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UNIVERSIDADE LICUNGO
CURSO DE BIOLOGIA
Beira
2022
2
Beira
2022
Índice
DECLARAÇÃO.............................................................................................................................V
DEDICATÓRIA............................................................................................................................VI
3
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................VII
RESUMO....................................................................................................................................VIII
ABSTRACT..................................................................................................................................IX
LISTA DE GRÁFICOS..................................................................................................................X
LISTA DE TABELA......................................................................................................................X
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
1.1. Justificativa...........................................................................................................................2
1.2. Problematização....................................................................................................................3
1.3. Hipóteses...............................................................................................................................4
1.4. Objectivos.............................................................................................................................4
1.5. Variáveis...............................................................................................................................5
1.6. Metodologia..........................................................................................................................5
2.11. Influências e relações do saber popular sobre plantas medicinais com o conhecimento
científico........................................................................................................................................21
3.1.1. Sexo.................................................................................................................................22
3.1.2. Idade................................................................................................................................22
3.1.4. Profissão..........................................................................................................................23
3.2.1. Listagem das plantas medicinais conhecidas pelos jovens do Posto Administrativo de
Savane............................................................................................................................................23
3.4. Motivação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinas e sua eficácia no tratamento
de doenças......................................................................................................................................32
4.1. Conclusão...............................................................................................................................36
4.2. Recomendações......................................................................................................................37
5
5. Referências bibliográficas......................................................................................................39
Apêndices.....................................................................................................................................XII
Anexos........................................................................................................................................XIX
V
DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro também que o mesmo trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.
O Candidato
_______________________________________________________
(Ribeiro José Duarte)
VI
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, aos meus pais José Duarte Sancha e Antónia Luís Manuel pelo apoio,
conselhos e por ser o meu porto seguro que sempre serviu da minha fonte de inspiração. Dedico
de igual modo, aos meus irmãos: Luís Duarte, Duarte Duarte, Lúcia Duarte, Amélia Duarte,
Domingas Duarte e Maida Duarte, que apesar das nossas diferenças nas idades, sempre
souberam ser irmãos que me apoiaram emocionalmente para a concretização dos meus estudos
universitários.
Dedico também de igual modo, aos meus docentes universitários, que de forma incansável
proporcionaram-me muitos conhecimentos, que irei usar para toda vida. A todos que eu não
tenha feito referência, que em algum momento directamente ou indirectamente me apoiaram
durante os meus estudos, vai também a minha singela dedicatória.
VII
AGRADECIMENTOS
Gostaria primeiramente fazer um agradecimento divino à Deus todo-poderoso, pelo fôlego da
vida. De forma singela agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram
para a concretização desta pesquisa, principalmente aos jovens do posto administrativo de
Savane, pela colaboração e participação activa no momento de levantamento dos dados, que
serviram como pilar na concretização desta pesquisa, pois sem auxílio deles, eu não seria capaz
de realizar a pesquisa.
Aos meus colegas da pesquisa em particular, José Djemo que está fazendo a pesquisa similar no
distrito de Caia e Jacinta Lipapa que também está fazendo o estudo similar em Marromeu, pois
eles contribuíram na análise crítica deste trabalho, vai o meu agradecimento. E ultimamente
gostaria prestar um profundo agradecimento ao meu docente de Inglês de nome João
Sacramento, pelo auxílio na correção e tradução de abstract.
VIII
RESUMO
DUARTE, Ribeiro José (2022). Análise do conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao uso de plantas
medicinais: Estudo de Caso do Distrito de Dondo, Posto Administrativo de Savane. Universidade Licungo.
Faculdade de ciência e tecnologia. Extensão da Beira. Moçambique.
A presente monografia tem como objectivo geral: Analisar o conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao
uso de plantas medicinais no posto administrativo de Savane. Durante o trabalho de campo, usou-se a entrevista e
observação que constituíram as principais técnicas utilizadas para a recolha de dados. De modo que o estudo
pudesse ser concebido com maior compreensão e precisão na busca dos resultados, usou-se a pesquisa de campo e o
método dedutivo, enquanto que, para familiarizar-se com o fenómeno investigado usou-se também o método de
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, método hipotético – dedutivo, método etnográfico e método crítico -
reflexivo. Durante a colecta de dados, entrevistou-se quarenta e oito (48) jovens, e com ajuda deles, fez-se a
observação através da qual capturou-se algumas imagens das plantas medicinais lá existentes, para usá-las como
evidências da pesquisa. Após a realização do trabalho de campo, todas as informações colhidas na observação,
entrevistas, livros e documentos foram tratadas através da análise dos dados. Quanto ao nível de conhecimento e
aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais, eles possuem maior ou elevado nível. Para o uso de
plantas no tratamento de doenças, os jovens são mais motivados pelos mais velhos e eles quando usam plantas
medicinais no tratamento de doenças tem obtido resultados positivos ou conseguem tratar com eficiência a
enfermidade que o paciente padece e a Moringa (Moringa oleífera), constitui a planta mais utilizada pelos jovens do
posto administrativo de Savane no tratamento de doenças.
ABSTRACT
DUARTE, Ribeiro José (2022). Analysis of knowledge and acceptance of young people in relation to the use of
medicinal plants: Case Study of the District of Dondo, Administrative Post of Savane. Licungo University. Faculty
of Science and Technology. Beira Extension. Mozambique.
The present monograph has the general objective: To analyze the knowledge and acceptance of young people in
relation to the use of medicinal plants in the administrative post of Savane. During the fieldwork, interviews and
observation were used, which constituted the main techniques used for data collection. So that the study could be
conceived with greater understanding and precision in the search for results, field research and the deductive
method were used, while, to familiarize oneself with the investigated phenomenon, the bibliographic research
method, documentary research, hypothetical-deductive method, ethnographic method and critical-reflective method
was also used. During data collection, forty-eight (48) young people were interviewed, and with their help,
observation was made through which some images of the medicinal plants existing there were captured, to use them
as evidence for the research. After carrying out the field work, all the information collected in the observation,
interviews, books and documents were treated through data analysis. As for the level of knowledge and acceptance
of young people in relation to the use of medicinal plants, they have a higher or higher level. For the use of plants in
the treatment of diseases, young people are more motivated by the elderly and when they use medicinal plants in the
treatment of diseases, they have obtained positive results or are able to efficiently treat the disease that the patient
suffers and Moringa (Moringa oleifera), is the plant most used by young people from the administrative post of
Savane in the treatment of diseases.
Key - Words: Plants. Medicine. Young. Phytotherapy. Ethnobotany
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Local que os jovens adquirem as plantas medicinais 27
Gráfico 5: Eficácia das plantas medicinais usadas pelos jovens no tratamento de doenças...........
34
LISTA DE TABELA
Tabela 1: Representação tabular da relação entre a família, nome científico e vulgar, parte usada
e o efeito do uso das plantas medicinais 24
Tabela 2: Relação dos nomes vulgais e científicos, frequência do uso e as formas de preparo das
plantas medicinais 30
/ Ou
Et all E outros
Km Quilômetros
mL Mililitros
Nº Número
TV Televisão
UL Universidade Licungo
1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que fazem parte da evolução humana e
foram os primeiros recursos terapêuticos 1utilizados pelos povos. As antigas civilizações têm
referências históricas acerca das plantas medicinais, e muito antes de aparecer qualquer forma
escrita, o homem já utilizava as plantas, algumas como alimento e outras como remédios. As
plantas medicinais representam factor de grande importância para a manutenção das condições
de saúde das pessoas, esse conhecimento empírico transmitido de geração a geração foi de
fundamental importância para que o homem pudesse compreender e utilizar as plantas
medicinais como recurso terapêutico na cura de doenças que o afligiam 2(TESKE e TRENTINE,
2001 cotado por ARMOUS et all, 2005).
1.1. Justificativa
1
Recursos terapêuticos – são actividades, obejctos, técnicas e métodos utilizados com o objetivo de auxiliar ao
paciente a prevenção ou tratamento de alguma doença.
2
Afligiam – causar ou sentir aflição.
2
Durante o trabalho de campo realizado no posto administrativo de Savane, foi possível notar a
crença popular que leva eles a acreditar que com a utilização de plantas para tratar doenças
obtêm-se resultados satisfatórios, mas, é do nosso conhecimento que ao pouco tempo a medicina
tradicional foi sendo substituída pelo uso dos remédios industrializados, que atraíam as pessoas
com a promessa de cura rápida e total. Actualmente, neste posto administrativo, este panorama
começa a ser modificado. Porque, mesmo que os medicamentos sintécticos 3ainda representem a
maioria dos medicamentos utilizados pela população a nível nacional, a medicina tradicional,
juntamente com a fitoterápia também têm conseguido espaço, no posto administrativo de Savane,
pela sua maior utilização.
A escolha deste tema para pesquisa surgiu quando o autor passeava no distrito de Dondo, que
constitui a sua residência, então quando chegou no posto administrativo de Savane foi possível
notar algumas peculiaridades 4
e práticas, pois, os jovens que apresentavam algumas
enfermidades 5recorriam ao tratamento usando plantas medicinais. Além disso, os jovens nas
suas conversas apresentavam muitas concepções, opiniões e conhecimentos sobre técnicas
diferentes, que eram incorporadas nos seus quotidianos para o tratamento de doenças na base de
plantas medicinais.
Então, perante as observações feitas e experiências vivenciadas pelo autor naquele posto
administrativo, manifestou-se então, a necessidade de compreender o conhecimento que os
jovens têm sobre o uso de plantas medicinais no tratamento de diversas doenças, e a posição dos
jovens em relação a aceitação dessa modalidade de tratamento tendo em conta que, há
possibilidades dos jovens possuírem outras opções de tratamento de doenças, como o uso de
medicamentos sintécticos.
O motivo da escolha dos jovens para a pesquisa partiu na hipótese de que os autores que
pesquisam o uso popular de plantas medicinais frequentemente apontam a forte relação com a
baixa renda dos usuários, assim como a concentração do conhecimento na faixa etária acima dos
cinquenta (50) anos. Então, como este conhecimento é mais concentrado nos maiores dos
cinquenta (50) anos, o autor tem intuito de cultivar o conhecimento que os jovens têm em relação
ao uso de planta medicinais e o seu nível de aceitação para o uso desta modalidade de
3
Medicamentos sintécticos – são medicamentos produzidos por meio da manipulação química de substancias em
laboratório.
4
Peculiaridades – características próprias.
5
Enfermidades – doenças.
3
tratamento, com isso, irá se compreender também como este conhecimento está sendo repassado
hoje em dia.
1.2. Problematização
De acordo com a OMS (2002), cerca de 80% da população africana usa a medicina tradicional
para suprir 6as suas necessidades de saúde. A medicina tradicional continua a ser o sistema de
cuidados de saúde mais acessível, principalmente nas áreas rurais onde a cobertura dos sistemas
nacionais de saúde é escassa, deficiente ou praticamente inexistente.
Pelas propriedades farmacológicas 7que as plantas medicinais apresentam e pelas suas séries de
benefícios para a saúde dos seres humanos, elas são utilizadas para suprir as necessidades básicas
da saúde pelos jovens do posto administrativo de Savane. Algumas utilizações são feitas em
consequência da deficiência de informações para o manejo e uso adequado, por falta de
comprovação científica para o uso e acaba oferetando um problema para a Saúde Pública, até
porque normalmente em algumas preparações das plantas feitas pelos jovens do posto
administrativo de Savane, para cura de várias doenças mistura-se diversas plantas medicinais ou
partes delas, por exemplo, para cura da febre a tosse misturam as folhas de eucalipto, goiabeira e
cacana, causando deste modo interacções dos seus constituintes ou componentes químicos,
consequentemente, o seu uso inadequado pode provocar efeitos indesejáveis que podem causar a
morte do consumidor por intoxicação.
Neste contexto, Resende (sd) afirma que a crença popular de que as plantas por serem naturais
não fazem mal está incorreta. Por isso, todos os medicamentos, inclusive os naturais têm que ser
usados com muita prudência, evitando que se coloque em risco a saúde dos seres humanos.
Entretanto, se uma planta medicinal não for utilizada corretamente, poderá comprometer
seriamente a saúde do corpo e causar vários problemas ao organismo humano; dentre eles
podemos citar as reações alérgicas e os efeitos tóxicos em vários órgãos do corpo humano e até
mesmo a morte. O uso adequado das plantas medicinais ajuda no combate e cura de várias
doenças.
Outro problema para alta aderência da medicina tradicional no tratamento de doenças seria o alto
custo dos medicamentos, tornando estes produtos inacessíveis para a população dos países do
terceiro mundo OMS (2002).
6
Suprir – Atender.
7
Propriedades farmacológicas – abrange efeitos desejáveis que podem ser usados no tratamento de doenças.
4
Em comparação com crianças, os jovens já possuem um conhecimento básico sobre o uso das
plantas medicinais, alguns por serem coagidos desde criança, outros por aprenderem a usar na
fase adulta por vias de internet ou aprendizagem adquirida nas suas comunidades, fazendo surgir
várias técnicas e métodos de preparo e uso de plantas medicinais. Considerando que, cada planta
tem suas formas específicas de utilização, o conhecimento acerca do seu uso vai mitigar o seu
uso inadequado que pode provocar efeitos indesejáveis à saúde dos pacientes.
Avaliar a percepção dos jovens sobre a eficácia das plantas medicinais usadas no
tratamento de doenças.
1.5. Variáveis
As variáveis podem ser de estudo e variáveis de atributo.
1.6. Metodologia
Com este método, analisou-se o tema em questão partindo de contextos mais generalizados,
fazendo uma análise regressiva da problemática do uso de plantas medicinais, passando para
casos mais particulares até chegar ao objecto de estudo da pesquisa, jovens do posto
administrativo de Savane.
Com o uso deste método, o autor encontrou subsídios teóricos e científicos que auxiliaram no
entendimento sobre o tema, num panorama mais abrangente bem como na busca de fundamentos
teóricos para discutir cientificamente os resultados da pesquisa. A luz de estudo similar, feitas
com auxilio deste método o autor buscou subsídios teóricos para analisar os dados colhidos no
campo. Para a materialização deste método, foram usados como fonte de busca: artigos
científicos, livros, revistas e monografia já defendida.
O autor empregou este método na argumentação dos aspectos discutidos, como afirma Barros
(1999), “uma pesquisa veicula também o cunho pessoal do pesquisador como sujeito activo e
integrante da mesma”. É a partir deste método onde se distinguiu a criatividade e sugestões, bem
como a crítica e reflexão de alguns aspectos inerentes às realidades encaradas pela autora no
local de estudo, fazendo-se a confrontação com o material teórico consultado para a pesquisa.
A intenção desta técnica foi identificar opiniões e situações vivenciadas por jovens no uso de
plantas medicinais, e a participação dos entrevistados nessa pesquisa foi condicionada à
aceitação dos mesmos, neste caso, usou-se uma amostra de quarenta e oito (48) jovens e colheu-
se deles informações para testar hipóteses, atingir objetivos de âmbito geral e particulares,
relacionados ao tema em estudo.
Para tratamento de dados, o autor auxiliou-se de vários programas que permitem a compilação de
dados, gráficos, tabelas etc. Usou-se o programa Microsoft Word para a compilação de dados
assim como as representações tabulares. Após a recolha das informações no campo usou-se o
programa Microsoft Excel para representações gráficas dos dados obtidos.
Segundo INE (2007), o posto administrativo de Savane possui uma população de 19.267
habitantes. Distribuída por duas (02) localidades e trinta (30) bairros, a localidade de Savane -
sede com 23 Bairros e a localidade de Chinamaconde com 07 Bairros. Sendo a localidade de
Savane – Sede o mais populoso, com 13208 habitantes dos quais 6564 mulheres e 6644 homens.
E o menos populoso é a localidade de Chinamaconde com 6059 habitantes. Desta feita, a
amostra foi apenas de quarenta e oito (48) jovens, sendo vinte e quatro (24) do sexo masculino e
outros vinte e quatro (24) do sexo feminino. Neste contexto, a entrevista foi feita apenas em seis
(6) bairros que são: Oito (08) jovens de Savane - sede, oito (08) jovens de Nhamacharteira, oito
(08) jovens de Nhapwuepwa, oito (08) do bairro de Reassentamento, Oito (08) de Nhavingo, e
ultimamente oito (08) jovens de Milha 12.
Tendo em conta com a natureza do universo e as características das variáveis de pesquisa, o tipo de
amostragem que será utilizada é a Amostragem estratificada.
Considerando o posto administrativo de Savane envolvido no estudo, com duas localidades que
são: Savane – sede com vinte e três (23) bairros e Chinamaconde com sete (07) bairros e somando
um total de trinta (30) bairros.
Neste caso, mediante esta amostragem escolheu-se seis bairros (06) para a realização das
entrevistas que são: Savane - sede, Nhamacharteira, Nhapwuepwa, Bairro de Reassentamento,
Nhavingo e Milha 12. O autor deduziu que para cada estrato (bairro), deveria trabalhar com oito
jovens, sendo quatro (04) do sexo feminino e quatro (04) do sexo masculino, os jovens foram
escolhidos através de uma amostragem aleatória simples.
Este trabalho é relevante cientificamente por constituir um acervo bibliográfico que poderá ser
usado como uma fonte de aquisição de conhecimentos em relação a plantas medicinais, por sua
10
1.9.2. Social
O tema é relevante socialmente a partir do momento que garante a valorização do conhecimento
popular, divulgado a nível informal pelos usuários de plantas medicinais e passados
tradicionalmente de geração em geração.
Savane é um posto administrativo do distrito de Dondo. Este posto administrativo, faz fronteira
ao norte com o distrito de Muanza e Gorongosa, ao sul com a cidade de Dondo, ao oeste com o
posto administrativo de Mafambisse e ao este com o posto administrativo de Nhangau.
1.10.2. Temporal
A presente pesquisa que tem como o tema análise do conhecimento e aceitação dos jovens em
relação ao uso de plantas medicinais: estudo de caso do distrito de Dondo, posto administrativo
de Savane, vai ter uma duração de oito (08) meses, neste caso, teve início no mês de Outubro de
2021 e terminou no mês de Maio de 2022.
11
medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias activas isoladas, de
qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais (ANVISA, 2004).
A fitoterapia é a utilização dos insumos terapêuticos com as características citadas acima. Sendo
assim, o uso de chás, xaropes, pomadas, cataplasmas, entre outros remédios caseiros, de acordo
8
Princípios activos – são substâncias que exercem o efeito farmacológico.
9
Etnofarmacológicos – provem de etnofarmacologia, que significa a exploração cientifica interdisciplinar dos
agentes biologicamente activos, tradicionalmente empregados ou observados pelo Homem.
10
Tecnocientíficas – é a interdisciplinaridade do estudo de ciências e tecnologias, no contexto social significa
tecnologia da ciência.
12
com a conceituação de fitoterapia, e a designação da fitoterapia popular seria mais adequada para
expressar a utilização desses remédios originados de plantas.
A etnobotânica é uma disciplina científica que não tem sido sistematizada e formalizada como
outras ciências já estabelecidas. Apesar de sua teoria ser recente, a prática da etnobotânica é
antiga, pois diferentes estudos demonstram que sua história remonta às relações entre os seres
humanos e as plantas (VIEIRA, 2019).
A etnobotânica, para (Santos 2017), foi referida pela primeira vez pelo botânico taxonomista
John w. Harshberger, que, em 1896, definiu-a como o estudo da inter-relação existente entre os
povos nativos e as plantas, bem como a sua utilização por esses povos. Em 1930, seguindo a
mesma direcção, deu-se início a Etnohistória, criada por Fritz Rock e o seu grupo de estudo,
definindo-a como o estudo etnográfico das culturas e dos costumes nativos de grupos culturais
diversos. Posteriormente, diversas outras entraram nas etnociências, como Etnozoologia,
Etnoagricultura, Etnofarmacia e outras.
Desde então, várias definições podem ser encontradas para Etnobotânica. Dentre as mais
recentes destacam-se (MACIEL et al, 2002 citado por VIEIRA, 2019):
a) “Disciplina que se ocupa do estudo e conceituações desenvolvidas por qualquer
sociedade a respeito do mundo vegetal” - engloba a maneira como um grupo social
classifica as plantas e a utilidade que dá a elas;
b) “Verdadeira botânica científica voltada para o hábitat e uso de uma etnia específica” -
sendo realizada por alguém treinado em botânica científica, que efetuaria
correspondências entre a classificação científica ocidental e local;
c) “Ciência botânica que possui uma etnia específica” - vê a cultura de uma sociedade como
tudo aquilo que alguém tem que saber ou crer, a fim de operar de forma aceitável para
seus membros.
antigo são os escritos de Shen Nong (2800 anos a.C.), que relata o uso de diversas plantas
medicinais no tratamento de várias patologias. Não menos importante, o Papiro de Ebers (1500.
a.C), que descreve o uso de 150 espécies medicinais, se consolida como um dos documentos
mais importantes da cultura médica (DA ROCHA, 2021).
Dentre os médicos mais relevantes da época se encontram o Hipócrates (460-370 a.C),
considerado o pai da medicina moderna, fazia uso de 364 espécies vegetais bioativas.
Teophrastus (371-287 a.C), responsável pela elaboração do livro “História das plantas”, no qual
descreve precisamente as plantas quanto a sua morfologia, e seu uso tóxico e medicinal e Galeno
(129-199 a.C), pioneiro de algumas das formas farmacêuticas como a infusão, as pastilhas, as
pílulas, e os clisteres, até hoje utilizadas na medicina contemporânea (FIRMO et al, 2011).
2.2.2. Idade Média
Os principais escritos presentes da Idade Média foram "De Re Medica" de John Mesue (850
DC), "Canon Medicinae" de Avicenna (980-1037) e "Liber Magnae Collectionis Simplicum
Alimentorum Et Medicamentorum" de Ibn Baitar (1197 - 1248), juntas essas obras
compreendem 1000 espécies vegetais catalogadas. Foi Paracelso (1493-1541) o responsável pela
preparação de medicamentos a partir do extrato bruto de plantas e substâncias minerais (FIRMO
et al, 2011).
2.2.3. Idade Moderna
Todas as construções relativas a práticas terapêuticas desde a Idade Média até o início da Idade
Moderna baseavam-se em observação e proximidade com a natureza, no entanto o
Renascentismo foi capaz de recuperar influências da antiguidade greco-romana a partir da
consolidação de valores, como o antropocentrismo, humanismo e individualismo, resultando em
avanços de cunho econômico, político, social e técnico-científico (DA ROCHA, 2021).
2.2.4. Idade contemporânea
As plantas medicinais fizeram-se presente ao longo da história e ainda integram boa parte dos
procedimentos clínicos tradicionais, mesmo com o avanço da medicina alopática na metade do
século XX, contudo ainda existem desafios no uso deste pelas comunidades carentes que variam
desde a dificuldade de acesso a estabelecimentos médico-hospitalares à obtenção de exames e
medicação. O grande uso das plantas medicinais em substituição aos medicamentos sintéticos em
países em desenvolvimento além das razões anteriores, também se deve aos costumes próprios
14
de cada população, a facilidade de acesso as plantas e pôr fim a propaganda midiática em torno
de produtos à base de espécies vegetais bioativas (VEIGA et all, 2005).
manutenção da saúde em países em desenvolvimento, por este ser a única forma de acesso dessas
populações à saúde básica.
2.7.2. Bochecho
Definição segundo o FFFB (2010): É a agitação de infuso, decocto ou maceração, na boca,
fazendo movimentos da bochecha, não devendo ser engolido o líquido ao final.
12
Fase lipofílica – a fase que tem afinidade com lípidos.
13
Fase hidrofílica - a fase que interage com água.
14
Ebulição – é a transformação física que ocorre quando uma substância passa do estado liquido para gasoso.
18
minutos e coar; aguardar a temperatura diminuir um pouco e poderá ser utilizado conforme
recomendado (BUENOS, 2016).
2.7.6. Infusão
Definição segundo o FFFB Nº 10, de 09 de Março de 2010: preparação que consiste em verter
água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar ou abafar o recipiente por um período
de tempo determinado. Método indicado para partes de drogas vegetais de consistência menos
rígida tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou com substâncias ativas voláteis;
2.7.7. Inalação
Definição segundo o FFFB Nº 10, de 09 de Março de 20100: administração de produto pela
inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato-respiratório;
2.7.7.1. Preparo caseiro
Este preparo deve se tomar muito cuidado par que não haja queimaduras tanto no rosto quanto
nas vias respiratórias pela inalação de vapores quentes. Coloca-se a planta em uma pequena
bacia, na proporção de uma colher de sopa de erva fresca ou seca para cada meio litro de água,
verte-se água fervente sobre ela e coloca-se uma toalha de modo a cobrir em conjunto o rosto,
ombros e a vasilha, respira-se pausadamente, inspirando e expirando os vapores, durante uns 15
minutos (BUENOS, 2016).
2.7.8. Maceração
Definição segundo o FFFB (2010): É o processo que consiste em manter a droga,
convenientemente pulverizada, nas proporções indicadas na fórmula, em contato com o líquido
extrator, com agitação diária, no mínimo por sete dias consecutivos. Deverá ser utilizado
recipiente âmbar ou qualquer outro que não permita contato com a luz, bem fechado, em lugar
pouco iluminado, a temperatura ambiente.
2.7.9. Pomada
Definição segundo o FFFB (2010): É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele
ou em membranas mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais princípios
ativos em baixas proporções em uma base adequada usualmente não aquosa.
2.7.9.1. Preparo caseiro
19
A pomada pode ser preparada com o sumo, tintura ou chá mais concentrado misturado com
banha animal, gordura de coco ou vaselina líquida. Pode-se ainda aquecer as ervas na gordura
depois coar e guardar em frascos tampados. Enquanto a mistura ainda estiver quente pode
também misturar um pouco de cera de abelha para que a pomada fique mais consistente
(BUENOS, 2016).
2.7.10. Tintura
Definição segundo o FFFB (2010): É a preparação alcoólica ou hidro alcoólica resultante da
extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos. É classificada em
simples e composta, conforme preparada com uma ou mais matérias-primas. A menos que
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples correspondem
a 1g de droga seca.
2.7.11. Xarope
Definição segundo o FFFB (2010): É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta
viscosidade, que apresenta, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua
composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes 15. Quando não se destina ao
consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos autorizados.
2.7.11.1. Preparo caseiro
Para se preparar o xarope utilizando parte das plantas que fazem infusão (folhas e flores)
primeiro faz-se uma calda utilizando açúcar mascavo ou rapadura até obter a consistência
desejada, então adiciona-se o vegetal, abafar, esperar esfriar e coar. No caso de plantas que se
utilizam a forma de preparo decocto: coloca-se a planta para ferver e após a água entrar em
ebulição juntamente com a planta, adiciona-se a quantidade desejada de açúcar. (BUENOS,
2016).
2.7.12. Cataplasma
O FFFB (2010), afirma que cataplasmas são obtidas por diversas formas:
Amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre aparte afetada ou
envolvidas em pano fino ou gaze. As ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas
em água, chás ou outras preparações aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes
afetadas.
15
Agentes flavorizantes – são substancias que conferem-lhes características degustativas e olfativas.
20
A partir desse histórico, é possível observar que o ser humano sempre utilizou de produtos
naturais em seu benefício de forma a melhorar sua qualidade de vida, assim como aumentar sua
longevidade. A aplicação de plantas medicinais como medicamento é muitas vezes baseada
apenas em conhecimentos tradicionais, transmitidos de geração em geração. A transmissão
desses conhecimentos ocorre principalmente pela oralidade, o que torna esse arcabouço de saber
empírico muito vulnerável à perda. Desta forma, o registo dessas informações torna-se
fundamental para evitar a sua perda e garantir a sua perpetuação. Além disso, os saberes
tradicionais registados provêm uma importante fonte de informações para pesquisas em
bioprospecção de novos fármacos e atestar a eficácia e segurança no uso das plantas (VIEGAS et
all, 2006).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002), 80% da população do mundo não têm
acesso ao atendimento primário de saúde, por estarem distantes dos centros de saúde ou por falta
de condições em adquirir os medicamentos. Desta forma, as terapias alternativas são às
principais formas de tratamento, e as plantas medicinais, os principais medicamentos disponíveis
a população dos países mais pobres devido à tradição de uso e da ausência de opções
economicamente viáveis. De acordo com a OMS (2002), as plantas medicinais são todas aquelas,
silvestres ou cultivadas, que se utilizam como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar
um processo fisiológico normal ou patológico, ou como fonte de fármacos e de seus precursores.
dependendo do grupo étnico e da origem de uma população meio urbano ou rural (MAIOLI e
FONSECA, 2007)
Outro aspecto cultural do uso de plantas medicinais é a função mágica, muito influenciada pelos
agentes de cura e marcada pelos costumes e práticas das comunidades. Busca-se a eficácia do
tratamento que extrapola os limites farmacológicos e adentra outros “princípios curativos”
16
2.11. Influências e relações do saber popular sobre plantas medicinais com o conhecimento
científico
Pilla et all (2006), vários autores salientaram as indicações de uso citadas que concordam com as
informações disponíveis em publicações científicas, procurando demonstrar a validade do
conhecimento corrente nas comunidades estudadas. Das quatro espécies mais citadas três já
foram submetidas a testes farmacológicos, comprovando as citações de uso informadas pela
população. De forma semelhante foi observado que não houve divergência quanto à indicação de
uso fornecida pelos estudantes universitários da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a
literatura científica consultada.
Ricardo (2009) verificou-se que em Bauru, São Paulo, em 69,4% das vezes a indicação de uso
das plantas medicinais foi coincidente com a literatura em pelo menos um sintoma ou doença.
Todavia, 25,5% das vezes não apresentaram uso coincidente. Em outro estudo foi observado que
as fonoaudiólogas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP, concordam que os tratamentos
com medicina alternativa devem ser submetidos a testes científicos antes de serem aceitos pelo
Conselho de Fonoaudiologia. Na pesquisa sobre plantas medicinais e ritualísticas
16
Extrapola – ultrapassa.
22
comercializadas em feiras livres do Rio de Janeiro, RJ, as autoras afirmaram que os erveiros
vendem algumas espécies que não têm validação e / ou não tiveram seus compostos químicos
testados e análises toxicológicas finais. Chamam atenção ainda para o facto de os produtos e
subprodutos de plantas serem vendidos a partir de seus nomes populares, o que pode "interferir
no processo de qualidade e fiscalização sanitária, pois não há registros explícitos dos processos
de coleta, identificação e armazenamento.
3.1.1. Sexo
Na variável sexo, houve uma uniformidade do sexo dos jovens que participaram na entrevista.
Visto que dos quarenta e oito (48) jovens entrevistados, que correspondem a amostra usada para
a pesquisa, vinte e quatro (24) são do sexo masculino e outros vinte e quatro (24) são do sexo
feminino.
3.1.2. Idade
Para a variável idade, um dos requisitos para participar na entrevista, é ter idade de jovens,
segundo a política da juventude em Moçambique, que define como jovem um indivíduo no
grupo etário dos quinze (15) aos trinta e cinco (35) anos. Neste contexto, a partir dos dados do
questionário aplicado aos quarenta e oito (48) jovens do Posto administrativo de Savane, notou-
se que eles possuem uma idade média de vinte e sete (27) anos.
23
Durante a pesquisa, também achou-se relevante fazer o levantamento do nível acadêmico dos
jovens, pois tratando-se de uma pesquisa que procura analisar o conhecimento dos jovens em
relação ao uso de plantas medicinais, apesar do primeiro conhecimento ser adquirido na
comunidade ou família, a escola acaba tendo um papel muito importante na sistematização destes
conhecimentos. Então, quanto ao nível acadêmico, todos tiveram a possibilidade ou oportunidade
de frequentar o SNE, dos quais onze (11) frequentaram o ensino primário, vinte e um (21) ensino
básico, catorze (14) ensino médio e dois (02) ensino superior.
3.1.4. Profissão
No que diz respeito a profissão de cada um dos participantes da entrevista, dos quarenta e oito
(48) jovens entrevistados, três (03) são professores, dezanove (19) estudantes, três (3)
comerciantes, doze (12) camponeses, dois (02) pescadores, um (01) alfaiate e oito (08) são
carvoeiros ou produzem o carvão para a venda.
Inicialmente perguntou-se aos quarenta e oito (48) jovens, se já ouviu falar de plantas
medicinais, todos foram unanimes em responder sim. Após eles responder positivamente que já
ouviram falar de plantas medicinais, foram solicitados a responder outro questionamento, que
através dele procurava-se entender o que os jovens entendem por plantas medicinais? Também
eles tentaram responder de forma unânime ao dizer que plantas medicinais são plantas usadas
pela população para cura ou prevenção de doenças.
A noção de plantas medicinais apresentada pelos jovens não difere muito com a noção proposta
por Santos e Trinda (2017), quando conceituaram plantas medicinais como aquelas plantas
utilizadas na cura ou tratamento de doenças, geralmente são usadas devido à tradição de uma
população ou comunidade, sendo necessário o conhecimento sobre suas características e sua
forma de colheita e preparação.
24
3.2.1. Listagem das plantas medicinais conhecidas pelos jovens do Posto Administrativo
de Savane
Para se fazer a listagem das plantas medicinais conhecidas pelos jovens do posto administrativo
de Savane perguntou-se a eles, quais são as plantas medicinais que você conhece? E os
resultados obtidos a partir desta questão foram representados na tabela abaixo (tabela 1).
Segundo os dados obtidos foi possível notar que, são vinte e seis (26) plantas medicinais
pertencentes a 21 famílias botânicas conhecidas pelos jovens do posto administrativo de Savane,
e as mesmas constituem as plantas que eles usam para suprir as necessidades básicas da saúde,
através da cura e prevenção de várias doenças.
Ainda na listagem das plantas medicinais, procurou-se entender dos jovens o seguinte: Dentre as
plantas que mencionou e afirmou que conhece, quais que existem no seu distrito? Todos
responderam que, todas as plantas que mencionaram existem nos seus distritos. Todavia, os
jovens usam plantas medicinais que adquirem localmente.
Tabela 1: Representação tabular da relação entre a família, nome científico e vulgar, parte
usada e o efeito do uso das plantas medicinais
Raiz
Catharanthus Santo António Dor de barriga e diarreia
roseus
ASPHODELACEAE
Dor de barriga
Aloe vera Babosa Folha
ASTERACEAE
Matricaria Hipertensão
Camomila Flores
Chamomilla
CARICACEAE
Raiz Diarreia e dor de barriga
Carica papaya Papeira
CACTACEAE
CUCURBITACEAE
Caule e Pressão de ventre e dores de ouvidos.
Cucurbita sp. Abóbora
folhas
DIOSCOREA
EBENACEAE
26
Dor de barriga
Euclea natalenses Mulala
Raiz
EUPHORBIACEAE
LEGUMINOSAE
Folha e
Millettia Laurentii Panga panga Ferimentos
ramo
MELIACEAE
Folha
Azadirachta indica Margoza Dor de barriga
MORINGACEAE
Folha
Moringa oleífera Moringa Desnutrição crônica, aumenta sangue
no organismo e combate diabete.
MUSACEAE
Fruto
Musa balbisiana Bananeira Problemas de visão
Raiz e Flor
Problemas respiratórias
MYRTACEAE
27
Goiabeira Folha
Psidium guajava Febre e dor de cabeça
Gripe, resfriado, asma, tosse e febre
Eucalyptus sp Eucalipto Folhas
POACEAE
Cymbopogon Capim-cidreira/ Folha Tosse, dor de cabeça, febre
citratus Capim limão
RUTACEAE
Limoeiro Folha, Fruto Gripe, dor de cabeça
Citrus limonum
Do universo dos quarenta e oito (48) jovens dos membros de agregados familiares entrevistados
de ambos Bairros sobre, como adquire as plantas medicinais que você usa? Quinze (15) jovens
equivalentes a 31% afirmaram que adquirem as plantas medicinais na floresta e machamba,
28
cinco (5) jovens equivalentes a 10% afirmaram que adquirem as plantas pela compra no
mercado, nove (9) jovens equivalentes a 19% afirmaram que adquirem as plantas nos quintais
das suas casas, onze (11) jovens equivalentes a 23% afirmaram que adquirem as plantas
medicinais na floresta e oito (8) jovens equivalentes a 17% afirmaram que adquirem as plantas
com vizinhos.
Segundo os dados do gráfico, o posto administrativo de Savane por ser um local em que as
pessoas que habitam nele levam o estilo de vida rural, muitos dos jovens, com frequência de
31%, acabam adquirindo plantas que usam para o tratamento de doenças nas florestas e
machambas. Todavia, também existem aquelas pessoas que tem hábitos de cultivar algumas
plantas medicinais nos seus quintais, com a frequência equivalente a 19%.
Os resultados desta pesquisa não entra em consonância 17com os resultados obtidos por Alve et
all (25 de Setembro de 2015) quando estudavam o conhecimento popular sobre plantas
medicinais e o cuidado da saúde primária: um estudo de caso da comunidade rural de Mendes,
quando perguntaram aos entrevistados sobre o local de obtenção das plantas medicinais, 27%
disseram retirar as plantas apenas da horta da própria casa; 24% têm acesso às ervas através da
horta e também da comunidade; 22% retiram apenas da comunidade; 10% compram no mercado
e colhem na comunidade; 8,5% além de obter da horta, compram no mercado e 8,5% adquirem
apenas no mercado.
17
Consonância – concordância.
29
35%
30%
25%
20% 19%
17%
15%
12% 12%
10%
5%
0%
Avós Pais Irmãos Amigos Vizinhos
Para se ter a ideia da origem do conhecimento do uso de plantas medicinais, perguntou -se aos
quarenta e oito (48) jovens dos agregados familiares entrevistados o seguinte: com quem
adquiriu conhecimento de uso dessas plantas? Seis (6) jovens equivalentes a 12% afirmaram que
adquiriram o conhecimento de uso de plantas medicinais com avós, dezenove (19) jovens
equivalentes a 40% adquiriram com seus pais, seis (6) jovens equivalentes a (12%) afirmaram
que adquiriram com seus irmãos, nove (9) jovens equivalentes a 19% afirmaram que adquiriram
com amigos, oito (8) jovens equivalentes a 17% afirmaram que adquiriram a informação de uso
de plantas medicinais com vizinhos.
A representação gráfica acima ilustra claramente que, muitos jovens do posto administrativo de
Savane adquirem conhecimento do uso de plantas medicinais na família, os pais transmitem uma
percentagem equivalente a 40%, os avós transmitem uma percentagem igual a 12% e os irmãos
tramitem uma percentagem também equivalente a 12%. Outros conhecimentos que os jovens
adquirem sobre o uso de plantas medicinais no tratamento de doenças provêm da comunidade,
através de amigos e vizinhos.
30
O resultado desta pesquisa se diverge com os resultados de Becker et all (2011), quando
estudavam sobre plantas medicinais, notaram que quando questionados quanto à origem do
conhecimento sobre uso de plantas medicinais, em 42%, das 797 respostas, foi mencionado pais,
avós ou pessoas idosas. Vizinhos, amigos e outros familiares foram mencionados em 45,9% das
respostas. Outras formas de aquisição de conhecimento relatadas estão relacionadas com
informações provenientes de literaturas (4,4%), cursos da Pastoral da Saúde (2,5 %), orientações
por profissionais de saúde (2,0%), na Unidade Básica de Saúde (0,5%) e meios de comunicações
(1,9%).
Para se obter resultados do uso de plantas medicinas pelos jovens, colocou-se uma questão aos
jovens para perceber deles se usam plantas medicinais no tratamento de doenças ou não! Mas,
perante este questionamento todos foram unânimes ao responder que usam plantas medicinais
para tratamento de doenças. Entretanto, perante esta resposta, de modo a ter uma informação
concisa do uso das plantas medicinais pelos jovens, o autor pediu a eles para mencionar as
plantas medicinais que usam, relacionando os nomes vulgais, científicos, a frequência do uso e
as formas de preparo.
Com os resultados obtidos e representados na tabela abaixo (tabela 2), possibilita perceber que os
jovens do posto administrativo de Savane acreditam na possibilidade real de cura de doenças
através da utilização das plantas medicinais.
Tabela 2: Relação dos nomes vulgais e científicos, frequência do uso e as formas de preparo
das plantas medicinais
Moringa (Moringa oleífera), constitui a planta mais utilizada, por ser citada 13 vezes, Cacana
(Momordica balsamina) citada 10 vezes, Batata africana (Hypoxis hemerocallidea) e Santo
António (Catharanthus roseus) citadas 7 vezes, somando a frequência equivale a 14 vezes,
Panga panga (Millettia Laurentii), Eucalipto (Eucalyptus sp), Babosa (Aloe vera), Cajueiro
(Anacardium occidentale) foram citadas 5 vezes, somando equivale a frequência de 20 vezes,
Inhame (Colocasia esculenta) foi citado 4 vezes, Cebola (Allium cepa), Camomila (Matricaria
chamomilla) e Mandioqueira (Manihot esculenta) foram citadas 3 vezes, somando equivale a
frequência de 9 vezes, Cacto (Pachycereus pringlei), Mulala (Euclea natalenses), Papaieira
(Carica papaya) e Margoza (Azadirachta indica) foram citadas 2 vezes, somando equivale a
frequência de 8 vezes e ultimamente o alho (Allium sativum) foi citado uma vez.
Contudo, os resultados destas pesquisas se diferem com os resultados da Dai (1997) quando fazia
seus estudos dos padrões de uso de plantas medicinais na localidade de Catembe, em Maputo,
pois ela notou que Acridocarpus natalitius, de nome vulgar Mabope, constituiu a espécie de
planta medicinal mais utilizada, podendo ser usada sozinha ou misturada com outras plantas.
A forma mencionada pelos jovens como mais utilizada foi a maceração, podendo consistir em
colocar as partes das plantas picadas junto a água fria. Partes mais frágeis como flor e folhas
permanecem dez (10) a doze (12) horas antes do uso da planta. Enquanto que as partes mais
duras como raízes e ramos permanecem por dezoito (18) ou vinte e quatro (24) horas. O
recipiente usado para o preparo normalmente tem sido uma garrafa de um (1) ou dois (2) litros
que é mantido em lugar fresco e havendo a necessidade de agitar duas (2) em duas (2) horas.
Depois do tempo determinado, filtra-se para separar as partes sólidas do líquido e após a
separação pode se consumir ou se utilizar para o tratamento da doença. Este resultado se difere
com o resultado obtido por Alve et all (2015), quando estudavam o conhecimento popular sobre
plantas medicinais e o cuidado da saúde primária: um estudo de caso da comunidade rural de
Mendes, pois notou que a forma mencionada pela população como mais utilizada foi o chá.
33
3.4. Motivação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinas e sua eficácia no
tratamento de doenças
Gráfico 3: Pessoas que motivam os jovens a usarem plantas medicinais
60%
50%
40%
30%
19%
20%
10% 6%
2%
0%
Antepassados Mais velhos Amigos Não respondeu
Dos quarenta e oito (48) jovens dos agregados familiares entrevistados sobre quem te motivou a
usar plantas medicinais? Nove (9) jovens equivalentes a 19% afirmaram que são motivados pelos
antepassados, trinta e cinco (35) jovens equivalentes a 73% afirmaram que são motivados pelos
mais velhos, três (3) jovens equivalentes a 6% afirmaram que são motivados pelos amigos e um
(1) jovem correspondente a 2% preferiu não responder o questionamento.
Analisando os dados representados no gráfico acima, nota-se que muitos jovens com a
frequência equivalente a 73%, do posto administrativo de Savane, um posto administrativo
pertencente ao distrito de Dondo, são motivados pelos mais velhos no uso de plantas medicinais.
Consequentemente, os mais velhos são os principais responsáveis por passar hábitos e costumes
do uso de plantas medicinais para cura de doenças.
34
Os resultados obtidos nesta pesquisa entram em consonância com os resultados obtidos por Alve
et all (2015), quando estudavam o conhecimento popular sobre plantas medicinais e o cuidado da
saúde primária: um estudo de caso da comunidade rural de Mendes, quando perguntaram aos
entrevistados sobre quem os motivam para o uso de plantas medicinais, a pesquisa demonstrou
que 86% dos entrevistados foram motivados com parentes mais velhos, 12,5% com parentes
mais velhos e outros conhecimentos, 2,5% motivados com as publicidades da TV e com outras
pessoas conhecidas.
Do universo dos quarenta e oito (48) jovens dos agregados familiares entrevistados sobre o que
lhe motiva a usar essas plantas? dois (2) jovens equivalentes a 4% responderam que são
motivados por ser hábito e costume deles, trinta e nove (39) jovens equivalentes a 81%
afirmaram que são motivados pela eficácia das plantas medicinais e sete (7) jovens equivalentes
a 15% afirmaram que são motivados pelo hospital que se encontra distante.
Segundo os dados representados graficamente acima, é possível notar que muitos jovens, com a
frequência de 81%, são motivados pela eficácia que as plantas têm no tratamento das doenças.
Acrescentaram eles dizendo que, quando usam plantas medicinais no tratamento das
35
enfermidades tem tido resultados positivos ou conseguem tratar a doença em causa. Por isso,
notou-se também nos bairros distantes dos centros de saúde e hospitais pessoas que usam com
mais frequências plantas medicinais, para evitar percorrer longas distâncias para ter assistência
médica e medicamentosa.
Os resultados desta pesquisa se assemelha com os resultados obtidos por Becker et all (2011),
quando estudavam sobre plantas medicinais: percepção, utilização e indicações terapêuticas de
usuários da estratégia saúde da família do município de Criciúma, quando notaram que dentre os
fatores que influenciam a utilização de plantas medicinais, 79,1%, das 717 respostas, mencionam
usam devido a sua eficácia; 8,2% usam por ser um remédio natural; 4,7% usam devido a
influência da propaganda; 3,3% usam sob influência dos amigos; 2,2% usam devido a baixo
custo do tratamento; 1,2% usam devido a indicação médica; e 1,4% usam por outros motivos.
Gráfico 5: Eficácia das plantas medicinais usadas pelos jovens no tratamento de doenças
100% 96%
80%
60%
40%
20%
4%
0%
Boa Não respoderam
Quando questionados os quarenta e oito (48) jovens sobre qual foi a eficácia da planta no
tratamento da doença? Quarenta e seis (46) jovens equivalentes a 96% responderam que a
eficácia foi boa, enquanto que dois (2) jovens equivalentes a 4% preferiram não responder o
questionamento e tentou se indagar para se ter resposta em torno do questionário, mas, eles não
mostraram interesse de responder, alegando que já não fazem ideia de como é a eficácia do uso
das plantas medicinais.
36
Todos jovens que responderam esta questão com a frequência de 96%, excepto os 4% que
optaram por não responder, afirmaram que quando usam plantas medicinais no tratamento de
doenças tem obtido resultados positivos ou por outra elas são eficazes no tratamento da
enfermidade que o paciente padece.
4.1. Conclusão
Findo o trabalho de natureza científica, nesta senda, a conclusão cingirá em grandes focos
apresentados no tema pesquisado, com as constatações encontradas através dos instrumentos usados
para colecta de dados. Sendo assim, como conclusão do trabalho verifica-se que:
tem obtido resultados positivos ou conseguem tratar com eficiência a enfermidade que o
paciente padece.
As plantas medicinais conhecidas pelos jovens do posto administrativo de Savane são
vinte e seis (26), pertencentes a 21 famílias botânicas, as mesmas existem neste posto
administrativo e constituem as plantas que eles usam para suprir as necessidades básicas
da saúde, através da cura e prevenção de várias doenças.
Moringa (Moringa oleífera), constitui a planta mais utilizada pelos jovens. Eles possuem
várias formas de preparações de plantas medicinais como: os chás, lambedores (xaropes),
maceração, pó, infusão e emplasto, mas, a maceração constitui a forma de preparo mais
utilizada.
4.2. Recomendações
4.2.1. Aos jovens do posto administrativo de Savane
5. Referências bibliográficas
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XII
Apêndices
XIII
1.3. Dentre essas que mencionou, quais que existem no seu distrito?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
1.4. Quais são as doenças que podem ser tratadas por cada planta que mencionou?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
2. Como cada planta é usada para tratamento dessa doença? Qual é a parte usada?
XIV
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
XV
Levantament X X
o de literatura
Observação X
do campo de
estudo
Levantament X X
o de dados
Análises dos X
dados
Interpretação X
de dados
Apresentação X
gráfica
Conclusão da X
monografia
XVI
Catharanthus roseus
XX
Anexos