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HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
SCHULTZ, DUANE P.; SCHULTZ, SYDNEY ELLEN. História da psicologia moderna. São Paulo:
Cengage Learning, 2014.

CAPÍTULO 2.
INFLUÊNCIAS FILOSÓFICAS
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Antecedentes do desenvolvimento da
nova psicologia

❑ Os avanços da tecnologia representaram o Zeitgeist dos séculos XVII a XIX -


máquinas criadas tanto para auxiliar no cotidiano como para diversão
podiam realizar ações complexas.
➢ Exemplo: na Europa, o relógio mecânico e os autômatos se tornaram muito
populares e apreciados, sendo construídos com grande diversidade de
tamanho e níveis elaborados de sofisticação.

❑ O relógio - mecanismo considerado protótipo do universo físico por causa


da regularidade, da previsibilidade e da precisão no seu funcionamento.
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A filosofia Mecanicista

❑ Representada pelas máquinas - a ideia de que todos os processos naturais


podem ser explicados com base nas leis mecânicas, principalmente, da
física e da química.

❑ Galileu Galilei (1564-1642) e Isaac Newton (1642-1727) - a conceituação de


um universo mecânico sugere que cada efeito físico é derivado de uma
causa direta.
➢ Se a causa pode ser totalmente compreendida, pode-se fazer previsões.
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❑ O conceito de mecanismo levou à ideia de que a precisão e a


regularidade (observadas no funcionamento dos relógios) também
poderiam ser aplicadas ao universo.

❑ O universo (como um relógio), uma vez posto em movimento por Deus,


funcionaria com ordem, regularidade e previsibilidade.
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❑ Os filósofos incorporaram a ideia de mecanismo e de automação em suas


abordagens para a compreensão da natureza humana - os seres humanos,
assim como o universo, funcionavam como máquinas.

❑ Muitos acreditavam que as leis mecânicas dirigiam o comportamento


humano e os métodos utilizados para estudar o universo poderiam ser
empregados também para estudar a conduta humana.
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❑ Propôs-se um novo modo de estudar o comportamento humano - por meio


de métodos científicos, cujo foco eram os métodos de observação,
experimentação e mensuração.

❑ Esse pensamento definiu o desenvolvimento dos conceitos de determinismo


e de reducionismo.
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❑ Reducionismo (Atomismo)

➢ O universo, ao ser operado sob as mesmas leis mecânicas (como os relógios),


pode ser reduzido a seus elementos básicos.

➢ É possível simplificar fenômenos complexos a elementos mais simples.


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❑ Determinismo

➢ O universo é previsível (assim como os relógios) e, consequentemente, se pode


constatar a causa e o efeito de todas as suas ações.

➢ Os atos são determinados pelos eventos passados.

➢ O comportamento humano pode ser previsto – se todos os seus movimentos


(efeitos) ocorrem devido a causas antecedentes, ao se conhecer a causa,
pode-se predizer os efeitos.
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René Descartes (1596-1650)

❑ Tema central de seus estudos - a relação mente-corpo

❑ Dualismo - doutrina que propõe que a mente e o corpo são duas entidades
separadas - distinguindo entre as qualidades físicas e as qualidades
mentais.
➢ O levou ao problema de entender como o corpo e a mente interagem.

❑ Em uma interação mútua, a mente controla o corpo, assim como, de certo


modo, o corpo também controla a mente.
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❑ Deu relevância ao funcionamento do organismo


➢ O que permitiu que este se tornasse um objeto passível de investigação
científica.

❑ Influenciado pelo espírito mecanicista, acreditava que o corpo poderia ser


explicado de modo mecânico.

❑ Tentando explicar a relação entre mente e corpo, observou que no


cérebro as estruturas são duplicadas em cada hemisfério, exceto a
glândula pineal ou conarium
➢ Então, considerou essa estrutura como responsável pela interação entre a
mente e o corpo.
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➢ Os nervos são tubos ocos, através dos quais flui essências animais, que
produzem uma impressão no conarium e, a partir desta impressão, a mente
produz uma sensação.

➢ Uma quantidade de movimento (o fluxo das essências animais) produz uma


qualidade puramente mental (uma sensação).

❖O inverso também ocorre, ou seja, a mente pode deixar uma impressão no conarium
que, inclinando-se para uma ou outra direção, influencia a direção do fluxo de
essências animais para os músculos - disso resulta um movimento.

❑ Logo, uma qualidade mental pode influenciar o movimento, uma propriedade do corpo.
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❑ Foi um precursor da teoria da ação reflexa - acreditava que alguns


movimentos não eram regidos pela experiência consciente, mas por um
estímulo externo ao corpo, que provocava uma resposta involuntária.

❑ Ideias inatas X Ideias derivadas


➢ Ideias inatas - surgem na mente/consciência, independentemente de
experiências sensoriais, ou seja, sem a presença de estímulos externos.
❖ Exemplo: Deus, perfeição e infinito.

➢ Ideias derivadas - produzidas pela aplicação direta de um estímulo externo na


mente/consciência.
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Positivismo, Materialismo e Empirismo –
contribuiçes para a nova psicologia

➢ Doutrinas que proporcionaram a base filosófica para a psicologia, permitindo


que tanto o comportamento humano como a mente se tornassem objeto de
estudo científico.

❑ Positivismo: Auguste Comte (1798-1857) - reconhece como próprios de


estudo científico somente os fenômenos naturais ou fatos que são
objetivamente observáveis.

❑ Materialismo – limita a descrição dos fatos do universo aos termos físicos e


sua explicação por meio das propriedades da matéria e da energia.

❑ Empirismo – todo o conhecimento é derivado da experiência sensorial.


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❑ A partir do positivismo e do materialismo, o comportamento humano


observável passa a ser analisado de forma objetiva, podendo ser
explicado pelos métodos das ciências naturais.

❑ O empirismo permitiu a exploração do modo como o corpo sente e a


mente percebe, e como as associações de ideias são feitas na mente,
com enfoque nos processos conscientes.

❑ Tais concepções foram usadas por vários filósofos em suas abordagens da


mente do comportamento humano.
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John Locke (1632-1704)

❑ Ao nascer, a mente humana é uma tabula rasa (folha em branco), onde


o conhecimento é inscrito.
➢ Adquirimos o conhecimento somente por meio de nossas experiências.

❑ Tipos de experiências:
➢ Sensação – tem origem em estímulos sensoriais diretos.
➢ Reflexão - interpretação de sensações para elaborar o pensamento de nível
superior.
➢ Essas experiências se combinam para formar as ideias.
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❑ Ideias: têm origem na sensação e na reflexão


➢ Simples – não podem ser divididas.
➢ Complexas - combinações das ideias simples.

❑ Tentando distinguir entre o que é subjetivo e o que é objetivo, destacou a


importância da percepção humana - as sensações que temos dos objetos no
espaço.
❑ Esses objetos têm duas qualidades:
➢ Primárias - existem no objeto, quer o percebamos ou não (o tamanho e a forma).
➢ Secundárias – não estão contidas no objeto, mas dependem da nossa percepção do
objeto (cor, odor, som e sabor).
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George Berkeley (1685-1753)

❑ Existem somente as qualidades secundárias (as primárias, descritas por


Locke, não existem).

❑ Mentalismo - “a percepão é a única realidade” - todo o conhecimento é


uma função da percepção.
➢ O mundo material não existe para o indivíduo até ser percebido - não há
nenhuma realidade além do que é percebido - nós nunca vemos o mundo
real de uma maneira objetiva.
❖ Osobjetos no mundo parecem ter estabilidade porque Deus observa o mundo
constantemente.
❑ Exemplo: uma árvore, ao cair na floresta, produz um som, mesmo que não haja
ninguém para ouvi-lo, porque Deus percebe o som.
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James Mill (1773-1836)

❑ Por influência da física e da mecânica, aplicou o conceito de


mecanicismo à mente, visando provar que a mente é uma máquina.
➢ A mente apenas responde a estímulos externos.
➢ Realiza associações de forma passiva.
➢ Pode ser estudada pela redução a seus elementos mínimos.

❑ A associação de ideias é mecânica e automática


➢ As ideias são, simplesmente, resultantes da soma de elementos mentais.
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John Stuart Mill (1806-1873)

❑ Química mental - a mente não é passiva, mas ativa na associação de


ideias.
➢ Ideias simples se combinam para elaborar ideias complexas.

❑ Síntese criativa - as ideias complexas eram mais do que uma combinação


das ideias simples, pois assumiam novas qualidades.
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❑ A ascensão do empirismo conduziu a estudos focados na sensação, na


experiência consciente, nos processos mentais e na associação de ideias.

❑ Os métodos utilizados nesses estudos foram, principalmente, reducionista


(atomista), mecanicista e positivista.

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