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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


COORDENAÇÃO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO


CIENTÍFICA – PIBIC

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA E ANTI-


INFLAMATÓRIA DO FITOL EM MODELO DE DOR CRÔNICA
INFLAMATÓRIA

Área do conhecimento: Farmácia

Subárea do conhecimento: Farmacognosia

Especialidade do conhecimento: Recursos naturais

Relatório Final
Período da bolsa: de 08/2019 a 07/2020

Este projeto é desenvolvido com bolsa de iniciação científica

PIBIC/CNPq
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 3
2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 5
2.1 Objetivo geral................................................................................................................ 5
2.2 Objetivos específicos..................................................................................................... 5
3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 5
3.1 Substâncias ...................................................................................................................... 5
3.2 Grupos experimentais ...................................................................................................... 6
3.3 Animais............................................................................................................................. 6
3.4 Protocolos experimentais ................................................................................................. 7
3.4.1 Artrite induzida por adjuvante completo de Freund ..................................................... 7
3.4.2 Avaliação da coordenação motora................................................................................. 7
3.4.3 Avaliação da força muscular.......................................................................................... 7
3.4.4 Avaliação da Hiperalgesia Mecânica ............................................................................. 8
3.4.5 Avaliação do edema de joelho ....................................................................................... 8
3.4.6 Dosagem de citocinas .................................................................................................... 9
3.6 Descarte............................................................................................................................. 9
3.7 Análise estatística............................................................................................................. 9
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 9
4.1 Efeito do FI sobre a coordenação motora e a força muscular ........................................ 10
4.2 Efeito do FI sobre a hiperalgesia mecânica .................................................................... 11
4.3 Efeito do FI sobre o edema articular e sobre a liberação das citocinas TNF-α e IL-6 no 13
líquido sinovial................................................................................................................
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 16
6 PERSPECTIVAS.............................................................................................................. 16
7 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 17
8 OUTRAS ATIVIDADES ................................................................................................. 21
3

1 INTRODUÇÃO

O termo artrite define um grupo de doenças que afeta as articulações e


principalmente a membrana sinovial, cartilagem e ossos. Essa patologia acomete pessoas de
todas as idades, sexos e raças, mas tem sua incidência aumentada em mulheres mais velhas.
Trata-se de uma condição frequente (0,5 a 1% da população mundial, podendo chegar a 5%
dependendo do grupo e da faixa etária estudados) (MOTA et al., 2010). Mais de 50 milhões
de adultos e 300.00 crianças tem alguma forma de artrite (HAZES and LUIME, 2011),
tornando essa classe de doenças uma das principais causas de problemas de saúde pública
que causam atividades restritas e comorbidades que afetam a qualidade de vida.
A artrite é uma doença crônica inflamatória das articulações que apresenta
infiltração das células imunes, hiperplasia e edema dos joelhos e destruição das cartilagens
e ossos (FIRESTEIN, 2003; VARGAS-RUIZ et al., 2020). Todos essas características
conduzem a incapacidade funcional e física dos membros e fadiga (SCHAIBLE, 2004;
SCHAIBLE et al., 2002; XU et al., 2010). O sintoma mais debilitante da artrite é a dor
(MALFAIT and SCHNITZER, 2013; NEOGI, 2013).
A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como
sendo “uma experiência sensorial e emocional desagradável que é associada a lesões reais
ou potenciais, ou descrita em termos que sugerem tal lesão” (MERSKEY et al., 1979). No
entanto, recentemente COHEN et al. (2018) definiu dor como uma experiência somática
mutuamente reconhecível que reflete a apreensão de uma pessoa de ameaça à sua
integridade física ou existencial.
Pode ser classificada como aguda, caracterizada por uma resposta orgânica
protetora, pois alerta o indivíduo para uma lesão iminente ou real dos tecidos, induzindo ao
surgimento de respostas reflexas com o intuito de manter o dano tecidual o mais controlado
possível (WOOLF et al., 1999; HAY, 2019), e como crônica, quando a dor persiste após o
tempo normal de cicatrização (TREEDE et al., 2015).
Atualmente a abordagem para o manejo da AR enfoca o alívio dos sintomas, uma
vez que a cura da doença ainda permanece indefinida. O principal objetivo do tratamento é
reduzir a dor, diminuir a inflamação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os anti-
inflamatórios não-esteroidais e esteroides são usados para aliviar as dores inflamatórias,
4

mas sua administração prolongada é afetada por vários efeitos colaterais. Além disso, os
medicamentos anti-reumáticos modificadores da doença também têm eficácia clínica
limitada e efeitos adversos sérios. Portanto, há uma necessidade de procurar agentes
alternativos para o tratamento da doença.
Desde tempos mais remotos as plantas são utilizadas para tratamento de
enfermidades, seja como infusão, chás, ou extratos etanólicos (partes da planta são imersas
em álcool e posteriormente utilizadas na pele). Associada ou não a pobreza e ao difícil
acesso a medicamentos farmacêuticos, estima-se que 80% da população mundial,
principalmente em países subdesenvolvidos, faz uso de plantas medicinais para fins
profiláticos ou terapêuticos (PETROVSKA, 2012). No entanto, apenas 10% das 250 mil
espécies de plantas do mundo foram estudadas para avaliar seu potencial como novas
propostas terapêuticas (NOGUEIRA, CERQUEIRA, SOARES, 2010).
Neste sentido, as plantas medicinais são fontes mundialmente valiosas na obtenção
de novas drogas, especialmente nos países desenvolvidos como Estados Unidos, que
atingem cerca de 20 bilhões de dólares no mercado global com essa classe de
medicamentos (CHEN et al., 2016). Assim, a combinação de biodiversidade com uma
medicina tradicional rica coloca o Brasil em uma posição estratégica e privilegiada para
programas de descoberta de drogas (NOGUEIRA, CERQUEIRA, SOARES, 2010). Essa
imensa biodiversidade, escassa nos países desenvolvidos, tem valor econômico inestimável
em várias atividades, mas é no campo do desenvolvimento de novos medicamentos onde
reside sua maior potencialidade (CALIXTO, 2003; PIMENTEL et al., 2015).
Os produtos naturais oriundos de plantas, incluindo seus metabólitos secundários
constituem 25% dos 40% de novas drogas desenvolvidas a partir de produtos naturais.
Embora apenas cerca de 10% da biodiversidade mundial tenha sido estudada, 140 mil
metabólitos secundários, oriundos, sobretudo de plantas superiores e de microrganismos,
foram isolados e caracterizados, mas ainda não foram avaliados biologicamente
( GUTBROD; ROMER; DÖRMANN, 2019; KABERA et al., 2014). Os metabólitos
secundários das plantas são divididos em três grandes grupos: os terpenos, compostos
fenólicos e alcaloides. Dentre os terpenos com atividade biológica promissora têm-se o
fitol. O fitol (FI) é um diterpeno alcoólico insaturado de cadeia ramificada, constituinte da
molécula de clorofila e, portanto, abundantemente presente na natureza (COSTA et al.,
5

2014; GUTBROD; ROMER; DÖRMANN, 2019; ISLAM et al., 2017; ). Ele apresenta
potencial anti-inflamatório e antinociceptivo (COSTA et al., 2014a; SANTOS et al., 2013).
Ademais, estudos têm mostrado que o fitol apresenta atividade ansiolítica (COSTA et al.,
2014b) e tem potencial para ser usado na terapia anti-esquistossoma (DE MORAES et al.,
2014). Porém, relatos sobre o potencial anti-inflamatório em modelos crônicos, como na
artrite são escassos na literatura.
Sabendo da imensa disponibilidade do FI na natureza, considerando as atividades
biológicas demonstradas em estudos anteriores, e a escassez de estudos sobre a atividade do
mesmo na supressão da inflamação em modelos crônicos, principalmente na artrite, torna-
se relevante estudar o efeito anti-inflamatório do FI na supressão da inflamação em modelo
de monoartrite (M.AR), podendo este composto se tornar uma molécula promissora no
desenvolvimento de novas propostas terapêuticas. Desta forma, o presente estudo teve
como objetivo avaliar o efeito do FI em um modelo animal de dor crônica inflamatória.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


Investigar a possível ação do fitol (FI) em modelo experimental de artrite em
camundongos.

2.2 Objetivos Específicos


 Verificar o efeito da administração de FI na hiperalgesia mecânica;
 Avaliar o efeito do FI sobre a coordenação motora;
 Avaliar o efeito do FI sobre o edema de pata induzido por AR;
 Avaliar o efeito do FI sobre os níveis de citocinas TNF-α e IL-6;

3 METODOLOGIA

3.1 Substâncias
6

Phytol, 97%, mixture of isomers (Sigma Aldrich); Freund´s Complete Adjuvants


(Sigma Aldrich); Kit de ELISA, PBS 1x (fosfato de sódio monobásico e bibásico, cloreto
de potássio, cloreto de sódio)

3.2 Grupos experimentais

Neste estudo, foi utilizado um modelo animal que gera processos inflamatórios,
sendo ele a artrite induzida por CFA em camundongos. Os animais foram randomizados em
três grupos para a realização dos protocolos experimentais:
 Grupo Sham: constituído por animais submetidos à administração da solução salina
estéril e e tratados com o veículo (solução salina + Tween 80 0,2%) por via oral.
 Grupo controle negativo (veículo): constituído por animais submetidos ao modelo
experimental descrito acima e tratados com o veículo (solução salina + Tween 80
0,2%) por via oral;
 Grupo experimental tratado com FITOL: constituído por animais submetidos ao
modelo experimental descrito acima e tratados com 50 mg/kg de fitol por via oral.
A concentração foi determinada levando em consideração dados da literatura que
mostram atividade biológicas in vivo (SANTOS et al., 2013; SILVA et al., 2014)

3.3 Animais

Foram utilizados 48 camundongos fêmeas Swiss, albinos com peso entre 25 a 40


gramas, com 2 a 3 meses de idade, oriundos do Biotério Setorial do Departamento de
Fisiologia da UFS. Os animais foram mantidos em ciclo claro escuro de 12:00h/12:00h
(claro: 6 às 18 h; escuro: 18 às 6 h), à temperatura de 22 ± 2, com dieta balanceada com
ração do tipo “pallet” e acesso livre à água. Os animais foram divididos em grupos de 8 e
mantidos em gaiolas com dimensões 30cm x 20cm x 13cm (C x L x A) no Biotério do
Laboratório de Neurociências e Ensaios Farmacológicos, localizado no Departamento de
Fisiologia (LANEF/DFS), na UFS por, no mínimo, uma semana de ambientação e até
obterem peso e idade adequados para experimentação. Para execução do seguinte estudo
foram respeitados os princípios éticos estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Ciência
7

em Animal de Laboratório (SBCAL) e todos os procedimentos experimentais foram


analisados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da UFS (Protocolo:
10/2018).
Como mencionado no subitem 3.2, os animais foram divididos em 03 grupos
(n=8), dessa forma foram utilizados 48 animais distribuídos conforme a Tabela 1.

Tabela 1- Distribuição dos animais utilizados nesta pesquisa segundo o teste a ser realizado.

Experimento Espécie no de grupos n/grupo N total


Hiperalgesia mecânica, avaliação
Camundongos
da força muscular e edema de 3 8 24
Swiss
joelho
Camundongos
Citocinas (IL-6 e TNF-α) 3 8 24
Swiss
Total geral: 48

3.4 Protocolos Experimentais


3.4.1 Artrite induzida por adjuvante completo de Freund

Os animais foram anestesiados com cetamina (80 mg/ml) e xilasina (8 mg/kg).


Após detectar a perda de consciência do animal, os animais receberam (via i.art.) injeção de
10µl de CFA (1 mg/ml de Mycobacterium Tuberculosis morta por calor seco, em óleo de
parafina e de monoleato manida) (OMOROGBE et al., 2018; PEARSON e WOOD, 1959).

3.4.2 Avaliação da coordenação motora

Os ossíveis déficits motores foram avaliados através do aparelho rota-rod, que


consiste em uma haste rotativa de 4 cm de diâmetro. Os animais foram primeiramente
colocados na haste rotativa a uma velocidade constante de 5 a 7 rpm por 120 s e depois por
mais 30 s a 9 rpm.

3.4.3 Avaliação da força muscular


8

A avaliação da força de tração muscular das patas dianteiras e traseiras foi realizada
pela adaptação do método descrito por (BURNES et al., 2008) onde foi utilizado o Grip
Strenght Meter (Modelo EFF 305, Insight Ltda., Ribeirão Preto, Brasil).

3.4.4 Avaliação da hiperalgesia mecânica

Os animais foram divididos em grupos de 3 (n=8) e induzidos conforme descrito


no item 3.2. A hiperalgesia mecânica foi testada conforme relatado por (CUNHA et al.,
2004). Consistiu em mensurar o limiar de retirada da pata do animal utilizando um
analgesímetro digital (Modelo EFF 301, Insight Ltda., Ribeirão Preto, Brasil). Um basal foi
realizado antes e 24h após a indução. Os animais receberam o tratamento 24h após a
indução e foram avaliados 60 min após o tratamento. O experimento teve duração de 14
dias e os animais foram tratados diariamente, porém as avaliações foram realizadas em
intervalos de 48h.

3.4.5 Avaliação do edema de joelho


O diâmetro da articulação do joelho foi aferido utilizando um paquímetro digital
(Paquimetro Digital Stainless Hardened). O edema de joelho foi mensurado nas posições
ântero-posterior (AP) e látero-lateral (LL) do joelho ipsilateral e contralateral. Foi calculada

a área por meio da equação: , onde o raio foi a média de AP e LL dividido

por 2. Para calcular a porcentagem de inibição do edema, utilizamos a equação:

Os animais foram divididos em 3 grupos, sendo cada grupo composto por 8


animais. A indução seguiu o exposto no item 3.2, porém no joelho esquerdo foi injetado
10uL de solução salina estéril. As avaliações ocorreram durante 14 dias.
9

3.4.6 Dosagem de citocinas

Para esta técnica os animais foram divididos em 3 grupos (n=8) e induzidos


conforme o item 4.2 e após 3 dias da indução os animais foram eutanasiados. A cápsula
articular dos animais foi exposta e lavada com 10uL de solução tamponada e inibidor de
protease duas vezes. Logo, para a dosagem das citocinas IL-6 e TNF-α, a técnica de ELISA
foi utilizada. Resumindo, amostras ou o padrão foram adicionados ao poço contendo o
anticorpo de captura previamente imobilizado. O sanduíche é formado pela adição de um
segundo anticorpo que se liga ao alvo em outro epítopo. Posteriormente foi adicionado o
anticorpo secundário ligado a uma enzima de detecção. Após a incubação e várias lavagens,
a revelação foi realizada através da adição do substrato da enzima que produziu um sinal
proporcional à quantidade de analito.

3.5 Descarte de animais

Após o teste comportamental, os animais foram eutanasiados e depositados em


sacos plásticos apropriados e armazenados no freezer de coleta de material biológico do
Biotério Setorial do Departamento de Fisiologia da UFS até o recolhimento durante a coleta
seletiva do lixo hospitalar da instituição para o descarte adequado.

3.6 Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± E.P.M. Para comparações múltiplas, os


dados foram analisados por ANOVA de uma ou duas vias, seguido e pelo pós-teste de
Tukey ou Teste de Bonferroni, conforme o caso. Valores de p < 0,05 foram considerados
estatisticamente significantes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
10

O FI é um importante diterpeno derivado do metabolismo da clorofila com apreciáveis


atividades farmacológicas já descritas, e, que apresentou atividade antinociceptiva
(SANTOS et al., 2013), anti-inflamatória (SILVA et al., 2014) e antioxidante
(HULTQVIST et al., 2006) em estudos in vivo e in vitro, sendo, portanto, um forte
candidato para a terapêutica das doenças inflamatórias que afetam as articulações.
Dessa forma, investigamos a atividade antinociceptiva e anti-inflamatória do FI
utilizando o modelo experimental de monoartrite induzida por CFA. Avaliamos seu efeito
sobre alguns sintomas clássicos da artrite reumatoide (dor, edema e inflamação) utilizando
este modelo.
O modelo experimental de monoartrite surge a partir de uma resposta inflamatória
após a injeção i.art. de CFA, a qual é caracterizada por recrutamento de células do sistema
imune, liberação de mediadores inflamatórios como histamina, serotonina, citocinas,
glutamato e prostaglandinas, indução de edema e hiperalgesia mecânica persistente
(DUTRA et al., 2016; RAGHAVENDRA; TANGA; DELEO, 2004). Neste estudo, foi
demonstrado que a artrite induzida pela injeção i.art. de CFA no joelho de camundongos
swiss fêmeas mimetizou algumas características inatas da artrite como edema, dor e
inflamação da cavidade articular, tornando-se assim, um modelo apto para a detectar novos
compostos com atividade antiartrítica.

4.1 Efeito do FI sobre a coordenação motora e a força muscular

A Figura 1 mostra o efeito do FI sobre a coordenação motora e sobre a força


muscular de camundongos com monoartrite induzida por CFA. Os resultados mostram que
o tratamento não altera a coordenação motora (Fig. 1A) e a força muscular (Fig. 1B) dos
animais, validando os resultados obtidos na hiperalgesia mecânica.
11

Figura 1. A) Efeito da administração aguda do FI e veículo sobre a coordenação motora de


animais sadios. B) Efeito da administração crônica do FI sobre a força muscular dos
animais submetidos a monoartrite induzida por CFA. B indica a média dos valores basais
antes do procedimento cirúrgico. Os valores foram expressos em média ± E.P.M.

4.2 Efeito do FI sobre a hiperalgesia mecânica


12

Um dia após a injeção intra-articular de CFA no joelho direito de camundongos e


60 minutos antes do início das avaliações os animais foram tratados com FI (50 mg/kg) e
veículo (salina 0,9% + tween 80 0,2%). Os resultados evidenciam que a injeção
intrarticular de CFA reduz o limiar nociceptivo dos animais quando comparados ao grupo
sham, esta redução persistiu por todos os dias avaliados. A administração oral do FI (50
mg/kg) foi capaz de aumentar significativamente (p<0,001) o limiar de retirada da pata,
apresentando um efeito anti-hiperalgésico. A avaliação diária de FI (50 mg/kg) reduziu o
comportamento nociceptivo dos animais em todos os dias avaliados quando comparados ao
grupo CFA (p<0,001) (Figura 2).

Figura 2. Efeito administração crônica do veículo ou FI (50 mg/kg) na hiperalgesia


mecânica induzida por CFA. B indica a média dos valores basais antes do procedimento
cirúrgico. Os valores foram expressos em média ± E.P.M. ***p < 0,001; **p < 0,01 vs.
grupo CFA. Para comparações múltiplas, os dados foram analisados por ANOVA de duas
vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni.
13

Os resultados obtidos neste estudo mostram a redução no limiar nociceptivo dos


animais na avaliação da hiperalgesia mecânica realizada com um analgesímetro digital de
von frey sendo este comportamento interpretado como indicativo de nocicepção (CUNHA
et al., 2004). Em contrapartida, os animais tratados com FI aumentaram seus limiares
nociceptivos em todos os dias de avaliação, indicando assim que o tratamento reduz a
nocicepção induzida pelo agente flogístico. Assim, estes resultados sugerem que o FI pode
aliviar o comportamento nociceptivo, ou seja, reduzir a experiência dolorosa no animal com
monoartrite não apresentando depressão do sistema nervoso central apresentado pela não
alteração da coordenação motora e força muscular. Esses achados estão de acordo com
outros estudos que mostraram que o FI apresenta atividade antinociceptiva (SANTOS et al.,
2013).

4.3 Efeito do FI sobre o edema articular e sobre a liberação das citocinas TNF-α e IL-6 no
líquido sinovial

A atividade anti-inflamatória do FI foi investigada a partir da avaliação do edema 24


horas após a administração do agente flogístico e através da determinação de citocinas pró-
inflamatórias. A Figura 3 mostra o efeito do FI sobre o edema articular induzido por CFA.
Foi possível observar que 24h após a indução da monoartrite, o volume do joelho induzido
com CFA aumentou em relação aos animais injetados com salina estéril (grupo sham).
Vinte e quatro horas após a indução, e sessenta minutos após a avaliação os animais foram
tratados diariamente com FI (50 mg/kg) e avaliados nos dias 2,4,6,8, e 10 quanto ao edema
articular. Através do tratamento diário observou-se uma redução no edema induzido por
CFA (p< 0,05) quando comparados com o grupo CFA. Este efeito persistiu por 8 dias após
a indução da monoartrite.
14

Figura 3. Avaliação diária do efeito do FI (50 mg/kg v.o.) sobre o edema no modelo de dor
crônica inflamatória. Os valores foram expressos em média ± E.P.M. ***p < 0,001, **p <
0,01, *p < 0,05 vs. grupo CFA. Para comparações múltiplas, os dados foram analisados por
ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni.

Considerando que a formação do edema está relacionado com o aporte de


mediadores inflamatórios no joelho, que um aumento na expressão de citocinas na
articulação afetada são importantes para a sensibilização periférica e manutenção da dor
artrítica, e que o TNF-α e a IL-6 são moléculas importantes no processo inflamatório das
doenças reumáticas, investigou-se o envolvimento destas citocinas no efeito anti-
inflamatório do FI.
Três dias pós a indução da monoartrite e 60 minutos após a administração por via
oral de FI (50 mg/kg) ou veículo, os animais foram eutanasiados e o lavado sinovial foi
avaliado quanto a concentração de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-6). Observou-se
que o FI reduziu as concentrações de TNF-α (p<0,01) e IL-6 (P<0,01) (Figura 5A e Figura
5B, respectivamente) no líquido sinovial dos animais com monoartrite induzida por CFA
em comparação com o grupo controle.
15

Figura 4: Efeito do FI (50 mg/kg v.o.) sobre a liberação de citocinas pró-inflamatórias no


líquido sinovial. A) Concentração de TNF-α no lavado sinovial. B) Concentração de IL-6 no
lavado sinovial. Os valores foram expressos em média ± E.P.M. **p < 0,01 e *p <0,05 vs.
grupo controle; ##p < 0,01 vs. grupo sham. Para comparações múltiplas, os dados foram
analisados por (ANOVA, uma via, seguido pelo pós-teste de Tukey).

Tem sido relatado que o aumento do TNF-α e outras citocinas inflamatórias como,
a IL-6, levam a hiperplasia do fibroblasto sinovial, a destruição da matriz extracelular,
16

danos às articulações e dor (LI et al., 2016; MOUDGIL; KIM; BRAHN, 2011). Além disso,
a redução da concentração das citocinas pró-inflamatórias, na cavidade articular, tem sido
relatada como um sinal de melhora em pacientes com artrite (GALLELLI et al., 2013) e
que tanto o bloqueio periférico quanto o central da ação de citocinas pró-inflamatórias
atenuam o comportamento semelhante à dor em modelos experimentais de artrite
(BOETTGER et al., 2010). Portanto, sugere-se que com a diminuição do processo
inflamatório na cavidade articular após o tratamento oral com FI reflete diretamente no
aumento do limiar nociceptivo, ou seja, na diminuição da percepção de dor experimentada
pelo animal.
Logo, sugere-se que o efeito antiedematogênico do FI possa estar relacionado à
diminuição de moléculas pró-inflamatórias bem como também pode estar associada à
diminuição do recrutamento celular como, por exemplo, dos neutrófilos. Portanto, o efeito
antinociceptivo do FI pode ser explicado, em parte, pela redução destas moléculas pró-
inflamatórias na cavidade articular. Os resultados encontrados corroboram com os estudos
desenvolvidos por Silva e colaboradores (2014), que demonstraram a atividade anti-
inflamatória do FI, evidenciando a redução da concentração das citocinas TNF-α e IL-1β,
bem como a redução do edema e comportamento nociceptivo (SANTOS et al., 2013).
Nossos resultados mostraram que o tratamento com FI apresentou atividade
antiartrítica, atuando como anti-inflamatório, antinociceptivo e antiedematogênico.

5 CONCLUSÕES
Os dados apresentados no presente estudo mostraram que o FI apresentou atividade
anti-hiperalgésica na dor crônica inflamatória, sendo capaz de aumentar o limiar de retirada
da pata em todos os dias de avaliação. Além disso, reduziu o edema e diminui as citocinas
pró-inflamatórias ocasionadas pela indução da monoartrite com CFA. Dessa forma, o FI
possuiu propriedades farmacológicas capazes de aliviar a dor artrítica de origem
inflamatória e reduzir o edema no presente modelo, atuando como anti-inflamatório,
antinociceptivo e antiedematogênico. Assim, sugere-se que esse diterpeno possa ser uma
substância promissora para o tratamento da dor crônica inflamatória.

6 PERSPECTIVAS
17

Os resultados foram promissores, mostrando que o FI possui um grande potencial na


redução da hiperalgesia e do processo inflamatório, observado pela redução do edema e das
citocinas TNF-α e a IL-6 em modelo de dor crônica inflamatória.
Como perspectiva, sugerimos estudar o envolvimento da via do NFkB no efeito do
FI e verificar o envolvimento da via analgésica descendente da dor no efeito do FI.

7 REFERÊNCIAS

BOETTGER, Michael Karl et al. Spinal TNF-α neutralization reduces peripheral


inflammation and hyperalgesia and suppresses autonomic responses in experimental
arthritis. Arthritis & Rheumatism, 2010.

8 OUTRAS ATIVIDADES
Participação e apresentação de trabalho no VII Simpósio de Plantas Medicinais do
Vale do São Francisco e 1st France-Brazil Meeting on Natural Products. Também foram
realizadas reuniões científicas com o grupo de pesquisa para debates e apresentação de
seminários que serviram como base de conhecimento para a execução do presente trabalho.
Além disso, colaboração em outros projetos de grupo de pesquisa e elaboração de artigo
científico.

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