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Universidade Rovuma
Nampula
2020
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Universidade Rovuma
Nampula
2020
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Índice
Lista de Tabelas .............................................................................................................................. v
Declaração.................................................................................................................................... viii
Dedicatória ..................................................................................................................................... ix
Agradecimentos .............................................................................................................................. x
Resumo .......................................................................................................................................... xi
2. 4. 1. P. barbatus. A .................................................................................................................... 22
7.1.Conclusões .............................................................................................................................. 52
7.2.Recomendações....................................................................................................................... 53
Bibliografia ................................................................................................................................... 54
Apêndices ...................................................................................................................................... 58
v
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Figura 1: Folhas de P.barbatus...……………………………………………………………….24
ATP…………………………………………….Adenosina trifosfato
E. coli……………………………………………Escherichiacoli
Declaração
Eu, Ermelindo Castro João António, declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha
investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as
fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, em especial a minha mãe Adelaide João, aos meus irmãos
Olímpio Jacinto Valentim, Belio Castro João António, Flora Bonifácio e Gemildo Cipriano
Segundo, e aos meus sobrinhos Devlin Valentim e Kelvin Valentim, aos tios Acita João e Elma
João pelo acolhimento durante a formação, a minha namorada Ridjoyce Clementina Isabel
Bessa, por estar sempre nos momentos difíceis, aos meus amigos Bicain, Nordino, Zito,
Alexandre, Patrício, Inocêncio, Assimbaue kiza, Santos Calado, Amals da Graça e colegas em
geral e todos os que directa ou indirectamente, ao longo do percurso académico, os quais me
deram as forças para eu prosseguir com os meus estudos de modo que pudesse garantir o meu
futuro na área de formação e na melhoria das minhas competências intelectuais.
x
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus todo o poderoso pela iluminação que me tem dado. O
meu agradecimento vai também aos meus pais, aos meus irmãos aos meus fiéis aliados em
todas as horas, aos meus colegas e incansáveis companheiros que sempre me deram força para
a elaboração do trabalho. O meu agradecimento estende – se há todo o corpo docente da
Universidade Rovuma – Nampula, e em especial aos docentes da Faculdade de Ciências
Naturais e Matemática (F.C.N.M), Curso de Química que de uma forma sábia e paciente
forneceram ferramentas para que fosse possível a realização do trabalho.
Ao meu supervisor, Prof. Doutor. Lázaro Gonçalves Cuinica, que ofereceu o seu apoio e
disponibilidade para que esta monografia se pudesse concretizar. Não posso me esquecer dos
meus amigos que em todos os momentos me apoiaram. Aos docentes do curso de Química, pela
sua alta contribuição na planificação do trabalho para os futuros professores e na orientação dos
cursantes para a elaboração deste trabalho.
E por último agradeço a todos que por razões de esquecimento não foram mencionados, mas que
estiveram próximos de mim nos momentos difíceis na carreira estudantil para a concretização
das minhas expectativas e objectivos.
xi
Resumo
Desde os tempos remotos que a humanidade utiliza as plantas para diversos fins. Elas são usadas
medicinalmente como uma fonte primária no tratamento de certas doenças e infecções. Algumas
plantas medicinais possuem metabólitos secundários com propriedades antidiarreicas,
antinflamatórias, antibacterianas e uma diversidade estrutural química. Produtos naturais
derivados de plantas podem ser usados como fármacos, e também como modelos para o
desenvolvimento de novos compostos biologicamente activos. O presente trabalho teve como
objectivo principal obter conhecimento Etnofarmacológico e Analise Fitoquímica de Planta com
Actividade antidiarréica. Foram estudadas algumas plantas medicinais moçambicanas
encontradas na Província de Nampula. Usando testes qualitativos foram analisadas
fitoquimicamente a seguinte planta: P. barbatus. Esta espécie é usada em algumas regiões do
país para o tratamento de várias doenças infecciosas, tais como: a Tuberculose, Malária,
Diarreias e outras. Os extractos brutos foram preparados por maceração sequencial usando como
solvente extractor o álcool etílico a 70%. A análise qualitativa foi realizada com base em ensaios
fitoquímicos clássicos para detecção de diversos fitoconstituintes como: Alcalóides, Flavonóides,
Saponinas e Taninos. O rastreio fitoquímico revelou a presença de todos os constituintes
químicos acima referidos, com excepção dos flavonóides. Este estudo mostrou que esta planta
apresenta uma grande variedade de metabólitos secundários com largo espectro de actividades
biológicas e farmacológicas necessárias para o combate de muitas doenças infecciosas. O
extracto apresentou as seguintes concentrações: alcalóides 15,167 ± 0,002µg/ml; flavonóides
4,954 ± 0,002µg/mL; taninos 23,635 ± 0,003µg/mL. Avaliando a análise antimicrobiana, pode-se
observar que todas as concentrações testadas (100 mg/mL a 500 mg/mL) apresentaram CIM de
53% na concentração de 300 mg/mL. Esses resultados sugerem que o extracto etanóico de P.
barbatus apresenta possível efeito antimicrobiano.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
O uso de espécies vegetais para a cura de doenças e sintomas remonta ao início da civilização e,
em várias culturas, produtos botânicos eram empregados para essa finalidade (HALBERSTEIN
2005). Após a instalação de uma comunidade em determinada região, a utilização de plantas
medicinais na prática da medicina popular era inevitável, resultando no acúmulo de
conhecimentos empíricos sobre a acção terapêutica dos vegetais (SOUZA, 2005).
Em geral, as comunidades passam seus conhecimentos através de informações não registadas,
transmitidas no espaço e no tempo, via de regra através da comunicação oral (TOLEDO &
BARRERA-BASSOLS,2010). Este procedimento agrafo pode proporcionar o repasse de
informações de forma equivocada ou alterada (AMOROZO, 2002). Portanto, ao resgatar este
conhecimento e suas técnicas terapêuticas tem-se uma maneira de deixar registado um modo de
aprendizado informal que pode vir a contribuir para uma melhor valorização da medicina
popular e, como consequência, gerar informações sobre a saúde da comunidade local, conforme
concluíram PILLA et al., (2006) em seu estudo.
As plantas utilizadas como medicinais quase sempre têm posição predominante e significativa
nas investigações etnobotânicas de uma região ou grupo étnico, tema colocado em evidência pelo
trabalho de PASA et al., (2005), e constituem um aparato útil na elaboração de estudos
farmacológicos e fitoquímicos por já estarem consagradas pelo uso contínuo na comunidade
(Amorozo 1996). O bioma Mata Atlântica possui uma das floras mais ricas e diversificadas do
planeta (RIBEIRO et al., 2009).
No entanto, a bioquímica da maioria dessa flora é desconhecida, podendo revelar oportunidades
de novos fármacos, pois a produção de medicamentos de plantas da nossa biodiversidade é
praticamente inexistente (JOLY et al. 2011), bem como o uso seguro da vegetação pelas
populações que usufruem da biodiversidade (BOAS & GADELHA, 2007).
Estudos sobre o conhecimento ecológico de populações locais sobre as plantas contribuem para
resgatar hábitos, formas de uso dos recursos da flora e têm sido úteis para dimensionar a
biodiversidade dos ecossistemas (CASTELLUCCI et al. 2000). Entre as pesquisas que abordam
populações rurais e/ou que habitam próximo às Unidades de Conservação no bioma Mata
Atlântica no sul do Brasil, destacam-se os estudos de GARLET & IRGANG (2001), MARODIN
& BAPTISTA (2001 e 2002), JACOBI et al. (2002), NEGRELL & FORNAZZARI (2007),
SILVA et al. (2009), GIRALD & HANAZAKI (2010) e MERETIKA et al. (2010).
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Observar a história do uso de plantas medicinais nos atentos para a importância que os
conhecimentos das sociedades e a interacção das mesmas com o meio ambiente geram em
benefício das sociedades presentes e futuras (COSTA e SILVA, 2014). Toda a sociedade
humana acumula um acervo de informações sobre o ambiente que a cerca, que lhe possibilita
interagir com ele para prover suas necessidades de sobrevivência. Neste acervo, insere-se o
conhecimento relativo ao mundo vegetal com o qual estas sociedades estão em contacto
(AMOROZO, 1996).
1.1. Justificativa
O uso de planta diversa na prática médica é uma realidade em Moçambique, não se dispensando
o uso destas como antidiarréicas, e outras responsáveis na cura de diversos males que afligem as
comunidades. Por esta razão, torna-se importante realizar-se estudos Etnofarmacológico e
fitoquímico de plantas com actividades antidiarréicas, de modo a relatar aquilo que são as plantas
que as comunidades aderem para resolução de seus problemas do dia-a-dia, relacionados à saúde
no posto administrativo de Namaita Distrito de Rapale. Essas plantas tem relevância
socioeconómica muito grande na qualidade de vida das comunidades de baixa renda como é o
caso do distrito de Rapale, devido a sua alta disponibilidade e principalmente aos baixos custos
e/ou sem ônus comparados aos medicamentos alopáticos (RODRIGUES & CARVALHO, 2001).
Esta é uma realidade muito comum no meio rural Moçambicano, associada também às
dificuldades de acesso aos serviços básicos de saúde pública. O processo de levantamento,
resgate de informações e identificação de espécies medicinais nativas de Namaita é importante
mediante o potencial económico e medicinal dessas plantas provenientes deste bioma (SILVA et
al., 2010), ainda pouco conhecido e com disponibilidade futura comprometida devido à ameaça
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como desmatamento e queimadas, entre outras, o que tem levado a perda da biodiversidade
medicinal.
A pesquisa fitoquímica é importante principalmente quando ainda não são dispostos todos os
estudos químicos com espécies de interesse popular, tendo como objectivo conhecer os
compostos químicos das espécies vegetais e avaliar sua presença nos mesmos, identificando
grupos de metabólitos secundários relevantes (SIMOES et al., 2004) úteis enquanto marcadores
químicos no monitoramento das plantas medicinais em processo de domesticação (LEITE,
2009), na qualidade da matéria-prima medicinal e na prospecção da biodiversidade ou
bioprospecção (BRAGA, 2009). A etnobotânica aplicada ao estudo de plantas medicinais
trabalha em estreita cumplicidade com a etnofarmacológia que consiste na exploração científica
e interdisciplinar de agentes biologicamente activos, que sejam tradicionalmente empregados ou
observados por determinado agrupamento humano (LOPEZ, 2006). Assim, estas áreas do
conhecimento devem ser utilizadas em pesquisas de novas substâncias oriundas de plantas,
tendo: a etnobotânica a incumbência de buscar informações a partir do conhecimento de
diferentes povos e etnias; a fitoquímica o desempenho de identificação, purificação, isolamento e
caracterização de princípios activos; e a farmacologia o estudo dos efeitos farmacológicos de
extractos e dos constituintes químicos isolados (ALBUQUERQUE & HANAZAKI, 2006). Esta
actuação interdisciplinar é necessária e amplia as buscas direccionadas para o campo da
bioactividade das plantas medicinais levando em conta também os aspectos agro tecnológico,
microbiológicos, farmacológicos e biotecnológicos (FOGLIO et al., 2006).
Este trabalho busca fundamentalmente fazer levantamento das plantas usadas como
antidiarréicas e sua análise fitoquímica, nas comunidades do distrito de Namaita, província de
Nampula, bem como compreender o seu uso.
1.2. Problematização
Para fazer face a solução deste problema, surge, por parte do autor a seguinte questão: Quais são
as plantas usadas como antidiarreicas em Namaita e a sua composição química?
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1.3. Objectivos
1.4. Hipóteses
As plantas usadas para o tratamento de doenças antidiarréicas na província de Nampula
contem (taninos, flavonóides, saponinas e alcalóides)
2.1.Considerações gerais
O uso das plantas medicinais tem sido uma prática consagrada em diversas épocas da história
humana, cujo acúmulo de informações obtido através da experiência de vários povos, representa
milénios de história, (MING, 1994). Com relação ao registro ordenado acerca do uso de plantas
como remédio, o Papiro de Ebers (~ 1550 a.C.) é um dos mais antigos e importantes
documentos, incluindo mais de 700 prescrições com plantas medicinais (LIPP, 1996). Existem
algumas evidências de que o homem pré-histórico já fazia uso de plantas medicinais, para
amenizar o sofrimento de males físicos que lhe acometiam (CASTRO e CHEMALE, 1995). No
Brasil, antes mesmo de seu descobrimento, os índios utilizavam plantas para a cura de doenças,
para o preparo de corantes e para ajudar na pesca, tais conhecimentos eram passados de geração
para geração. Muitas informações sobre a cura de doenças por plantas eram adquiridas através da
observação de animais, que procuravam determinadas plantas quando doentes (CORRÊA, 1978).
Em 1992 a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que 80% da população mundial
dependia da medicina tradicional para atender às suas necessidades de cuidados primários à
saúde, sendo o uso de plantas medicinais, drogas vegetais, extractos e princípios activos obtidos
a partir dos vegetais, a base desta medicina (WHO, 1992).
A OMS define planta medicinal como sendo “todo e qualquer vegetal que possui, em um ou
mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam
precursores de fármacos semi-sintéticos” (VEIGA et al., 2005). Estas substâncias químicas,
biologicamente sintetizadas a partir de nutrientes, água e luz, provocam no organismo humano e
animal reacções que podem variar entre a cura ou o abrandamento de doenças pela acção de
princípios activos como alcalóides, glicosídeos, saponinas, entre outros (BRASIL, 1998).
Droga vegetal é a planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de
substâncias, responsáveis pela acção terapêutica, após processos de colecta, estabilização,
quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Não podem estar incluídas substâncias activas de outras origens, não sendo considerado produto
fitoterápico quaisquer substâncias activas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas
misturas. Neste último caso encontra-se o fitofármaco, que por definição “é a substância activa,
isolada de matérias-primas vegetais ou mesmo, mistura de substâncias activas de origem
vegetal” (VEIGA et al., 2005).
O conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e é, em muitos casos, o único recurso
disponível que a população rural de países em desenvolvimento tem ao seu alcance (PASA et al.,
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2005). DIEGUES (2004) destaca que com o isolamento relativo, as populações tradicionais
desenvolveram modos de vida particulares, que envolvem grande conhecimento dos recursos e
fenómenos biológicos característicos do meio em que vivem e neste contexto, surge o conceito
de conhecimento tradicional. Como resultado da busca contínua para achar um tratamento para
as doenças, que são específicas em cada comunidade, tem sido desenvolvida uma extensa
farmacopeia de plantas medicinais (KIRINGE, 2006).
O conteúdo líquido é o principal determinante do volume e consistência das fezes. Este reflecte
um equilíbrio entre a entrada luminal (ingestão e secreção de água e electrólitos) e a saída
(absorção) ao longo do trato gastrointestinal. Os mecanismos neurohumorais, patógenos e
medicamentos podem alterar estes processos, resultando em mudanças na secreção ou absorção
de fluido pelo epitélio intestinal. A motilidade alterada também contribui de uma maneira geral
para este processo, como a extensão da absorção paralela ao tempo de trânsito. Quando a
capacidade do cólon para absorver o líquido é ultrapassada, irá ocorrer diarreia (VITALI et al.,
2006).
A diarreia pode ser causada por um aumento da carga osmótica dentro do intestino; secreção
excessiva de água e electrólitos no lúmen do intestino; exsudação de proteínas e de fluido da
mucosa; e alteração da motilidade intestinal resultando em trânsito rápido. Existem também
várias etiologias, como vírus, bactérias, parasitas, intoxicação alimentar ou medicamentos, que
podem conduzir a diarreia (ESTRADA-SOTO et al., 2007).
2.1.2.Classificação da diarreia
b) Diarreia do viajante
A diarreia do viajante é a situação clínica mais frequente nos viajantes, sobretudo se viajam de
zonas mais desenvolvidas para outras menos desenvolvidas. Trata-se de uma síndrome
geralmente auto limitada em que há diarreia frequentemente associada a outros sintomas.
Raramente constitui um risco para a vida, mas a morbidade que determina é acentuada. A
diarreia do viajante pode apresentar-se de forma aguda ou crónica, mas é maioritariamente
infecciosa, sendo algumas bactérias responsáveis pela maior parte dos casos em todo o mundo. A
Escherichia coli é a causa mais frequente dessas diarreias, sendo identificada em 40 a 70% dos
casos (ALEIXO, 2003).
c) Diarreia persistente
A diarreia persistente é responsável por altas taxas de morbidade e mortalidade em lactentes de
baixo nível socioeconómico em países em desenvolvimento (WHO, 1992). Aparece como causa
e efeito da desnutrição e aumenta o risco de morte quando associada a esta. Estima-se que de 3 a
20
20%dos episódios de diarreia aguda em crianças menores de cinco anos tornam-se persistentes e
que mais de 50% das mortes provocadas por diarreia estejam associadas a episódios persistentes
(BHANDARI; BHAN; SAZAWAL, 1992; FAUVEAU et al., 1992).
d) Diarreia crónica
A diarreia crónica é definida como diarreia prolongada por períodos superiores há um mês. Uma
abordagem clínica divide a diarreia crónica em síndromes de má-absorção (por exemplo, spru
tropical), diarreia crónica sem má-absorção (como a síndrome do intestino irritável) e diarreia
crónica da imunodeficiência. O spru tropical tem essa denominação porque ocorre quase
exclusivamente nas pessoas que vivem nos trópicos ou que visitam esta região (MATHAN,
1988).
Várias são as queixas que podem ser apresentadas pelo paciente frente a alterações no
funcionamento normal do intestino, dentre elas podemos citar diarreia, perda de peso,
endurecimento das fezes, cólica abdominal, urgência fecal e constipação. Os medicamentos que
alteram o trânsito intestinal são indicados de acordo com a sintomatologia apresentada pelo
paciente. Por exemplo, existem drogas que aliviam a constipação ou funcionam como laxantes,
enquanto outras apresentam actividade antidiarreica (RANG; DALE; RITTER, 2006). Existem
medicamentos utilizados para aumentar a motilidade, como a domperidona, a metoclopramida e
a cisaprida, ou diminuir a motilidade do intestino, assim como os opiáceos e os antagonistas dos
receptores muscarínicos. Os medicamentos que aumentam os movimentos incluem também os
purgativos, que aceleram a passagem do alimento através do intestino, e os agentes que
aumentam a motilidade da musculatura lisa intestinal sem causar purgação. As drogas usadas
actualmente no tratamento da diarreia, como antibióticos e opiáceos, têm suas limitações, devido
ao desenvolvimento de resistência bacteriana e ao aparecimento, por vezes, de constipação,
respectivamente. Desse modo, estudos vêm sendo realizados na tentativa de encontrar drogas que
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Nos últimos anos tem havido um movimento de retornos dos produtos naturais para usos
terapêutico, cosmético e alimentar. Alguns factores, por fazerem parte de um contexto cultural,
têm contribuído para este interesse crescente. Entre eles está a facilidade de acesso; efeitos
colaterais provocados pelos fármacos sintéticos; por serem a única fonte de medicamento
especialmente em lugares isolados; e por apresentarem moléculas potencialmente activas, uma
vez que já são conhecidos cerca de 50.000 metabólitos secundários isolados de plantas, muitos
deles ainda sem qualquer avaliação quanto ao seu potencial terapêutico (MONTANARI;
BOLZANI, 2001; OMENA, 2007). Outro factor de destaque na utilização crescente de produtos
à base de plantas medicinais é a vigente carência de recursos dos órgãos públicos de saúde e os
elevados preços dos medicamentos industrializados.
No entanto, pela facilidade de obtenção e pelo despreparo de quem as utiliza, são facilmente
observados casos de intoxicação com plantas medicinais (PARENTE; ROSA, 2001).
Questionamentos importantes relacionados às drogas vegetais são necessários para se saber que
parte da planta apresenta melhor resposta medicinal, qual o método popular de preparação e qual
a frequência e duração do tratamento (SCHMEDA-HIRSCHMANN; YESILADA, 2005). Estas
Informações podem ser obtidas pelos estudos etnofarmacológicos que resgatam uso tradicional
de plantas com fins medicinais. Segundo AGRA, FREITAS e BARBOSA-FILHOS (2007), as
informações oriundas de grupos étnicos ou indígenas, sobre a utilização de plantas com fins
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medicinais são importantes para a pesquisa e descoberta de novos produtos que venham a ser
utilizados como agentes terapêuticos.
2. 4. 1. P. barbatus
É uma planta medicinal de porte arbustivo, dotada de folhas largas, aveludadas ao toque, com
bordas denteadas nas folhas maiores (Figura 1), conhecida como “falso boldo”(LORENZI;
MATOS, 2002; LUKHOBA et al., 2006). Atinge 1- 1,5 metros de altura (COSTA;
NASCIMENTO, 2003), e é originária do nordeste da África (RICE et al., 2011). Pertence à
família Monimiaceae, compreendendo de 25 a 30 géneros e aproximadamente 300 espécies
(COSTA, 2010).
GRAYER et al. (2010) reportam que o género P. barbatus. Compreende numerosos flavonóides
em suas folhas, em sua maioria flavonóis, flavanonas e flavonas.
Dentre estes fenólicos reportados, estão flavonóis com agrupamentos metil-éter, além da
presença de hidroxilas e metoxilas. Alguns destes flavonóides já identificados são: quercetina e
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Em relação à toxicologia, o fato de ser uma planta profundamente enraizada na cultura popular,
onde seu consumo é bem descrito, tem levantado muitas questões acerca da segurança de seu
uso. Os primeiros estudos in vivo dos efeitos adversos de extractos etanólicos, metabólicos e
aquosos de P. barbatus, constataram indícios de acção abortiva, hepatotoxicidade,
nefrotoxicidade e carcinogenicidade. Tais levantamentos corroboram o uso popular desta planta
para interromper a gravidez e salientam o problema do consumo inadvertido de uma planta ainda
não padronizada em nenhuma farmacopeia de referência, a despeito de seu potencial
farmacológico (MENGUE et al., 2001; COSTA, 2002).
A espécie P.barbatus. possui uma composição química rica em flavonóides como apigenina,
crysoeriol, luteilina quercetina, salvigenina, taxifolina.
conferi-lhe uma acção eficaz no combate a infecção respiratória e otites (NOGURIRA, 2004). P.
amboinicus é utilizado no combate a cólera, nas doenças génito-urinarias, em dores e febres. O
extracto aquoso das partes áreas de P. amboinicus é usado popularmente como um antiepiléptico,
anticonvulsiva, antidiarréico e em doenças gástrica (CASTILLO; GONZALES, 1999)
Inicialmente, todas as cepas de E. coli que induzem diarreia foram nomeadas como E. coli
enteropatogênicas (EPEC). Estudos posteriores permitiram que as E. coli enteropatogênicas
fossem classificadas em diferentes grupos de acordo com seus mecanismos de infecção e
factores de virulência produzidos (KAPER, 1994). Os factores de virulência são proteínas de
adesão, de invasão, e proteínas tóxicas que caracterizam diversas manifestações clínicas, que vão
desde diarreias coleriformes e colites agudas até disenteria e morte (NATARO e KAPER, 1998;
CHEN e FRANKEL, 2004).
A diarréia causada por EPEC acomete, frequentemente, neonatos nas áreas endémicas, devido à
falta de uma resposta imune adquirida. Os principais factores de risco são a ausência do
aleitamento ao seio materno, o baixo peso ao nascer, desnutrição nos primeiros meses de vida, e
a residência em áreas de saneamento precário. Este último sugere que a água utilizada para
preparação dos alimentos seja a principal fonte de contaminação (FERNANDES e MEDINA-
ACOSTA, 2002; FERNANDES e MEDINA-ACOSTA, 2004).
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2.6.1. Doença
A Escherichia Coli é uma bactéria bacilar Gram-negativa, que juntamente com o
Staphylococcusaureus é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes do Homem.
A E. Coli pode habitar o intestino de forma natural e até colaborar com o funcionamento correcto
do trato digestivo, actuando no processo de absorção dos nutrientes. Porém, quando sai do
intestino e vai para outras partes do organismo humano, pode provocar as principais causas de
doenças:
Denominadas cepas uropáticas, estas são caracterizadas pela presença de pili com proteínas
adesivas, que possuem capacidade de ligação a receptores específicos do epitélio do trato
urinário, sendo os principais grupos de Escherichia Coli Patogénicos:
de metabólitos (SIMÕES et al., 2010), que por sua vez podem ser divididos em metabólitos
primários e metabólitos secundários (WAKSMUNDZKA-HAJNOS; SHERMA; KOWALSKA,
2008). De acordo com Simões et al., (2010) a teoria evolucionista descreve que todos os seres
vivos derivaram de um precursor comum, o que explica, por exemplo, porque as principais
macromoléculas (carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos) são essencialmente as
mesmas, quer num organismo vegetal ou animal. Por serem considerados essenciais à vida e
comuns aos seres vivos têm sido definidos como integrantes do metabolismo primário.
Metabolismo primário compreende as várias reacções químicas envolvidas na transformação de
moléculas de nutrientes nas unidades constitutivas essenciais da célula (WATSON, 1965),
reacções essas que encontram-se envolvidas na manutenção fundamental da sobrevivência e do
desenvolvimento celular (DIXON, 2001). Vegetais, microrganismos e, em menor escala animais,
entretanto, apresentam um metabolismo diferenciado (enzimas, coenzimas e organelos) capaz de
produzir, transformar e acumular outras substâncias não necessariamente relacionadas de forma
directa à manutenção da vida do organismo produtor. Nesse grupo, encontram-se substâncias
cuja produção e acumulação estão restritas a um número limitado de organismos, sendo a
bioquímica e o metabolismo específico, características únicas, funcionando como elementos de
diferenciação e especialização. A todo este conjunto metabólico costuma-se definir como
metabolismo secundário, cujos produtos, embora não necessariamente essenciais para o
organismo produtor, garantem vantagens para sua sobrevivência e para a perpetuação da espécie
em seu ecossistema (SIMÕES et al., 2010).
2.7.1. Flavonóides
Os Flavonóides constituem um grupo de pigmentos vegetais de ampla distribuição na natureza e
sua presença nos vegetais pode estar relacionada com funções de defesa e de atracção de
polinizadores (SIMÕES et al., 2010). Estes compostos apresentam uma estrutura química
difenilpropano (C6-C3-C6), que consiste de dois anéis aromáticos (A e B) unidos por um anel
heterocíclico oxigenado (C) (Figura 2). Substituições dos anéis A e B originam diferentes
compostos dentro de cada classe de flavonóides (HERTOG et al., 1993; PETERSON; DWYER,
1998; ANGELO; JORGE, 2007).
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Diversas funções são atribuídas aos flavonóides nas plantas. São importantes agentes de defesa
contra insectos e microrganismos fitopatológicos, como vírus, bactérias e fungos, actuando como
defensores naturais das plantas na forma de resposta química à invasão de patógenos
(ZUANAZZI, 2000; YAO-LAN et al., 2002), além de proteger os vegetais contra incidências de
raios ultravioletas e atrair animais com finalidade de polinização (SIMÕES et al., 2010).
2.7.2. Alcalóides
Os alcalóides são compostos orgânicos cíclicos que possuem pelo menos um átomo de
nitrogénio (N) em um estado de oxidação negativo e cuja distribuição é limitada entre os
organismos vivos. São compostos farmacologicamente activos e encontrados
predominantemente em angiospermas (HENRIQUES et al., 2002). Estes produtos naturais de
baixo peso molecular são derivados de aminoácidos aromáticos (triptofano, tirosina), os quais
são derivados do ácido chiquímico, e também de aminoácidos alifáticos como a ornitina e a
lisina (PERES, 2004), podendo ser classificados de acordo com o aminoácido precursor e sua
forma estrutural (DEWICK, 2002). Esses metabólitos são de grande interesse para os
pesquisadores, devido a heterogeneidade química do grupo, a distribuição restrita na natureza e
ao grande potencial bioactivo (ROBBERS et al., 1997).
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2.7.3. Taninos
São compostos fenólicos, com aspecto adstringente que estão presentes em uma série de plantas
com a função de protegê-la contra os fungos e ou bactérias segundo ROBBERS, SPEEDIE e
TYLER (1997). Este aspecto adstringente, inclusive em tecidos vivos é sua principal aplicação
terapêutica. Essa capacidade é bastante apreciada no que tange plantas medicinais. Isso se deve à
retracção que causa no tecido que sofreu a injúria e a precipitação natural de proteínas cria uma
espécie de filme protector que favorece o processo de cicatrização (CETEC, 2007). Os taninos
são substâncias de bastante ocorrência no reino vegetal, pois se encontram taninos em quase
todas as famílias. Eles precipitam proteínas e são capazes de se complexar com elas (ROBBERS;
SPEEDIE; TYLER, 1997).
2.7.4. Saponinas
Saponinas são glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíclicos. Esse tipo de estrutura, que
possui uma parte com características lipofílicas (triterpenos ou esteróide) e outra parte hidrófilica
(açúcares), determina a propriedade de redução da tensão superficial da água e suas acções
detergentes e emulsificante. (MELLO & SANTOS, 2001). As saponinas em solução aquosa
formam espuma persistente e abundante. Essa natividade provém, como nos outros detergentes,
do fato de apresentarem na sua estrutura, como já referido, uma parte lipofílicas, denominada
aglicona ou saponina e uma parte hidrófilica constituída por um ou mais açúcares. A espuma
formada é estável pela acção de ácidos minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos sabões
comuns. Essa propriedade é a mais característica desse grupo de compostos, da qual deriva o seu
nome (do latim sapone = sabão).
Realizou-se por meio de conversas informais, abordando qual o nome popular, nome científico,
actividade farmacológica, parte usada, formas de preparação dos remédios, dosagem e vias de
administração, duração do tratamento e efeitos colaterais.
O motivo do estudo se da por meio de uma conversa informal e não por aplicação de
questionários é justificado pela própria pesquisa científica que tem relatado a dificuldade de
obter informações de tais curandeiros, principalmente por medo da parte dos mesmos de
fornecerem informações que podem proibir ou dificultar esta prática, principalmente por falta de
parâmetros científicos.
3.2.2.Preparação do extracto
A extracção foi feita por maceração em mistura hidroetanólica (70% EtOH), na proporção de 1g
de droga vegetal seca para 10mL do solvente extractor durante cinco dias a temperaturas
ambientes sob agitação diarreia. A mistura foi filtrada usando o algodão seco seguido de papel de
filtro. Para a determinação do resíduo seco, foi feita uma medição do extracto fluido (1mL) em
cadinhos de porcelana previamente tarados na balança analítica, e foram seguidamente colocadas
na estufa a 80˚C durante 1:30minutos, foi resfriado e pesado. Vede no apêndice 3.
A percentagem do resíduo seco foi determinada de acordo com a seguinte fórmula:
O extracto foi seco em estufa com circulação ar a 80˚C. O extracto seco obtido foi conservado
em recipiente opaco com tampa, devidamente identificada e selada, protegido da luz e da
humidade, a temperaturas ambientes, para minimizar possíveis mudanças no material, como
aglomeração causada pela absorção de água e oxidação. Vede no apêndice 6.
34
a) Identificação de alcalóides
Adicionou-se 1ml do extracto alcoólico em 1ml de solução de HCl à 5%, e adicionou-se
3 a 5 gotas do reactivo de bouchardat (solução de iodo). A presença de um precipitado
laranja avermelhado, indicava a presença de alcalóides
b) Identificação de flavonóides
Adicionou-se 5ml do extracto hidroalcóolico num tubo de ensaio e em seguida adicionou-
se 1ml de NaOH à 5%. A coloração amarela da solução confirmava a existência de
flavonóides. (Viana, Santana e Moura, 2012)
Adicionou-se 2mL de água destilada num tudo de ensaio contendo 0,5mL de extracto
etanóico em seguida adicionou-se pela parede do tubo de ensaio uma gota de cloreto
férrico a 20%. Nesta reacção, a presença de cor que varia entre verde, amarelo castanho e
violeta, indica a presença de flavonóides.
c) Identificação de taninos
Adicionou-se num tubo de ensaio 1mLde extracto etanólico na proporção 1:2 em seguida
adicionou-se 2 gotas de cloreto de ferro III. Nesta reacção, a formação de um precipitado
castanho avermelhado e denso indicava a presença de taninos.
d) Identificação de saponinas
Adicionou-se 2mL do extracto etanólico num tubo de ensaio, em seguida adicionou-se
5mL de água destilada, agitou-se vagarosamente por 2 a 3 minutos e deixou-se em
repouso por 20 minutos. A existência de espuma persistente e abundante indica a
presença de saponinas.
Preparou-se a solução estoque de padrão rutina (400 µg/ml) em metanol, que foi diluída em
etanol (70%) para 50, 75, 100, 125, 150, 175 e 200 µg/ml. Usou-se como reagente a solução
35
Preparou-se a solução do extracto (4g/ml) em etanol (70%), que foi diluída 1mL da solução do
extracto em 10mL de álcool por 4 vezes. Usou-se a solução de cloreto de ferro III como
reagente. O branco foi o etanol 70%. Após 20 min da reacção as leituras foram realizadas no
espectrofotómetro UV/VIS a 415 nm. A análise foi realizadas em triplicata.
Preparou-se a solução metanólica de catequina (1000 µg/ml), que foi diluída em metanol para
20, 30, 40, 50, 60 e 70 µg/ml. Usou-se a mistura de vanilina (4%) e ácido clorídrico (37%) como
reagente. Aferiu-se o volume de todas as amostras com o metanol. O branco foi composto pela
solução Vanilina/HCl e MeOH. As leituras foram realizadas no espectrofotómetro UV/VIS –
KASUAKI (Leitor de microplacas) a 500 nm após 20 min de reacção. Todas as análises foram
realizadas em triplicata e a curva padrão foi estabelecida com a média de dados de três gráficos
nas concentrações estabelecidas.
b) Solução extractiva
Preparou-se a solução do extracto (4g/ml) em etanol (70%), que foi diluída 1mL da solução do
extracto em 10mL de álcool por 4 vezes. Usou-se a solução de ácido clorídrico como reagente. O
branco foi o etanol 70%. Após 20 min da reacção as leituras foram realizadas no
espectrofotómetro UV/VIS a 500 nm. A análise foi realizadas em triplicata.
Preparou-se a solução estoque de padrão Boldina (400 µg/ml) em metanol, que foi diluída em
36
etanol (70%) para 40, 80, 120, 160, 200, 240 e 280 µg/ml. Usou-se como reagente a solução
etanóica de cloreto de Ferro-III hexahidratado (2%). Aferiu-se o volume de todas as amostras
com a solução de etanol (70%). O branco foi composto pela solução de cloreto de alumínio e
etanol. As leituras foram realizadas no espectrofotómetro UV/VIS – KASUAKI (Leitor de
microplacas) a 366 nm após 20 min de reacção. Todas as análises foram realizadas em triplicata
e a curva padrão foi estabelecida com a média de dados de três gráficos nas concentrações
estabelecidas.
3.3.Análise Antimicrobiana
a) Cultura de microrganismos
A cultura de microrganismos em estudo foi realizada no Laboratório de Microbiologia do
Hospital Central de Nampula, assim como a avaliação in vitro de hallos de inibição e
percentagem de letalidade. A estirpe Escherichia coli foi cultivada no meio agar MacConkey e
incubados durante 1 dia.
b)Teste de sensibilidade dos microrganismos ao extracto
Foi usada a técnica do disco difusão, para testar a sensibilidade dos microrganismos em estudos
frente ao extracto etanólicos (70%) das folhas de P. barbatus. As amostras do extracto (P. 200,
300, 400 e 500 mg/ml), foi inoculado num disco e introduzidos em placas que contendo os
microrganismos cultivados, durante 1 dia. Posteriormente, mediu-se os halos de inibição e
calculou-se a percentagem dos microorganismos mortos. A concentração inibitória mínima
(CIM) foi determinada através da menor concentração dos extractos que inibirá completamente o
crescimento bacteriano.
A viabilidade das bactérias foi avaliada com o corante azul de trépano, e a contagem que
permitiu o cálculo de percentagem de letalidade foi feita através do microscópio óptico. A
concentração inibitória mínima (CIM) foi determinada através da menor concentração que inibe
completamente o crescimento bacteriano.
37
Das plantas mencionadas, foram seleccionadas 10, sendo que a principal indicação ligada a
problema de diarreia, havendo ainda distinção entre o sintoma e a doença, sendo referenciado
como “bom para curar a dor de diarreia” e “bom para cura de doenças microbianas”.
No quadro abaixo, mostra-se 10 plantas, resultado do levantamento feito das plantas medicinais
com actividade de cura de diarreia mais indicadas pelos curandeiros de Rapale, enfatizando a
finalidade terapêutica, como o nome popular, nome científico, actividade farmacológica, parte
usada, formas de preparação dos remédios, dosagem e vias de administração, duração do
tratamento e efeitos colaterais (tabela 1).
38
Nome popular Nome Actividade Parte Formas de Dosagem e Duração Efeitos Referenci
científico farmacológic usad preparaçã vias de do colaterai a
a a o do administraçã tratament s
remédio o o
Elio (província de Aloe vera Antidiarréica Raiz Infusão Uma rolha 24h Não tem C1
Nampula) (rolha de
refrigerante
frozzy)-
ingestão
Nampula) ingestão
Impapaia Carica papaya Antidiarréica Folha Infusão Depende da 2 dias Não tem C2
idade-
(província de
ingestão
Nampula)
Evico Seneciolividus Antidiarréica Raiz Infusão Uma rolha 3 dias Não tem C3
L. (rolha de
(província de
refrigerante
Nampula)
frozzy)-
ingestão
Impuri Pisumsativum Antidiarréica Folha Infusão Um copo Não tem Não tem C5
(catorzinha) – tempo
(província de
ingestão determinad
Nampula)
40
Ecole Cocos malífera Antidiarréica Folha Infusão Um copo Não tem Não tem C6
(catorzinha) – tempo
(província de
ingestão determinad
Nampula)
o
Legenda:
C1- curandeiro 1;C2- curandeiro 2;C3- curandeiro 3;C4- curandeiro 4;C5- curandeiro 5;C6- curandeiro 6
41
4.2.Rendimento de extracção
Efectuaram – se extracções do material vegetal (folhas de P. barbatus) pelo método de
maceração, usando solventes como etanol a 70%. Empregaram-se tempos de 7 dias na extracção
por maceração, para conseguir o esgotamento do material vegetal.
No extracto preparado a partir das folhas de P. barbatus, verificou-se um rendimento percentual
de (2,495%) para o extracto etanólico obtido por maceração (vide Tabela 2).
Para que haja o maior rendimento percentual de um extracto depende do método de extracção.
Fazendo comparação entre os métodos Soxhlet e o método de maceração a que referenciar que o
método de Soxhlet é contínuo, podendo o tempo de extracção variar de 1 a 72 horas e permite
extracção de compostos com maior peso molecular num curto período de tempo. Neste processo,
o solvente extrai o material orgânico retido na amostra (MIGUEL et al., 1989).
A maceração é mais lenta, exaustiva e além de requerer um tempo relativamente longo (2 a 14
dias de extracção) dependendo do material, não consegue extrair todos compostos presentes nas
plantas (MIGUEL et al., 1989).
Os resultados obtidos vão ainda de acordo com os relatados por SOUSA et al., (2008) num
estudo feito para caracterização fitoquímica das partes aéreas de V. polyanthes onde foram
detectados; ácidos gordos, alcalóides, cumarinas, esteróides e/ou triterpenos, glicosídeos
antraquinónicos, glicosídeos flavónicos, glicosídeos saponínicos e taninos hidrolisáveis.
43
Uma triagem fitoquímica do extracto etanólico das folhas de V. polyanthesfeita por ALVES et al.
(2012) indicou a presença de flavonóides, taninos, cumarinas, terpenóides, esteróides, saponinas
e alcalóides. Neste estudo não foi detectada a presença de flavonóides em todos os extractos
preparados. Tal ausência pode ser atribuída à presença desta classe de substâncias, em pequenas
quantidades não detectáveis pelos métodos usados.
Segundo SOUSA et al. (2008) a presença de metabólitos secundários nas plantas está
relacionada com várias funções ecológicas, entre elas: defesa contra ataques de herbívoros e de
patógenos; atractivo (odor, cor e sabor) para animais polinizadores, microrganismos simbióticos,
função estrutural e protecção contra stresses bióticos (radiação solar, mudança de temperatura,
deficiência de nutrientes minerais) entre outras funções.
Com base nos resultados apresentados na tabela 6 comprovou-se que P. barbatus sintetiza
metabólitos secundários responsáveis pelas diversas acções biológicas, com maior ênfase para
cura da diarreia
Para determinar a concentração de flavonóides presentes nos extractos das folhas de P. barbatus,
foi feita uma curva de calibração com as concentrações conhecidas de rutina. Os valores das
concentrações e absorvências da curva de calibração estão apresentados na figura 8.
45
Os valores das concentrações de taninos totais, após a leitura espectrofotometria dos extractos
etanóico da amostra dos extractos das folhas de P. barbatus, estão apresentados na tabela 3. Os
cálculos foram efectuados utilizando a equação resultante da curva de calibração com o padrão
catequina e os resultados foram expressos em/g equivalentes de catequina por mililitro
(g/mL).
47
AMOSTRA Absorvências
Não foram encontrados dados na literatura quanto ao teor de alcalóides, flavonóides e taninos
presentes nos extractos das folhas de P. barbatus. Os únicos dados encontrados na literatura
quanto ao teor de metabólitos secundários são de uma espécie do mesmo género V. polyanthes
que não se observou nada nos cromatogramas, tanto a UV 366 nm como com DRG a luz visível
(SANTIAGO, 2007).
Análise esta que pode servir de base para estudos futuros que busquem novas fontes naturais de
compostos com esta propriedade. Que não esta vetado ou merece de avaliação pelo mesmo
método ou por um outro método.
4.5.Actividade antimicrobiana
O teste da actividade antimicrobiana realizado usando método de difusão em disco apresentou os
resultados apresentados nas tabelas 6.
Concertação (mg/mL)
Extracto 100 200 200 300 300 400 400 500 500 Padrão (50
mg/mL)
Media 52,33 52,33 65 65 64,67 64,67 61
30,33 44,66 44,66
Este estudo revelou que os extractos das folhas de P. barbatus, apresentaram maior efeito
antibacteriano na bactéria (E. coli.), foi calculada as médias das triplicadas em cada concentração
para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) em todas as concentrações
testadas, onde foi encontrada a concentração mínima inibitória nas concentrações de 300 mg/mL
que foi de 52,33%. Sendo que nas concentrações de 400mg/mL de 65% e 500 mg/mL de
64,67%. A fraca actividade do extracto frente as concentrações de 100mg/mL a 200mg/mL pode
estar associada à composição da parede destas bactérias, a qual tem uma camada fina de
peptidoglicanas e possui também uma segunda membrana lipoprotéica com lipopolissacarìdeos
diferenciados dos presentes na membrana das bactérias E. coli. Possivelmente, essas
propriedades conferem a esse grupo de bactérias uma capacidade de limitar a sua permeabilidade
frente a substâncias estranhas exógenas, incluindo as substâncias contidas nos extractos das
folhas de P. barbatus, e desse modo, maior resistência ao efeito nocivo dos antibióticos
(ENOCH et al., 2007).
51
Ao contrário das bactérias E. coli, as bactérias Gram+ são mais sensíveis a vários antibióticos
sintéticos e extractos de plantas, visto que estes tipos de bactérias têm em sua parede, uma grossa
camada de peptideoglicanas que permitem uma boa permeabilidade e absorção dos antibióticos
pelas paredes das bactérias (ENOCH et al., 2007)
7.1.Conclusões
Conclui-se que as plantas usadas para a cura da diarreia no distrito de Rapale, posto
administrativo de Namaita são: P. barbatus, Aloe vera, Moringa Oleifera, Momórdica
balsamina, Carica papaya, Seneciolividus L., Corylusavelhana L, Pyruscommunis,
Pisumsativum, Cocos malífera, e que o extracto etanólico de uma das plantas (P. barbatus)
possui alguns princípios activos antibacteriano como: (taninos, saponinas, flavonóides e
alcalóides) e uma boa actividade antimicrobiana.
53
7.2.Recomendações
Dados os resultados bastante positivos e o potencial da P. barbatus, como agente terapêutico
alternativo para diversas enfermidades humanas e animais, recomenda-se a realização de estudos
adicionais para isolamento e caracterização dos fitoconstituintes da planta e determinação da
actividade farmacológica de cada classe de molécula ou de combinações de diversas moléculas,
contribuindo dessa forma para a preparação de novos fármacos.
Recomenda-se ainda a realização dum estudo de toxicidade da planta, com vista a definir as
doses seguras para uso tanto em animais como nos seres humanos, particularmente para
tratamento de diarreia.
54
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58
Apêndices
59
Apêndice 1.
Apêndice 2.
Apêndice 3.
Apêndice 4.
Apêndice 5.
Apêndice 6.
Apêndice7.
Apêndice 8.