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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS – UNIGOIÁS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ESPOROTRICOSE E SUAS FORMAS DE AÇÃO - REVISÃO DE LITERATURA

Ana Clara Silva Pitta


Gabriel Caetano Silva
Luana de Jesus Alquimim
Walter Junio Da Silva Sousa
Yasmin Rocha Faria

GOIÂNIA
Novembro/2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS – UNIGOIÁS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ESPOROTRICOSE E SUAS FORMAS DE AÇÃO - REVISÃO DE LITERATURA

Ana Clara Silva Pitta


Gabriel Caetano Silva
Luana de Jesus Alquimim
Walter Junio Da Silva Sousa
Yasmin Rocha Faria

GOIÂNIA
Novembro/2022

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4
3. CONCLUSÃO 9
REFERÊNCIAS 10

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1. INTRODUÇÃO
O fungo Sophorotrix é uma micose subcutânea com sinais clínicos agudo, subagudo
ou crônico, surgindo pelo contato desse organismo com uma ferida da pele, afetando humanos
e animais. Seu contato pode ser de diferentes formas ocasionando na contaminação através de
acidentes com cascas de árvores, espinhos, mordedura e arranhões de animais contaminados
com o fungo. O animal mais comum transmissor é o gato, com maior índice daqueles vadios
que tem livre acesso as ruas. A doença é popularmente sinalizada como a “doença do
jardineiro”, justamente por ser frequentemente diagnosticada em homens trabalhadores de
jardinagem, agricultura e mineração. Por ser considerada uma transmissão zoonótica
profissionais da área veterinária e proprietários de gatos passaram a ser considerados como
uma nova categoria de risco para aquisição dessa doença.
A esporotricose foi descrita pela primeira vez por Benjamin Schenck em 1898
Estados Unidos, em Lesões em Pacientes Humanos. No Brasil, a doença foi relatada por Lutz
& Splendore (1907), que a descreveram em humanos e camundongos e demonstrou a
presença de corpos asteróides nos tecidos, o que é útil para o diagnóstico histopatológico da
esporotricose. Até 1997, a esporotricose era considerada uma doença rara no país, com o
maior número de casos registrados em humanos. Os incidentes ocorreram principalmente nos
estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Paraná. O Rio Grande do Sul é o estado maior incidência de doença fúngicas em humanos.
A disseminação da doença está associada à disseminação de conídios ou leveduras
no tecido subcutâneo a partir de feridas como vegetais podres ou arranhões de gatos doentes
ou unhas contaminadas por fungos. A disseminação da doença está intimamente associada ao
trauma no tecido subcutâneo, mas há alguns relatos de transmissão por vias aéreas. É
considerada uma zoonose emergente com alta endemia no Brasil, principalmente no estado do
Rio de Janeiro, além de São Paulo e Rio Grande do Sul. Diante disso, há necessidade de ações
urgentes de saúde públicas voltadas para o controle da doença, principalmente em áreas
endêmicas.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os agentes etiológicos da esporotricose estão amplamente distribuídos no ambiente.
Suas características clínicas, epidemiológicas e ecológicas variam conforme a região
geográfica, com maior incidência nas regiões tropicais e subtropicais (RIPPON, 1988;
LARSSON, 2011; RODRIGUES et al., 2013). Nas últimas duas décadas, como resultado ela
emergiu como uma importante doença fúngica causando múltiplos surtos e é a única doença
fúngica dimórfica que parece ter transmissão zoonótica significativa. (CHAKRABARTI et al.,
2014).
S. schenckii é um fungo produtor de melanina, propriedade que o protege da
fagocitose e destruição pelo organismo hospedeiro, havendo indícios de que este seja um fator
de resistência a alguns antifúngicos (LARSSON, 2011; OROFINO-COSTA et al., 2017 ). À
temperatura ambiente de 25°C a 30°C, cresce o micélio, que possui hifas finas em forma de
margarida, enquanto a 37°C as colônias apresentam células de levedura, microscopicamente
visíveis em forma de charuto, que é a forma parasitária no hospedeiro (MARIMON et al.,
2007).
Embora a literatura afirme não haver relação entre gatos com doenças retrovirais
como FIV e/ou FELV e predisposição à infecção por esporotricose, estudos mostram que
gatos com retrovírus tendem a desenvolver um quadro clínico mais grave quando co-
infectados com um agente fúngico, o que provavelmente ocorre devido à característica
oportunista do fungo em organismos imunossuprimidos (SOUZA et al., 2005; SCHUBACH
et al., 2008; LARSSON, 2011). Além disso, a incapacidade dos portadores de retrovírus
felinos de desenvolver uma resposta imune adequada pode torná-los suscetíveis a patógenos
oportunistas e ao desenvolvimento de infecções crônicas na cavidade oral, trato urinário,
tegumento da pele, trato respiratório superior ou infecções persistentes por micobactérias,
parasitas como, bem como infecções fúngicas.
Hipotetiza-se que a resposta imune de gatos gravemente acometidos por
esporotricose pode ser insuficiente, o que pode estar associado à presença de imunossupressão
causada pela co-infecção por retrovírus, bem como à ocorrência de refratariedade (SOUZA et
al., 2005).
No entanto, existem condições que tornam os gatos suscetíveis a ambas as infecções,
assim como na esporotricose, gatos não castrados, semidomiciliados ou de vida livre
desempenham um papel importante na disseminação de retrovírus (MEINERZ et al., 2010). .
Dessa forma, acredita-se que por não serem de notificação compulsória, a real
incidência dessas infecções ainda seja desconhecida e provavelmente subdiagnosticada no

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país. Portanto, é importante entender e coletar dados epidemiológicos de pacientes com
retrovírus na rotina dos médicos veterinários, bem como a busca por um diagnóstico correto e
específico da esporotricose, a fim de entender se há relação entre eles e a resposta ao
tratamento instituído para as micoses na tentativa de evitar a persistência e disseminação
dessas infecções, que são prejudiciais à saúde dos gatos domésticos e à saúde pública
(SANCHOTENE et al., 2015).
Além desses fatores, a esporotricose é uma doença que costuma ocorrer em áreas
urbanas, em condições sociais precárias, onde o acesso à saúde e higiene básica é difícil, o
que mais uma vez comprova a importância da realização de estudos que esclareçam suas
causas e controle em benefício da saúde pública (SANCHOTENE et al., 2015). Embora a
esporotricose seja uma micose disseminada e existam opções terapêuticas disponíveis, o uso
indiscriminado e insuficiente de antifúngicos e as dificuldades associadas ao tratamento das
micoses em felinos domésticos estão associados à ocorrência de isolados resistentes do fungo
Sporothrix Schenckii complex, que serviram de alertando sobre a importância do controle da
doença devido a sua caracterização como um problema de saúde pública (SANCHOTENE et
al., 2015).
Benjamin Schenck foi o primeiro pesquisador a descrever a doença em 1898, e por
mais de um século, o Sporothrix schenckii foi atribuído como o único agente etiológico da
esporotricose (MARIMON et al., 2007; RODRIGUES et al., 2013; OROFINO-COSTA et al.,
2013). No entanto, novos estudos a partir de técnicas moleculares que descrevem as
características de sequenciamento e morfologia de proteínas permitiram a descrição de seis
espécies, a saber, S. brasiliensis, S. globosa, S. luriei e agora conhecida como S. schenckii
sensu strictu, espécies clinicamente relevantes, além de S. mexicana e S. albicans como
fungos ambientais (CHAKRABARTI et al., 2014). Dentre eles, o S. brasiliensis tem sido
descrito como altamente patogênico para humanos e animais, além de ser uma espécie restrita
ao Brasil e mais abundante em isolados de felinos domésticos (RODRIGUES et al., 2013;
MONTENEGRO et al., 2014; BRILLIANTE et al., 2013; MONTENEGRO et al., 2014;
BRILLIANTE et al. al., 2015; DELLA TERRA et al., 2017).
A transmissão zoonótica da esporotricose é relatada em várias regiões do mundo e é
transmitida por diferentes animais infectados de acordo com a atividade cultural, relação ou
proximidade entre o agente e o hospedeiro (CHAKRABARTI et al., 2014; BRILHANTE et
al., 2015). Por exemplo, no Uruguai, a infecção por esporotricose está correlacionada
principalmente com a caça ao tatu, atividade presente na região (CHAKRABARTI et al.,
2014). No Brasil, a proximidade entre humanos e gatos domésticos, sejam semidomésticos ou
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errantes, é considerada a principal fonte de transmissão de doenças fúngicas (ALVES et al.,
2010; RODRIGUES et al., 2013; OROFINO-COSTA et al., 2017).
Os primeiros relatos de esporotricose envolveram pessoas com hábitos diretamente
relacionados ao meio ambiente, como agricultores e trabalhadores rurais. Até então, a
infecção estava associada principalmente à infecção ambiental por meio do solo ou elementos
como espinhos, farpas e troncos contaminados. A doença era popularmente conhecida como
“doença do jardineiro” (LARSSON, 2011; CRUZ, 2013; MONTENEGRO et al., 2014).
Se a inoculação do agente ocorrer por trauma causado por algum elemento
ambiental, como lascas e terra, o fungo está na forma de micélio, então o desenvolvimento
das lesões tende a demorar mais para o fungo se adaptar a novas condições de temperatura e
reprodução no organismo hospedeiro e adquire uma forma leveduriforme de parasitismo
(RODRIGUES et al., 2013; CRUZ, 2013).
Foi somente a partir da década de 1980, quando do primeiro caso de esporotricose
humana relacionado ao contato com um gato infectado, que o gato doméstico passou a ser
associado como importante fonte de transmissão de zoonoses, e sob uma nova perspectiva,
apesar da epidemiologia da doença , os gatos tornaram-se os principais portadores da
esporotricose (LARSSON, 2011; CRUZ, 2013). Os gatos são importantes reservatórios da
esporotricose, pois carregam o fungo nas unhas, cavidade oral, cavidade nasal e em lesões
relacionadas ao desenvolvimento da doença (MADRID et al., 2010; CRUZ, 2013;
CHAKRABARTI et al., 2014).
Os felinos, devido aos seus hábitos inatos de caça, competição por fêmeas e
território, são conhecidos por se envolverem constantemente em brigas e efetivamente, por
meio de arranhões e mordidas, o vetor ou gatos infectados espalham o fungo, fazendo com
que o agente seja inoculado no hospedeiro. pele. As lesões diferem de acordo com as
condições encontradas pelo agente causador no organismo infectado (CRUZ, 2013).
Quando a transmissão ocorre através de um gato infectado, portador de lesões
ulceradas, um grande número de células de levedura é inoculado no organismo hospedeiro e,
portanto, quando o fungo já está na forma parasitária, não precisa de adaptação, começa a se
multiplicar e desencadear a doença (CRUZ, 2013).
O período entre a inoculação e o desenvolvimento da doença é variável, variando de
três dias a vários meses, chegando a três semanas em média. Após a inoculação traumática do
fungo na pele ferida, a doença pode se desenvolver de três formas diferentes: cutânea
localizada, disseminada ou extracutânea. Quando o agente é inoculado, formam-se pápulas ou
nódulos no local, que, se permanecerem em formas localizadas, são conhecidos como
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esporotricomas (LARSSON, 2011; CRUZ, 2013). Uma vez que o hospedeiro apresente
alguma imunossupressão ou o agente consiga se desenvolver, as lesões localizadas podem
evoluir para úlceras, áreas necróticas com produção de exsudato purulento e linfangite se
entrar na corrente sanguínea. Um gato com esporotricose apresenta grandes quantidades de
leveduras ao longo do corpo, na superfície da pelagem e principalmente nas áreas de lesão,
facilitando ainda mais a evolução de uma forma clínica localizada para uma forma
disseminada por práticas de higiene e autolimpeza. inoculação em episódios de esporotricose,
prurido, por exemplo, bem como transmissão para outros animais ou humanos (CRUZ, 2013).
Em relação ao quadro clínico da esporotricose, os gatos tendem a apresentar lesões
na face, almofadas plantares, cauda e ao longo do corpo. Não há predileção por sexo ou idade,
embora machos, gatos jovens, inteiros e semidomesticados tenham maior incidência devido
ao seu maior envolvimento em confrontos com outros gatos devido ao territorialismo e
problemas reprodutivos (CRUZ, 2013; MIRANDA et al., 2013; CHAKRABARTI et al.,
2014).
O diagnóstico definitivo da esporotricose é feito pela cultura de fungos a partir de
amostragem e análise do crescimento fúngico em laboratório. No entanto, às vezes o resultado
pode demorar de 7 a 30 dias. O exame direto da citologia intralesional submetida à coloração
segundo gram, writght, giemsa ou azul de metileno pode ser considerado como um exame
complementar sugestivo e imediato, pois em geral as lesões felinas apresentam grande
número de células leveduriformes demonstradas microscopicamente pelo formato de
"charuto" , 3 a 4 cm de diâmetro, característico de Sporothrix spp. Dependendo da condição
clínica do paciente, um exame tão urgente pode ser um ponto importante na escolha do
tratamento e procedimento do veterinário. (LARSSON, 2011; CRUZ, 2013; ČERNÁ HORA
et al., 2014; SANCHOTENE et al., 2015). Porém, é preciso sempre associar as características
clínicas apresentadas com a ocorrência da doença na região e levar em consideração
diagnósticos diferenciais como candidíase, criptococose, leishmaniose e até mesmo neoplasias
(LARSSON, 2011; SANCHOTENE et al., 2015).
A variedade de agentes infecciosos capazes de induzir imunossupressão em gatos é
extensa, e os mecanismos pelos quais esses agentes induzem imunodeficiência no organismo
hospedeiro em favor de sua própria manutenção ainda não são totalmente compreendidos
(SYKES, 2010).
O protocolo clássico de tratamento da esporotricose em cães e gatos é baseado em
azóis como cetoconazol e itraconazol, triazóis como posaconazol e fluconazol, iodetos de
potássio e sódio, alilaminas como a terbinafina e até anfotericina B. Além do tratamento
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medicamentoso, criocirurgia e a ressecção de lesões de pele também tem sido considerada
como forma de tratamento em casos de esporotricose (ROSSI et al., 2013).
Em gatos, o itraconazol é utilizado como tratamento padrão na dose de 100 mg/gato
uma vez ao dia (ALMEIDA et al., 2015). O itraconazol tem sido o fármaco de escolha entre
os demais antifúngicos devido à sua alta eficácia e segurança com baixo índice de efeitos
adversos (ROSSI et al., 2013). No entanto, sabe-se que a medicação oral em gatos é, por
vezes, dificultada pela inexperiência do cuidador ou do responsável pelo tratamento, bem
como pela falta de cooperação de gatos que não respondem bem a manipulações forçadas e/ou
elementos que são não é favorável ao paladar. Além disso, o tratamento da esporotricose com
itraconazol leva em média pelo menos três meses de administração contínua mais um mês
após a resolução das lesões. Assim, dependendo da extensão das lesões apresentadas e do
estado imunológico do paciente acometido, aliado ao sucesso da administração terapêutica, o
tratamento pode variar de meses a anos sem resolução. O longo tempo de tratamento
associado à dificuldade de administração da droga e confinamento dos gatos, aliado ao alto
valor comercial do itraconazol, por vezes obrigam os docentes a tratar ou até mesmo os
próprios gatos (REIS et al., 2016).
O iodeto de potássio é usado na dose de 20 mg/kg, uma vez ao dia também por via
oral em combinação com itraconazol. O iodeto de potássio em combinação com itraconazol
tem mostrado boa resolução em gatos com esporotricose, principalmente em casos
previamente tratados com itraconazol em monoterapia por período prolongado sem cura ou
nos quais ocorreram recidivas (REIS et al., 2016). Embora seja uma boa opção para o
tratamento da esporotricose, o estado geral dos gatos submetidos à terapia deve ser
monitorado, principalmente devido aos efeitos colaterais do iodo, como anorexia, perda de
peso, vômitos e outras alterações que pioram a saúde. saúde geral. Assim que o gato
apresentar um efeito colateral negativo, o tratamento deve ser interrompido imediatamente
para controlar os sinais clínicos e, de acordo com a reação do gato, após uma semana de
controle, o tratamento pode ser reiniciado com uma dose menor do que o recomendado
anteriormente , sempre com sinais clínicos. Segue. O mecanismo do efeito antifúngico dos
iodetos ainda não foi totalmente elucidado e sua atividade antiesporothrix in vitro ainda não
foi confirmada (REIS et al., 2016).
A terbinafina e o posaconazol mostraram boas atividades in vitro contra o complexo
fúngico esporothrix, mas faltam estudos sobre seu uso e segurança em gatos com
esporotricose (MEINERZ et al., 2007; REIS et al., 2016).

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Além da terapia medicamentosa, a termoterapia com imersão ou aplicação de água
quente com temperatura igual ou superior a 40ºC pode ser indicada para lesões localizadas. A
partir desta temperatura, o crescimento do S. schenckii é inibido, mas dependendo da
localização da lesão e/ou da cooperação do animal, a termoterapia pode ser dificultada
(PEREIRA et al., 2009; HONSE et al., 2010).
A remoção cirúrgica de lesões localizadas, caso não respondam ao tratamento
convencional ou recidivas em áreas cirúrgicas, também são consideradas uma alternativa
terapêutica. Ainda em termos cirúrgicos, a criocirurgia vem sendo estudada recentemente
como alternativa para locais de difícil acesso cirúrgico e com má resposta ao tratamento
convencional. É geralmente afirmado que os organismos vivos são sensíveis a temperaturas
extremas e S. schenckii não é exceção (SOUZA et al., 2016).
De qualquer forma, embora a esporotricose seja uma doença disseminada e cada vez
mais estudos sejam feitos sobre seu modo de ação e persistência em organismos hospedeiros,
ainda há muito o que estudar para decidir o melhor tratamento e controle.
A transmissão direta da doença entre gatos domésticos doentes ou assintomáticos e
humanos caracteriza a esporotricose como uma zoonose emergente (LARSSON, 2011; REIS
et al., 2012; RODRIGUES et al., 2014). Nesse contexto, os gatos têm se mostrado um
importante veículo de disseminação de fungos do complexo Sporothrix Schenckii em
epidemias de longa duração no Brasil, graças às suas propriedades como vetor no ciclo de
transmissão de doenças (LARSSON, 2011; RODRIGUES et al. , 2014; SANCHOTENE et al.
, 2015). Não há predileção por sexo ou idade para a ocorrência de esporotricose em gatos,
porém, devido aos hábitos comportamentais da espécie, como disputas por território ou por
fêmeas, os machos tornam-se mais susceptíveis à infecção fúngica (MEINERZ et al., 2007;
LARSSON , 2011; CRUZ, 2013 ; MIRANDA et al., 2013; CHAKRABARTI, et al., 2015).
As características morfológicas das lesões na esporotricose variam desde nódulos,
placas, lesões ulcerativas ou nodulocísticas até edemas ou massas subcutâneas, e essa
heterogeneidade pode dificultar o diagnóstico clínico, principalmente em áreas não
endêmicas, prolongar o curso clínico da doença e tornar-se um importante fator de morbidade
em saúde pública (MIRANDA et al., 2013).
O diagnóstico e tratamento da micose em humanos e gatos infectados é a base da
prevenção da transmissão da esporotricose. É de extrema importância considerar que o
tratamento de animais doentes requer um longo período de atenção, além do investimento do
tutor, e esta fase deve ser bem administrada, pois devido a estes fatores, muitas vezes o
responsável pelo animal dá tratamento, o que dificulta o controle da micose (CRUZ, 2013 ).
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2. CONCLUSÃO
A esporotricose é uma doença grave que afeta animais e humanos. Por se tratar de
uma zoonose extremamente contagiosa, é importante a adoção de algumas medidas
profiláticas, como o uso de luvas no manuseio de animais com suspeita de lesões, tratamento
e isolamento de animais doentes até a completa cicatrização das lesões e desinfecção de
equipamentos com solução de hipoclorito de sódio.
O gato doméstico, principalmente o macho, não castrado e com livre acesso à rua,
desempenha importante papel epidemiológico na esporotricose; é contaminado
principalmente pelo hábito de cavar buracos para cobrir seus dejetos com terra, de roer as
unhas em árvores e plantas e de se coçar em brigas. Dessa forma, acaba carregando um agente
nas unhas e cavidade oral além de grande quantidade de levedura nas lesões durante a
infecção, facilitando a transmissão da doença por coçar, morder ou contato direto com as
lesões.
Além disso, os gatos desenvolvem uma resposta imune humoral para combater o
fungo, o que os torna mais suscetíveis a doenças, já que o combate a ele é principalmente uma
resposta imune celular.

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