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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA VETERINÁRIA ................................. 5

3 ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA ....... 6

4 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NA ANTIBIOTICOTERAPIA ..... 7

4.1 Classificação geral quanto aos mecanismos de ação .......................... 7

4.2 β-Lactâmicos (Penicilinas e Cefalosporinas) ........................................ 8

4.3 Aminoglicosídeos ................................................................................. 9

4.4 Polimixinas ......................................................................................... 10

4.5 Bacitracina.......................................................................................... 10

4.6 Vancomicina ....................................................................................... 10

4.7 Tetraciclinas ....................................................................................... 10

4.8 Cloranfenicol e análogos .................................................................... 11

4.9 Macrolídeos e Lincosamidas .............................................................. 11

4.10 Classificação dos antimicrobianos .................................................. 12

4.11 Fatores que determinam a sensibilidade dos microrganismos ........ 12

4.12 Resistência aos agentes antimicrobianos ....................................... 13

5 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NO QUIMIOTERÁPICOS ....... 14

5.1 Sulfas ................................................................................................. 14

5.2 Quinolonas ......................................................................................... 15

5.3 Derivados do Nitrofurano.................................................................... 16

5.4 Mecanismo de ação e espectro antimicrobiano ................................. 16

6 FARMACOLÓGICAS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS


18

6.1 Histórico dos AINEs............................................................................ 19

6.2 Mecanismo de Ação ........................................................................... 19

1
6.3 Farmacogenética dos AINEs .............................................................. 20

7 SINÉRGICOS, ANTAGONISTAS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS


...................................................................................................................20

7.1 Sinérgicos........................................................................................... 21

7.2 Antagonistas....................................................................................... 21

7.3 Interações medicamentosas adversas................................................ 21

8 ANTIPARASITÁRIOS ............................................................................... 22

8.1 Importância das infestações parasitárias ............................................ 22

8.2 Papel das drogas antiparasitárias ....................................................... 22

8.3 Propriedades desejáveis em um antiparasitário ................................. 23

8.4 Vias de administração ........................................................................ 23

8.5 Fatores gerais relacionados ao hospedeiro e ao parasita ................... 24

9 DROGAS CONTRA NEMATÓIDES .......................................................... 24

9.1 Benzimidazóis .................................................................................... 25

9.2 Mecanismos de ação/espectro antiparasitário .................................... 25

9.3 Farmacocinética ................................................................................. 25

9.4 Toxicidade / contraindicações ............................................................. 26

9.5 Algumas particularidades individuais .................................................. 26

9.6 Apresentações comerciais .................................................................. 27

10 DROGAS CONTRA CESTÓIDES .......................................................... 28

10.1 Niclosamida..................................................................................... 28

10.2 Praziquantel .................................................................................... 28

10.3 Nitroscanato .................................................................................... 29

10.4 Benzimidazóis ................................................................................. 29

11 DROGAS CONTRA TREMATÓDEOS ................................................... 30

11.1 Nitroxinil .......................................................................................... 30

11.2 Rafoxanida ...................................................................................... 30

2
12 DROGAS CONTRA PROTOZOÁRIOS.................................................. 31

12.1 Protozoários entéricos .................................................................... 31

12.2 Metronidazol.................................................................................... 31

12.3 Pirimetamina ................................................................................... 31

12.4 Amprólio .......................................................................................... 32

13 ONCOLOGIA VETERINÁRIA ................................................................ 32

13.1 Biologia do câncer........................................................................... 33

13.2 Quimioterapia .................................................................................. 33

13.3 Imunoterapia ................................................................................... 35

13.4 Radioterapia .................................................................................... 37

14 ONCOLOGIA VETERINÁRIA ................................................................ 39

14.1 Desencadeadores de tumores em animais ..................................... 40

14.2 Sintomas do câncer em cães e gatos ............................................. 40

14.3 Principais tipos de câncer em pets .................................................. 41

14.4 Diagnóstico e tratamento do câncer em cães e gatos .................... 41

15 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 43

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA VETERINÁRIA

Fonte: www.ibo3a.com.br

O Brasil atualmente possui 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos, de


acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, e é o 5º maior mercado pet do mundo
(SOUZA JÚNIOR et al., 2016, apud ZIELKE, 2018, p. 30). Devido à grande
proximidade dos animais de companhia com o ser humano e o papel que o pet
desempenha no círculo familiar, ele está sujeito ao mesmo tratamento que os
humanos (humanização), sendo submetido à prática da automedicação sem
orientação profissional, o que configura uma das mais relevantes causas de
intoxicações medicamentosas em cães e gatos (ANDRADE; NOGUEIRA, 2011;
BISCHOFF; MUKAI, 2012; XAVIER et al., 2008, apud ZIELKE, 2018, p. 30).
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a automedicação é
caracterizada pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou
produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de
doenças ou alívio de sintomas, sem a orientação de um profissional de saúde
qualificado (ANVISA, 2007, apud ZIELKE, 2018, p. 30)
A farmacologia inclui o conhecimento da história, origem, propriedades físico-
químicas, composição, absorção, distribuição, mecanismo de ação.

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Terapêutica significa o tratamento para uma determinada doença pela
medicina tradicional, ou através de terapia complementar ou alternativa.
Não existe um medicamento isolado que seja suficiente para atender a todas
as necessidades terapêuticas. É irracional que se trate uma infecção viral com
medicamentos antibacterianos ou infecção bacteriana com medicamentos
antiparasitários. Contudo, os princípios da seleção e o uso dos antibióticos são
similares independentemente do agente infeccioso (BRUMBAUGH, 1987, apud
SANTOS et al, 2008, p. 3)

3 ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA

Os agentes antimicrobianos são, de acordo com sua origem, classificados


como antibióticos e quimioterápicos. Os antibióticos são substâncias produzidas por
diversas espécies de microrganismos, como bactérias, fungos e actinomicetos, ao
passo que quimioterápicos são drogas sintéticas. Atualmente, entretanto, há uma
tendência a chamar todos os antimicrobianos de antibióticos.
A antibioticoterapia veterinária tem-se desenvolvido bastante com o decorrer
do tempo.
Em tempos nos quais acompanhamos o surgimento de bactérias super-
resistentes, e de antibióticos ainda mais potentes, torna-se evidente a necessidade de
reavaliarmos a antibioticoterapia veterinária para que possamos aumentar a vida útil
dos antibióticos de uso corrente.
Muitas vezes, a falta de conhecimento técnico, com relação aos mecanismos
de ação de cada base, seu espectro de ação, seus efeitos tóxicos, principais
indicações e informações sobre resistência cruzada com outros antibióticos, aliado à
insuficiência de arsenal terapêutico específico da linha Veterinária e à falta de
recursos laboratoriais, fazem com que boa parte dos Clínicos Veterinários utilizem, de
forma indiscriminada em suas terapias, potentes antibióticos de amplo espectro de
ação, os quais deveriam ter seu uso restrito como alternativa terapêutica. O resultado
desta conduta é uma maior pressão de seleção sobre os microrganismos, forçando o
surgimento de microrganismos resistentes. Extrapolando, a proximidade da
convivência entre animais de estimação e o ser humano, provavelmente contribui para
que estes microrganismos alcancem o ser humano, criando dificuldades terapêuticas

6
médicas, uma vez que o arsenal terapêutico da medicina humana é, na maior parte
das vezes, compartilhado com a Medicina Veterinária.
Na hora de escolher o protocolo terapêutico adequado deve-se ter
conhecimento do tipo de infecção que acomete o animal (vírus, bactérias, fungos),
saber sua toxicidade, resistência e espectro de ação. (JONES et al. 1983; BLOOD et
al. 2002, apud SANTOS et al, 2008, p. 3).

4 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NA ANTIBIOTICOTERAPIA

Fonte: www.greenme.com.br

4.1 Classificação geral quanto aos mecanismos de ação

Agentes que inibem a síntese da parede celular bacteriana: Antibióticos


betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), bacitracina, vancomicina e antifúngicos
imidazólicos (miconazol, cetoconazol e clotrimazol);
Agentes que atuam sobre a membrana celular da bactéria, alterando sua
permeabilidade: Polimixinas e antifúngicos politênicos (nistatina e anfotericina B);
Agentes que atuam nas subunidades ribossômicas 30S ou 50S, causando
inibição da síntese proteica e atuando como bacteriostáticos: cloranfenicol,
tetraciclinas, macrolídeos (eritromicina, tilosina, azitromicina e outros) e lincosamidas
(clindamicina e lincomicina);

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Agentes que atuam nas subunidades ribossômicas 30S, causando inibição da
síntese proteica e atuando como bactericidas: Aminoglicosídeos (estreptomicina,
neomicina, amicacina e outros);
Agentes que afetam o metabolismo dos ácidos nucléicos: Rifamicinas e
quinolonas;
Antimetabólitos: Sulfonamidas e trimetoprim;
Análogos dos ácidos nucléicos: Agentes antivirais (zidovudina, ganciclovir,
vidarabina e aciclovir).

4.2 β-Lactâmicos (Penicilinas e Cefalosporinas)

São antibióticos bactericidas que atuam impedindo a síntese da parede celular


bacteriana ao atuarem na transpeptidação. É importante ressaltar que estes
antibióticos não têm qualquer efeito sobre a parede celular já formada, portanto, a
condição essencial para a sua utilização é de que os microrganismos estejam se
multiplicando (fase de crescimento logarítmico).

- Penicilinas
As penicilinas podem ser consideradas como antibióticos muito pouco tóxicos,
uma vez que atuam em uma estrutura que não existe nas células dos animais.
Entretanto, podem ocorrer reações alérgicas, embora sejam muito mais comuns na
espécie humana. Estas reações manifestam-se como reações cutâneas sem
nenhuma gravidade, mas podendo chegar até mesmo ao choque anafilático. As
reações alérgicas ocorrem com mais frequência com as penicilinas naturais que com
as sintéticas. Estas reações são raras na Medicina Veterinária, não sendo usual o
teste para reação alérgica a este antibiótico, nas espécies animais.
As penicilinas se distribuem por vários tecidos tendo dificuldade para atravessar
a barreira cérebro-sangue íntegra. Não são biotransformadas pelo organismo, sendo
eliminadas pelos rins.
Seu espectro de ação é variável conforme a base utilizada. Este espectro de
ação aumenta conforme a geração da base (penicilinas de segunda geração, como a
ampicilina, apresentam espectro de ação maior que as penicilinas de primeira geração
e assim por diante).

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- Cefalosporinas
Com aplicação limitada em Veterinária, em parte devido ao seu alto custo, estes
antibióticos apresentam características farmacocinéticas semelhantes àquelas das
penicilinas. São considerados antibióticos pouco tóxicos, embora a experiência clínica
em animais seja pequena.

4.3 Aminoglicosídeos

Esta classe de antibióticos agrupa a estreptomicina, neomicina, paramomicina,


canamicina, espectinomicina, gentamicina, sisomicina, ribostamicina, entre outros.
São antibióticos com espectro de ação relativamente curto, com atividade
predominantemente sobre microorganismos Gram-negativos. Por este motivo, é
comum encontrarmos preparações comerciais que associam estes antimicrobianos a
penicilinas naturais. Os aminoglicosídeos mais modernos têm espectro de ação maior,
inclusive atuando sobre Pseudomonas aeruginosa.
Estes antibióticos interferem na síntese protéica bacteriana promovendo a
formação de proteínas defeituosas.
Todos os aminoglicosídeos causam, em maior ou menor grau, ototoxicidade e
nefrotoxicidade. A administração de aminoglicosídeos pode causar bloqueio
neuromuscular de intensidade variável. Pode ocorrer apnéia após injeção intravenosa
rápida, ou quando há uso concomitante de bloqueadores neuromusculares ou de
alguns anestésicos.
Os aminoglicosídeos mais modernos (trombamicina, netilmicina) possuem
maior índice terapêutico, diminuindo os riscos de ototoxicidade e nefrotoxicidade. Por
outro lado, a toxicidade da neomicina é grande, fazendo com que seu uso se restrinja
a infecções entéricas (uma vez que não é absorvida), ou aplicações tópicas.
Estes antibióticos não são biotransformados no organismo, ligam-se pouco às
proteínas plasmáticas e são eliminados pelos rins através de filtração glomerular.

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4.4 Polimixinas

De uso terapêutico, encontram-se disponíveis as Polimixinas B e E (também


chamada colistina). A polimixina B tem maior atividade antimicrobiana. São
antibióticos bactericidas que interferem na seletividade da membrana plasmática
bacteriana. Apresentam espectro de ação relativamente curto, atuando
preferencialmente sobre bacilos entéricos Gram-negativos. Todas as bactérias Gram-
positvas são resistentes às polimixinas. Ligam-se moderadamente às proteínas
plasmáticas e sua distribuição no organismo é pobre.
A administração sistêmica das poilimixinas pode causar nefrotoxicidade,
neurotoxicidade e bloqueio muscular. A polimixina E (colistina) é menos tóxica que a
polimixina B.

4.5 Bacitracina

Devido à sua nefrotoxicidade, seu uso limita-se a aplicações tópicas.

4.6 Vancomicina

Atua sobre cocos Gram-positivos. A resistência à vancomicina é rara. Esta


droga é eliminada de forma ativa pelos rins, não é absorvida pelo organismo por via
oral, mas é ativa na luz intestinal. Pouco se sabe sobre os efeitos tóxicos da
vancomicina nos animais. Na espécie humana, seus efeitos tóxicos incluem irritação
tecidual, tromboflebite, nefrotoxicidade e neurotoxicidade com o uso de altas doses
ou em pacientes com insuficiência renal.

4.7 Tetraciclinas

Classificados como antibióticos de largo espectro de ação, as tetraciclinas


atuam sobre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, clamídias, riquétsias e sobre
alguns protozoários. Elas inibem a síntese proteica dos organismos sensíveis,
ligando-se aos ribossomas. São antibióticos bacteriostáticos.
Ganhou importância recentemente o surgimento de resistência às tetraciclinas
medida por plasmídeos. A injeção intramuscular provoca dor. A presença de alimentos
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no trato digestivo prejudica a absorção das tetraciclinas, exceto da minociclina e
dadoxiciclina. Pelo fato de ligarem-se ao cálcio, podem provocar efeitos
cardiovasculares (arritmias) além de deposição no tecido ósseo e dentes. Por este
motivo, fica contraindicada sua utilização em animais jovens e fêmeas prenhes, visto
que esta droga atravessa a barreira placentária podendo provocar deformidades
ósseas fetais. São efeitos tóxicos comuns com o uso das tetraciclinas, náuseas,
vômitos e diarreia. Quando administradas por via oral, alteração da microflora
intestinal (parte da droga é eliminada pelas fezes), e efeitos tóxicos em células
hepáticas e renais. Os danos renais são especialmente verificados com a utilização
de tatraciclinas com prazo de validade vencido.

4.8 Cloranfenicol e análogos

São antibióticos de largo espectro de ação que agem inibindo a síntese proteica
dos microrganismos sensíveis. A resistência bacteriana á mediada por plasmídeos.
Há resistência cruzada entre o cloranfenicol e outros antibióticos, como os
macrolídeos e as lincosamidas. Estas drogas são metabolizadas no fígado e
eliminadas em conjugação com o ácido glicurônico, sendo que parte dela é eliminada
intacta pela urina, através de filtração glomerular (10% em cães e 20% em gatos).
Manifestações digestivas como vômitos e diarreia assim como reações alérgicas são
ocasionalmente descritas em cães e gatos.

4.9 Macrolídeos e Lincosamidas

De espectro de ação intermediário, agem inibindo a síntese proteica bacteriana.


A resistência cromossômica desenvolve-se facilmente. A resistência por plasmídeos
também ocorre e é mais estável. São biotransformados pelo fígado e parcialmente
eliminados pelos rins.
Mesmo administrados por via parenteral, podem ser eliminados de forma ativa
pela bile e reabsorvidos pela circulação portal. Os macrolídeos podem provocar
reações teciduais quando da administração intramuscular, intravenosa ou
intramamária. Distúrbios gastrointestinais ocorrem na maioria dos animais que

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recebem estes antibióticos (macrolídeos). Em cães e gatos as lincosamidas são pouco
tóxicas, ocorrendo raramente vômitos e diarreias.

4.10 Classificação dos antimicrobianos

Os antimicrobianos podem ser classificados de várias maneiras, considerando


seu espectro de ação, o tipo de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual
pertencem e o mecanismo de ação.

VARIÁVEL CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO


Antifúngicos Anfotericina B
Anaerobicidas Metronidazol
ESPECTRO DE
Gram-positivos Oxacilina
AÇÃO
Gram-negativos Aminoglicosídeo
Amplo espectro Ceftriaxona
ATIVIDADE Bactericida Quinolona
ANTIBACTERIANA Bacteriostático Macrolídeo
Aminoácidos Betalactâmico
Açúcares Aminoglicosídeo
GRUPO QUÍMICO
Acetatos/propionatos Tetraciclina
Quimioterápicos Sulfa
Síntese da parede
Beta-lactâmico
celular
MECANISMO DE Permeabilidade de
Anfotericina B
AÇÃO membrana
Síntese protéica Aminoglicosídeo
Ácidos nucléicos Quinolona
Fonte: www.fmt.am.gov.br

4.11 Fatores que determinam a sensibilidade dos microrganismos

O resultado terapêutico da administração de antibióticos é variável e dependem


principalmente da obtenção de uma concentração adequada da droga no local da
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infecção, defesas íntegras do hospedeiro (sobretudo quando se usa substâncias
bacteriostáticas) e sensibilidade do microrganismo.
Testes in vitro de sensibilidade são realizados utilizando-se uma concentração
padrão da droga; como todas as substâncias apresentam concentrações variáveis nas
diversas áreas do corpo pode haver resultados diferentes in vivo. Uma determinada
droga testada e classificada como “sensível” pode não atuar satisfatoriamente em
infecções de certas áreas onde sua concentração é menor como, por exemplo, líquido
cefalorraquidiano e humor aquoso. De maneira inversa, microrganismos considerados
resistentes podem responder satisfatoriamente a certa droga em áreas onde a
concentração da mesma é maior (p. ex. urina).

4.12 Resistência aos agentes antimicrobianos

A resistência bacteriana se deve a fatores diversos como, por exemplo,


inativação do fármaco por enzimas e modificações em seus receptores na célula. De
maneira geral, o aparecimento destes fatores se deve aos seguintes fatores:
Mutações: A seleção de cepas mutantes resistentes à droga é o principal
mecanismo de resistência das micobacterioses à estreptomicina, rifampicina e outros
tuberculostáticos;
Transdução: Transferência de resistência através de um vírus bacteriófago
que carrega consigo material genético de uma bactéria resistente à determinada
droga. Este material genético é constituído de plasmídeos (fragmentos de DNA extra
cromossômicos capazes de replicação autônoma) e é o principal meio de
transferência de resistência entre Staphylococcus aureus à penicilina, eritromicina,
cloranfenicol e tetraciclinas;
Transformação: Consiste na incorporação de DNA livre pela bactéria, havendo
desta maneira a transferência de material genético. É a base molecular da resistência
(rara) dos Pneumococos às penicilinas;
Conjugação: É a passagem de plasmídeos de uma célula à outra, através de
contato direto por uma fímbria ou ponte sexual. É o principal mecanismo de resistência
de várias bactérias, incluindo-se a maioria dos bacilos Gram-negativos. Pode haver a
participação de bactérias da flora saprófita no processo.

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5 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NO QUIMIOTERÁPICOS

Fonte: puppyshow.com.br

5.1 Sulfas

São antibióticos de amplo espectro de ação, efetivos contra bactérias Gram-


positivas e algumas Gram-negativas, como Enterobacteriacceae. Tem ainda ação
contra Toxoplasma SP e alguns protozoários, como Coccidia.
Na década de 70, foi descoberto trimetoprim. Esta substância, associada à uma
sulfa potencializa a ação antimicrobiana desta última.
As sulfonamidas, quando administradas em concentrações terapêuticas, são
bactericidas. Mas nestas concentrações, podem causar graves reações adversas ao
hospedeiro.
Enquanto as sulfas agem como um antimetabólito impedindo a formação do
ácido diidropteróico na síntese de DNA e RNA bacteriano, o trimetoprim age
impedindo a formação do ácido tetraidrofólico, também essencial no mesmo processo
bacteriano. Ambas as substâncias (sulfas e trimetoprim) agem por antagonismo
competitivo, substituindo os ácidos p-aminobenzóico e diidrofóbico respectivamente
no metabolismo bacteriano. Como se trata de antagonismo competitivo entre sulfas e
PABA, a alta concentração de um deles desloca o outro. Deste modo, deve-se evitar
ouso concomitante de compostos derivados do PABA, como por exemplo, a procaína,
um anestésico local.
As sulfas se distribuem amplamente pelos tecidos do organismo, atravessando
as barreiras hematoencefálica e placentária, podendo apresentar níveis fetais
14
semelhantes aos plasmáticos. Estes antimicrobianos são biotransformados pelo
fígado e eliminados, por filtração glomerular, pelos rins.
Os efeitos tóxicos podem ser agudos ou crônicos. A toxicidade aguda é
bastante rara e está associada à altas doses ou à administração endovenosa rápida.
Os sintomas são salivação, diarreia, hiperpnéia, excitação, fraqueza muscular e
ataxia. A toxicidade crônica mais comumente observada é a cristalúria sulfonamídica
(devido à precipitação das sulfas nos túbulos contorcidos renais). Os principais
sintomas observados são a diminuição da micção, dor, hematúria e cristalúria. Outros
efeitos tóxicos são raros e associados ao uso prolongado. São descritas anemia
aplástica, trombocitopenia e eosinofilia. Em cães relatou-se o aparecimento de alergia.
A dose inicial das sulfas deve ser maior do que as doses de manutenção
subsequentes (de maneira geral, o dobro da dose de manutenção). Para cães e gatos,
as principais indicações das sulfas incluem infecções do trato urinário, respiratório e
pele, nocardiose e toxoplasmose.

5.2 Quinolonas

O uso mais frequente na Medicina Veterinária são das fluorquinolonas, ou


quinolonas de segunda geração. São antibióticos de amplo espectro de ação, que
agem contra Enterobacteriaceae e P. aeruginosa, sendo que a ciprofloxacina e a
ofloxacina possuem ainda atividade contra Chlamydia sp, Mycoplasma SP, e
Legionella sp. Asquinolonas de terceira geração, a levofloxacina e a esparfloxacina,
além de atuarem nos microrganismos sensíveis às quinolonas de segunda geração,
são eficientes no combate ao Streptococcus pneumoniae. Deverá estar disponível em
breve, no mercado, a quinolona de quarta geração, a trovofloxacina, que também
possui atividade contra anaeróbios. Estes antibióticos são bactericidas que agem
sobre a DNA girase bacteriana.
Apresentam ampla distribuição nos tecidos e ligam-se muito pouco com
proteínas plasmáticas. As fluorquinolonas são parcialmente biotransformadas, sendo
excretadas na urina e na bile, em altas concentrações como substância ativa.
As quinolonas são, de maneira geral bem toleradas. Por outro lado, existem
alguns efeitos tóxicos já bem documentados. Entre eles, destaca-se danos na
cartilagem articular de cães jovens. Portanto, a utilização de qualquer fluorquinolona

15
é contraindicada para animais nesta faixa etária. Recomenda-se também, administrar
quinolonas com precaução a pacientes com insuficiência renal, uma vez que a maior
parte é excretada por esta via. Em tratamentos prolongados de cães (período superior
a três meses), têm-se relatado alteração da espermatogênese e/ou atrofia testicular.
Paralelamente, existem algumas interações medicamentosas dignas de nota
envolvendo as quinolonas. Quando administradas com metilxantinas, podem provocar
toxicidade do SNC (incluindo convulsões). Em conjunto com AINES, podem provocar
excitação do SNC. Além disso, antiácidos contendo Al, Mg, Ca, Zn e sucralfato, bem
como produtos à base de ferro, e multivitamínicos contendo Zn diminuem
significativamente a biodisponibilidade da quinolona.

5.3 Derivados do Nitrofurano

Este grupo de quimioterápicos possuem amplo espectro de ação contra


bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e alguns fungos e protozoários.
Dependendo da concentração utilizada, podem ser bactericidas ou bacteriostáticos.
Raramente ocorre resistência a estes antimicrobianos. Os efeitos tóxicos estão
relacionados ao uso sistêmico e incluem diáteses hemorrágicas com trombocitopenia,
anemia, aumento do tempo de sangramento, efeitos ao nível de SNC, anorexia e
vômitos.

5.4 Mecanismo de ação e espectro antimicrobiano

Quimicamente, as sulfonamidas constituem um grupo de compostos que se


apresentam como pós-cristalinos, de sabor amargo e relativamente insolúvel em
água, todas derivadas da sulfanilamida (amida do ácido p-aminobenzenosulfônico).
A grande maioria das bactérias e alguns outros microrganismos tem a seguinte
via metabólica:

ÁCIDO PARAMINOBENZÓICO (PABA) + PTERIDINA ÁCIDO DIIDROPTERÓICO


 ÁCIDO DIIDROFÓLICO ÁCIDO TETRAIDROFÓLICO  ÁCIDO FÓLICO 
BASES PÚRICAS E PIRIMÍDICAS  DNA E RNA

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As sulfonamidas atuam sobre as bactérias através de inibição competitiva (ou
antagonismo metabólico) da diidropepteroato-sintetase, a enzima bacteriana
responsável pela incorporação de PABA ao ácido diidropteróico.
As sulfonamidas são bacteriostáticos de amplo espectro, sendo mais eficientes
no tratamento das infecções agudas, onde os mecanismos humorais e celulares de
defesa se mostram mais ativos, propiciando a remoção dos microrganismos
“inativados”. A sensibilidade bacteriana é variável em função da resistência, mas pode
atuar contra certos Gram-positivos (Streptococcus, Staphylococcus, Bacillus,
Clostridium e Nocardia), Gram-negativos (Salmonella, E. coli, Klebsiella, Enterobacter,
Pasteurella e Proteus), algumas rickettsias, protozoários (Toxoplasma e Eimeria) e
Nocardia; são descritos ainda na literatura possíveis efeitos sobre actinomicose,
actinobacilose e brucelose. Na prática, as sulfonamidas têm sido primariamente
indicadas para o tratamento de infecções cutâneas, gastrointestinais e urinárias.
A resistência bacteriana às sulfonamidas é, infelizmente, um fato comum e
crescente, principalmente decorrente de seu uso indiscriminado ao longo dos anos.
Os principais mecanismos desta resistência são:
Resistência natural: Bactérias que não necessitam sintetizar seu próprio ácido
fólico, podendo utilizar o folato pré-formado. Ex.: Gênero Leptospira;
Adaptação enzimática: Os microrganismos passam a utilizar vias metabólicas
alternativas para a obtenção de metabólitos essenciais, inativam a droga ou alteram
seus processos enzimáticos, determinando um aumento da síntese dos mesmos. A
seleção de cepas resistentes e a transferência mediada pelo fator R são os principais
mecanismos desta adaptação.

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6 FARMACOLÓGICAS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS

Fonte: petnanet.com.br

O uso de substâncias químicas para melhorar a dor e a inflamação é uma das


necessidades mais antigas da humanidade. Desde o isolamento da salicilina e a
demonstração dos seus efeitos antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho
de pesquisa vem sendo trilhado (MONTEIRO et al., 2008, apud MOSQUINI et al, 2011,
p.2).
Os anti-inflamatórios constituem o grupo de medicamentos mais utilizado no
mundo, estimando-se que 1,2% da população americana faça uso diário dessas
medicações, e que haja anualmente 71,4 milhões de prescrições por ano de anti-
inflamatórios nos EUA. Os AINEs são o grupo mais utilizado para tratamento da dor
leve a moderada em medicina humana e veterinária (ANDRADE, 2008, apud MIDON,
2012, p. 19), tendo ações anti-inflamatórias, antipiréticas e analgésicas, pela
diminuição da produção de mediadores inflamatórios como as prostaglandinas,
prostaciclinas, tromboxanos e leucotrienos.
Diversas são as formas de atuação dos AINEs, incluindo a inibição da síntese
de prostaglandinas e de leucotrienos, diminuição da produção de radicais
superóxidos, estabilização das membranas dos lisossomos, inibição da atividade de
enzimas da membrana citoplasmática (fosfolipase e NADPH oxidase), inibição da
agregação plaquetária e adesão neutrofílica, interferem na função dos linfócitos, na
produção de citocinas, no metabolismo da cartilagem articular e na síntese do óxido
nítrico. Os processos acima citados ocorrem tanto na manutenção da fisiologia
homeostática quanto na decorrência de uma injúria.
18
6.1 Histórico dos AINEs

A casca do salgueiro (Salix Alba) foi utilizada por suas propriedades medicinais
durante muitos séculos por várias culturas no combate à febre. O primeiro relato de
suas propriedades foi feito em 1763 pelo reverendo Edmund Stone, em uma carta
para o presidente da Royal Society, em que descrevia as propriedades antifebris.
Leorux em 1829 isolou pela primeira vez em sua forma pura um ingrediente ativo da
casca denominado salicina. A salicina é um glicosídeo amargo que ao sofrer hidrólise
produz glicose e álcool salicílico. Em 1830, o ácido salicílico foi preparado pela
primeira vez a partir do álcool, sendo posteriormente sintetizado em 1860 por Kolbe e
Lautemann.
Em 1853 Hoffman, um químico da Bayer, foi o primeiro a preparar o ácido
acetilsalicílico, tendo como base o trabalho iniciado por Gerhardt. Em 1875, o uso foi
ampliado para tratamento sintomático da febre reumática. Notou-se que além do alívio
da dor e da febre, acontecia uma redução no edema articular, nessa época o
medicamente ainda era denominado ‘’antirreumático’’ pois a expressão anti-
inflamatória não existia. Em 1899, Dresser demonstrou os efeitos anti-inflamatórios e
introduziu definitivamente o ácido acetilsalicílico para a Medicina com o nome de
Aspirina.
Em 1884 foi sintetizada a fenazona, registrada com o nome de antipirina e mais
tarde, outros medicamentos do grupo pirazolônico foram desenvolvidos, como a
aminopirina, a melubrina, a metilmelubrina (dipirona) e a fenilbutazona. Todos esses
eram utilizados como analgésicos, antitérmicos e antirreumáticos. Em 1948 foi
descoberta a atividade anti-inflamatória da cortisona, e posteriormente os demais
constituintes desse grupo, como a hidrocortisona, prednisona e dexametasona, e só
a partir de então o termo Anti-inflamatório passou a ser empregado. Com isso
dividiram-se essas medicações em dois grandes grupos: os anti-inflamatórios
esteroidais ou hormonais e os anti-inflamatórios não esteroidais.

6.2 Mecanismo de Ação

Os AINEs produzem analgesia e reduzem a inflamação, sendo primeiramente


usados para o tratamento de dores crônicas e mais recentemente para dores agudas.

19
Para entender seu mecanismo de ação é necessário primeiramente entender a
fisiologia natural do processo inflamatório.
Qualquer estímulo nocivo ao organismo, que seja o suficiente para iniciar o
processo inflamatório, gera a ativação de uma série de mediadores químicos que
atuarão principalmente em mecanismos vasculares e celulares (SPINOSA et al, 2006
apud MIDON, 2012, p. 21). Basicamente o processo inflamatório é classificado em
Agudo (com curta duração) ou em Crônico (duração indeterminada, nem sempre
apresentam os sinais clássicos), mas os eventos que desencadeiam ambos são os
mesmos.

6.3 Farmacogenética dos AINEs

A farmacogenética é essencial na compreensão do mecanismo de ação efetivo


e de eventuais interferências em tal para qualquer fármaco. Qualquer droga necessita
de enzimas e proteínas para exercer seu efeito, e a expressão dessas a partir do DNA
pode sofrer modificações com o uso de certos medicamentos. Não obstante a isso, os
AINEs interferem na expressão de alguns genes, bem como tem sua absorção
interferida.

7 SINÉRGICOS, ANTAGONISTAS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Fonte: cienciasveterinarias.com

20
7.1 Sinérgicos

O trimetoprim é um bactericida que, quando usado conjuntamente com as


sulfas, faz com que a associação tenha também este caráter. É o principal sinérgico
das sulfonamidas, inibindo a enzima diidrofolato-redutase (responsável pela
conversão de ácido diidrofólico em tetraidrofólico) e determinando, em associação
com estas, um bloqueio sequencial da via metabólica bacteriana. Em outros países,
existe um similar do trimetoprim, o ormetoprim, com características semelhantes. A
pirimetamida é outra droga com mesmo efeito, mas menos potente e mais tóxica,
sendo usada atualmente apenas para o combate de certos protozoários.
Obs.: A meia-vida plasmática do trimetoprim é variável de acordo com a
espécie:

Homem: 10,6 h Suínos: 2-2, 5 h

Equídeos: 3,8 h Bovinos: 1,0 h

Cães: 3,0 h Caprinos: 0,65 h

Como pode ser visto acima, deduz-se que o uso do trimetoprim em ruminantes
é pouco efetivo, devido à sua rápida sua eliminação do plasma, embora os níveis
teciduais permaneçam por períodos um pouco maiores.

7.2 Antagonistas

São antagônicas das sulfas todas as drogas que possuam PABA ou moléculas
similares em suas fórmulas, das quais se destacam anestésicos locais, vitaminas do
complexo B, derivados da metilxantina (cafeína, teofilina e teobromina) e algumas
proteínas (p.ex. gelatinas e proteínas séricas).

7.3 Interações medicamentosas adversas

Analgésicos e antinflamatórios (indometacina, fenilbutazona e salicilatos):


Aumentam a potência e reduzem a meia-vida plasmática da sulfa;
Antiácidos: Diminuem a biodisponibilidade da sulfa se administrados
concomitantemente;

21
Anticonvulsivantes e digitálicos: São potencializados pela sulfa por serem
deslocados de suas ligações a proteínas plasmáticas;
Ferro e metais pesados: Incompatibilidade química (precipitação);
Mandelamina e ciclosporina: Aumentam o risco de nefrotoxicidade das sulfas.

8 ANTIPARASITÁRIOS

Fonte: caes-e-cia.com.br

8.1 Importância das infestações parasitárias

As perdas econômicas determinadas pelas parasitoses, apesar de


normalmente não percebidas pelo proprietário, são grandes quando se considera a
redução do ganho de peso, da produtividade e um aumento da susceptibilidade a
doenças diversas.
Os parasitos, ao contrário de outros agentes, têm pouca ou nenhuma
capacidade de induzir imunidade no animal. Como exemplo deste fato pode-se citar
que Cestoda e Trematoda não conferem nenhuma imunidade, enquanto Nematoda
leva algum tempo para produzi-la.

8.2 Papel das drogas antiparasitárias

Quando se administra um antiparasitário a um animal, objetiva-se:

22
Eliminação do agente ou, o que é mais comum, manutenção de uma carga
parasitária a níveis toleráveis pelo hospedeiro, pois não há vermífugo que atue contra
todos os tipos de parasita e em todas as fases de seu desenvolvimento;
Prevenção da reinfestação.
Obs.: De maneira geral, a administração de antiparasitários é curativa em
carnívoros e profilática em grandes animais.

8.3 Propriedades desejáveis em um antiparasitário

Eficiência: Deve ser capaz de destruir a maior percentagem possível de


parasitas, na maioria das fases de seu desenvolvimento. A eficiência recomendada é
de 95%, sendo que abaixo de 75% o produto é considerado ineficiente;
Ser isento de efeitos colaterais: Alguns antiparasitários não têm boa
seletividade, atingindo também as células do hospedeiro;
Baixa toxicidade ao hospedeiro e ao ambiente;
Não deixar resíduos nos produtos do animal;
Possibilidade de administração por várias vias;
Maior índice terapêutico possível;
Baixo custo;
Facilidade de administração.

8.4 Vias de administração

Parenterais: IM ou SC;
Intra-ruminal: Pode ser perigosa, pela possibilidade de desenvolvimento de
peritonite, embora os ruminantes tenham grande capacidade de “restringir” estas
infecções, reduzindo seu risco;
Oral: Indicada para equinos, animais de companhia e no tratamento massal de
aves, coelhos e suínos. Pode ser utilizada para bovinos, mas a dificuldade de
aplicação, sobretudo quando muitos animais devam ser tratados, limita o emprego
desta via;

23
Transcutânea ou percutânea: Utiliza formulações do tipo spot-on ou pour-on.
Estas preparações contêm um veículo especial que permite a absorção da droga pela
pele. Apesar de mais caras, facilitam bastante a vermifugação de grandes rebanhos;
Bolus: Forma farmacêutica pouco utilizada no Brasil, consiste num comprimido
protegido por uma série de camadas que, sob ação dos microrganismos ruminais, vai
liberando lentamente a droga.

8.5 Fatores gerais relacionados ao hospedeiro e ao parasita

Hospedeiro:
Espécie e raça: Algumas espécies ou raças não podem receber determinadas
drogas, como é o caso dos cães Collie em relação à ivermectina;
Idade: Relaciona-se à maturidade dos sistemas enzimático e imunológico;
Carga parasitária;
Peso;
Estado fisiopatológico do animal.
Parasita: Resistência ao antiparasitário.

9 DROGAS CONTRA NEMATÓIDES

Fonte: meusanimais.com.br

24
9.1 Benzimidazóis

9.2 Mecanismos de ação/espectro antiparasitário

Como um grupo, os benzimidazóis atuam por inibição da fumarato-redutase,


causando quebra na produção de energia com consequente paralisia muscular e
morte do parasita. Mebendazol e flubendazol atuam inibindo o transporte da glicose
e, provavelmente, fenbendazol e cambendazol possuam ambos os mecanismos.
De maneira geral, a atuação destas drogas é exclusiva contra nematoides
embora algumas delas, como o mebendazol, possam ser utilizadas no combate de
certos tipos de tênias.

9.3 Farmacocinética

Os benzimidazóis praticamente não são absorvidos, excetuando-se


tiabendazol, albendazol e oxfendazol, que possuem absorção significativa;
A eficiência do grupo como um todo está relacionada ao o tempo de contato da
droga com o parasita. Assim sendo, o tratamento de poligástricos é feito, na maioria
dos casos, em dose única, devido às suas características digestivas, que permitem
uma permanência maior da droga no trato gastrointestinal. Da mesma forma, é
desejável que a droga apresente baixa solubilidade, pois sua parcela absorvida é
terapeuticamente ineficiente (a fração insolúvel fica em contato direto com o parasita
por maior tempo);
A fração absorvida tem metabolismo hepático e excreção renal. A porção não
absorvida é eliminada juntamente com as fezes;
Uso em animais de produção: Como um grupo, recomenda-se um período de
carência de, no mínimo, 2 semanas entre administração do vermífugo e o abate para
consumo. Para os que quase não são absorvidos, o período de carência é de 2 a 3
dias.

25
9.4 Toxicidade / contraindicações

Os benzimidazóis, por terem no geral absorção mínima, são drogas bastante


atóxicas, sendo que, para alguns representantes do grupo, não se consegue
estabelecer a DL50.
Sinais de intoxicação, quando acontecem, não são sérios, podendo ocorrer
diarreia e vômitos, principalmente em cães. As drogas que são absorvidas em
quantidades significativas (tiabendazol, albendazol e oxfendazol) podem atravessar a
placenta e produzir efeitos teratogênicos no terço inicial de gestação e efeitos
embriotóxicos em seu final, devendo, portanto, ser evitadas em animais gestantes.

9.5 Algumas particularidades individuais

Albendazol: Em vacas, não deve ser administrado nos primeiros 45 dias de


gestação ou nas lactantes. Cães podem apresentar anorexia e gatos letargia discreta
e depressão. Altamente eficiente, é a droga de escolha para ruminantes;
Fenbendazol: Tem sido muito empregado no tratamento de animais e aves
silvestres, equinos, bovinos e cães, por ser quase atóxico e extremamente eficiente.
A pequena fração que é absorvida é metabolizada (e vice-versa) em oxfendazol.
Carnívoros devem ser tratados com doses múltiplas (3 dias) e raramente apresentam
vômitos como efeito colateral;
Mebendazol: Barato e eficiente, o mebendazol deve ser repetido após 3
semanas pois, por não atingir as larvas teciduais, podem ocorrer reinfestações;
Oxibendazol: É uma das melhores opções para equinos. Não deve ser usado
em cavalos muito debilitados ou portadores de cólicas, toxemia ou doença infecciosa.
É uma droga segura para éguas penhes;
Oxfendazol: É o mais absorvido dos benzimidazóis pelo trato gastrointestinal,
sendo metabolizado (e vice- versa) em fenbendazol. Deve ser usado com cautela em
animais debilitados e é relativamente seguro para potros. Por ser uma droga muito
tóxica e cara, está em desuso atualmente;
Tiabendazol: É uma droga segura na gestação, mas tem sido responsabilizada
por alguns autores como causadora de toxemia em cabras. Pode competir com as
xantinas pelo sítio metabólico hepático, determinando aumento dos níveis plasmáticos

26
destas. Os cães podem apresentar como efeitos adversos vômito, diarreias, perda de
peso, letargia e, muito raramente, necrólise epidérmica tóxica, sobretudo quando se
faz tratamentos prolongados e com doses altas; animais da raça Dachshund são
particularmente mais sensíveis. Ata também como acaricida e fungistático. Pela sua
alta toxicidade, está em desuso atualmente.

9.6 Apresentações comerciais

Albendazol: Albendathor (V), Valbazen (V), Albendazol (H), Alben (H), Mebenix
(H) e Zentel (H);
Cambendazol: Cambendazole (V) e Cambem (H);
Fenbendazol: Drontal Plus (V), Equifen (V) e Panacur (V);
Flubendazol: Não possui apresentações comerciais no Brasil;
Mebendazol: Duprazol Susp. (V), Telmin (V), Mebendazole (H,V), Pantelmin
(H) e Necamin (H);
Oxfendazol: Synantic (V) e Systamex (V);
Oxibendazol: Equitac (V) Gelminthe (V) e Oxibendazole (V);
Parbendazol: Não possui apresentações comerciais no Brasil;
Tiabendazol: Bulvermin (V), Vermífugo Duprat (V), Foldan Pomada (H)
Thiabendazol (H) e Helmiben (H);
Tiofonato: Não possui apresentações comerciais no Brasil.

27
10 DROGAS CONTRA CESTÓIDES

Fonte: acritica.com

10.1 Niclosamida

Mecanismo de ação: Inibição da captação de glicose e bloqueio do ciclo de


Krebs do parasita.
Espectro anti-helmíntico: Atua bem contra todas tênias, menos Equinococcus
e Dipillidium, sendo que, no último, menos de 50% do total de vermes é eliminado.
Farmacocinética / Toxicidade: A niclosamida praticamente não é absorvida.
Como exige contato com o parasita, tem que ser administrada com o animal em jejum.
Praticamente não ocorrem efeitos tóxicos. Hoje, devido ao seu espectro reduzido, está
praticamente fora de uso.
Apresentações comerciais: Gelminthe (V) e Atenase (H).

10.2 Praziquantel

Mecanismo de ação / Espectro antiparasitário: O mecanismo de ação é


desconhecido, embora suspeite-se que o mesmo se relacione à transmissão do
impulso nervoso pelo parasito. Atua contra todas as tênias, eliminando 100% de
Dipillidium e Equinococcus. Por questões econômicas, não é utilizado em grandes
animais. Em medicina humana, tem sido utilizado como a droga de escolha para o
tratamento de Schistosoma mansoni.
28
Farmacocinética: Toda a droga é absorvida após administração oral e
amplamente distribuída por vários tecidos do corpo. O metabolismo é hepático e a
excreção renal.
Toxicidade: Ainda não se estabeleceu a DL50 para cães. Sabe-se apenas que
a droga é muito segura, raramente determinando efeitos colaterais. Podem ocorrer
anorexia, vômitos e letargia nos cães e salivação e diarreias nos gatos. Não deve ser
administrada a cãezinhos com menos de 4 semanas e gatinhos com menos de 6.
Apresentações comerciais: Duprantel (V), Droncit (V), Drontal (V), Canex
(V), Dipilex (V), Endal (V), Cestox (H) e Cisticid (H).

10.3 Nitroscanato

Mecanismo de ação / Espectro antiparasitário: Mecanismo desconhecido.


Atua contra tênias e nematóides.
Farmacocinética: Bem absorvido após administração oral, tem metabolismo
hepático e excreção renal.
Toxicidade: Algumas enzimas hepáticas têm seu nível aumentado, o que
provavelmente possa acelerar o metabolismo de outras drogas, como, por exemplo,
digitálicos e anticonvulsivantes.
Apresentação comercial: Lopatol (V).

10.4 Benzimidazóis

Alguns representantes do grupo dos benzimidazóis atuam, de maneira


irregular, contra determinadas tênias. Destes, têm melhor atividade tenicida o
mebendazol, fenbendazol, albendazol e cambendazol.

29
11 DROGAS CONTRA TREMATÓDEOS

Fonte: pt.play-azlab.com

11.1 Nitroxinil

Atua exclusivamente contra formas adultas de Fascíola hepática.


Vias de administração: VO, SC e IM, sendo as duas últimas mais eficientes.
Tem metabolismo hepático e excreção renal.
Toxicidade: Determina aumento generalizado do metabolismo do hospedeiro e
deixa resíduos na carne por períodos prolongados (30 dias de período de carência
para o abate).
Apresentação comercial: Dovenix (V).

11.2 Rafoxanida

Fasciolicida. Que atua sobre todas as fases de desenvolvimento do parasita.


Droga bem absorvida e distribuída, com metabolismo hepático e excreção renal.
Um pouco mais tóxica que o nitroxinil, pode determinar lesões oculares,
inapetência e diarreia. Não deve ser administrada em vacas lactantes e o período de
carência para abate é de 30 dias.
Apresentação comercial: Ranide (V).

30
12 DROGAS CONTRA PROTOZOÁRIOS

12.1 Protozoários entéricos

12.2 Metronidazol

Mecanismo de ação / Espectro: Interrupção da síntese de DNA. Atua


principalmente contra Trichomonas, Giardia e Entamoeba e tem alguma atividade
contra bactérias anaeróbicas. Um análogo do metronidazol, o dimetridazol, tem
também atividade contra Histomonas meleagrides (“doença da cabeça negra dos
perus”).
Farmacocinética: Droga bem absorvida por via oral (principalmente na
presença de alimentos no tubo digestivo) e de ampla distribuição pelo organismo. O
metabolismo é hepático e a eliminação renal conferindo à urina uma cor avermelhada
e escura.
Toxicidade: A droga não deve ser administrada a animais debilitados,
gestantes ou com comprometimento renal. Nos carnívoros, pode causar desordens
neurológicas, letargia, fraqueza, neutropenia, hepatotoxicidade, hematúria, anorexia,
náuseas, vômitos e diarreias. Na superdosagem, podem ser observados midríase,
ataxia, nistagmo, desorientação, tremores, convulsões, bradicardia e rigidez, sintomas
que levam vários dias para desaparecer.
Apresentações comerciais: Flagyl (H) e Metronidazol (H).

12.3 Pirimetamina

Mecanismo de ação: Igual ao do trimetoprim, ou seja, inibição da


tetraidrofolase-redutase.
Indicações: Em humanos, é usada para o tratamento da malária. Em medicina
veterinária, é usada apenas para o tratamento da toxoplasmose, associada a
sulfonamidas.
Farmacocinética: Droga pouco palatável, geralmente necessitando-se forçar
a ingestão. Os comprimidos podem ser dissolvidos numa solução açucarada, que se
mantém estável por 7 dias. A absorção é razoável e o metabolismo e eliminação são
similares ao das sulfas.
31
Toxicidade: Em relação ao trimetoprim, é mais tóxica e menos eficiente. Pode
determinar deficiência de ácido fólico também no hospedeiro, levando a anorexia,
depressão, vômito e depressão da medula óssea (anemia, trombocitopenia e
leucopenia). Estes sinais são facilmente reversíveis com administração de ácido fólico
(5 mg/kg/dia), ácido folínico (1 mg/kg/dia) ou levedo de cerveja (100 mg/kg/dia).
Apresentações comerciais: Daraprim (H) e Fansidar (H, associado à
sulfadoxina).

12.4 Amprólio

Mecanismo de ação / Espectro: Análogo estrutural da vitamina B1, é um


eimeriostático preventivo e curativo, que atua por inibição da mesma. É indicado no
tratamento das eimerioses. A administração de dietas ricas em tiamina pode reduzir a
ação do amprólio.
Farmacocinética: Não existem estudos sobre a farmacocinética da droga.
Toxicidade: O amprólio é pouco seletivo, determinando, principalmente nas
terapias prolongadas, inibição da tiamina também no hospedeiro, levando a um
quadro de anorexia, diarreia, emese depressão e sinais neurológicos. A administração
de tiamina (1-10 mg/kg/dia/IM, EV) é indicada na reversão destes sinais.
Apresentações comerciais: Amprosol (V) e Cocciden AF (V).

13 ONCOLOGIA VETERINÁRIA

O câncer é uma doença importante na medicina humana e veterinária, visto


que o aumento na expectativa de vida tanto de humanos como dos animais de
companhia tem aumentado sua incidência, e as características multifatoriais da
doença têm dificultado o tratamento antineoplásico (DALECK; DE NARDI, 2016, apud
MILHOLLI, 2018, p. 218).
Melhorias na compreensão das características moleculares e imunológicas das
células cancerígenas levaram ao desenvolvimento de novas terapias contra o câncer,
e a compreensão do papel destas, bem como as complexidades que fundamentam
suas respostas terapêuticas, é primordial para a incorporação continuada e bem-

32
sucedida da terapêutica oncológica, proporcionado avanços à oncologia veterinária
nas últimas décadas (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 218).

13.1 Biologia do câncer

O desenvolvimento de neoplasias está diretamente ligado ao ciclo de vida de


uma célula, e o conhecimento do ciclo celular é fundamental para a compreensão do
mecanismo de ação dos diferentes quimioterápicos e planejamento de suas
administrações, assim como associação de outras terapias (RODASKI; DE NARDI,
2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 219).
O ciclo celular é constituído por dois períodos diferentes, sendo uma a fase
quiescente (G0), na qual as células se encontram em repouso e a outra a fase de
divisão celular que é constituída de quatro fases (G1, S, G2 e M) (BRASILEIRO
FILHO, 2011, apud MILHOLLI, 2018, p. 219).
A fase G1, também chamada de fase de crescimento 1, é caracterizada pela
síntese de proteínas (códons) e reparos no DNA e ocorre após a mitose. A fase S,
também conhecida como segunda fase é caracterizada pela síntese de DNA. A fase
de crescimento 2 ou G2 é caracterizada pela síntese de proteínas (códons) e reparos
no DNA, e antecede a fase de mitose. Por último tem-se a fase de mitose ou fase M,
que consiste na divisão celular gerando duas células geneticamente idênticas
(MASSAGUÉ, 2004, apud MILHOLLI, 2018, p. 219).
Nas células tumorais, o ciclo celular não necessariamente é mais curto que em
células normais, porém a célula tumoral apresenta mutações que a mantém em
estado proliferativo, que atrasam sua morte (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud
MILHOLLI, 2018, p. 219). Além disso, a velocidade de crescimento da neoplasia
também está ligada ao ciclo celular, pois tanto a duração do ciclo celular, como o
número de células em repouso e o número de células ativas influenciarão no
crescimento da neoplasia (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 219).

13.2 Quimioterapia

Os quimioterápicos são fármacos citotóxicos que possuem a capacidade de


induzir danos em células que se apresentam na fase de divisão celular. O seu uso

33
pode proporcionar a cura em determinados tipos de cânceres ou ser capaz de
promover a redução da massa neoplásica. Além disso, pode prolongar a sobrevida de
animais que apresentam doença metastática (DALECK; DE NARDI, 2016, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220).
Atualmente, a gama de fármacos disponíveis, permite que cada paciente seja
tratado de forma individual, visto que uma mesma neoplasia pode ter comportamento
e metabolismo diferentes em cada animal (BILLER et al., 2016; MOORE;
FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220).
A quimioterapia clássica também conhecida como quimioterapia de dose
máxima tolerada, refere-se à administração de agentes quimioterápicos em altas
doses com o intuito de maximizar a morte de células tumorais, seguida por um período
de descanso para a recuperação de outras células que sejam sensibilizadas por estas
drogas, como as da medula óssea e do trato gastrointestinal (BILLER et al., 2016,
apud MILHOLLI, 2018, p. 220).
Os fármacos antineoplásicos possuem maior efeito em células que apresentam
intensa divisão mitótica, ou seja, células que estão multiplicando-se rapidamente. No
entanto, o ciclo celular de células tumorais, não é necessariamente mais curto que no
tecido saudável (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Além
disso, a ação citotóxica dos quimioterápicos não diferencia células saudáveis de
células neoplásicas, sendo este o principal mecanismo causador de seus efeitos
colaterais (DALECK; DE NARDI, 2016; MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220). Embora as células neoplásicas possam exibir maior
suscetibilidade a toxicidade produzida pelos quimioterápicos, os períodos de intervalo
entre os tratamentos podem permitir o crescimento tumoral (BILLER et al., 2016, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220).
Além disso, o desenvolvimento de mutações que gerem resistência aos
quimioterápicos, e o suprimento sanguíneo deficiente em tumores de grandes
proporções colaboram na falha terapêutica (MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220). No entanto, algumas células tumorais podem exibir
quimioresistência mesmo que ainda não tenham sido expostas a referida droga,
devido a um fenômeno denominado mecanismo de resistência a múltiplas drogas
(MRMD) (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 220).

34
Os quimioterápicos são classificados conforme sua especificidade e efeitos
sobre o ciclo celular, e com base na sua estrutura química. Em geral, estes fármacos
agem principalmente durante a mitose, impedindo a formação do fuso mitótico, e na
síntese de DNA, por meio do bloqueio da disponibilidade de precursores, pelo
impedimento da transcrição do DNA ou sua lesão (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220).
Com o intuito de diminuir as reações secundárias a toxicidade e o
desenvolvimento de populações neoplásicas resistentes, criou-se o conceito de
poliquimioterapia, que consiste na utilização de fármacos antineoplásicos de forma
associada com o intuito de alcançar um efeito aditivo ou sinérgico, e assim aplicar
tratamento antitumoral a todas as células neoplásicas, principalmente as resistentes,
sem aumentar a toxicidade aos tecidos sadios (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud
MILHOLLI, 2018, p. 220). Entretanto, deve-se escolher criteriosamente os fármacos a
serem associados, de forma que não apresentem toxicidade acumulativa (MOORE;
FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220), e que atuem em diferentes
fases do ciclo celular, para que o maior número de células neoplásicas possa receber
tratamento (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 221). A
quimioterapia pode ser classificada em modalidades baseadas na sua finalidade
terapêutica. Quando esta é realizada previamente a uma outra modalidade de
tratamento, por exemplo, a cirurgia, e tem como objetivo reduzir a massa tumoral e
prevenir a ocorrência de metástases, recebe a denominação de quimioterapia
neoadjuvante. Por outro lado, a quimioterapia adjuvante consiste na associação da
quimioterapia após outra modalidade terapêutica que já tenha permitido o controle da
doença localmente, como forma de evitar ou minimizar os riscos de recorrência e
metástases, assim como oferecer uma maior sobrevida. Já a quimioterapia paliativa
não tem como finalidade a cura, mas oferecer para pacientes com neoplasias
avançadas e doença metastática a minimização dos sinais clínicos causados pelo
câncer (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 221).

13.3 Imunoterapia

O sistema imunológico pode auxiliar na prevenção e impedir o desenvolvimento


de neoplasias. Esta característica é conhecida como teoria da vigilância imunológica

35
(DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), a qual vem sendo
utilizada como proposta terapêutica em tumores altamente malignos e agressivos,
principalmente com o intuito de prevenir e controlar a doença metastática (BILLER et
al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).
A imunoterapia tem como objetivo atuar na modulação e otimização da
resposta imunológica, para que as células neoplásicas sejam reconhecidas e
destruídas (KENNEDY, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Esta modulação pode
ser induzida de forma ativa por meio da estimulação do sistema imune do paciente
para que este produza uma resposta contra o tumor, ou de forma passiva, pela
utilização de uma substância efetora, que agirá sobre a neoplasia (DALECK; DE
NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).
O sistema imunológico detecta tumores por meio de antígenos específicos
associados aos tumores (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), e a
imunoterapia pode estimular efeitos específicos dirigidos contra determinados alvos
tumorais, ou inespecíficos em que o sistema imune é estimulado a ter um maior nível
de atividade para destruir células neoplásicas (DALECK; DE NARDI, 2016, apud
MILHOLLI, 2018, p. 223).
As vacinas contra o câncer têm como objetivo a indução de uma resposta imune
antitumoral que resultará na regressão clínica do tumor e de metástases caso
presente, sendo a forma mais ativa de imunoterapia. Devido seu efeito ser dependente
da resposta imune do paciente, os resultados decorrentes de seu uso podem demorar
alguns meses para aparecer (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).
Estas vacinas podem ser feitas utilizando antígenos provenientes de células tumorais
alogênicas ou autólogas, lisados de tumor completos, peptídeos tumorais purificados
ou pelo uso de antígenos tumorais definidos, como a tirosinase (GROSENBAUGH et
al., 2011, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).
O uso destas vacinas tem sido estudado como tratamento adjuvante de
melanomas malignos orais em cães (GROSENBAUGH et al., 2011, apud MILHOLLI,
2018, p. 223), adenocarcinomas epiteliais (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI,
2018, p. 223), meningiomas e outros tipos de cânceres (ANDERSEN et al., 2013, apud
MILHOLLI, 2018, p. 223).
Em ensaios clínicos com cães portadores de linfoma de células B a utilização
de uma vacina genética direcionada à transcriptase reversa da telomerase, associada

36
a quimioterapia resultou em um aumento significativo na sobrevida dos cães
vacinados, se comparado aos animais não vacinados (GAVAZZA et al., 2013, apud
MILHOLLI, 2018, p. 223).
Além das vacinas antitumorais, o uso de anticorpos monoclonais, interleucinas,
e outras moléculas para o tratamento celular, têm permitido melhores resultados no
tratamento do câncer, com menores efeitos colaterais e maior aceitação do tutor ao
tratamento (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).
Embora os resultados da imunoterapia aparentemente sejam promissores, a
associação da radioterapia ou da quimioterapia aos protocolos tem o potencial de
melhorar seus efeitos (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223).

13.4 Radioterapia

A radioterapia é uma modalidade terapêutica muito utilizada em seres


humanos, assim como nos animais domésticos. A radioterapia baseia-se na utilização
do efeito da radiação ionizante, que causará a morte das células neoplásicas ou
evitará sua multiplicação, sem que atinja o tecido sadio próximo. Existem duas
modalidades na radioterapia, sendo elas: a teleterapia e a braquiterapia. A teleterapia
consiste na administração da radiação por meio de um feixe externo, ao passo que na
braquiterapia a fonte radioativa é inserida no interior do tumor ou próxima a ele
(CUNHA et al., 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226).
A radioterapia tem por objetivo erradicar as células neoplásicas e reduzir o
índice mitótico destas. Esta modalidade terapêutica geralmente é utilizada para
neoplasias que não tiveram metástases, possibilitando desta forma um alto potencial
de cura para neoplasias localizadas. Em casos mais graves pode-se utilizar a
radioterapia como tratamento paliativo, pois mesmo que o tumor não seja destruído,
este pode diminuir, melhorando assim, a qualidade de vida do animal, uma vez que
com a redução do tumor ocorre a diminuição da dor e sangramento, e a diminuição
da compressão de órgãos e tecidos próximos. Quando objetiva-se a cura do câncer,
a radioterapia é administrada em pequenas frações por duas a cinco semanas, e isto
dependerá da localização, do tipo e do tamanho da neoplasia, além do estado geral
de saúde do paciente. E quando se tem por objetivo efeitos paliativos, a terapia requer

37
grande frações de radiação, que são feitas uma vez por semana durante três semanas
(BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 226).
Diversas podem ser as aplicações da radioterapia curativa, devido a
responsividade de muitas neoplasias a essa terapia, como: os tumores cerebrais, os
tumores nasais, os tumores orais e os tumores de membros apendiculares. No
tratamento de tumores cerebrais, nasais e faciais a radioterapia é utilizada como
tratamento principal. Além disso, pode-se utilizar a radioterapia no pós-operatório para
aumentar a margem de segurança nas cirurgias de retirada de sarcoma ou carcinoma,
assim como pode ser utilizada como pré-operatório visando a diminuição da massa
tumoral para posterior cirurgia. Outra aplicação seria na fase de protocolos de indução
no tratamento de linfomas (WITHROW; VAIL; PAGE, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p.
226).
Dos cânceres tratáveis com radioterapia, os tumores orais caninos, em especial
o epúlide acantomatoso, o carcinoma de células escamosas e o melanoma, possuem
uma boa resposta a radiação, assim como o linfoma canino e felino, os sarcomas e
carcinomas de cavidade nasal e alguns tumores de pele como o mastocitoma,
também possuem boa resposta com esta terapia. Em casos de tumores ósseos, como
o osteossarcoma, a radioterapia é utilizada como medida paliativa no protocolo de
tratamento (LARUE; CUSTIS, 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226).
Novas tecnologias têm surgido a fim de aumentar a eficácia da radioterapia,
como a radioterapia conformacional tridimensional que possibilita que o feixe de
radiação seja moldado por toda a extensão do tumor, preservando assim os tecidos
sadios. A radioterapia com intensidade modulada que possibilita que o feixe de
radiação se movimente durante o tratamento, permitindo emissão de feixes de
diferentes ângulos e distância numa única sessão. Outra modalidade é a radioterapia
estereotáxica que, igual as demais técnicas citadas, possibilita administrar uma alta
dose de radiação numa margem estreita de localização, permitindo desta forma,
melhores opções de tratamento para diversas neoplasias em diversas localizações
(LARUE; CUSTIS, 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226).

38
14 ONCOLOGIA VETERINÁRIA

Fonte: veterinariavilaisabel.com.br
A oncologia veterinária é, portanto, a principal esperança de solução para os
que têm um pet doente em casa, buscando diagnósticos precisos e tratamentos
eficientes que possam curar animais deste terrível mal.
Embora haja uma série de fatores externos que podem desencadear o
surgimento de tumores e do câncer em cães e gatos, em boa parte dos casos, os
motivos do aparecimento desse tipo de complicação são genéticos; ocorrendo ao
longo da vida do animal em função de mutações das mais variadas. Com isso em
vista, fica um pouco mais claro entender que o surgimento deste tipo de problema na
vida dos animais é um tanto quanto imprevisível, e é por isso que a oncologia
veterinária se torna uma especialidade tão importante nos dias de hoje.
Junto com isso, outro fator que também deve ser ressaltado é o de que,
segundo uma série de estudos e pesquisas realizadas no mundo da oncologia
veterinária, o câncer é, hoje, um dos principais motivos para o óbito de animais de
pequeno porte.
Aparecendo, na maioria das vezes, em cães e gatos de mais idade (a partir dos
10 anos de vida), os tumores também podem aparecer nos animais tendo infecções
virais de diferentes naturezas como grandes incentivadores – fazendo com que um
pet já debilitado por uma doença possa adquirir outra ainda mais complicada como
parte do seu desenvolvimento.
Embora os procedimentos cirúrgicos sejam o tratamento mais indicado nos dias
de hoje a medicina veterinária oncológica vem fazendo uma série de avanços ao longo
39
das últimas décadas, atualmente já é possível encontrar tratamentos alternativos
(como a quimioterapia e a eletroquimioterapia) para tentar achar soluções para a
doença - que se apresenta nos animais, principalmente, em forma de tumores
hematopoiéticos, cutâneos e mamários.

14.1 Desencadeadores de tumores em animais

Conforme citado previamente, o aumento da longevidade dos animais é um dos


fatores principais para o aparecimento de tumores em cães e gatos, sendo que,
quanto maior for a idade do animal, maiores serão as suas chances de desenvolver
algum tipo de câncer.
Além disso, fatores genéticos também fazem parte desse conjunto de
facilitadores da doença, e diferentes mutações sofridas pelos cães e gatos ao longo
de suas vidas podem ser parcialmente responsáveis pelo aparecimento de doenças.
A exposição à elementos externos, como o sol e produtos químicos diversos,
também podem influenciar no desenvolvimento do câncer e; portanto, manter os pets
afastados desse tipo de fator pode ser válido como uma tentativa de preveni-los contra
esse mal. Além disso, a castração - tanto em machos quanto em fêmeas - também
pode ajudar muito na prevenção de diversos tipos de câncer.

14.2 Sintomas do câncer em cães e gatos

Cada tipo de câncer pode se manifestar de diferentes maneiras, no entanto, um


dos principais indicadores desse tipo de doença é a presença de nódulos aparentes e
relativamente palpáveis.
O aumento da massa abdominal, a perda de peso sem motivos concretos,
dificuldade em respirar, em comer, em engolir e até em defecar também fazem parte
dos sinais que podem apontar para o câncer em animais – sem deixar de lado o
sintoma de sangramentos espontâneos, que podem ocorrer tanto junto com as fezes
e a urina do animal quanto por meio de outros orifícios do seu corpo.

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14.3 Principais tipos de câncer em pets

De acordo com pesquisas recentes, os tumores estão, hoje, entre os principais


motivos de morte entre cães e gatos; sendo que, de um modo geral, as fêmeas estão
mais sujeitas a este tipo de complicação. Os principais tipos de câncer que se
desenvolvem nestes animais são:
 Tumores mamários e de ovário: Ocorrem, principalmente, em fêmeas
não castradas.
 Tumores cutâneos: Pode se manifestar na pele ou internamente, e
costuma afetar gatos despigmentados, além dos cães.
 Câncer de pele: Desencadeados em função da exposição frequente ao
sol, entre outros fatores.
 Tumores hematopoiéticos: Atinge as células formadoras de tecido
sanguíneo, gerando linfomas e leucemias nos animais.

14.4 Diagnóstico e tratamento do câncer em cães e gatos

Geralmente, o primeiro passo, é a citologia aspirativa; que consiste em um


exame menos invasivo que dá base para o diagnóstico do tipo de formação. Em
seguida, assim como no caso dos seres humanos, as biópsias (análise de tecidos ou
células dos tecidos que formam o tumor) estão entre as principais formas de
diagnosticar o câncer em animais.
Exames de imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, também
são usados nos dias de hoje como um complemento, que permite diagnosticar de
maneira concreta a presença da doença em cães e gatos – facilitando tanto a
identificação de tumores como a descoberta de sua localização de maneira mais
acertada e precisa.
Seguindo o modelo de tratamento de outras doenças diversas, o câncer deverá
ser atacado de acordo com as suas particularidades específicas; ou seja, cada tipo de
tumor será tratado de acordo com as suas próprias características e o seu nível de
evolução. Embora o procedimento cirúrgico seja, em grande parte dos casos, a opção
adotada para livrar os pets de tumores; ao longo dos últimos 20 anos, surgiu uma série

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de novas possibilidades, permitindo que tratamentos menos invasivos pudessem
ajudar cães e gatos a se curar do mal do câncer.
A tradicional quimioterapia também é usada com frequência em pets com
câncer, possibilitando a retirada completa do tumor cancerígeno do corpo do animal.
Outra forma de tratamento que também tem sido usada nos últimos tempos é a
crioterapia – que consiste no uso do frio extremo como forma de terapia.
Embora seja relativamente nova no mundo animal e ainda sem muitos centros
e clínicas que ofereçam esse tipo de tratamento, a radioterapia é mais uma opção que
começa a se popularizar entre os bichos com câncer, e tem sido apontada como
bastante eficiente pelos profissionais que fazem o uso desse meio como forma de
tratamento.
Ainda mais recente no universo dos pets, a eletroquimioerapia em animais
também vem sendo apontada como uma nova esperança no tratamento de cães e
gatos com câncer; combinando quimioterapia e eletroporação (que consiste no envio
de curtos impulsos elétricos para aumentar a capacidade de transporte das
membranas) para tratar e curar os animais doentes.
Independentemente do grau de invasão de cada um destes métodos, a escolha
para o tratamento do câncer em pets deve ser indicada por um profissional
especializado em oncologia veterinária – que saberá o meio mais adequado de tratar
o animal, levando em consideração fatores como localização, tamanho e
desenvolvimento do tumor.

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15 BIBLIOGRAFIA

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