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Análise Crítica de Artigo Científico

VIEIRA, Gabriel de Deus et al. Bactérias Gram positivas veiculadas por formigas
em ambiente hospitalar de Porto Velho, Estado de Rondônia, Brasil. Rev Pan-
Amaz Saude [online]. 2013, vol.4, n.3, pp.33-36. ISSN 2176-6215.
http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232013000300005.

Ester
Isabela
Lorenzo
Pedro
Gabriel Curcio
(3º ano A)

As formigas em ambientes hospitalares têm-se transformado em um objeto de


estudo cada vez mais frequente, porque, quando elas infestam hospitais, há a
probabilidade de entrarem em contato com bactérias resistentes aos antibióticos,
levando-as de um lugar para outro e propiciando aumento do risco de infecção
hospitalar e os consequentes malefícios à saúde.
Apesar de influenciarem aspectos biológicos na biosfera, os ecossistemas
urbanos costumam sofrer com negligência na pesquisa ecológica. Os artrópodes são
abundantes nessas áreas, no entanto, pouco se sabe sobre como eles têm respondido
à urbanização.
Embora a ocorrência de formigas nas superfícies urbanas seja restrita a poucas
espécies, entre vinte e trinta ao máximo, os prejuízos causados podem ser grandes,
afinal, elas vivem em íntima associação com o homem e detêm o potencial de
provocar problemas se ocorrem em fábricas de comida, biotérios, hospitais e padarias.
Além do mais, devido à ampla disponibilidade de abrigo e alimento, seu
estabelecimento e sua proliferação acabam facilitados.
As formigas foram descritas como vetores mecânicos pela primeira vez na
Inglaterra, em 1972. Sendo assim, elas podem atuar como vetores mecânicos,
transportando as bactérias sobre seu corpo. Existem até mesmo estudos realizados
com o trato digestório de algumas espécies de formigas que revelaram a presença de
uma rica flora bacteriana que exerceria a função simbionte.
Apesar da presença de formigas em âmbito nosocômico possivelmente ocorrer
em razão da estrutura arquitetônica dos hospitais, sua localização próxima a
residências, às embalagens de alguns medicamentos que trazem ninhos e ao fluxo de
pessoas e alimentos que servem como atrativo para elas, é importante citar sobre as
espécies comuns nesses meios incitadas por instrumentos cirúrgicos e material estéril.
Possuem capacidade de rápida locomoção, chegando a percorrer ambientes
hospitalares sem sequer serem notadas, elevando o risco à saúde pública. Outro fator
que se apresenta como impasse nessa situação é que o controle das formigas é
bastante difícil de ser feito. No caso de infestações por formigas nesses ambientes, os
inseticidas empregados de forma tradicional (sprays, líquidos ou pós) não funcionam
para espécies de pequeno tamanho e poligínicas, e geralmente produzem transtornos
maiores do que os apresentados anteriormente ao início do tratamento. As principais
espécies encontradas em hospitais são exóticas e evidenciam populações
unicoloniais, que podem estar representadas em vários pontos do hospital.
As bactérias são adaptáveis ao extremo e suscetíveis a mutações genéticas.
Quando causam infecções, antibióticos entram em cena para o combate. Mas, se o
uso de tais medicamentos é feito de modo incorreto, tais microrganismos tendem a se
tornar resistentes e, no futuro, será ainda mais árduo de detê-los. Por isso,
antimicrobianos devem ser utilizados de maneira consciente.
Considerando as informações apresentadas, foi conduzido um estudo com o
objetivo de verificar o perfil das bactérias Gram positivas veiculadas por formicídeos
em ambiente hospitalar de Porto Velho, Estado de Rondônia, e avaliar a resistência
antimicrobiana.
Os insetos foram coletados na sala de emergência, no setor de pneumologia e
no de gastroenterologia em um hospital público da cidade no período de março a
junho de 2012. As bactérias isoladas foram caracterizadas quanto à coloração de
Gram, aos testes para identificação de bactérias do gênero Staphylococcus,
Streptococcus e Micrococcus e quanto ao perfil de suscetibilidade a antimicrobianos.
Entre as 130 formigas capturadas, 62% das cepas extraídas das formigas foram
identificadas como pertencentes ao gênero Staphylococcus, 25% Streptococcus e
13% Micrococcus. Em relação à resistência aos antibióticos, 83% das cepas foram
resistentes à oxacilina e 50% à vancomicina.
Os resultados demonstram que as formigas apresentam notável potencial como
veiculadoras mecânicas de bactérias, sugerindo o risco de infecção nosocomial e a
permanência de cepas com alta resistência no ambiente hospitalar, sendo que, dentre
as espécies de bactérias Gram positivas isoladas, Staphylococcus saprophyticus foi a
que mais esteve presente nos ambientes hospitalares. O artigo levanta a questão da
importância do uso correto dos antimicrobianos, pois antibióticos utilizados usualmente
como oxacilina e vancomicina enfrentaram alta resistência das bactérias, fornecendo
um perigo iminente para o aparecimento de cepas multirresistentes.

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