Você está na página 1de 2

Introdução

Mormo é uma doença zoonótica altamente contagiosa entre os equídeos, e que


pode ser fatal aos humanos. Ela é de origem bacteriana, é causada pela bactéria
Burkholderia mallei, a qual os equídeos além de serem susceptíveis, são considerados
reservatórios naturais da mesma. (Neubauer et al., 2005;Dittmann et al., 2015;Mota &
Ribeiro, 2016). No Brasil o primeiro caso da doença foi relatado em 1811, durante
alguns anos (1869 a 1999) acreditou-se que a doença havia sido erradicada. Após esse
silêncio epidemiológico a doença foi diagnosticada novamente em 1999 nos estados de
Alagoas e Pernambuco. (NOGUEIRA DIEHL, G. Informativo Técnico No6/Ano 04 -
junho de 2013 MORMO).
A doença é transmitida principalmente por via oral, a partir do consumo de
águas e alimentos contaminados pela bactéria. A transmissão também pode-se ocorrer
por via aerógena, pela inalação da bactéria, e por via cutânea pelo contato de feridas na
pele provocadas por objetos contaminados. (Falcao, Silva, Mota, 2019).
Apesar de ser uma zoonose grande parte da população desconhece a existência
dessa enfermidade, o que pode colocar em risco a saúde das pessoas que tem contato
próximo com os equídeos doentes.
O objetivo deste trabalho foi revisar os aspectos etiológicos, epidemiológicos,
patogênicos, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento, prevenção e controle da doença.
Etiologia
A Burkholderia mallei é um microoganismo classificado como cocobacilo
aeróbico gram-negativo, não móvel e não esporulado. Possui forma com extremidades
arredondadas, medindo aproximadamente 2,5nm de comprimento e 0,3-0,8nm de
largura. Trata-se de um microorganismo intracelular obrigatório de mamíferos. (Khan et
al 2011; Laroucau et al 2016).
A análise por microscopia eletrônica revelou que a Burkholderia mallei possui
um núcleo, partículas citoplasmáticas e três camadas do componente de membrana da
unidade exterior da parede celular. O envelope celular é composto por várias camadas
estruturais distintas (ALANI et al., 1993). Essa bactéria apresenta uma cápsula de
lipopolissacarídeo, sendo esta estrutura responsável pela sua virulência. (POPOV et al.,
1995, 2000; FRITZ et al., 2000; DESHAZER et al., 2001).
A bactéria é obtida a partir de amostras de sangue e secreções de animais
infectados (NIERMAN, 2004). Em esfregaços de lesões recentes, as bactérias são
notavelmente mais abundantes em comparação com esfregaços de lesões mais antigas.
A aparência pode variar dependendo da idade da cultura e do tipo de meio utilizado para
isolamento. Em culturas mais maduras, observa-se a formação de ramificações na
superfície de culturas de caldo (NEUBAUER, et al., 2005). A Burkholderia mallei
desenvolve-se em meios contendo sangue ou glicerol, formando colônias de aspecto
múcóide e brilhante. Essas colônias exibem positividade para oxidase e catalase, além
de redução de nitrato. Ela é sensível à luz solar, calor e desinfetantes comuns, sendo
pouco provável que sobreviva em ambientes contaminados por mais de seis semanas
(RADOSTITS, 2002).
Referências
Neubauer H, Sprague LD, Zacharia R, et al. Serodiagnosis of Burkholderia mallei
infections in horses: state-of-the-art and perspectives. J Vet Med B Infect Dis Vet Public
Health. 2005;52(5):201-205. doi:10.1111/j.1439-0450.2005.00855.x

NOGUEIRA DIEHL, G. Informativo Técnico No6/Ano 04 -junho de 2013 MORMO.


Disponível em: <https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/201612/02101334-
inftec-39-mormo.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2023.

Coimbra, V., Falcao, M. V. D., Silva, J. G. & Mota, R. A. (2019). Mormo: perguntas e
respostas. EDUFRPE. Disponível em:
<https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/2331/1/cartilha_mormo.pdf>. Acesso
em: 10 nov. 2023.

K. Laroucau, V. Lucia de Assis Santana, G. Girault, B. Martin, P.P. Miranda da


Silveira, M. Brasil Machado, M. Joseph, R. Wernery, U. Wernery, S. Zientara, N.
Madani, First molecular characterisation of a Brazilian Burkholderia mallei strain
isolated from a mule in 2016, Infection, Genetics and Evolution, Volume 57, 2018,
Pages 117-120, ISSN 1567-1348. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.meegid.2017.11.014. Acesso em: 10 nov. 2023.

David DeShazer, David M. Waag, David L. Fritz, Donald E. Woods, Identification of a


Burkholderia mallei polysaccharide gene cluster by subtractive hybridization and
demonstration that the encoded capsule is an essential virulence determinant, Microbial
Pathogenesis, Volume 30, Issue 5, 2001, Pages 253-269, ISSN 0882-4010. Disponível
em: https://doi.org/10.1006/mpat.2000.0430. Acesso em: 10 de nov. 2023.

NIERMAN, W. C. et al. Structural flexibility in the Burkholderia


mallei genome. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United
States of America, v. 101, n. 39, p. 14246–14251, 2004. Disponível em:
https://doi.org/10.1073/pnas.0403306101. Acesso em: 10 de nov. 2023.

RADOSTITS, O. M., GAY, C. C., BLOOD, D. C. Hinchchcliff, K.W. Capítulo 20.


Doenças bacterianas V. In. Radostits, O.M.; Gay, C.C.; Blood, D.C. Hinchchcliff, K.W.
Clínica Veterinária. 9° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 869-871. 2002

Você também pode gostar