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RECIFE
2023
História da psicologia até os dias atuais
Psicologia Cognitiva
Antes mesmo de surgir o estudo sobre a Psicologia em si ou a psicologia cognitiva,
havia o interesse em saber como funciona a mente humana e os seus processos internos,
com isso, os antigos filósofos gregos trouxeram questões sobre a natureza da mente e
como se conectam com o corpo e a alma. A partir desses questionamentos, a filosofia
trouxe diferentes versões sobre o que hoje chamamos de representações mentais, o
processamento do pensamento e as relações internas entre razão e emoção. Essas
questões e preocupações sobre o funcionamento da mente, pertenciam ao estudo
filosófico até o século XIX, quando pesquisadores começaram a investigar sobre a
mente e seus conhecimentos através de experimentos, abrindo espaço para o surgimento
oficial da disciplina de Psicologia, fora da área da filosofia.
Um teórico muito importante para o estudo da Psicologia cognitiva, foi William Wundt,
que através do seu método de investigação e experimentação em laboratório, trouxe
importantes pontos para esta Psicologia, como o reconhecimento da atenção como um
componente importante da cognição, e também a localização dos eventos mentais na
memória semântica e a formação, através da experiência, desses eventos mentais como
conceitos. A metodologia de Wundt contribuiu significativamente para os estudos
contemporâneos e estão presentes até hoje na Psicologia Cognitiva.
A psicologia cognitiva surgiu oficialmente no ano de 1956, quando houve a fundação da
inteligência artificial como meio de compreender o funcionamento da cognição humana.
Se tratando da psicologia cognitiva experimental, entende-se como uma abordagem
dentro da Psicologia cognitiva, que é responsável pela experimentação científica dos
processos cognitivos. Após o surgimento da Psicologia cognitiva em 1956, Ulrich
Neisser lançou o livro "Cognitive Psychology em 1967 trazendo avanços para estes
estudos, a definindo como a "Psicologia que se refere a todos os processos pelos quais
um enput sensorial é transformado, reduzido, elaborado, armazenado, recuperado e
usado". A psicologia cognitiva desde o início, manteve o padrão trazido de outras bases
científicas, como por exemplo, o Behaviorismo metodológico. Muitos dados registrados
desde o início desta psicologia foram muito importantes e influenciam para a psicologia
cognitiva atual. A observação sistemática, a mensuração de resultados, o controle e
manipulação de variáveis para estabelecer questões de causa e efeitos, foram dados
fundamentais de experimentação que contribuem até hoje para a psicologia cognitiva.
Estes métodos de experimentação, são feitos em indivíduos saudáveis, sendo chamada
de Psicologia Cognitiva Experimental, que se tornou um campo específico e único
dentro da Psicologia cognitiva. Através da história, vê-se que este campo da psicologia
cognitiva pode ser muito confundido com outras abordagens da psicologia, como o
Behaviorismo, o Cognitivismo e também, algumas vezes, a Gestalt. Porém, a psicologia
cognitiva experimental é mais específica quanto ao seu modo de explicar a cognição e
os processos da mente, sendo algumas das características: a mente é formada por
processos cognitivos inter relacionados; o principal responsável pela vida mental é a
organização
do conhecimento; processos cognitivos que sustentam eventos mentais devem ocorrer
dentro de uma ordem específica, pelo menos em algumas situações; já que eventos
mentais são abstratos serão mais facilmente compreendidos utilizando uma análise
abstrata e, apesar de depender de substrato neurológico, não se restringem a ele; o ser
humano é autônomo e interage com o mundo externo intencionalmente; e a interação se
dá por meio da mente que é um processador de símbolos significados, que terão relação
com as coisas do mundo externo (Best, 1992; Eysenck & Keane, 2007).
Revolução cognitiva
A Revolução Cognitiva é um termo que descreve um movimento intelectual que
inaugurou um novo campo de pesquisa denominado ciência da cognição. Conforme
apontado por Miller, a revolução cognitiva pode, em muitos aspectos, ser caracterizada
como uma contrarrevolução. Neste período, a ênfase na psicologia passou de uma
abordagem behaviorista, que se concentrava no estudo do comportamento observável,
para uma abordagem direcionada para a mente e os processos cognitivos internos. De
forma mais clara, o behaviorismo dominava a psicologia experimental no início do
século XX, onde o seu foco era denominado pelo estudo do comportamento observável.
A partir disso, diversos psicólogos começaram a levantar questionamentos sobre as
limitações do behaviorismo na explicação de processos mentais complexos. Ficando
nítido que alguns processos mentais como a memória, pensamento, percepção e
linguagem não tinham condições de serem explicados apenas observando o
comportamento externo, se notando a necessidade de considerar também os processos
internos. Foi então a partir disto que a revolução cognitiva começou a ganhar força.
Iniciando os seus estudos e ressaltando a ideia do quanto a mente humana é ativa e o
quanto há para se explorar a partir da mesma. Assim a chamada revolução
encarregou-se de respaldar uma série de estudos experimentais sobre as múltiplas
funções cognitivas, ou seja, ainda que esse processo possa ser denominado como uma
contrarrevolução, como afirma Miller (2003), é possível concebê-lo como tendo sido
desencadeado de uma exceção de novos procedimentos investigativos sobre uma série
de aspectos constitutivos do psiquismo. Portanto, a revolução cognitiva marcou uma
virada relevante na psicologia, afastando-se do behaviorismo estrito e abrindo caminhos
para o estudo mais aprofundado e completo dos processos mentais complexos que
moldam o comportamento humano.
A Psicologia Discursiva- também chamada de segunda revolução cognitiva, emergiu
nas décadas de 1950 e 1960, e foi impulsionada por uma série de fatores, e seu conceito
está fundamentado na ideia de que já não era mais preciso calcular a representação do
pensamento humano; bastava analisar a prática discursiva de cada pessoa. Bruner J.
defendia (1997) que além do pensamento e comportamento humano, é possível
interpretar fenômenos psicológicos em um escopo mais amplo e que maneira como
pensamos e usamos símbolos é influenciada e influencia as interações uns com os
outros. Tal ideia ainda foi complementada por Bakhtin M. (1993) quando argumentou
que a comunicação interpessoal influencia a forma como construímos nossos
pensamentos internos.
Enquanto Lev Vygotsky, enfatizava a relação entre o pensamento privado e os processos
discursivos interpessoais. Sua teoria sociocultural defendia que a linguagem não é
apenas uma ferramenta individual, mas um meio fundamental de interação social que
molda a cognição e a compreensão do mundo.
Dessa forma, segunda revolução cognitiva, contribui na constatação de que a linguagem
humana está intrinsecamente ligada a diversos elementos dinâmicos e dialéticos da
cognição, levando em consideração a interação entre o ser humano e seu contexto
cultural.
Neufeld, C. B., Goergen Brust, P., & Milnitsky Stein, L. (2011). Bases
Epistemológicas da Psicologia Cognitiva Experimental. Psicologia: Teoria E
Pesquisa, 27(1), 103–112. Recuperado de
https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/18284.