Você está na página 1de 24

FACULDADE MAURICIO DE NASSAU – FORTALEZA

CURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA

CELINA PIMENTEL
MARCELA BRENA CHAVES
TANIELLE FERREIRA
SABRINA RAFAELA
YANNA JÚLIA OLIVEIRA

TRANGÊNICOS

FORTALEZA
2017

1
CELINA PIMENTEL
MARCELA BRANA CHAVES
TANIELLE FERREIRA
SABRINA RAFAELA
YANNA JÚLIA OLIVEIRA

TRANSGÊNICOS

Trabalho submetido à Disciplina de


Biotecnologia do Curso de
Graduação em Biomedicina da
Faculdade Maurício de Nassau
Fortaleza como requisito parcial
para avaliação.

Prof Dr. Bruno Rocha da Silva

FORTALEZA
2017
2
RESUMO

O início do processo de manipulação genética só foi possível após a


descoberta feita pelo norte-americano James Watson e pelo britânico Francis
Crick quando a morfologia e composição do DNA foi descrita pela primeira vez.
Esse feito possibilitou a criação de diversas procedimentos de biologia
molecular entre elas a técnicas de DNA recombinante e a PCR (reação em
cadeia polimerase), estas foram essenciais para dar início ao processo de
transgenia. Em meados do século XX foi registrado a primeira experiência em
engenharia genética, através dos estudos dos cientistas Cohen e Boyer que
coordenaram um grupo de pesquisas em Stanford, na University of Califórnia, e
conseguiram transferir um gene de rã para uma bactéria por meio da técnica de
DNA recombinante, este foi considerado o passo inicial dos transgênicos e um
grande avanço na história. Uma década depois obteve-se a primeira planta
transgênica, o tabaco GM, e em 1994 passou a ser comercializado o tomate
Flarv Sarv a primeira variedade de alimentos transgênicos. É sabido que o uso
de leveduras para pães, vinhos e queijos aparecem desde o Antigo
Testamento, estes podem ser considerados como as primeiras aplicações de
biotecnologia. Contudo, o termo biotecnologia passou a ser utilizado no início
do século XX. As aplicações da engenharia genética se desenvolveram em
tempos de indagação quanto aos seus riscos em relação ao impacto ambiental
e social, os danos sobre a saúde, assim como levantou indagações sobre os
aspectos éticos morais, levantando discussões sobre o significado da vida. Os
transgênicos são produtos ou organismos nos quais foram inseridos genes
exógenos (de outra espécie) via transformação gênica. Em geral os cientistas
extraem genes de uma espécie que possui uma característica importante e os
transferem para a que se deseja melhorar. Essa tecnologia permite uma
modificação direta do genoma de um ser vivo, seja pela introdução de um novo
gene de origem externa, ou mesmo, a inativação de um gene ora existente.
Uma vez realizado esse processo, o organismo modificado passará a produzir
a substância de comando do novo gene recebido, o que possibilita de certa
forma, mudanças na qualidade dos alimentos.

3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 06

2 REVISÃO DE LEITURA ................................................................ 07

2.1 ALIMENTOS TRANSGÊNICOS................................................. 07


2.2 ANIMAIS TRANSGÊNICOS ...................................................... 08

2.2.1 Adição Gênica em Animais.................................................. 09

2.2.2 Modificação genética adquirida........................................... 09

2.2.3 Atuação na Pecuária e Indústria.......................................... 10

2.3 PLANTAS TRANSGÊNICAS...................................................... 11

2.4 MEDICAMENTOS TRANGÊNICOS........................................... 13

3 OBJETIVOS................................................................................... 15

3.1 OBJETIVOS GERAIS................................................................. 15

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................... 15

4 METODOLOGIA............................................................................. 16

4.1 COMO É ALCANÇADA A MODIFICAÇÃO GENÉTICA.............. 16

4.2 COMO É REALIZADA A ADIÇÃO GÊNICA................................ 17

5 RESULTADOS OBTIDOS.............................................................. 18

5.1 BENEFÍCIOS .............................................................................. 18

5.1.1 Aumento da produtividade das colheitas............................ 18

5.1.2 Tolerância das plantas a condições adversas de solo e clima.. 18

5.1.3 Aumenta a produção de fármacos........................................ 18

5.1.4 Aumento do potencial nutricional dos alimentos................ 19

5.1.5 Alta resistência as pragas...................................................... 19

5.2 MALEFÍCIOS............................................................................... 19

4
5.2.1 A geração de novas pragas e plantas daninhas.................. 19

5.2.2 Alteração da dinâmica dos ecossistemas............................ 20

5.2.3 Produção de substâncias tóxicas......................................... 20

5.2.4 Perda da biodiversidade........................................................ 20

5.2.5 Oligopolização internacional do mercado de sementes.... 21

5.2.6 Danos a espécies não-alvos.................................................. 21

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 22

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................. 23

5
1 INTRODUÇÃO

O que nos torna diferentes dos outros animais, com certeza é a busca
por conhecimento e a necessidade de fazer algo novo. Por essa razão, a muito
tempo, pesquisadores e estudiosos, incansavelmente, procuram respostas
para questionamentos polêmicos, como a transmissão de características por
gerações, ou onde tais características ficariam armazenadas, melhoramento de
tais características ou, até mesmo, inibição das mesmas.

O termo Biotecnologia é relativamente recente, foi utilizado a primeira


vez no início do século XX e era utilizado quando se referiam as atividades de
organismos vivos em matéria não viva. Analisando desta maneira, podemos
dimensionar as diversas atividades essenciais aplicadas para a manutenção da
vida humana. Podemos citar como um grande passo para a área da
Biotecnologia a descoberta da penicilina, que salvou milhares de vidas e
projetou a ciência para um novo patamar.

Ao longo dos séculos o homem vem modificando animais e plantas para


melhorar a qualidade da produção de remédios e alimentos. Esta evolução da
biologia ao longo do tempo desenvolveu uma área da ciência, denominada
Engenharia Genética, que é responsável por inúmeros avanços, tais como
produção de vacinas, desenvolvimento de antibióticos, clonagem de animais e
plantas, dentre outros. A engenharia genética, permitiu também a modificação
no material genético de alguns seres vivos, podendo alterar assim suas
características, produzindo então o que chamamos de organismos
Transgênicos.

Os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) ou transgênicos é,


também, muito recente, surgiram na segunda metade do século XX, e
rapidamente alcançaram curiosidade e abrangência mundial, principalmente os
alimentos transgênicos. A discussão sobre os OGMs é recheada de
paradigmas e questionamentos. Essa nova tecnologia, para alguns, é uma
certeza de desenvolvimento e crescimento mundial, para outros ainda tem
muito para ser esclarecido sobre os impactos que incidem na saúde, impactos

6
sociais, políticos, na economia, no meio ambiente e, principalmente, na
bioética.

Por ser uma nova tecnologia e pelo pouco conhecimento a respeito dos
riscos oferecidos pelos OGMs, conhecer os diversos pontos de vista, analisar
com clareza e informação os prós e contras trazidos e, fazer uso de estudos e
pesquisas confiáveis para formar uma opinião própria sobre essa tecnologia,
extremamente atual e polêmica é imprescindível para o crescimento e
educação da população.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

São alimentos provindos de sementes e plantas, cujos materiais


genéticos tenham sido modificados com o propósito de adquirir vantagem tanto
para as plantações quanto para os consumidores. Os alimentos podem ser
produzidos por meio da tecnologia do DNA recombinante, sendo mais
nutritivos, estáveis no armazenamento e, em princípio mais saudáveis,
trazendo benefícios nos países industrializados como naqueles em
desenvolvimento, ou mesmo em transição.

No Brasil ainda existe uma certa oposição a esses alimentos, pois


chegaram de forma ilegal e agora estão em processo de legalização. A
consequência natural é a falta de informações sobre seus benefícios e
malefícios, por conta disso poucas pessoas sabem que se bem utilizada a
engenharia genética poderá dar mais qualidade de vida ás populações.

Mas essa questão ainda é bem discutida pela a comunidade científica


que ainda não chegou a um consenso a respeito da segurança dos

7
transgênicos para a saúde humana e para o meio ambiente. No entanto, a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e a
Organização Mundial da Saúde enfatizam que os alimentos transgênicos não
apresentam riscos.

O tomate longa vida foi o primeiro produto agrícola comercializado e já


está presente nas gôndolas dos supermercados de vários países. Cerca da
metade da soja americana e a quase totalidade da Argentina é transgênica.
Parcela considerável das lavouras de algodão do mundo é de cultivares
transgênicas. Já se acena com a possibilidade de produzir café naturalmente
descafeinado e plásticos biodegradáveis, desenvolvidos a partir de polímeros
de soja e de fibra de cana-de-açúcar, com o concurso de bactérias
transgênicas. (J.C.ARAÚJO,2001,p.119)

Sendo assim, podemos ter tomates mais resistentes, adicionando


genes que são de outros vegetais a ele. Frutos mais resistentes devido a genes
que conferem essa característica serem inseridos no DNA do receptor (a
espécie a ser aprimorada). Ou fazer com que esse mesmo fruto demore certo
tempo para amadurecer até que chegue aos supermercados.

2.2 ANIMAIS TRANSGÊNICOS

Animais transgênicos são aqueles cujo genoma foi modificado pela


introdução de sequencias de DNA de outro organismo. Muitas vezes tais
sequências são manipuladas por engenharia genética de tal forma que
constituem uma mistura de pedaços de DNA vindo de diversas origens.
Existem vários métodos disponíveis para a geração de um animal transgênico.
O método a ser empregado depende do tipo de modificação genética que se
deseja realizar: introdução, modificação ou inativação de um gene.

8
2.2.1 Adição Gênica em Animais

O método mais utilizado na introdução de genes é a transgenia por


adição, através da qual é inserida no genoma uma ou várias cópias de um
gene de interesse - daí suas outras denominações: adição gênica e modelo de
super-expressão de genes. O gene adicionado pode ser endógeno ou
exógeno. O endógeno já existe no genoma do animal. Ele é usado quando se
quer produzir uma quantidade maior da proteína codificada já existente,
aumentando a quantidade de cópias dele no genoma. Gene exógeno como o
nome sugere pertencem a outra espécie e são usados para fazer um animal
produzir uma nova proteína, ausente na forma desejada na espécie receptora.

Uma desvantagem desse método é que a inserção da sequência de


DNA no genoma animal é aleatória. Assim, ela pode ser ineficaz ou até mesmo
letal, uma vez que o local onde o gene será integrado é incerto. Esse tipo de
evento provoca o que os pesquisadores denominam "efeito não intencional" da
transgênese. Por causa dessas possibilidades, a comparação de várias
linhagens transgênicas com a mesma modificação genética é imprescindível
para que se possa inferir a função de um gene ou correlacioná-lo a
determinada doença.

2.2.2 Modificação genética adquirida

Um dos principais objetivos da transgênese sempre foi produzir animais


com alterações específicas e controladas no genoma, tais como inativação de
genes ou mutações pontuais de aminoácidos nas proteínas codificadas por
eles. Hoje isso é possível, porém a técnica empregada para produzir esses
animais é mais complexa que a de adição gênica. Ao contrário desta, o método
utilizado para a modificação e inativação de genes exige que se conheça sua
localização no genoma. Por isso, ele é denominado modificação genética

9
dirigida ou controlada. Essa técnica possibilita substituir um gene funcional por
uma sequência mutada que, uma vez introduzida, inativa o gene endógeno
original, gerando um animal conhecido como modelo knockout. Da mesma
forma, é possível alterar uma pequena sequência do gene, gerando um modelo
knockin que produzirá uma proteína modificada em vez da proteína endógena
intacta naturalmente presente no animal. O termo knockin se deve ao fato de,
nessa técnica, o gene endógeno ser retirado do genoma e substituído por outro
com uma pequena modificação.

2.2.3 Atuação na Pecuária e Indústria

Para aumentar a produção de leite ou acelerar o crescimento do animal,


era utilizado o cruzamento seletivo ou ainda hormônio de crescimento. Porém,
o cruzamento seletivo é extremamente lento e dispendioso, além de ser um
processo que não garante os resultados desejados, e o uso de hormônios é
altamente criticado, uma vez que deixa resíduos no produto animal consumido
pelo homem. As novas técnicas de biologia molecular tornaram possível a
introdução de características desejáveis nos animais, em menos tempo e com
mais precisão. Como exemplo, vacas transgênicas que dão mais leite ou leite
com menos lactose ou com menos colesterol, porcos e bovinos que produzem
mais carne, ovelhas com mais lã. Também há experimentos que tentam
desenvolver porcos e outros animais resistentes a doenças.

A indústria mundial vem utilizando cada vez mais as novas tecnologias


de transgênese, a fim de desenvolver produtos para os mais diversos fins. A
indústria farmacêutica, por exemplo, aplica um processo denominado
"humanização de camundongos" para a utilização desses modelos animais no
desenvolvimento de novas drogas. Por meio desse processo, um gene é
retirado do genoma do animal pela técnica de knockout e, em substituição, um
gene humano é inserido pelo método de adição gênica. Essa técnica deve

10
facilitar enormemente o desenvolvimento de novos medicamentos, barateando
os custos e diminuindo o tempo para uma nova droga chegar às farmácias.

Outra importante aplicação da transgenia animal é a produção de


animais conhecidos como biorreatores. Estes são geralmente animais
domésticos de médio e grande porte, utilizados para a produção de proteínas
recombinantes humanas de grande interesse biológico e comercial, como
enzimas, hormônios e fatores de crescimento. Em geral a proteína de interesse
é expressa no leite do animal, tornando sua produção mais barata e eficiente.

Em 1997, o primeiro bovino transgênico, a vaca Rosie, produzia leite


enriquecido com a proteína humana lactoalbumina. Há também pesquisas em
curso voltadas para a produção de leite transgênico contendo as proteínas
necessárias para o tratamento de doença. Por exemplo, o Instituto A. I.
Virtanen, da Finlândia, gerou um bovino contendo um gene cuja proteína
correspondente promove o crescimento de hemácias em humanos.

No Brasil, inúmeras pesquisas estão sendo realizadas pesquisas em


parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a
Universidade de Brasília (UnB) e o Hospital de Apoio de Brasília, produziu no
leite de camundongos transgênicos o fator IX humano, uma proteína
responsável pela coagulação do sangue.

2.3 PLANTAS TRANSGÊNICAS

Durante anos as plantas cultivadas vêm sendo manipuladas


geneticamente pelo homem, através de cruzamentos controlados, modificando
por seleção a constituição genética de indivíduos ou de populações, com o
objetivo de obter genótipos superiores. Este é o método conhecido como
melhoramento clássico ou tradicional. ( Rocha DR, Marin VA, 2011, P.3340).
Quando substâncias são produzidas em plantas desenvolvidas, estas podem
ser extraídas em grande quantidade, de forma mais econômica se comparado

11
ao processo de extração utilizando microrganismos. As plantas transgênicas
podem ser classificadas em quatro tipos:
 A primeira tem como objetivo desenvolver plantas que apresentem
significativos níveis de tolerância a herbicidas ou resistência a insetos,
exemplo dessas plantas podem ser o milho Bt e a soja RR.
 A segunda consiste no aumento na qualidade nutricional das plantas,
um exemplo conhecido é o “golden rice”, arroz que foi enriquecido com
vitamina A.
 A terceira classificação são plantas desenvolvidas com a finalidade de
imunizar contra doenças e patógenos por meio da alimentação, com o
intuito de substituir vacinas utilizadas atualmente.
 E a quarta classificação, também conhecida como bio fábricas faz a
substituição de bactérias e outros microrganismos vivos, para a
produção de substâncias que possam ser inseridas em medicamentos a
larga escala, desenvolvendo substâncias dentro das plantas como milho,
tabaco, batata.

Plantas são amplamente utilizadas na fabricação de medicamentos


desde o século XX e usos terapêuticos sendo em formas de chás ou ervas.
Com os processos transgênicos as plantas geneticamente modificadas estão
em expansão, útil para a produção de compostos que serão consequentemente
usados em fármacos e vacinas. Entretanto a exacerbada produção pode
causar desequilíbrio ambiental em áreas cultivadas. Obtidas pela introdução de
um gene novo no seu genoma das plantas, condicionando uma nova
característica que naturalmente não existe no meio ambiente.
Como aplicação a técnica de DNA recombinante (PCR) às plantas para
obtenção de variedades transgênicas com características melhoradas.
Atualmente, as aplicações possíveis da modificação genética de plantas são
imensas, na área biotecnológica o conjunto de tecnologias que utiliza para seu
desenvolvimento organismos vivos tem como objetivo de produzir ou modificar
produtos e processos visando um uso específico que possibilita a geração de
novos serviços com grande impacto em segmentos do polo industrial.

12
2.4 MEDICAMENTOS TRANGÊNICOS

Os organismos geneticamente modificados, conhecidos como


transgênicos, podem ser utilizados na produção de medicamentos, tendo como
estimativa de que a demanda por medicamentos aumentará a ponto de
exceder a capacidade de produção nos sistemas tradicionais. Muitas pessoas
tomam medicamentos que são de origem transgênica, os quais não causam
nenhum tipo de dano a esses indivíduos. Os transgênicos oferecem inúmeras
melhorias para a população, sendo assim, é oportuno que estes permaneçam
no mercado, com a necessidade de um uso consciente. (CAMPOS, 2008.)

O mercado biofarmacêutico vem crescendo cada vez mais. Tendo em


vista o aumento da produtividade e a obtenção de baixos custos, os produtores
vêm utilizando e testando novas e diferentes formas nas áreas tecnológicas. A
produção de fármacos em sistemas agrícolas vem aumentando, por serem
fontes mais baratas e disponíveis de fármacos, incluindo as vacinas para
doenças infecciosas e as proteínas terapêuticas que visam os tratamentos de
câncer e de doenças do coração. (Gomord V, CHAMBERLAIN P, JEFFERIS R,
2005). As indústrias focam no uso de microrganismos (bactérias e leveduras) e
de células de mamíferos (mais comumente células de roedores), como também
células de insetos e de animais transgênicos para a produção desses
medicamentos. ( PERTESON RKD, ARNTZEN C.2004).

Em relação às doenças infecciosas, o uso desta nova tecnologia visa


aumentar o número de imunizações, já que a vacinação é considerada um dos
mais eficazes métodos na prevenção das doenças. Dentre as cerca de trinta
doenças infecciosas no mundo, nas duas últimas décadas, pelo menos três
delas foram identificadas por cientistas biomédicos brasileiros ou com a
decisiva contribuição dos mesmos (MARQUES E POSSAS, 1998).

A produção industrial de algumas das principais instituições públicas


brasileiras atualmente supre as necessidades do mercado interno de vacinas
contra sarampo, meningite meningocócica, soro-tipos, febre amarela e outras
substâncias biológicas de aplicação em saúde humana e animal. De acordo

13
com a organização humanitária CARE, estima-se que mais que 30 milhões de
crianças no mundo não são imunizadas contra doenças, devido ao custo da
produção de vacinas, que são tecnicamente complexas. Os organismos
transgênicos têm provado serem sistemas de uso versátil na produção de:
diferentes tipos de proteínas, como os anticorpos, vacinas para uso humano e
veterinário, hormônios, produtos sanguíneos, enzimas de reposição e enzimas
industriais. Grande exemplo é a pesquisa que a empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está realizando, trata-se de provocar
mutação genética na soja para estimular a produção de uma substância capaz
de controlar a infecção por HIV. Essa pesquisa segue o mesmo modelo de
produção de fármaco para uma doença rara, a partir de mutações na cenoura.

A substância produzida pela cenoura transgênica já está autorizada para


comercialização nos EUA e no Brasil. Uma vez definida a substância, é
necessário decodificar os genes que contenham a informação para a produção
da proteína por uma célula. Escolher a melhor célula capaz de incorporar o
gene em seu material genético, podendo ser uma planta ou microrganismo
para produzir a substância. Os estudos com a soja já estão avançados porque
a substância já está sendo produzida e purificada. Os próximos passos é
garantir melhor produtividade na purificação, aumentando a quantidade da
substância extraída da soja. (BYRNE ,2009).

O medicamento mais conhecido produzido por transgênicos é a insulina,


oriunda de animais transgênicos (suíno e bovino) (PERTERSON RKD,2004).
Esse tipo de uso da transgenia, não representa um perigo ao meio ambiente. O
consumidor recebe uma substância química purificada e analisada e também
não tem contato com o ser vivo transgênico. Existem alguns produtos já
comercializados, oriundos desta mesma tecnologia como o TrypZean®
produzido pela Sigma desde 2004, e o primeiro produto a ser produzido em
escala comercial e liberado para comercialização com fins analíticos. O
Avidin®, utilizado para diagnósticos. A Trypsin®, empregada no tratamento de
feridas e na produção de insulina, além da vacina para fins veterinários (contra
o vírus New Castle) produzida pela Dow AgroScience desde 2006. Esta foi a
primeira autorização para uso em animais dada pelo United States Department

14
of Agriculture (USDA) para a tecnologia de produção de fármacos. (SPARROW
P, IRWIN JA, DALE PJ, TWYMAN RM, MA J. P, 2007)

Utilizando o avanço dos organismos transgênicos no o uso da fabricação


de novos medicamentos de maneira adequada é vista positivamente como uma
solução para algumas doenças. Pois uma das maiores vantagens é o baixo
custo para larga escala de produção e maior acesso para a população.
(MILNE, 2008)

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O trabalho realizado tem como objetivo geral oferecer uma visão


cuidadosa sobre Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), utilizados
mundialmente na Biotecnologia.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar técnicas para o tratamento de doenças conhecidas pela


ciência;
 Ponderar a introdução desses organismos na rotina alimentar da
sociedade;
 Tratar a utilização de transgênicos na agricultura;
 Verificar sua utilização para a ciência de uma maneira ampla e,
 Discutir e apontar as vantagens e desvantagens destas
aplicações mostradas pela literatura atual.

15
4 METODOLOGIA

A transgenia é uma técnica que pode contribuir de forma significativa


para o melhoramento genético de plantas e animais, visando à fabricação de
fármacos e outros produtos industriais, assim como produção de alimentos. É
intermediada pela manipulação de genes de forma artificial com o emprego de
um conjunto de técnicas envolvendo duplicação, transferência e isolamento de
genes. A engenharia genética tem como finalidade o melhoramento genético.
Sua importância reside em produzir indivíduos que desempenhem melhor as
suas funções e, também, na produção de substâncias úteis ao ser humano.
Como exemplos de transgênicos temos uma imensa gama de alimentos
consumidos diariamente em diversos países sem que se tenha ciência dos
processos de produção.

4.1 COMO É ALCANÇADA A MODIFICAÇÃO GENÉTICA

A modificação genética dirigida ou controlada inclui uma etapa a mais


que a adição gênica: a cultura de células-tronco embrionárias. Essas células
são modificadas in vitro por um processo denominado recombinação homóloga
- a troca de sequências de DNA correspondentes entre cromossomos, que
ocorre naturalmente no núcleo das células - e dão origem a um organismo com
um gene inativado ou alterado. O princípio dessa técnica é a substituição de
um gene-alvo por uma sequência mutada que, uma vez introduzida, irá inativá-
lo ou modificá-lo.

No caso dos animais, primeiro grande êxito dos pesquisadores, no final


da década de 80, foi conseguir isolar e manter células-tronco indiferenciadas in
vitro e, pouco mais tarde, com a injeção deles em embriões receptores,
produzir camundongos quiméricos - formados por duas linhagens de células
geneticamente distintas, uma originária das células-tronco modificadas que

16
foram injetadas (de animais de pelagem escura) e outra do blastocisto receptor
(originadas de animais de pelagem clara).

O animal resultante desse processo apresenta pelagem malhada. Isso


provou definitivamente que essas células são capazes de iniciar o processo de
diferenciação e produzir um indivíduo completo.

As células-tronco embrionárias são totipotentes, ou seja, células


capazes de gerar qualquer tipo de tecido, são oriundas de embriões na fase
inicial de desenvolvimento, após cerca de quatro dias da fertilização do óvulo.
O embrião nessa fase é denominado blastocisto e possui centenas de células-
tronco na sua massa celular interna, que darão origem a todos os tecidos do
organismo adulto. Com o domínio da cultura de células-tronco, o próximo
passo foi descobrir como inativar ou modificar genes específicos nessas
células. Esse feito foi conseguido com o uso da recombinação homóloga. A
seleção das células-tronco embrionárias com genoma mutado é realizada, e
finalmente as células modificadas são microinjetadas em embriões de
camundongo, no caso dos animais, por exemplo. Desta maneira, é possível
inativar de maneira sistemática qualquer gene, desde que sua sequência
genômica seja conhecida.

4.2 COMO É REALIZADA A ADIÇÃO GÊNICA

Através do processo de microinjeção pronuclear é possível introduzir


sequências longas de DNA de diferentes espécies no genoma de mamíferos,
produzindo altos níveis de expressão e integração do transgene em células
germinativas. Inicialmente, o DNA que se deseja inserir é isolado, quantificado,
purificado, amplificado (ou seja, numerosas cópias da sequência são
produzidas) e colocado em um tubo em uma solução apropriada. A seguir, com
um micromanipulador acoplado a um microscópio de alta resolução, o DNA
contendo centenas de cópias do transgene é injetado diretamente em um
embrião recém-fertilizado. Os embriões nessa fase possuem pronúcleos, que
são os núcleos materno e paterno, provindos, respectivamente, do óvulo e do

17
espermatozoide, antes que se unam para formar um único núcleo contendo o
genoma do novo indivíduo.

5 RESULTADOS OBTIDOS

5.1 BENEFÍCIOS

5.1.1 Aumento da produtividade das colheitas

Um trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa


Agropecuária (EMBRAPA), foi introduzido no feijão um gene do vírus
responsável pelas viroses que prejudicavam, a lavoura levando a uma redução
de 40% a 60% da produção. Dessa forma, pode-se obter até 100% da
produção, dependendo do período do cultivo em que ocorre a infestação.
(ALVES, G. S. HOLOS, Ano 20, outubro/2004)

5.1.2 Tolerância das plantas a condições adversas de solo e clima

Uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (MG) mostrou que a


expressão de um gene isolado da soja, em plantas transgênicas de fumo, foi
capaz de conferir tolerância à falta de irrigação por até quatro semanas. O
mesmo gene agora está sendo testado em leguminosas como soja, feijão. Isto
pode constituir uma alternativa para o desenvolvimento da região Nordeste do
Brasil.

5.1.3 Aumenta a produção de fármacos

A EMBRAPA analisa a síntese de proteínas de interesse farmacológico


como o hormônio do crescimento humano, insulina, interferon-beta e o fator

18
aintihemolítico (usados no tratamento da leucemia) dentre outros anticorpos
produzidos por bactérias, sementes de leguminosas ou em animais usados
como biorreatores.

5.1.4 Aumento do potencial nutricional dos alimentos

A engenharia genética tem se preocupado com a questão da


desnutrição no planeta. Dessa forma, tem modificado plantas para produzirem
uma maior concentração de vitaminas (A, C e E) e aminoácidos essenciais, da
mesma forma que retira fatores como o myo-inosito hexakisfosfato que retira
importantes elementos para a nutrição como o cálcio, ferro e fósforo.

5.1.5 Alta resistência as pragas

As pesquisas têm mostrado uma evolução significativa nesse campo. As


principais estratégias buscam a produção de proteínas hidrolíticas, proteínas
dos patógenos, proteínas antimicrobianas, cuja finalidade é aumentar a
resistência de animais e vegetais (banana, soja e alface) à ação de pragas que
infestam as lavouras e os animais de corte. (ALVES, G. S. HOLOS, Ano 20,
outubro/2004 8)

5.2 MALEFÍCIOS

5.2.1 A geração de novas pragas e plantas daninhas

A modificação das plantas poderá levar ao surgimento de novas pragas


uma vez que a nova planta passará a produzir substâncias nutritivas diferentes

19
que levarão ao aparecimento de novos parasitas antes não existentes. Do
mesmo modo, determinados genes podem passar através do pólen de uma
transgênica para uma filogeneticamente relacionada, resultado numa espécie
nociva ao meio ambiente. Um caso já conhecido ocorreu em 1996, quando os
escoceses constataram que o pólen da uma variedade de canola transgênica
poderia ser achado em um raio de dois quilômetros. A canola (Brasica napus) é
parente de uma erva daninha, a Brasica campestris, e as duas espécies
cruzam com certa facilidade. (ALVES, G. S. HOLOS, Ano 20, outubro/2004)

5.2.2 Alteração da dinâmica dos ecossistemas

A introdução de uma nova espécie em um meio e as monoculturas


podem levar ao desaparecimento de outras espécies da cadeia alimentar que
utilizavam o meio natural para a alimentação e reprodução.

5.2.3 Produção de substâncias tóxicas

A produção de substâncias tóxicas pode ocorrer a partir da degradação


incompleta de produtos químicos perigosos codificados por estes genes
modificados.

5.2.4 Perda da biodiversidade

A manipulação de genes poderá propiciar o aparecimento de novas


espécies melhores adaptadas ao meio ambiente. Isto poderá levar ao
desaparecimento de espécies mais frágeis em relação à adaptação ao meio
ambiente, através de uma seleção “natural”.

20
5.2.5 Oligopolização internacional do mercado de sementes

Trata-se de um risco econômico decorrente desse tipo de tecnologia.


Hoje existem cinco empresas atuantes no setor de sementes GMs: Monsanto,
Syngenta, DuPont, Bayer Cropscience e Dow AgroSciences. Essas empresas
estabeleceram uma relação entre os transgênicos e a produção de fármacos.
Dessa forma, vinculam a venda dessas sementes à venda do agroquímico
específico para a sua proteção, vendidos sob a forma de um pacote pela
empresa. Além disso, essas grandes empresas detentoras da patente das
sementes, podem passar a cobrar royalties das outras empresas que fizerem
uso das sementes. Isso tudo traria com consequência posterior, a provável
exclusão dos pequenos agricultores.

5.2.6 Danos a espécies não-alvos

Através do transporte do pólen pelo vento, água, insetos, aves, poderá


ocorrer a contaminação de plantações não transgênicas (nativas) com os
genes das modificadas, levando a uma chamada poluição genética. No México,
DNAs do milho transgênico foi encontrado nas plantações, mesmo com a
proibição desses produtos no país de origem desse cereal.

21
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a finalização desse estudo, entende-se que há razões de sobra


para se considerar a questão dos transgênicos – OGMs - como de alta
relevância e com sérias e profundas implicações para vários setores da
sociedade mundial. Essa tecnologia irá acometer tanto os campos econômico,
à agricultura especificamente, como os relacionados ao meio ambiente, à
saúde da população, à política de ciência e tecnologia, com rebatimentos nas
questões éticas e políticas, inclusive no que se refere a aspectos de soberania
nacional, no caso dos países.

Aparentemente o debate nacional deste tema está, ainda, em sua fase


primaria e, isso se deve, principalmente, a de falta de informações e com fortes
bases ideológicas, mas, também, sendo direcionado por fortes interesses
econômicos já presentes.

22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ULRICH, COLLI, LEE HO, FARIA, TRUJILLO. Bases Molecures da


Biotecnologia. Cap 10. P. 174-175. 2008

Rocha DR, Marin VA; Transgênicos – Plantas Produtoras de


Fármacos (PPF); Rio de Janeiro, vol.16, n.7. Ciência & Saúde Coletiva,
2011

PEREIRA, Lygia da Veiga. Animais transgênicos: nova fronteira do


saber. Cienc. Cult., São Paulo, v. 60, n. 2, 2008 . Available from
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252008000200017&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Apr. 2017.

ANDRADE, Antenor; PINTO, Sergio Correia; DE OLIVEIRA, Rosilene


Santos. Animais de laboratório: criação e experimentação. SciELO-
Editora FIOCRUZ, 2006.

DE ARAÚJO, José Cordeiro; MERCADANTE, Maurício. Produtos


transgênicos na agricultura. 1999.

ALVES, Gilcean Silva. A biotecnologia dos transgênicos: precaução é a


palavra de ordem. Holos, ano, v. 20, p. 1-10, 2004.

ARAGÃO, Francisco José Lima. Organismos transgênicos. Editora


Manole Ltda, 2003.

LEITE, Marcelo. Biotecnologias, clones e quimeras sob controle social:


missão urgente para a divulgação científica. São Paulo em
perspectiva, v. 14, n. 3, p. 40-46, 2000.

ALVES, Gilcean Silva. A biotecnologia dos transgênicos: precaução é a


palavra de ordem. Holos, ano, v. 20, p. 1-10, 2004.

23
ROCHA, Daniele Rachidi da; MARIN, Victor Augustus. Transgênicos-
Plantas Produtoras de Fármacos (PPF). Ciênc. saúde coletiva, p. 3339-
3347, 2011.

MARQUES, Marília Bernardes et al. Patentes farmacêuticas e


acessibilidade aos medicamentos no Brasil. 2000.

24

Você também pode gostar