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RESEARCH OF BACTERIA, FUNGI AND RESISTANCE FORMS OF PARASITES IN

TWO ROUTES OF COLLECTIVE TRANSPORT BUS OF CURITIBA, PARANÁ

Article · April 2006

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 LEVANTAMENTO DE BACTÉRIAS, FUNGOS E FORMAS DE RESISTÊNCIA DE PARASITOS
EM DUAS ROTAS DE ÔNIBUS DO TRANSPORTE COLETIVO DE CURITIBA, PARANÁ
artigos \ levantamento de bactérias, fungos e formas de resistência de...

RESEARCH OF BACTERIA, FUNGI AND RESISTANCE FORMS OF PARASITES IN TWO ROUTES OF COLLECTIVE
TRANSPORT BUS OF CURITIBA, PARANÁ
Aline Plantes da Costa Rodrigues 1, Catalina Yumi Masuda Nishi 2 e Ana Tereza Bittencourt Guimarães 2
1
Graduada em Ciências Biológicas do UnicenP.
2
Professora do curso de Ciências Biológicas do UnicenP.

RESUMO

Os microorganismos são geralmente associados como agentes etiológicos de uma ampla

gama de infecções. Entretanto, alguns deles são constituintes da microbiota normal dos seres
vivos. O objetivo do presente estudo foi levantar a microbiota (Bactérias, fungos e formas de
resistência de parasitos) das barras para mãos nas rotas Inter-hospitais e Inter II do transporte
coletivo da cidade de Curitiba – PR. Foram realizadas cinco coletas, entre os meses de abril a
outubro e estas foram processadas nos laboratórios de Microbiologia I e de Parasitologia, do
UnicenP. As espécies mais comumente encontradas nas duas rotas foram S. saprophyticus, S.
liquefaciens e Penicillium spp. Encontraram-se poucas formas de resistência de parasitos. Os
resultados mostraram um aumento no número de microorganismos identificados em coletas
realizadas em dias de clima quente em relação às realizadas em dias frios. Apesar de não se
ter dados de desenvolvimento de doenças infecciosas decorrentes da utilização dos ônibus,
os microorganismos encontrados são considerados patógenos potenciais e podem afetar um
24 indivíduo que já esteja imunologicamente debilitado. A adoção de medidas básicas de higiene
reduz a probabilidade de disseminação desses microorganismos.

Palavras-chave: microbiota, ônibus, fômites.

1 INTRODUÇÃO que levam à diarréia e outras patologias alimen-

Os microorganismos são geralmente
associados como os causadores de diversas
patologias graves em uma ampla gama de
infecções. Entretanto, alguns deles contribuem
para a boa manutenção do organismo, vivendo
em harmonia com o homem, sendo, portanto,
constituintes da microbiota normal dos seres
humanos (1, 2).
Um organismo entérico comumente en-
contrado associado a patologias é o bastonete
gram-negativo Escherichia coli (E. coli). Essa
bactéria não é normalmente patogênica, mas
algumas cepas desse microorganismo podem
produzir enterotoxinas, desenvolvendo quadros
tares. Além disso, é uma bactéria utilizada como
indicador das condições higiênico-sanitárias (2).
Staphylococcus aureus, S. epidermidis e
S. saprophyticus são as três principais espécies
deste gênero de cocos gram-positivos, com
maior relevância para a área da saúde. As pa-
tologias causadas por esses microorganismos,
principalmente o S. aureus, variam de infecções
cutâneas, infecções oportunistas, podendo
causar até mesmo infecções das vias urinárias,
e em casos extremos, e em pacientes mais
debilitados, pode-se desenvolver o quadro de
sepse, levando à morte (3). Esta espécie produz
um tipo de Beta Toxina que desencadeia seu
padrão de virulência, sendo que dependendo

RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.24-31, abr./jun. 2006

da linhagem do agente etiológico pode lisar
os eritrócitos, gerando um déficit na ação do
sistema imunológico (4).
Santos e Darini(5) alertam para o fato de
que, embora S. aureus seja encontrado como
parte da microbiota normal do organismo, é
uma das bactérias patogênicas mais importan-
tes, uma vez que atua em uma ampla gama de
infecções, variando desde as mais superficiais
até as mais graves e disseminadas. Hoje em
dia, grande parte de sua importância deve-se
ao aumento das infecções hospitalares cau-
sadas por amostras multirresistentes desse
microorganismo (6).
Além dos organismos bacterianos
citados anteriormente, deve-se dar atenção
também aos organismos eucariontes, como os
fungos, que em sua maioria são constituintes do
ambiente, mas que também podem ser encon-
trados na microbiota dos seres humanos. Os
fungos, geralmente considerados inofensivos,
têm tido um aumento significativo no número
de infecções nos últimos anos, passando a ser
considerado como patógenos oportunistas.
Por esse motivo, grande parte das infecções
fúngicas são observadas em pacientes que
se encontram em ambiente hospitalar. Estes
organismos encontram condições favoráveis
à sua proliferação diretamente relacionadas
às condições ambientais, tais como clima,
temperatura e umidade relativa do ar (7).
Outros organismos eucariontes são
os parasitos, como os protozoários e hel-
mintos, que causam infecções intestinais. A
preocupação com tais doenças advém das
conseqüências patológicas ao homem, como
má-absorção de nutrientes, diarréia, anemia e
menor capacidade de trabalho; nas crianças,
principalmente nas pertencentes às classes
sociais menos favorecidas, nota-se baixo
rendimento escolar e déficit no crescimento (8),
constituindo assim um importante problema
de saúde pública que está intimamente rela-
cionado ao subdesenvolvimento, à falta de
saneamento ambiental, à falta de educação e
à desinformação sanitária (9).
De acordo com Levai et al. (10) uma vez
que os ovos e cistos de protozoários mos-
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tram-se resistentes às agressões ambientais,
o estudo de objetos inanimados auxiliam na
compreensão sobre como ocorre a dissemina-
artigos \ levantamento de bactérias, fungos e formas de resistência de...
ção das parasitoses entre indivíduos que deles
se utilizam.
Estudos mostram que os microorga-
nismos podem colonizar e sobreviver em dife-
rentes objetos inanimados, tanto de ambientes
hospitalares e não hospitalares. Ao serem
colonizados, estes objetos atuam como vei-
culadores destes microorganismos, podendo
ser considerados como focos potenciais de
contaminação (11, 12).
Os ônibus de transporte coletivo pos-
suem uma grande circulação de pessoas,
sendo considerados como fonte potencial de
disseminação de microorganismos para seus
usuários. Este estudo teve por objetivo pesqui-
sar a microbiota de bactérias, fungos e formas
de resistência de parasitos de duas rotas pré-
determinadas do transporte público de Curitiba,
dando atenção especial aos indicadores higiê-
nico-sanitários bacterianos: Escherichia coli e
Staphylococcus aureus.
2 METODOLOGIA 25
Foram realizadas cinco coletas, inicia-
das no mês de abril, nas rotas Inter-hospitais
(IH) e Inter II do transporte coletivo de Curitiba
– PR. Coletou-se amostras das barras para as
mãos, de forma sistematizada, em swabs como
meio de transporte e fita gomada, por volta
das 23h, quando os veículos são recolhidos
para a manutenção e limpeza geral diária. As
amostras foram analisadas nos laboratórios de
Microbiologia I e de Parasitologia, do Centro
Universitário Positivo - UnicenP.
O material coletado foi repicado em
ágar nutriente (AN - Biolife), ágar sabouraud
(Oxoid) com 100µg/mL de cloranfenicol, ágar
Sal-Manitol (ASM - Merck), ágar MacConkey
(Biobrás) e ágar sangue (AS - Oxoid). Após o
período de incubação, realizou-se a análise
macrocolonial e micromorfológica. A identifi-
cação bacteriana foi realizada com Kit de En-
terobactérias Laborclin (LB), Sistemas Bactray
 I e III (LB), tiras de oxidase (LB), discos de
novobiocina para identificação (LB) e coagu-
loplasma (LB). Os fungos filamentosos foram
artigos \ levantamento de bactérias, fungos e formas de resistência de...
identificados até o gênero em microcultura.
O material obtido por meio da técnica
da fita gomada foi analisado em foto-micros-
cópio óptico (Olympus X-41) para identificação
das formas de resistência de parasitos.
Os dados foram tabulados em plani-
lhas do programa Microsoft Excel ® para a re-
alização de análise estatística descritiva e, por
fim, representados em gráficos de colunas.
3 RESULTADOS
O período de coleta (abril a agosto de
2006) caracterizou-se por apresentar diferen-
tes médias de temperatura, conforme obser-
vado na Tab. 1. Como as freqüências foram
relativamente baixas, optou-se por avaliar ao
longo deste período apenas a ocorrência de
microorganismos.
26
Figura 1 - Ocorrência das espécies bacterianas encontradas nas barras para as mãos das rotas
de ônibus IH e Inter II em porcentagens.
RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.24-31, abr./jun. 2006
Tabela 1 – Médias e desvios-padrão de tem-
peratura (oC) ao longo do período de coleta
Meses de coleta Médias (DP)
Abril 20,2 (2,1)
Maio 17,1 (1,4)
Junho 15,4 (1,3)
Julho 13,7 (0,8)
Agosto 20,6 (2,2)
A ocorrência da microbiota bacteria-
na encontrada nas cinco coletas realizadas
nas duas rotas foi a seguinte: Bacillus sp.,
Citrobacter freundii (C. freundii), Enterobacter
aglomerans (E. aglomerans), Escherichia coli
(E. coli), Enterobacter sakazakii (E. sakazakii),
Hafnia alvei (H. alvei), Staphylococcus aureus
(S. aureus), Salmonella cholerasuis (S. chole-
rasuis), Serratia liquefaciens (S. liquefaciens),
Serratia marcescens (S. marcescens), Sta-
phylococcus saprophyticus (S. saprophyticus)
e Salmonella tiphy (S. tiphy) sem confirmação
sorológica (fig. 1). As espécies mais comu-
mente identificadas nas duas rotas foram S.
saprophyticus e S. liquefaciens.
 Em relação aos organismos fúngicos,
Penicillium spp. constitui o organismo mais
disseminado nos veículos de ambas as rotas.
Além deste, foram identificados: Alternaria spp.,
Aspergillus spp. e leveduras (fig. 2).
A análise qualitativa dos microorganis-
mos encontrados durante o período de cinco
meses demonstrou que ocorre o dobro de
microorganismos na rota de transporte Inter-
hospitais em relação à rota Inter II.
Foram encontradas poucas formas de
resistência de parasitos nas coletas, e estas
ocorreram somente na rota Inter-hospitais, sen-
do identificadas as formas de resistências das
seguintes espécies: Taenia sp., Schistosoma
mansoni e larva de nematódeo.
4 DISCUSSÃO
Os microorganismos podem se mul-
tiplicar e sobreviver em uma ampla gama de
reservatórios e, a partir destes, serem trans-
feridos para um novo hospedeiro. Este traba-
lho demonstrou que os ônibus de transporte
coletivo podem atuar como reservatório de
microorganismos.
Diversos estudos já comprovaram
que objetos inanimados, como chupetas(9, 13),
Figura 2 - Ocorrência dos gêneros de fungos encontrados nas barras para as mãos das rotas
de ônibus IH e Inter I em porcentagens.
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dinheiro (10), telefones (11, 14), dispensadores de
toalhas de papel (15), jalecos (16) e brinquedos (17)
podem ser considerados como reservatórios
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de bactérias, fungos e formas de resistência
de parasitas. A transmissão cruzada entre um
objeto para um possível hospedeiro constitui
um importante fator no estabelecimento de
numerosas patologias bacterianas, fúngicas,
virais e parasitárias (2, 14).
No atual estudo, encontrou-se uma
baixa ocorrência de microorganismos nas
barras para as mãos dos ônibus das rotas
Inter-hospitais e Inter II. Possivelmente este
fato está relacionado à limpeza geral realiza-
da diariamente pela companhia de transporte
urbano de Curitiba, após o recolhimento dos
veículos. Contudo, houve uma elevada riqueza
de espécies da microbiota. Logo, a existência
dos microorganismos identificados indica que
as barras podem ser consideradas reservató-
rios de patógenos e, portanto, focos potenciais
de contaminação. Sendo assim, mesmo a
reduzida freqüência de microorganismos pode
dar início à recolonização da microbiota dos
usuários, bem como do ambiente, durante o
período de utilização destes transportes.
Apesar de não se ter dados de desen- 27
volvimento de doenças infecciosas decorren-
tes da utilização dos ônibus, os microorganis-
mos encontrados são considerados patógenos
 potenciais e podem afetar um indivíduo que
já esteja debilitado, ou ser carregado até um
individuo nestas condições.
artigos \ levantamento de bactérias, fungos e formas de resistência de...
Muitas das espécies bacterianas
isoladas neste estudo pertencem à família
Enterobacteriaceae, sendo que várias pos-
suem origem no trato gastrintestinal. E. coli
é considerado como indicador higiênico-sa-
nitário, sugerindo uma condição higiênica
inadequada. Alguns microorganismos isolados
são considerados oportunistas e têm sido
associados a infecções tanto nosocomiais
quanto na comunidade extra-hospitalar, como
S. cholareasuis (18, 19), S. liquiefaciens (20, 21), S.
marcescens (22), E. sakazaki (23), E. agglomerans,
atualmente renomeado como Pantoea agglo-
merans (24, 25), H.alvei (26, 27) e C.freundii (28).
Dentre as bactérias gram positivas, a
mais comumente isolada foi S.saprophyticus,
presente na microbiota do trato gastrintestinal
e da pele. Esta bactéria é o segundo principal
agente causador de infecções do trato urinário
(ITU) não complicado (29, 30).
Na primeira e na última coleta, os
microorganismos foram isolados em maior
quantidade e variedade, fatos decorrentes
28 provavelmente das temperaturas médias
encontrarem-se mais elevadas nos dias de
coleta, criando um ambiente favorável para
que esses microorganismos se mantivessem
nas barras para as mãos dos ônibus. Acre-
dita-se que em dias de temperaturas mais
baixas, pode ocorrer a remoção dessas for-
mas microbianas devido ao uso de casacos
e roupas mais fechadas que podem também
servir como reservatórios.
Em relação à microbiota fúngica, esta
apresenta uma ampla variação quando com-
parada a outros microorganismos. Em estudo
prévio, Martins-Diniz (7) afirma que os fungos
mais comumente isolados são Penicillium
sp., Aspergillus sp. E, em menor número,
Alternaria sp., uma vez que são os mais fa-
cilmente encontrados e disseminados pelo
ar, corroborando, portanto, com os resultados
observados no atual trabalho.
No que se refere às formas de resis-
tência parasitárias, o encontro de ovos de
RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.24-31, abr./jun. 2006
Taenia sp. e de Schistosoma mansoni torna
possível a probabilidade de contaminação em
indivíduos suscetíveis. É constatado que po-
pulações de baixa renda, que não têm acesso
adequado a saneamento e que se encontram
deficitárias em questões de higiene, são as
mais afetadas pelas parasitoses (13, 31).
Medidas simples de higiene, como a
lavagem das mãos com água e sabão permi-
te a remoção de grande parte da microbiota
transitória, permitindo um maior controle na
disseminação desses microorganismos e
causando, assim, uma diminuição na pro-
babilidade de desenvolver uma infecção ou
de veicular estes microorganismos para um
indivíduo suscetível que poderá desenvolver
o quadro patológico. Em sentido mais amplo,
essas medidas simples contribuem para a
diminuição de morbidade, e de altos gastos
decorrentes de tratamentos contra esses mi-
croorganismos.
5 CONCLUSÕES
O presente estudo constatou que as
barras para mãos dos ônibus de transporte
coletivo podem ser consideradas como fômites,
atuando na disseminação de inúmeros microor-
ganismos que podem afetar um indivíduo que
esteja suscetível.
A adoção de medidas de higiene, como
lavar as mãos com água e sabão, diminui
as chances de que esses microorganismos
atuem no quadro de desenvolvimento de uma
patologia, diminuindo os gastos com trata-
mentos oriundos da contaminação por esses
organismos e contribuindo para o bem estar
da população de forma geral.
ABSTRACT
Generally the microorganisms are
associated as the cause of a wide range
of infections. However, some of them are
part of normal microbiota of livings beings.
The purpouse of the current study was to
survey the microbiota (Bacteria, fungi and
resistance forms of parasites) of the bars
for hands of the collective transport bus
of Curitiba city Inter hospital and Inter II
routes, in order to determine if they can be
considered dissemination sources. Five
samples collections were performed from April
to October. The samples were processed at the
Microbiology I and Parasitology laboratories of
UnicenP. The most common species founded
in the two routes were S. saprophyticus,
S. liquefaciens and Penicillium spp. Few
resistance forms of parasites were founded.
Results showed an increased number of
identified microorganisms in samples collected
in hot climate days if compared to cold days.
Despite the abscense of data of development
of infectious disease originated from using
these buses, microorganisms were potencial
pathogens and can affect one individual that
already is immunologically debilitated for some
another factor, or transmited to one who is
in these conditions. The adoption of basic
hygienics measures reduces the dissemination
of these microorganisms.
Key words: Microbiota, bus, fomite.
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