificar o tecido lenhoso das árvores infectadas tornando a
produção de frutas não lucrativas em certas áreas (Chatelet et al. 2011). O
cancro está associado a condições ambientais amenas e úmidas, desta forma,
o clima tem influência importante na distribuição geográfica do patógeno (CPCI,
2021). Os conídios e ascósporos são produzidos por períodos prolongados em
condições favoráveis (McCracken et al. 2003; Weber 2014). Os esporos
infectam as plantas a partir de feridas naturais e artificiais, como por exemplo
feridas ocasionadas por podas, cicatrizes de folhas, cicatrizes de frutas devido
a adelgaçamento químico ou abscisão natural, tocos de galhos e até mesmo
através de lesões causadas por crostas no fruto. Os esporos podem ser
transmitidos também pelo uso de equipamentos infestados (McCracken et al.
2003). Uma vez que a infecção é sistêmica o uso de porta-enxertos infectados
pode levar o patógeno para parte enxertada de macieiras jovens (Ghasemkhani
et al. 2016).

5. Epidemiologia;
Em alguns países europeus, como a Alemanha acredita-se que a maior parte
das infecções ocorra durante o outono (Weber 2014). Essas lesões somente
seriam visíveis a partir da primavera, o que resultaria num período de
incubação de quatro a 6 meses. Porém quando as infecções são formadas
durante a primavera ou verão, o período de incubação se torna mais curto, em
torno de dois meses (Weber 2014). Os conídios são disseminados de plantas
infectadas para outras ocorre através de respingos de água e vento, e estes
são observados a olho nu, como pontuação de coloração rósea ou creme, na
superfície do tecido infectado. (Chaverri et al. 2011). Durante o período de
inverno ocorre menor intensidade da doença, ao contrário do que é observado
no Brasil onde o inverno não é tão rigoroso como nos países europeus. O
fungo sobrevive como micélio nas lesões de cancro mais velhos e pela
formação de peritécios, sendo a chuva o principal agente de disseminação do
patógeno (Flack & Swinburne 1977)

6. Sintomatologia
Os sintomas do cancro europeu em frutos de maçã iniciam como lesões
escuras próximas ao aparato floral seguido por uma pigmentação vermelha ao
redor do cálice. A podridão nos frutos apresenta coloração marrom, superficial
e com textura seca ou cortiça, e os corpos frutíferos encontram-se geralmente
sob alta umidade relativa. Em plantas mais velhas surgem calos idades ou
engrossamento do ramo em torno do cancro. As plantas jovens são mais
sensíveis à doença que pode causar o secamento e a morte das plantas. Nas
plantas mais velhas, os ramos são os mais afetados e prejudicados (Langrell
2002; Chaverri et al. 2011).

7. Plantas hospedeiras
N. ditissima tem uma ampla gama de hospedeiros que inclui macieiras (Malus)
e pereiras (Pyrus), bem como árvores de folhas largas, como Alnus, Betula,
Crataegus, Fagus, Fraxinus, Ilex, Juglans, Populus, Quercus, RIbes, Salix, Tilia
e Ulmus (Flack & Swinburne 1977; Farr 1989). As infecções em pereiras são
observadas ocasionalmente em plantios comerciais no noroeste da Europa, no
entanto, o cancro da pêra geralmente é menos severo que o da maça (Weber
2014)

8. Ações de prevenção
Considerando que no Brasil o fungo causador do Cancro Europeu é uma praga
quarentenária A2, as medidas obrigatórias de controle e prevenção da mesma
estão dispostas na Instrução Normativa n°20 de 2013 do MAPA (BRASIL,
2013).

9. Método de controle
A poda repetida e completa das feridas de cancro é fundamental no manejo da
doença. No entanto, o momento em que é realizada dever ser avaliada, a poda
realizada no inverno é pratica porque as lesões de cancro são facilmente
visíveis (Palm 1975). Por outro lado, as feridas permanecem suscetíveis a
infecção por períodos mais longos (Scheer 1974; De Jong e Van Der Steeg
2012). Sendo assim as podas de cancro fora da estação de crescimento
devem ser restritas a períodos prolongados de tempo bom e deve ser realizada
antes das medidas normais de poda (Saure 1961, 1974). O uso de fungicidas
protetores aplicados durante o período de vegetação fornece controle contra
infecções causadas por N.ditissima (Weber 2014; Weber & Børve 2021)

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
Gabinete do Ministro. Instrução Normativa n. 20, Brasília, 2013. DOU de
14/10/2016, n. 198, Seção 1, p. 12
Campbell RE, Roy S, Curnow T, Walter M (2016) Monitoring methods and
spatial patterns of European canker disease in commercial orchards. New
Zeal Plant Prot 69:213–220. https://doi.org/10.30843/NZPP.2016.69.5883
Castlebury LA, Rossman AY, Hyten AS (2006) Phylogenetic relationships of
Neonectria/ Cylindrocarpon on Fagus in North America. undefined
84(9):1417–1433. https://doi.org/10.1139/B06-105
Chatelet DS, Wistrom CM, Purcell AH, Rost TL, Matthews MA (2011) Xylem
structure of four grape varieties and 12 alternative hosts to the xylem-
limited bacterium Xylella fastidious. Ann Bot 108(1):73–85.
https://doi.org/10.1093/AOB/MCR106
Chaverri P, Salgado C, Hirooka Y, Rossman AY, Samuels GJ (2011)
Delimitation of Neonectria and Cylindrocarpon (Nectriaceae, Hypocreales,
Ascomycota) and related genera with Cylindrocarpon-like anamorphs. Stud
Mycol 68:57–78. https://doi.org/10.3114/SIM.2011.68.03
CPCI. Crop Protection Compendium on Internet. Wallingford: CAB International;
2021. www.cabi.org/cpc.
Farr DF (1989) Fungi on plants and plant products in the United States. APS
Press
Flack NJ, Swinburne TR (1977) Host range of Nectria galligena Bres. and the
pathogenicity of some Northern Ireland isolates. Trans Br Mycol Soc
68(2):185–192. https://doi.org/10.1016/S0007-1536(77)80007-7
Gelain J, Pereira WV, May De Mio LL (2021) Detection and characterization of
quiescent infections of Neonectria ditissima in Brazilian commercial apple
fruit. Trop Plant Pathol 46(1):31–36. https://doi.org/10.1007/S40858-020-
00412-2/FIGURES/2
Ghasemkhani M, Garkava-Gustavsson L, Liljeroth E, Nybom H (2016)
Assessment of diversity and genetic relationships of Neonectria ditissima:
The causal agent of fruit tree canker. Hereditas 153(1):1–11.
https://doi.org/10.1186/S41065-016-0011-3/FIGURES/5
Langrell SRH (2002) Molecular detection of Neonectria galligena (syn. Nectria
galligena). Mycol Res 106(3):280–292.
https://doi.org/10.1017/S095375620200552X
McCracken AR, Berrie A, Barbara DJ, Locke T, Cooke LR, Phelps K,
Swinburne TR, Brown AE, Ellerker B, Langrell SRH (2003) Relative
significance of nursery infections and orchard inoculum in the development
and spread of apple canker (Nectria galligena) in young orchards. Plant
Pathol 52(5):553–566. https://doi.org/10.1046/J.1365-3059.2003.00924.X
SAURE, M. Die Bekämpfung des Obstbaumkrebses (Nectria galligena Bres.).
Mitt d Obstbauversuchsringes d Alten Landes, v.16, p.225–22, 1961.
Saure M. Möglichkeiten der Bekämpfung des Obstbaumkrebses (Nectria
galligena Bres.). Mitt Obstbauversuchsr Alt Land. 1974;29:115–7.
Weber RWS (2014) Biologie und Kontrolle des Obstbaumkrebs-Erregers
Neonectria ditissima (Syn. N. galligena) aus der Perspektive
Nordwesteuropas. Erwerbs-Obstbau 56(3):95–107.
https://doi.org/10.1007/S10341-014-0210-X/FIGURES/11
Weber RWS, Børve J (2021) Infection biology as the basis of integrated control
of apple canker (Neonectria ditissima) in Northern Europe. CABI Agric
Biosci 2021 21 2(1):1–16. https://doi.org/10.1186/S43170-021-00024-Z

Você também pode gostar