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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

LICENCIATURA EM AGROPECUÁRIA LABORAL 3º. ANO

5º. GRUPO

ATIJA YAZIDO
CARIMO GORGES ARMANDO
DINO TORRES RICARDO
JOÃO TOMÉ JOÃO
NICO RICARDO
ROSA UAMIR

TERAPÊUTICA DAS INTOXICAÇÕES

Quelimane

2022
ATIJA YAZIDO
CARIMO GORGES ARMANDO
DINO TORRES RICARDO
JOÃO TOMÉ JOÃO
NICO RICARDO
ROSA UAMIR

TERAPÊUTICA DAS INTOXICAÇÕES

Trabalho de caracter avaliativo apresentado no


curso de Licenciatura em Agro-pecuária da
Faculdade de Ciências Agrarias, na cadeira
Farmacologia e Toxicologia

Docente: Dr. Jovêncio Sada.

Quelimane

2022
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 3

2. Objectivos ............................................................................................................................... 3

2.1. Objectivo geral .................................................................................................................... 3

2.2. Objectivos específicos ......................................................................................................... 3

3. Metodologia ............................................................................................................................ 3

4. Terapêutica das Intoxicações .................................................................................................. 4

4.1. Terapia de Emergência ........................................................................................................ 5

4.1.1. Estabilização das funções vitais no animal intoxicado ..................................................... 5

4.1.1.1. Prevenção das convulsões ............................................................................................. 6

4.1.1.2. Rabdomiolise ................................................................................................................. 6

4.1.1.3. Manutenção da respiração ............................................................................................. 7

4.1.1.4. Reposição hidroeletrolítica ............................................................................................ 7

4.1.1.5. Correção da disfunção cardíaca ..................................................................................... 7

4.1.2. Controlo da dor ................................................................................................................. 8

4.1.3. Controle e estabilização da temperatura corpórea ............................................................ 8

4.2. Métodos de detoxicação ...................................................................................................... 9

4.2.1. Redução do toxico não absorvido ................................................................................... 10

4.2.1.1. Êmese........................................................................................................................... 10

4.2.1.2. Uso de Adsorventes ..................................................................................................... 10

4.2.1.3. Lavagem gástrica ......................................................................................................... 10

4.2.1.3. Catárticos ..................................................................................................................... 11

4.2.1.4. Enemas ou clister ......................................................................................................... 12

4.2.1.5. Lavagem ocular ........................................................................................................... 12

4.2.1.6. Banho ........................................................................................................................... 13

4.2.2. Eliminação de tóxicos já absorvidos .............................................................................. 13


4.2.2.1. Diuréticos..................................................................................................................... 14

4.2.2.2. Alteração do pH Urinário ............................................................................................ 14

4.3. Inativação do agente tóxico absorvido ou seus efeitos ...................................................... 15

4.3.1. Antídotos ........................................................................................................................ 15

4.3.2. Transformação do toxico em forma inabsorvível ........................................................... 16

5. Conclusão ............................................................................................................................. 17

6. Referências bibliográficas .................................................................................................... 18


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1. Introdução

O presente trabalho aborda sobre a terapêutica das intoxicações. A intoxicação é um


processo patológico causado por substâncias químicas endógenas ou exógenas, caracterizado
por desequilíbrio fisiológico, resultante das alterações bioquímicas no organismo que pode
causar vários danos ou levar a morte do animal. As intoxicações, razoavelmente comuns na
medicina veterinária, são classificadas como agudas ou crônicas. A rapidez do aparecimento
dos sinais clínicos e sua intensidade determinam, em parte, as medidas profiláticas e
terapêuticas. Como frequentemente o histórico é insuficiente e trata-se de situação de
emergência, deve ser instituído um tratamento sintomático, priorizando as medidas
terapêuticas mais importantes para a sobrevivência do animal. Neste trabalho abordaremos
sobre medidas apropriadas a serem seguidas no caso de intoxicações, e os fármacos e
antídotos utilizados na terapêutica das intoxicações.

2. Objectivos

2.1. Objectivo geral

a) Conhecer a terapêutica das intoxicações veterinárias

2.2. Objectivos específicos

b) Descrever os procedimentos de emergência para o tratamento de animais intoxicados;


c) Mencionar as medidas terapêuticas apropriadas dos eventos tóxicos em animais;
d) Identificar os sinais de intoxicações;

3. Metodologia

Para a realização do trabalho cingimo-nos em fazer uma pesquisa bibliográfica feita a


partir do de consultas de livros, artigos e manuais que abordam questões relacionadas com
terapêuticas das intoxicações veterinárias. A metodologia opcionada para a realização deste
trabalho foi o método descritivo, esta opção justifica o facto do método escolhido permitir
uma descrição clara e flexível em relação as ideias que foram reunidas e analisadas neste
trabalho. Enquanto procedimento, o trabalho realizou-se por meio da observação indirecta.
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4. Terapêutica das Intoxicações

De acordo com Camargo e Oga (2014), a terapêutica é a parte da medicina que se


dedica ao estudo dos métodos e procedimentos para tratar enfermidades ou uma área que visa
ensinar a tratar e aplicar os métodos com o intuito de restabelecer a saúde do animal.

Terapia provém do grego therapeia, do verbo therapeúo, prestar cuidados médicos,


tratar. O termo foi usado em medicina por Hipócrates e Galeno, que se referiram à terapia
médica e cirúrgica para designar os cuidados com os enfermos visando a obter a cura das
doenças (Camargo e Oga, 2014).

Intoxicação é um processo patológico causado por substâncias químicas endógenas ou


exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico, resultante das alterações bioquímicas no
organismo. O processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante dados laboratoriais;
As intoxicações, razoavelmente comuns na medicina veterinária, são classificadas como
agudas ou crônicas. Os agentes tóxicos são os medicamentos, pesticidas, domissanitários,
raticidas, produtos químicos industriais, metais pesados, plantas e animais peçonhentos
(Camargo e Oga, 2014).

A rapidez do aparecimento dos sinais clínicos e sua intensidade determinam, em


parte, as medidas profiláticas e terapêuticas. Como frequentemente o histórico é insuficiente e
trata-se de situação de emergência, deve ser instituído um tratamento sintomático, priorizando
as medidas terapêuticas mais importantes para a sobrevivência do animal (Viana, 2000).

Na avaliação inicial do paciente intoxicado, devem ser sempre consideradas as


informações em relação à espécie, raça, sexo, idade, peso, utilização de medicamentos
prévios, tratamentos atuais, animais contactantes (sintomáticos e assintomáticos), animais
expostos ao risco de intoxicação, definição de sinais clínicos, como também tempo de
manifestação e gravidade do quadro clínico, tempo de exposição ao agente tóxico, possível
dose de exposição ao agente tóxico, formulação do agente tóxico, via de exposição, mudanças
dietéticas recentes, acesso à rua (pode ser a origem do contato com o agente tóxico),
mudanças de comportamento, ambiente peridomiciliar (possíveis riscos de intoxicação
planejada por terceiros), relacionamento do animal com outros moradores e trabalhadores da
casa etc (Nogueira e Andrade, 2011).
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De maneira geral as intoxicações agudas atacam principalmente os sistemas nervoso,


cardiovascular, digestivo (incluindo fígado) e renal (Viana, 2000).

No seu tratamento, devem ser incluídas as seguintes medidas:

a) Instituir terapêutica de emergência;


b) Estabelecer um diagnóstico clínico;
c) Aplicar drogas que atuem como antídotos;
d) Confirmar rapidamente o agente tóxico e determinar sua fonte;
e) Prevenir contra eventuais consequências da intoxicação (profilaxia).

4.1. Terapia de Emergência

О que é a emergência toxicológica em veterinária? O que fazer? Como proceder e


tratar os animais intoxicados, na emergência? Muitas vezes, o animal chega à clínica ou ao
hospital veterinário sem história concreta do motivo pelo qual se encontra naquele estado
clínico, ou já se passou algum tempo entre a contaminação via oral, cutânea ou por inalação e
o atendimento clínico veterinário. Assim, o procedimento emergencial inicia-se com o
restabelecimento das funções vitais do animal intoxicado, com o intuito de oferecer bem-estar
ao animal e garantir sua sobrevida, mesmo que não se saiba, ainda, a provável causa da
intoxicação. Deve-se aliviar o desconforto apresentado pelo animal, minimizar ou abolir a dor
repor líquidos que, porventura, o animal tenha perdido no processo clínico, por apresentar
vômito, diarreia ou hemorragias profusas, sialorreia ou até sudorese abundante. Também é
fundamental saber se é um animal de plantel/canil/gatil. Saber como estão outros animais da
propriedade é de suma importância para a prevenção de outros incidentes toxicológicos
(Nogueira e Andrade, 2011).

4.1.1. Estabilização das funções vitais no animal intoxicado

O fato mais importante e crucial no procedimento emergencial de intoxicações é


garantir a sobrevida e o bem-estar do animal, mantendo-lhe as funções vitais. O uso de
antídotos, quando existem e há disponibilidade, evidentemente é muito útil e muitas vezes
abrevia o tempo para a recuperação dos animais intoxicados. Dessa forma, se os animais
perderem suas funções vitais que vantagem teria a aplicação dos antídotos? E também, os
animais com as funções vitais, em dia seriam muito mais capazes de responder positivamente
ao tratamento específico com antídotos. O tratamento de urgência para manter funções vitais
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numa emergência toxicológica não é tão diferente de outros casos clínicos de emergência. Há,
sim, algumas peculiaridades, numa intoxicação, tais como o uso de carvão ativado, catárticos,
eméticos etc. Assim, deve-se seguir o tratamento “padrão" de uma emergência clínica, isto é,
o "ABCD" do tratamento de choque (Nogueira e Andrade, 2011).

Em primeiro lugar, deve-se verificar a patência da via aérea do animal, ou seja, ele
está em condições de respirar sem auxílio de aparelhos? Se não estiver, há necessidade
urgentíssima de realizar os procedimentos para "abrir" a via respiratória, promovendo a
passagem de sonda traqueal ou traqueostomia, de acordo com o estado clinico (Nogueira e
Andrade, 2011).

4.1.1.1. Prevenção das convulsões

Segundo Viana (2000), as convulsões frequentes podem ocasionar apnéia,


hipoventilação, hipóxia, acidose metabólica e aspiração pulmonar. O tratamento de primeira
escolha para o controle do ictus é o uso dos benzodiazepínicos, como diazepam, na dose de
0,5 a 1,0 mg/kg, por via intravenosa, ou de 1 a 4 mg/kg, por via retal. Sugere-se avaliar
também os valores séricos de glicose, cálcio total e cálcio ionizado para verificar a existência
de alterações importantes relacionadas à convulsões.

a) Anestesia (ligeira) com barbitúricos de ação ultra-curta, como por exemplo o tiopental
sódico (Thionembutal, 25 mg/kg). Deve-se lembrar que os barbitúricos são depressores
respiratórios, sendo contra-indicados nas intoxicações com sintomatologia respiratória;
b) Administração de diazepan (Valium, até 2,0 mg/kg), que atua como anticonvulsivante
(droga de escolha no status epilepticus), tranqüilizante e relaxante muscular;
c) Glicerilguaiacolato (exclusivamente para eqüinos), diluindo-se 50 g em 500 ml de soro
glicosado e administrando-se na dose de 110 mg/kg;
d) Associação de relaxante muscular (xilazina = Rompum) com diazepan.

4.1.1.2. Rabdomiolise

A lesão muscular geralmente ocorre após episódios prolongados de convulsões, nos


casos de hiperatividade muscular e hipertermia. A mioglobina circulante, liberada das células
musculares lesadas, quando filtrada pelos rins, pode causar necrose tubular renal aguda e,
consequentemente, insuficiência renal aguda, podendo ainda estar associada à hipercalemia,
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hiperfosfatemia e hipocalcemia. Também podem ser observados o aumento da atividade


sérica da creatina fosfocinase (CK) e a coloração âmbar da urina (Spinosa et al, 2008).

O tratamento recomendado é administrar fluidos (soluções cristalóides), assegurando a


produção de volume urinário adequado, e sedar com benzodia zepínicos e alcalinizar a urina
com bicarbonato de sódio para evitar a precipitação de mioglobina nos túbulos renais, o que
ocasionaria maior dano renal (Spinosa et al, 2008).

4.1.1.3. Manutenção da respiração

De acordo com Viana (2000), nas intoxicações que determinam comprometimento


respiratório, podem ocorrer dispnéia, taquisfigmia e cianose. Podem ser utilizados:

a) Estimulantes do centro respiratório: Cloridrato de doxapran (3-5 mg/kg/IV);


b) Broncodilatadores: Aminofilina, na dose de 10 mg/kg/PO ou IV;
c) Oxigenioterapia: Utilizar a 30-40%, num fluxo inicial de 10 l/min., continuando com 5
d) l/min. A umidificação deve ser de 40 a 60%.
e) Desobstrução das vias respiratória.

4.1.1.4. Reposição hidroeletrolítica

1) Transfusão sangüínea, numa dose variável de acordo com o quadro, mas geralmente
em torno de 10-20 ml/kg;
2) Expansores plasmáticos, como o Haemacel (Observação importante: Não deve ser
usado em portadores de insuficiência renal);
3) Fluidoterapia, às vezes acompanhada de suplementação de bicarbonato de potássio,
principalmente quando há diarréia.

4.1.1.5. Correção da disfunção cardíaca

De acordo com Viana (2000), a terapia de emergência cardiovascular deve ser


instituída sempre que o animal apresentar sinais graves relacionados a este sistema. As
principais drogas utilizadas são:

Epinefrina: é indicada na parada cardíaca, por seus efeitos cardioestimulantes e


vasopressores. A injeção intra-cardíaca só deve ser feita em casos de extremos, pois pode
causar lacerações das coronárias e do músculo cardíaco e tamponamento por hemopericárdio.
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Para cães, usa-se 0,1-0,5 ml de solução 1:1.000,diluído em 5-10 ml de salina e administrado


IV ou intracardíaco;

Isoproterenol: Tem seu uso questionado por alguns autores, porque a vasodilatação
periférica por eleproduzida pode agravar alguns casos. Dose: diluir 1 mg em 250 ml deglicose
a 5% e administrar 0,01-0,04μg/kg/min.;

Sulfato de atropina: Combate o bloqueio vagal e previne bradicardias severas. Dose: 0,02-
0,05 mg/kg/IV ouIM;

Gluconato de cálcio a 10%: Prolonga a contração do miocárdio. Administrar 5-10 ml


lentamente, por via IVou intracardíaca (cães);

Propranolol: Usado principalmente nas intoxicações resultantes de mordidas de cães em


sapos, deve ser evitado em pacientes asmáticos ou com outra doença das vias respiratórias.
Dose: 0,25-0,75 mg/kg/IV;

Aminofilina: Além do efeito broncodilatador, tem também um certo estimulante do


miocárdio. Atenção: Ventilação adequada, hidratação e equilíbrio ácido-básico são
necessários para uma função cardiovascular normal. A ressuscitação bem-sucedida pode
requerer a administração de grandes volumes de líquidos e agentes vasopressores para
restaurar o volume sanguíneo circulante e o retorno venoso.

4.1.2. Controlo da dor

Podem ser utilizados analgésicos como dipirona, codeina, meperidina ou morfina,


dependendo da intensidade da dor (Viana, 2000).

Em situações de emergência, pode-se usar a xilazina. Outras medidas são:


a) Controlar eventuais hemorragias,
b) Combater a hipotermia com cobertores, aquecedores ou administração de Ringer ou
enemas aquecidos

4.1.3. Controle e estabilização da temperatura corpórea

Muitas vezes, na correria da emergência, a preocupação com a temperatura corpórea


do animal acaba sendo deixada de lado. Dependendo da causa de intoxicação, é um fator que
auxilia até no diagnóstico presuntivo da intoxicação. Como? Há casos em que os animais
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apresentam hipertermia extrema (acima de 40°C), (por exemplo, intoxicação por fluoroacetato
em cães) e hipotermia (abaixo de 35°C) em gatos com a mesma causa citada. É um fator
norteador para o diagnóstico. Tem de haver muito cuidado no controle da temperatura, pois
nenhum organismo resiste à reversão brusca da temperatura corpórea em pouco tempo. Como
assim? O controlo da temperatura deve ser muito gradual tanto para hipertermia quanto para
hipotermia (Nogueira e Andrade, 2011).
Dê banho frio no animal que estiver com hipertermia, de preferência com água
corrente, se o animal estiver consciente e não estiver em estado de excitação ou convulsão.
Neste caso, há necessidade de resfriar o animal constantemente, com panos úmidos ou bolsa
de gelo. Monitore constantemente a temperatura retal do animal.
Em hipotermia é interessante, além de aquecer o animal com fontes de calor
moderado, aquecer também o fluido que ele receba. Colchão térmico, bolsa de água quente,
folhas de jornal (excelentes isolantes térmicos) para envolver o animal também lhe oferecem
muito conforto (Nogueira e Andrade, 2011).

4.2. Métodos de detoxicação

Na tentativa de eliminação dos tóxicos, descontaminação ou desintoxicação na fase


precoce da intoxicação, os dados da anamnese são importantes, isto é, saber quando o animal
foi contaminado ou envenenado. Nem sempre os proprietários têm os dados precisos sobre
isso e a tentativa terá de ser pela observação clínica do animal. Há duas situações na tentativa
de eliminar os tóxicos:
a) Tóxicos não absorvidos.
b) Tóxicos já absorvidos.

O animal deve ser mantido longe da fonte que levou à intoxicação, removendo-o para
um ambiente arejado e com temperatura agradável. Deve-se oferecer oxigênio e suporte
ventilatório adequado, além de tratar o broncoespasmo e o edema pulmonar, se necessário
(Viana, 2000).

a) Evitar exposição adicional,


b) Retirar os animais intoxicados do local (pasto, curral, canil ou outro).
c) Trocar utensílios, água e comida,
d) Evitar que outros animais possam ter contato com secreções/excreções dos doentes, como
e) Fezes, vómitos e outros.
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4.2.1. Redução do toxico não absorvido

Para a eliminação do tóxico ainda não absorvido, pode-se induzir o vômito (1-2h), realizar a
lavagem gástrica (1-2h), usar adsorventes, catárticos, laxantes e dar banho (só água e/ou com
sabão) (Nogueira e Andrade, 2011).

4.2.1.1. Êmese

Se a ingestão do toxico foi recente, boa parte do mesmo pode ainda estar no estômago.
Nestes casos, o uso de eméticos pode ser tentado naquelas espécies onde há facilidade e
segurança na indução do vômito, ou seja, carnívoros e suínos. Deve-se lembrar que o uso de
eméticos e expressamente contra indicado em casos de ingestão de agentes corrosivos ou
hidrocarbonetos voláteis e outros produtos de destilação de petróleo, pacientes com alterações
da consciência e tóxicos que podem causar convulsões (Viana, 2000).

4.2.1.2. Uso de Adsorventes

Carvão ativado é considerado mais seguro, eficaz e barato. Seu uso está indicado após
a indução de êmese, lavagem gástrica ou até isoladamente. O mecanismo de ação baseia-se na
adsorção por ligação com o carbono, mas não detoxifica as toxinas; é eficaz para bloqueio da
absorção dos tóxicos e interrompe a recirculação êntero-hepática. O carvão de origem vegetal
tem maior potencial adsorvente. Não se deve utilizar óleo mineral ou vegetal associado e em
intoxicação por destilados de petróleo, apresenta baixo ou nenhum efeito (Nogueira e
Andrade, 2011).

Adsorção elevada em intoxicação por: Organofosforados e outros inseticidas, Rodenticidas


(estricnina), Alcaloides (morfina e atropina) e Barbituratos. Etilenoglicol.

Baixa ou pouca adsorção em casos toxicológicos por: Ácidos, álcalis, clorato, clorado,
cianeto, amônia, detergentes, etanol, sulfato ferroso, ferro, isopropranolol, metanol, ácidos
minerais, nitrato, paraquat, potássio e sódio.

4.2.1.3. Lavagem gástrica

Quando não há contra-indicação à êmese, dá-se preferência ao uso de eméticos em vez


da lavagem gástrica. Isso ocorre porque os eméticos geralmente são mais efetivos para a
remoção do conteúdo estomacal, ou seja, de quantidades razoáveis de material particulado ou
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de muco visco os mais fáceis de serem administrados e estão disponíveis para o uso, inclusive
pelo leigo. Da mesma forma que ocorre com a indução do vômito, há também controvérsia
sobre a eficácia da lavagem gástrica. Caso seja indicada a descontaminação gástrica e
contraindicada a indução de vômito, pode se recorrer à lavagem gástrica (Spinosa et al, 2008).

Esse procedimento é recomendado também quando a indução da êmese não


apresentou sucesso ou nos casos em que, mesmo após a indução do vômito, não houver a
eliminação adequa da do agente tóxico. A lavagem gástrica deve ser realizada até, no
máximo. 1 a 2 horas após a ingestão do agente tóxico. São apontadas como as principais
vantagens da lavagem gástrica a diluição das substâncias cáusticas ingeridas e a remoção de
conteúdo (Spinosa et al, 2008).
Em grandes animais, devido às suas particularidades anatômicas, as lavagens gástricas
têm pouco ou nenhum efeito. Sua utilização fica, portanto, restrita quase que exclusivamente
aos carnívoros (Spinosa et al, 2008).
Para sua realização, as seguintes normas devem ser seguidas:
1) Se o animal estiver inconsciente ou anestesiado, fazer entubação endotraqueal para
prevenir aspiração de conteúdo gástrico e certificar-se que a sonda está corretamente
inserida no estômago (animais inconscientes perdem os reflexos protetores da
traquéia),
2) Antes da lavagem, sedar o animal (exceto, obviamente, aqueles que já têm alterações
de consciência);
3) Utilizar uma sonda lubrificada de maior calibre possivel, para evitar a obstrução por
particulas do conteúdo gástrico.
4) Manter o animal com a extremidade anterior mais baixa que a região abdominal;
5) Introduzir 10 ml/kg de água filtrada ou solução fisiológica mornos e retirar em
seguida, repetindo-se várias vezes até que o líquido saia claro (mínimo de 10-15
lavagens),
6) Fazer a última lavagem com uma solução de carvão ativado (1 g de carvão para 5-10
ml de água), na dose de 2-8 ml/kg.

4.2.1.3. Catárticos

De acordo com Viana (200), o uso de catárticos é indicado para se acelerar o processo
de eliminação do restante do tóxico que eventualmente permaneça no trato gastrointestinal.
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Alguns cuidados devem ser seguidos no uso destas drogas:

a) De maneira geral, usa-se um catártico salino ou um laxante emoliente (óleo mineral);


b) O uso de catárticos imitantes é desaconselhado naqueles casos onde o tóxico pode ter
provocado lesões na mucosa gastroentérica. Nestes casos, preferir sempre o óleo mineral;
c) Os catárticos salinos são especialmente indicados em intoxicações por glicosídeos
cianogênicos;
d) Em ruminantes, dependendo da natureza do tóxico, condições da exposição e valor do
animal, a rumenotomia pode ser a melhor indicação, pois o esvaziamento completo do
rúmen é muito difícil de ser obtido através de catárticos.

4.2.1.4. Enemas ou clister

É uma forma medicamentosa que consiste na introdução de líquido por via retal que,
no caso no caso da conduta de urgência nas intoxicações, é de evacuação. O líquido mais
indicado mais indicado para a realização do enema de evacuação é a agua morna, entretanto,
sua eficácia depende do agente toxico ainda estar presente no intestino (não ter sido
absorvido) e, em particular, nas ultimas partes do intestino grosso (local de atuação do
enema). Os enemas podem ser úteis na eliminação de resíduos tóxicos da porção final do trato
gastrointestinal. É um procedimento simples e eficaz utilizado para tratar quadros de
intoxicam intestinal e esvaziar o colon menor e reto (Spinosa et al, 2008).

4.2.1.5. Lavagem ocular

O contato ocular com agentes tóxicos pode provocar lesões nos olhos. As estruturas
mais vulneráveis são a conjuntiva e a córnea. Sol ventes como álcoois, detergentes e
hidrocarbonetos causam lesões superficiais nos olhos, e as substâncias corrosivas geralmente
causam um dano maior, podendo levar à cegueira (Spinosa et al, 2008).

Logo após a confirmação da exposição, deve-se iniciar a lavagem do olho acometido,


por, pelo menos, 20 a 30 minutos. A lavagem sempre deve ser feita no sentido medio lateral,
com a cabeça lateralizada para evitar o comprometimento do outro olho. Esse procedimento
pode ser iniciado pelo proprietário do animal ainda no domicílio, utilizando-se água limpa ou
soro fisiológico. Como mencionado anteriormente, não é recomendada a tentativa de
neutralizar substâncias ácidas ou alcalinas, por causa do risco de aumentar a gravidade da
lesão (Spinosa et al, 2008).
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A avaliação oftalmológica posterior é sempre necessária e deve ser feita o mais rápido
possível, mas não antes da lavagem exaustiva dos olhos. A indicação de colírios anestésicos
pode trazer maior conforto ao paciente. (Spinosa et al, 2008).

4.2.1.6. Banho

O banho é a melhor forma de retirar ou diminuir a concentração do agente tóxico na


pele. Contudo, deve-se ressaltar que o banho só é recomendado quando o quadro clínico do
paciente está estabilizado, uma vez que tal procedimento pode exacerbar colapsos
cardiovasculares e convulsões. É inquestionável que cabe ao médico veterinário fazer uma
avaliação quanto aos riscos e benefícios de remover ou não o agente tóxico nesse momento.
As pessoas que irão realizar esse procedimento devem ser orientadas a utilizar vestimentas
adequadas (luvas, avental, botas), com o intuito de evitar possível contaminação ou contato
com o agente tóxico. Também devem ser protegidos olhos, focinho e cavidade bucal do
paciente, para evitar inalação ou ingestão do agente toxicante durante o banho (Spinosa et al,
2008).

Recomenda-se banho com água morna corrente por, pelo menos, 15 minutos. As
substâncias oleosas podem ser mais bem retiradas com o uso de sabão neutro (sabão de
glicerina, detergente doméstico para lavar loucas, xampu neutro, sabonete de uso infantil etc.)
(Spinosa et al, 2008).

O animal deve ser muito bem enxaguado e seco, evitando-se o uso de secadores com
temperatura alta, pois a vasodilatação da pele favorece a absorção. Deve-se ressaltar que não é
recomendada a tentativa de neutralizar substâncias ácidas ou alcalinas, por causa do risco de
aumentar a gravidade da lesão reações de neutralização podem produzir calor suficiente para
danificar o tecido subjacente). Caso o agente tóxico apresente-se sob a forma de materiais
colantes fixados no pelame, recomenda-se a retirada da área do pelame comprometida ou
mesmo a realização de tosa. Nas intoxicações onde o agente é aplicado pela via cutânea (p. ex
ectoparasiticidas), banhoscopiosos e corte de pelo dos animais podem evitar que haja
continuidade no processo de absorção do tóxico (Spinosa et al, 2008).

4.2.3. Eliminação de tóxicos já absorvidos

Após algumas horas da contaminação, qualquer que seja a via envolvida, as


substâncias são absorvidas, distribuídas, metabolizadas, principalmente no fígado e
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eliminadas in natura ou como metabólitos. Sabendo-se que a maioria das substâncias sofre
excreção renal, pode-se atuar em duas frentes na tentativa de acelerar a excreção renal dos
tóxicos (Nogueira e Andrade, 2011):

a) Uso de diuréticos.
b) Alteração de PH urinário.

4.2.3.1. Diuréticos

Têm por finalidade a diurese forçada (o corpo passa a produzir mais urina do que o
normal favorecendo a eliminação do tóxico e, para isso, há necessidade de se certificar de que
o animal apresenta o fluxo urinário adequado. Quanto seria o fluxo urinário adequado? Em
cães, isso equivale a 0,01mL de urina/kg de peso vivo (PV)/min ou 20mL/kg/dia, em média
(Nogueira e Andrade, 2011).

Os diuréticos empregados com maior frequência, são: Manitol, Furosemida (Lasix®) e


Espironolactona (Aldactone®).

4.2.3.2. Alteração do pH Urinário

4.2.3.2.1. Alcalinização

Outra prática para eliminar tóxicos já absorvidos é a alteração do pH urinário, que


poderá ser por alcalinização ou acidificação, de acordo com o produto envolvido na
intoxicação. Aqueles tóxicos que são ácidos fracos necessitam de alcalinização para que estes
se tornem mais ionizados e, assim, haja redução de sua reabsorção pelos túbulos renais, com o
intuito de acelerar a eliminação renal (Nogueira e Andrade, 2011).

Tóxicos devem ser tratados com alcalinização: organofosforados, carquebamatos,


monofluoroacetato, organoclorados, piretroides, salicilatos, ácido acético, fenobarbital,
etilenoglicol e outros ácidos fracos.

4.2.3.2.2. Acidificação

Em intoxicações por substâncias que são bases fracas, a acidificação auxilia acele rar
sua eliminação renal. Aplica-se muito bem aos casos de intoxicação por anfeta mina, amitraz,
estricnina e outras substâncias básicas. Poderão ser usados cloreto de amônio, 200mg/kg, VO,
em doses divididas; ácido ascórbico (vitamina C). Solução fisiológica ou solução de Ringer
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são acidificantes fracos e, na falta de clore to de amônio, poderão substituí-lo. Considerando-


se que na maioria dos casos toxicológicos ocorre quadro de acidose metabólica, é preciso
muita cautela ao acidificar o animal intoxicado nesse estado. O exame de hemogasometria
será bom aliado para verificar e acompanhar os dados do animal durante e após o tratamento.
Em casos de mioglobinúria e hemoglobinúria, a acidificação da urina pode aumentar a
precipitação desses pigmentos, agravando o quadro clínico, inclusive com possível evolução
para insuficiência renal (Nogueira e Andrade, 2011).

4.3. Inativação do agente tóxico absorvido ou seus efeitos

4.3.1. Antídotos

O procedimento ideal para inativar o agente tóxico absorvido seria a utilização de


antídotos, substâncias químicas capazes de ligar-se ao agente tóxico dentro do organismo do
animal, impedindo o seu efeito tóxico nos tecidos. Infelizmente, o número de antídotos são
muito peque no frente à grande quantidade de substâncias passíveis de causar efeitos nocivos
no organismo animal (Spinosa et al, 2008).
A transformação metabólica do tóxico é acelerada pelo antídoto. Ex: Os íons nitrito e
tiossulfato se unem ao ácido cianidrico para formar a cianometaemoglobina e o tiocianato. O
antídoto bloqueia a formação de um metabólito tóxico a partir de um precursor menos tóxico,
O antídoto acelera a excreção do tóxico. Ex: O íon sulfato acelera a eliminação do excesso de
cobre em ruminantes. O antídoto compete com o tóxico por receptores essenciais. Ex: A
vitamina K compete com os cumarínicos pelos receptores que interferem na formação do
complexo protrombina. Neste caso, o antídoto é classificado como fisiológico ou competitivo,
pois antagoniza o tóxico sem ficar em contato com ele (Spinosa et al, 2008).

Um exemplo característico de antídoto utilizado em quadros de intoxicação são os


quelantes de metais. Contudo, deve-se ter cuidado com alguns antídotos mais específicos,
uma vez que alguns por si só causam toxicidade. Por exemplo, em algumas intoxicações
crônicas por chumbo, o uso de quelantes pode precipitar o quadro de intoxicação aguda
decorrente da mobilização rápida do metal de seus depósitos no organismo para a circulação
sanguínea (Spinosa et al, 2008).

Os antídotos empregados nas principais intoxicações que ocorrem em medicina


veterinária são:
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Ácidos, Óxido de magnésio,Álcalis, Ácido acético, Alcalóides, Permanganato de potássio,


Uréia, Ácido acético, О Arsênico, Dimercaprol, tiossulfato de sódio, Barbitúricos,Doxapram,
anfetaminas,Carbamatos,Atropina, Organofosforados, Atropina, Organoclorados,
Pentobarbital, Cobre, Molibdênio, ferroprussiato, Cumarínicos, Vitamina K, Ácido cianidrico,
Nitrito e tiossulfato de sódio, Chumbo, EDTA cálcico e penicilamina, Mercúrio,
Nitratos/Nitritos, Dimercaprol e tiossulfato de sódio, Azul de metileno, ácido ascórbico,
Estricnina, Benzodiazepínicos

4.3.2. Transformação do toxico em forma inabsorvível

A transformação em forma inabsorvível evita que eventuais restos do tóxico possam


ser absorvidos pelo trato digestivo. Infelizmente, o número de antídotos é muito pequeno
frente à grande quantidade de substâncias passíveis de causar efeitos nocivos no organismo
animal (Nogueira e Andrade, 2011).

Segundo Nogueira e Andrade (2011), podem ser usados os seguintes métodos:

Complexação: consiste na formação de um precipitado ou complexo insolúvel do toxico.


Dentre as várias drogas utilizadas, pode-se citar:

a) Sulfatos de chumbo, bário ou magnésio;


b) Ion cálcio, indicado na complexação de ánions como oxalatos ou taninos
c) Agentes quelantes (p. ex. EDTA e penicilamida), que formam complexos com metais
pesados.
d) Na falta de outras drogas, pode-se usar a água albuminosa constituída por 4 claras de
ovobatidas em 1 litro de água.

Ionização: Altera-se o pH do tóxico, evitando sua absorção pela membrana Dependendo do


agente. promove-se uma alcalinização ou acidificação do conteúdo digestivo

Adsorção: Constitui um processo de captação física das moléculas do tóxico que,


incorporadas a um carreador não absorvível, são eliminadas sem serem absorvidas do trato
intestinal. O mais eficiente e barato adsorvente é o carvão ativado.
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5. Conclusão

Terminado o trabalho conclui-se que a maioria dos casos de intoxicações resulta do


instinto ou curiosidade dos animais em explorar aquilo que encontram pelo caminho,
associada a negligencia dos que propiciam o acesso aos mesmos. Os agentes tóxicos são os
medicamentos, pesticidas, domissanitários, raticidas, produtos químicos industriais, metais
pesados, plantas e animais peçonhentos. Contudo outros seriam consequências de ações mal-
intencionadas ou simplesmente fruto da ignorância dos proprietários que pode comprometer a
saúde e qualidade de vida dos animais e humanos. E a terapêutica das intoxicações tem como
objectivo aplicar procedimentos emergenciais para o restabelecimento das funções vitais do
animal intoxicado, com o intuito de oferecer bem-estar ao animal, diagnosticar e fazer a
retirada do agente toxico do organismo animal. O médico veterinário jamais deve esperar a
confirmação laboratorial para iniciar o tratamento de suporte terapêutico já que é
imprescindível assegurar as funções vitais e a melhor medida contra intoxicações é a
prevenção.
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6. Referências bibliográficas

Camargo, Marcia Maria e Oga, Seizi (2014). Fundamentos de Toxicologia. 4ª. Edição. São
Paulo: Atheneu.

Nogueira, B. Maria. R.; Andrade, F. Sílvia (2011). Manual de Toxicologia Veterinária. 1ª.
Edição. Roca. São Paulo.

Spinosa, H. de Souza; Gorniak, Silvana L.; Neto, João P. (2008). Toxicologia aplicada a
Medicina Veterinária. 1ª. Edição. Barueri, SP: Manole.

Viana, Fernando António Bretas (2000). Fundamentos de Terapêutica Veterinária:


departamento de clinica e cirurgias veterinárias. Escola de Veterinária da UMFG. 1ª. Edição.

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