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Manuel José Matoi

Avalição do Nível do Conhecimento dos Comerciantes e Compradores em Relação as


Formas de Armazenamento dos Grãos de Milho (Zea mays L.) e Sua Influência Para a
Saúde: Estudo de Caso no Bazar Filipe, Bairro de Ndunda - Cidade da Beira

Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química

Universidade Licungo

Extensão da Beira

2020
1

Manuel José Matoi

Avalição do Nível do Conhecimento dos Comerciantes e Compradores em Relação as


Formas de Armazenamento dos Grãos de Milho (Zea mays L.) e Sua Influência Para a
Saúde: Estudo de Caso no Bazar Filipe, Bairro de Ndunda - Cidade da Beira

Monografia científica apresentado no


Departamento de Ciências Naturais, para obtenção
de grau académico de licenciatura em Ensino de
Biologia com habilitações em Ensino de Química.

Supervisora: Msc. Arminda Uachisso

Universidade Licungo

Extensão da Beira

2020
0

Índice
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... v

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... v

LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................................vi

LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS .................................................. vii

DECLARAÇÃO .......................................................................................................................... viii

DECLARAÇÃO DE HONRA ....................................................................................................... ix

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. x

AGRADECIMENTO ..................................................................................................................... xi

RESUMO ...................................................................................................................................... xii

ABSTRACT ................................................................................................................................. xiii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ................................................................................................... xiii

1.1. Justificativa....................................................................................................................... 1

1.2. Problematização ............................................................................................................... 2

1.3. Hipóteses .......................................................................................................................... 4

1.4. Objectivos......................................................................................................................... 4

1.5. Variáveis ........................................................................................................................... 4

1.6. Metodologia.......................................................................................................................5

1.7. A técnica para a colecta de dados.......................................................................................6

1.8. Enquadramento da pesquisa .............................................................................................. 8

1.9. Relevância do tema .......................................................................................................... 8

1.10. Delimitação do estudo ...................................................................................................... 9

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 11

2. Fundamentação teórica ................................................................................................... 11


1

2.1. Noção de armazenamento .............................................................................................. 11

2.2. Importância do bom armazenamento ............................................................................. 11

2.3. Tipos de armazenamento do milho ................................................................................ 12

2.3.1. Armazenamento a granel ................................................................................................ 12

2.3.2. Armazenamento em sacaria ........................................................................................... 12

2.3.3. Armazenamento em espigas ........................................................................................... 13

2.4. As características da massa de grãos de milho armazenados ......................................... 13

2.5. As perdas que ocorrem na armazenagem dos grãos ....................................................... 13

2.6. Fungos associados aos grãos de milho armazenados ..................................................... 14

2.7. Factores que favorecem o desenvolvimento de fungos .................................................. 14

2.7.1. Humidade dos grãos ....................................................................................................... 15

2.7.2. Humidade relativa do ar e do substrato .......................................................................... 15

2.7.3. PH ................................................................................................................................... 15

2.7.4. Interação microbiana ...................................................................................................... 15

2.7.5. Temperatura ................................................................................................................... 16

2.7.6. Substrato ......................................................................................................................... 16

2.7.7. Atmosfera ....................................................................................................................... 16

2.8. Principais micotoxinas em produtos alimentares ........................................................... 17

2.8.1. Aflatoxinas (AF) ............................................................................................................ 18

2.8.2. Citrina ............................................................................................................................. 19

2.8.3. Zearalenona (ZEA) ......................................................................................................... 19

2.8.4. Fumonisinas ................................................................................................................... 20

2.9. Legislação para fungos ................................................................................................... 21

CAPÍTULO - III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............................................. 22

3. Caracterização do Bazar Filipe .......................................................................................... 22


2

3.1. Breve descrição dos comerciantes dos grãos de milho .................................................. 22

3.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos comerciantes ............................................ 22

3.2. Breve descrição dos compradores de grãos de milho ........................................................ 28

3.2.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos compradores ..................................... 29

3.3. Resultados resultantes das fichas de observação de armazéns dos grãos de milho ....... 35

3.4. Palestra de sensibilização aos comerciantes sobre a promoção de boas práticas de


armazenamento dos grãos de milho .............................................................................................. 40

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 42

4.1. Conclusão............................................................................................................................... 42

4.2. Recomendações...................................................................................................................... 42

5. Referências bibliográficas .................................................................................................. 44

Apêndices ....................................................................................................................................xiv

Apêndice I: Guião de inquérito dirigido aos comerciantes dos grãos de milho do Bazar Filipe...xv

Apêndice II Guião de inquérito dirigido aos comerciantes dos grãos de milho do Bazar
Filipe............................................................................................................................................xvii

Apêndice III: Ficha de observação de armazéns no campo ......................................................... xix

Apêndice IV: cronograma de atividades ...................................................................................... xix

Apêndice V: Orçamento ............................................................................................................... xx

Apêndice VI: Evidências da invasão de grãos de milhos armazenados por fungos toxigênicos...xx
v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A esquerda, ilustra-se a infecção dos grãos de milho por fungos toxigênicos, no Bazar
Filipe e a direita, estão ilustradas as respectivas condições de armazenamento feitas nas sacarias
embalados por lonas e num espaço aberto. ..................................................................................... 3

Figura 2: Estruturas químicas das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2................................................... 19

Figura 3: Estrutura química da zearalenona.................................................................................. 20

Figura 4: Estruturas químicas das principais fumonisinas ............................................................ 21

Figura 5: Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B) .......................... 21

Figura 6: A- Grãos de milho armazenado nas sacarias e embalados temporariamente impedindo a


circulação do ar, B- Grãos de milho armazenado nas sacarias com uma porção da lona aberta para
facilitar a circulação de ar. ............................................................................................................ 35

Figura 7: Grãos degradados por acções mecânicas ....................................................................... 36

Figura 8: Grãos degradados por insectos ...................................................................................... 37

Figura 9: Alguns grãos ardidos comercializados no Bazar Filipe. ............................................... 37

Figura 10: Grãos de milho armazenados em sacarias sobre as sapatas ........................................ 39

Figura 11: Impacto da humidade sobre os grãos de milho. .......................................................... 39

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Principais micotoxinas com os seus respectivos fungos produtores, substratos e efeitos
no homem e animais. .................................................................................................................... 17
vi

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Referente aos resultados dos comerciantes sobre conhece as BPAGM. ..................... 23

Gráfico 2: O tempo que os grãos de milho ficam armazenados, antes da reposição, no Bazar Filipe.
....................................................................................................................................................... 24

Gráfico 3: Referente aos resultados dos comerciantes sobre nos períodos chuvosos os grãos de
milho têm obtido humidade .......................................................................................................... 26

Gráfico 4: A percepção dos comerciantes sobre o perigo que pode advir com o contacto directo
entre a humidade e os grãos de milho ........................................................................................... 27

Gráfico 5: Representação dos resultados dos compradores sobre já comprou os grãos de milho que
possuem manchas.......................................................................................................................... 29

Gráfico 6: A percepção dos compradores sobre o significado da presença de manchas nos grãos de
milho ............................................................................................................................................. 30

Gráfico 7: O interesse dos compradores no momento de compra dos grãos de milho ................. 31

Gráfico 8: Local de armazenamento dos grãos de milho no estabelecimento comercial que os


compradores fazem suas compras ................................................................................................. 32

Gráfico 9: Representação dos resultados dos compradores sobre já ouviu falar de micotoxina .. 33

Gráfico 10: Representação dos resultados dos compradores sobre será que o consumo de grãos de
milho infectados por fungos toxigénicos pode causar doenças .................................................... 34
vii

LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS


AF Aflatoxinas
AFM aflamicotoxinas

AFM1 Aflamicotoxinas do Tipo 1

aw Actividade de Água

BPA Boas Práticas de Armazenamento

BPAGM Boas Práticas de Armazenamento dos Grãos de Milho

CO2 Dióxido de carbono


DNA Ácido Desoxirribonucleico

DON Desoxinivalenol

FIB Food Ingredients Brasil


GMC Grãos de Milho Comerciais

IARC International Agency for Research on Câncer

INS Instituto Nacional de Estatística

Kg Quilograma
LMT Limites Máximos Tolerados

MINAG Ministério da Agricultura


Msc. Mestre
O2 Oxigénio
oC Graus celso

PH Potencial Hídrico

SNE Sistema Nacional de Educação

UV Ultra Violeta

ZEA Zearalenona
viii

DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro também que o mesmo trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.

Beira, Julho de 2020

O Candidato
_______________________________________________________
(Manel José Matoi)
ix

DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu ___________________________________________________, supervisora da presente
monografia, declaro que acompanhei o estudante em todas as fases da realização deste trabalho
que me identifico com o conteúdo e os resultados alcançados e concordo que seja defendido pelo
candidato_______________________________________________, na Faculdade de Ciências e
Tecnologias, curso de Biologia da Universidade Licungo - Extensão da Beira.

Beira, ____ de _________ de 2020

A supervisora
_______________________________________________________
(Arminda Fernando Uachisso)
x

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, aos meus pais José Matoi Nhafoco e Marta Isaías João, pois foram eles que
deram a primeira educação e me ensinaram a importância do estudo. Lembro de todos seus
ensinamentos, com eles também aprendi a amar o próximo e o meio que nos rodeia.
Com obrigação e muito amor devo dedicar ao senhor Engenheiro Martinho Artur juntamente com
a sua esposa, senhora Soniza Rungo que tanto deram-me apoio e conselhos durante essa minha
jornada.
Também dedico ao meus irmãos e todos familiares que directamente ou indirectamente me
apoiaram, deram força e encorajamento para o sucesso dos meus estudos.
A dedicatória é extensiva a todos amigos e colegas que ajudaram no desenvolvimento de um bom
ambiente para dialogar saberes de modo a ter novas percepções na área de biologia.

Dedico de igual modo este trabalho aos meus docentes do curso de biologia.
xi

AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeço à Deus, pela saúde e por me proteger em todas as circunstâncias da
vida.
A todos os docentes do Curso de Biologia, em especial a minha supervisora Msc. Arminda
Uachisso pela forma paciente e sábia na orientação do trabalho, e por ser um foco de inspiração
na minha actividade docente.
Aos meus colegas e amigos, que pelo amor, carinho deram-me a força para estimular conversas
acerca da vida académica e também pela cumplicidade em todos os momentos.
A todos que de forma directa ou indirecta deram-me força, sobretudo coragem e fé muitíssimo
obrigado.
xii

RESUMO
O presente trabalho de pesquisa científica teve como objectivo fundamental de avaliar o nível do conhecimento dos
comerciantes e compradores em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho e sua influência para a saúde
do consumidor. Para sua materialização usou-se o inquérito que constituiu a principal técnica utilizada para a recolha
de dados. De modo que a pesquisa pudesse ser concebida com maior compreensão e precisão na busca dos resultados,
usou-se a pesquisa de campo e o método crítico-reflexivo, enquanto que, para familiarizar-se com o fenómeno
investigado usou-se também o método de pesquisa bibliográfica. Realizada a análise e interpretação das fontes de
pesquisa que abordam sobre o conteúdo pesquisado, aplicou-se um questionário a cem (100) compradores e dezanove
(19) comerciantes dos grãos de milho. Com ajuda do chefe do bazar Filipe, o autor realizou a palestra de sensibilização
aos comerciantes sobre a promoção de boas práticas de armazenamento dos grãos de milho. Após a realização da
palestra algumas palavras como: micotoxina e fungos toxigênicos criaram espanto e admiração nos comerciantes,
porque nunca ouviram falar, por isso todos eles sentiram-se gratos pela informação adquirida. Todas as informações
colhidas na observação, inquérito, entrevistas, livros e documentos foram tratadas de forma quantitativa através da
análise dos dados. Quanto ao nível de conhecimento, verificou-se que os comerciantes, assim como os compradores,
têm baixo nível de conhecimento em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua
influência para a saúde do consumidor. Desta feita, as campanhas de sensibilização para a promoção das boas práticas
de armazenamento dos grãos de milho não são realizadas no bazar Filipe.

Palavras – Chave: micotoxina, armazenamento, saúde, comprador e comerciante.


xiii

ABSTRACT
The present work of scientific research had the fundamental objective of evaluating the level of knowledge of
merchants and buyers in relation to the ways of storing corn kernels and their influence on consumer health. For its
materialization, the survey was used, which was the main technique used for data collection. So that the research could
be conceived with greater understanding and precision in the search for results, field research and the critical-reflective
method were used, while, in order to become familiar with the phenomenon investigated, the method of bibliographic
research. After analyzing and interpreting the research sources that address the researched content, a questionnaire
was applied to one hundred (100) buyers and nineteen (19) corn grain traders. with the help of the Filipe market head
master, the author gave a lecture to raise awareness among traders about the promotion of good corn grain storage
practices. After the lecture, some words like: mycotoxin and toxigenic fungi created awe and admiration in the traders,
because they never heard of it, so they were all grateful for the information acquired. All information collected in the
observation, inquiry, interviews, books and documents were treated in a quantitative way through data analysis. As
for the level of knowledge, it was found that traders, as well as buyers, have a low level of knowledge in relation to
the forms of storage of corn grains (Zea mays L.) and their influence on consumer health. This time, awareness
campaigns to promote good corn grain storage practices are not carried out at the Filipe market.

Keywords: mycotoxin, storage, health, buyer and trader.


1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A partir do momento em que o homem deixou de ser nómada e passou a cultivar seu próprio
alimento ele passou também a utilizar o armazenamento como uma actividade fundamental a fim
de se conservar as sementes para o próximo plantio. No começo tal actividade buscava apenas
proteger as mesmas contra aves, insectos e micro-organismos e, mais tarde, dos aspectos ligados
à viabilidade e aos factores ambientais que interferem a sua longevidade (DANTAS, 2011).
Moçambique é um país com grande potencial para produção e comercialização de alimentos,
devido a sua vasta extensão territorial, climas diferenciados por região e amplas bacias
hidrográficas, onde várias culturas podem se adaptar nos diferentes climas. Todavia, esta
diversidade deve ser cuidadosamente estudada, uma vez que elevadas temperaturas combinadas
com alta humidade podem favorecer o desenvolvimento de contaminantes naturais como os
fungos. Estes podem se desenvolver tanto no campo, quanto durante o armazenamento de
matérias-primas produzidas na região para o processamento. Quando este desenvolvimento não é
limitado, pode causar sérios danos à saúde do consumidor, pois podem produzir as micotoxinas.

O presente trabalho de pesquisa científica intitulado: Avalição do nível do conhecimento dos


comerciantes e compradores em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho
comerciais (Zea mays L.) e sua influência para a saúde: estudo de caso no bazar Filipe, bairro de
Ndunda - cidade da Beira, está estruturado em quatro (4) capítulos, dos quais o primeiro formaliza
as teorias básicas introdutórias, seguido do segundo que faz menção do marco teórico,
caracterizado por conceitos básicos sobre o tema estudado, em diante apresenta-se o terceiro
capítulo referente a análise, interpretação e discussão dos resultados e finalmente o quarto capítulo
referente a conclusões e recomendações.

1.1.Justificativa
Os grãos de milho comercializados no bazar Filipe, possuem maiores índices de contaminação por
fungos, porque o armazenamento é feito nas sacarias embaladas com lonas e num espaço aberto,
isso faz com que os grãos sejam armazenados num local com alto teor de humidade, então, estes
grãos podem ser classificados como apresentando potencial risco de crescimento de fungos na
armazenagem porque onde a humidade é alta os riscos de contaminação por fungos se tornam
bastante significativos.
2

A escolha deste tema para pesquisa deve-se a observação prévia feita no terreno, na qual constatou-
se que quando os comerciantes notam a presença de fungos nos grãos armazenados, de modo a
não perder 50Kg (um saco) dos grãos de milho é feita a peneiração para separar os grãos ardidos
(infectados por fungos) dos sadios, com objectivo de reaproveitar os grãos sadios para venda, o
que não elimina os agentes toxigênicos ou fungos, constituindo neste caso um risco para a saúde
do consumidor, pois o consumo de alimentos contaminados por fungo causa muitas doenças. Feita
a observação o autor pretende avaliar do nível do conhecimento dos comerciantes e compradores
em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a
saúde.
A relevância do tema justifica-se principalmente pela preocupação constante da saúde da
população da cidade da Beira que se beneficia dos grãos de milho comercializados a nível do Bazar
Filipe com intuito de procurar a redução dos elevados índices da proliferação de doenças nesta
cidade, pelo facto de consumo de produtos alimentares contaminados por microrganismos, os
fungos toxigênicos.

1.2.Problematização
Os fungos são elementos microbianos encontrados em todos os lugares, seja, na água, no ar ou no
solo. Existem milhares de espécies de fungos e, dentre estes milhares, algumas espécies atacam ou
apenas sobrevivem em produtos agrícolas. Alguns destes fungos têm a capacidade de produzir
toxinas1, chamadas de micotoxinas 2(FIB No7 2009).

Normalmente em todos anos a cidade da Beira, concretamente no Bazar Filipe regista precipitação
muitas vezes causa alagamentos e deslizamentos de terra, provocando deste modo a humidades
dos grãos de milho encontrados nos locais de armazenamento inadequados. Os cereais
armazenados com alto teor de humidade, tal como o milho, podem ser classificados como
apresentando potencial risco de crescimento de fungos na armazenagem. Da mesma forma, em
regiões onde a humidade é alta os riscos de contaminação por fungos se tornam bastante
significativos.

1
Toxina – substância de origem biológica que provoca danos à saúde.

2
Micotoxinas – Substâncias tóxicas produzidas por fungos.
3

Figura 1: A esquerda, ilustra-se a infecção dos grãos de milho por fungos toxigênicos3, no Bazar
Filipe e a direita, estão ilustradas as respectivas condições de armazenamento, feitas nas sacarias
embalados com lonas e num espaço aberto.

Fonte: Autor, 2019.


Os piores efeitos das micotoxinas no homem tendem a ser os crónicos de difícil associação com o
consumo de alimentos contaminados. Os principais efeitos registrados são: indução de câncer,
lesão renal e depressão do sistema imune (FIB No7, 2009).
A presente pesquisa procura avaliar o nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em
relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a
saúde do consumidor, por ser os mesmos que conduzem um problema de infecção dos grãos de
milho por fungos produtores de micotoxinas que são resultantes da actividade metabólica dos
fungos, que podem causar severas intoxicações em decorrência do consumo destes grãos
contaminados, tanto em seres humanos como em animais. Estas intoxicações podem decorrer
quando é utilizado na alimentação, um produto derivado dos grãos de milho infectados por fungos.
Neste contexto, considera-se a seguinte questão norteadora:

Qual é o nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em relação as formas de


armazenamento dos grãos de milho e sua influência para a saúde do consumidor?

3
Fungos toxigênicos – microrganismos filamentosos e multicelulares que podem atacar alimentos e produzir
substâcias toxicas.
4

1.3.Hipóteses
Da questão acima levantada são colocadas as seguintes hipóteses:

 Provavelmente os comerciantes dos grãos de milho do bazar Filipe possuem baixo nível
do conhecimento em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho e sua
influência para a saúde do consumidor.
 É provável que os compradores possuem um alto nível do conhecimento sobre as
consequências do consumo de um produto mal conservado.
 Acredita-se que no bazar Filipe não existem as campanhas de sensibilização aos
comerciantes para a promoção das boas práticas de armazenamento dos grãos de milho.

1.4.Objectivos
1.4.1. Geral
 Avaliar o nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em relação as formas de
armazenamento dos grãos de milho e sua influência para a saúde do consumidor.
1.4.2. Específicos
 Verificar se os compradores sabem que o consumo dos grãos de milho mal armazenados
causa doenças.
 Observar as formas de armazenamento dos grãos de milho.
 Sensibilizar aos comerciantes a promover as boas práticas de armazenamento dos grãos de
milho.

1.5.Variáveis
1.5.1. Variáveis de pesquisa
 Formas de armazenamento dos grãos de milho;
 Campanhas de sensibilização no que diz respeito a boas práticas de armazenamento dos
grãos de milho;
 Comerciantes e
 Compradores.
1.5.2. As variáveis de atributo
 Sexo;
5

 Idade e
 Escolaridade.

1.6. Metodologia

1.6.1. Quanto a abordagem

A abordagem do estudo é quantitativa.

1.6.1.1. Abordagem quantitativa

A pesquisa é quantitativa desde o momento que procura recolher, analisar e interpretar dados
usando métodos estatísticos, com o objectivo de conhecer o nível do conhecimento dos
comerciantes e compradores em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea
mays L.) e sua influência para a saúde do consumidor. Neste tipo de pesquisa, os dados serão
tratados através de técnicas estatísticos, empregando neste caso, a quantificação, tanto nas
modalidades de colecta de informações, desde as mais simples até mesmo as mais complexas.

1.6.2. Quanto a pesquisa

1.6.2.1. Método bibliográfico

O método bibliográfico, empregou-se na leitura criteriosa dos textos (livros), revistas, teses,
dissertações e monografias de autores que abordam de forma abrangente sobre armazenamento
dos grãos de milho, tomando os mesmos como suporte da fundamentação teórica.

1.6.2.2. Pesquisa de Campo

Este método foi usado para colecta de dados no local de estudo, apoiando-se das técnicas e
conhecimentos básicos aprendidos durante a formação académica na Universidade Licungo.

Inicialmente realizou-se visitas informais ao mercado Filipe, com a finalidade de criar uma
aproximação com o chefe do mercado, de modo a fornecer seus contactos, assim como a
estruturação do local de venda dos grãos de milho. Além disso, procurou-se cultivar um espírito
de identificar aqueles compradores que tinham interesse em participar voluntariamente no estudo.
6

1.6.2.3. Método crítico-reflexivo

O autor usou este método na argumentação dos aspectos discutidos, como afirma Barros (1999),
“uma pesquisa veicula também o cunho pessoal do pesquisador como sujeito activo e integrante
da mesma”. É a partir deste método onde vai se distinguir a criatividade e sugestões, bem como a
crítica e reflexão de alguns aspectos inerentes às realidades encaradas pelos comerciantes e
compradores dos grãos de milho, fazendo-se a confrontação com o material teórico consultado.

1.7. A técnica para a colecta de dados

1.7.1. Técnica de inquérito

Os dados deste estudo foram obtidos no Bazar Filipe, bairro de Ndunda - Cidade da Beira. O
inquérito constituiu a principal técnica a utilizar para a recolha de dados, a qual permitiu proceder
o interrogatório directo com os comerciantes e compradores dos grãos de milho, com base num
guião de perguntas abertas. Durante o inquérito foram solicitados os comprovativos de dados
referentes ao nível do conhecimento que os comerciantes e compradores possuem em relação as
formas de armazenamento dos grãos de milho e sua influência para a saúde do consumidor.

Disponibilizaram-se para o inquérito todos os comerciantes dos grãos de milho que estavam
presentes no momento da pesquisa, que foram em número de dezanove (19) e cem (100)
compradores dos grãos de milho dos sexos opostos.

1.7.2. Técnica de entrevista

Esta técnica, foi usada para colher informações de âmbito geral e particulares, relacionados ao
tema em causa, que vai facilitar deste modo uma conversa aberta com os compradores e
comerciantes dos grãos de milho, tendo em conta ela estar a apresentar como a principal vantagem
para obtenção de dados diversificados.

1.7.3. Técnica de observação

O uso desta técnica permitiu ao autor observar as condições ou formas de armazenamento dos
grãos de milho, a existência dos grãos de milho ardidos ou infectados por fungos e o conforto dos
sistemas de armazenagem dos grãos de milho.
7

1.7.4. Tratamento de dados

Após a realização do inquérito e do trabalho de campo, o autor representou os resultados da


pesquisa em forma de gráficos, para tal usou-se também os programas Microsoft Word e Excel de
modo a representar os dados obtidos.

1.7.5. Universo e amostra

Faz parte do universo dezanove (19) comerciantes, que é o número total dos comerciantes que
estavam presente no momento da pesquisa e todos compradores dos grãos de milho, enquanto que
a amostra foi de cem (100) compradores dos grãos de milho dos sexos opostos. E pelo facto do
tamanho do universo dos comerciantes ser menor o autor preferiu trabalhar com todos.

1.7.5.1. Escolha da amostra para pesquisa

O autor trabalhou com uma amostragem não probabilística, que consistiu em trabalhar com os
comerciantes e compradores disponíveis no período da recolha dos dados.

No caso dos comerciantes, trabalhou-se com todos eles, por serem poucos e estarem no mesmo
local, eles foram no total dezanove (19) comerciantes, constituídos por nove (9) indivíduos do sexo
masculino e dez (10) do sexo feminino.

Só que, para os compradores dos grãos de milho, não foi possível obter a lista ou o número total
do universo a ser pesquisado. O sector de comercialização dos grãos de milho do bazar Filipe, é
uma área frequentada por muitas pessoas de vários bairros da cidade da Beira que compra este
cereal para vários fins, é comum ver as mudanças constantes da população que pode aumentar ou
reduzir em consequência da necessidade que as pessoas têm com este produto, por isso, não há um
universo definido dos compradores dos grãos de milho neste Bazar.

Tendo em conta a abrangência do tema, e a característica da população, especificamente, os


compradores dos grãos de milho, recorreu-se a amostra não probabilística intencional que de
acordo com LAKATOS & MARCONI (2003:224), o pesquisador está interessado na opinião de
determinados elementos da população, mas não representativos dela. O pesquisador não se dirige,
portanto, à massa, mas àqueles que, segundo seu entender, pela função desempenhada, cargo
ocupado, prestígio social exercem as funções de líderes de opinião na comunidade. Pressupõe-se
8

que estas pessoas, por palavras, actos ou actuações, têm a propriedade de influenciar a opinião dos
demais. Os elementos selecionados para a amostra ou o tamanho amostrar duma população infinita
são selecionados pelos critérios do investigador. Vele ressaltar que os pesquisadores acreditam que
podem obter uma amostra representativa usando um bom senso.

Do universo desconhecido da população dos compradores dos grãos de milho que frequentam este
Bazar, extraiu-se uma amostra de cem (100). Dos quais trinta e quatro (34) são indivíduos do sexo
masculino e sessenta e seis (66) do sexo feminino.

1.8. Enquadramento da pesquisa


A presente pesquisa enquadra-se na cadeira de Educação Ambiental e Saúde Pública quando se
aborda os conteúdos relacionados com a promoção da saúde, espelhando-se ainda nos
ensinamentos das cadeiras de Microbiologia, nos conteúdos relacionados com a presença de
micotoxinas em produtos alimentares; Botânica Sistemática, nos conteúdos relacionados com a
sistemática e classificação dos seres vivos do reino fungi e Química Ambiental, leccionadas na
Universidade Licungo. No SNE enquadra-se na 2ª unidade temática da 11ª classe que trata sobre
estudo e classificação dos seres vivos do reino monera ao reino plantae, nos assuntos relacionados
ao reino dos fungos. Enquadra-se também na cadeira de Patologia e nos cursos de nutrição
leccionados em várias instituições académicas existente em Moçambique. Neste âmbito,
estabelece-se directrizes para a implementação da mobilização comunitária para a resolução de
problemas específicos às comunidades e aprende-se também os processos através dos quais os
indivíduos e a sociedade constroem valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas à conservação do meio ambiente como um espaço colectivo, essencial à qualidade de vida
presente e futura dos meios físicos e sociais.

1.9.Relevância do tema

1.9.1. Relevância social


O factor social aqui referido inclui o nível de escolaridade e a condição de vulnerabilidade da
mulher, homem e da criança. Podemos citar também estatuto sócio-económico da mulher bem
como a extensão dos serviços sociais na cidade em destaque.
9

A educação tem uma distribuição assimétrica favorecendo aos homens. De facto enquanto ao nível
nacional 1/3 (33%) das mulheres não tem nenhum nível de escolaridade nos homens a percentagem
é de 19% (INE, 2018).
Esta situação desigual se reproduz na cidade da Beira, facto que tem, por sua vez, condições
negativas na nutrição não só das próprias mulheres como também das próprias crianças e dos
homens. Um exemplo que ilustra isso é o facto de que a percentagem maior dos comerciantes e
compradores dos grãos de milho no bazar Filipe é de mulheres e muitos apresentam nível de
escolaridade baixo.

1.9.2. Relevância científica


As pesquisas revelam os efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos e carcinogênicos das micotoxinas em
humanos e animais, pela ingestão de alimentos contaminados por fungos, como os grãos de cereais
(milho, trigo, arroz, dentre outros), as frutas (uva, café e maçã) e sementes oleaginosas (amendoim,
castanha e nozes).
Neste caso, torna-se importante o estudo sobre a avalição do nível do conhecimento dos
comerciantes e compradores em relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea
mays L.) e sua influência para a saúde: estudo de caso no bazar Filipe, bairro de Ndunda - cidade
da Beira, com vista a compreender a eficácia dos mesmo para o controlo de incumprimento de
armazenagem.

1.10. Delimitação do estudo


1.10.1. Espacial

A pesquisa foi efectuada na Província de Sofala, Cidade de Beira, Bairro de Ndunda,


concretamente no Bazar Filipe. A pesquisa faz a análise do objecto de estudo de modo que se
conheça o nível de conhecimento dos comerciantes e compradores do local supracitado em relação
as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a saúde do
consumidor de modo a garantir que os GMC não estejam sujeitos à invasão por fungos e à
contaminação com micotoxinas no campo comercial, durante a armazenagem.
10

1.10.2. Temporal

A pesquisa avaliou o nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em relação as formas


de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a saúde do consumidor
num período de três (3) meses.
11

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2. Fundamentação teórica

2.1.Noção de armazenamento
De acordo com Elias (2003), citado por Ensinas et al (s/d), a armazenagem é o processo de guardar
o produto, associada a uma sequência de operações, tais como limpeza, secagem, tratamento
fitossanitário4, transporte, classificação, dentre outros, com o intuito de preservar as qualidades
físicas e químicas da colheita, até o abastecimento.

2.2.Importância do bom armazenamento


De acordo com Ensinas et al (s/d), dentre as importâncias do bom armazenamento de grãos, devem
ser citadas:
 Minimização das perdas quantitativas e qualitativas que ocorrem no campo, pelo atraso da
colheita ou durante o armazenamento em locais inadequados;

 Economia do transporte, uma vez que os fretes 5alcançam seu preço máximo no "pico de
safra6". Quando o transporte for necessário, terá o custo diminuído, devido à eliminação
das impurezas e do excesso de água pela secagem;

 Maior rendimento na colheita por evitar a espera dos caminhões nas filas nas unidades
coletoras ou intermediárias;

 Melhor qualidade do produto, evitando o processamento inadequado devido ao grande


volume a ser processado por período da safra, por exemplo, a secagem à qual o produto é
submetido, nas unidades coletoras ou intermediárias;

 Obtenção de financiamento por meio das linhas de crédito específicas para a pré-
comercialização;

4
Fitossanitário - é o conjunto de medidas adoptadas pelo agriculturpara evitar a propagação de pragas e doenças.
5
Fretes - o preço que paga pelo uso de meio de transporte pertencente ao outro.
6
Safra - conjunto de produtos agrícolas colhidos em determinado período.
12

 Disponibilidade do produto para utilização oportuna;

 Menor dependência do suprimento de produtos de outros locais; e

 Aumento do poder de barganha 7


dos produtores quanto à escolha da época de
comercialização dos seus produtos.

Segundo Baudet e Vilela (2000), citado por Ensinas et al (s/d), é importante ressaltar que durante
o armazenamento os grãos não melhoram sua qualidade e sim no máximo a mantém. Logo,
somente boas práticas de armazenamento conservam a qualidade física e fisiológica dos grãos.

2.3.Tipos de armazenamento do milho

2.3.1. Armazenamento a granel


O armazenamento de milho a granel, em estruturas com sistemas de termometria 8e aeração
forçada, é o método que permite melhor qualidade do produto. Para se ter sucesso nesse tipo de
armazenamento são necessários alguns procedimentos, como a limpeza e a secagem dos grãos, a
aeração e o controle das pragas (SANTOS,2006).

2.3.2. Armazenamento em sacaria


De acordo com Santos (2006), o armazenamento de milho em sacaria, em armazéns convencionais,
pode ser empregado com sucesso, desde que as estruturas armazenadoras atendam às condições
mínimas. O milho deve estar seco (13 a 13,5% de humidade) e deve haver boa ventilação na
estrutura. O piso deve ser concretado e cimentado e a cobertura perfeita, com controle e proteção
anti-ratos, as pilhas de sacos devem ser erguidas sobre estrados de madeira e afastadas das paredes.
O combate aos insetos deve ser através de expurgo periódico e pulverização externa das pilhas de
sacos.

7
Barganha - uma negociação vantajosa envolvendo compra, venda ou troca.
8
Termometria - parte da termologia voltada ao estudo das temperatura e sua medicão.
13

2.3.3. Armazenamento em espigas


Cerca de 40% permanecem armazenados no meio rural, em espigas nos paióis9, para alimentação
dos animais domésticos ou comercialização posterior. Esse milho, durante o armazenamento, sofre
ataque de insetos e roedores, que causam grandes prejuízos. Somente insetos como o Sitophilus
zeamais e Sitophilus oryzae e a Sitotroga cerealella provocam perdas que atingem até 15% do
peso. Essas pragas comprometem, ainda, a qualidade nutritiva do milho (SANTOS,2006).

2.4.As características da massa de grãos de milho armazenados


Segundo SENAR (2018), a massa de grãos possui determinadas características que poderão
comprometer ou garantir sua qualidade devendo, portanto, ser observada:
 Porosidade da massa: quando armazenados em silos, vasilhas ou sacos, os grãos formam
uma massa porosa constituída por eles próprios e pelo espaço ocupado com ar, que
representa em torno de 40 a 45% do volume total.
 Condutibilidade térmica: os grãos trocam calor entre si e sua massa porosa. O calor passa
de uma região mais quente para uma mais fria, de grão para grão – pois estes estão em
contato (condução) – e pelo fluxo de ar que passa pela massa porosa (microconvecção).
 Equilíbrio da humidade dos grãos: a humidade da massa de grãos mantém-se em
equilíbrio quando há uma relação positiva entre a umidade relativa do ar e a temperatura.
Se a humidade relativa do ar e a temperatura variam muito, os grãos perdem ou ganham
humidade de acordo com a baixa ou alta humidade relativa do ar.

2.5.As perdas que ocorrem na armazenagem dos grãos


2.5.1. Perda física ou quebra
Ocorre quando o produto sofre uma perda de peso pelos danos causados, principalmente, por
ataque de insetos. Outros animais, como os roedores e os pássaros, também ocasionam perdas,
mas são menores se comparadas àquelas provocadas por insetos (SENAR, 2018).
2.5.2. Perda de qualidade
Ocorre quando a qualidade do produto muda, principalmente pela ação de fungos, que causam
fermentação, alteração do gosto e do cheiro natural do produto e redução do valor nutritivo dos

9
Paióis - celeiros
14

grãos. A contaminação por matérias estranhas e outros danos que afetam a qualidade dos grãos
para a agroindústria estão entre os fatores que levam às perdas de qualidade. A contaminação pode
se dar de forma biológica, física e química, podendo ocorrer sozinha ou agrupadas (SENAR,
2018).

2.6.Fungos associados aos grãos de milho armazenados


Segundo Taniwak (2001), citado por Valmorbida (2016), os fungos ou bolores são organismos
multinucleados que aparecem como filamento. O corpo ou talo de um fungo filamentoso consiste
em um micélio e nos esporos. Cada micélio é uma massa de filamentos chamada hifa. Cada hifa é
formada pela reunião de muitas células. As paredes rígidas das hifas são formadas de quitina,
celulose e glicose.

Sob condições ambientais favoráveis, fungos toxigênicos tais como Fusarium, Aspergillus e
Penicillium spp podem produzir micotoxinas em produtos agrícolas durante o crescimento da
planta, ou após a colheita em armazenagem e expedição. Estes compostos podem estar presentes,
mesmo após a remoção do micélio e uma vez que a maior parte deles são resistentes a tratamentos
físicos e químicos; eles costumam ficar no alimento durante o processamento e armazenamento.
Actualmente estudos apontam a existência de mais de 80 espécies fúngicas micotoxígenas, que
podem produzir mais de 300 diferentes tipos de micotoxinas, sendo que algumas espécies são
capazes de produzir mais de um tipo de micotoxinas, podendo ser encontradas simultaneamente
em um único produto. Os principais fungos produtores pertencem aos gêneros: Alternaria,
Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Rhizoctonia e Stachybotrys, dentre eles destacam-se os
gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que são considerados os de maior importância para
alimentos e ração10, por serem os mais encontrados e os maiores produtores de micotoxinas
(VALMORBIDA, 2016).

2.7.Factores que favorecem o desenvolvimento de fungos


O conhecimento das condições que governam a produção de toxinas pode contribuir na prevenção
das mesmas no alimento. Os factores principais serão discutidos. Dentre os fatores envolvidos na
produção de micotoxinas existem os relacionados a própria fisiologia e bioquímica dos fungos

10
Racão – nome que se dá ao alimentos dos animais.
15

toxigênicos e os fatores extrínsecos (ambientais), tais como: humidade, composição química do


alimento (substrato), temperatura, PH, interação microbiana, entre outros (IAMANAKA et al,
2010).

2.7.1. Humidade dos grãos


Um dos elementos climáticos mais importantes é a precipitação, pois ela afeta diretamente o ciclo
da água e outros elementos climáticos. A precipitação muitas vezes causa alagamentos e
deslizamentos de terra. Os cereais colhidos com alto teor de umidade, tal como o arroz e o milho,
podem ser classificados como apresentando potencial risco de crescimento de fungos na
armazenagem. Da mesma forma, em regiões onde a humidade é alta e as secagens no campo são
deficientes os riscos de contaminação por fungos se tornam bastante significativos. É importante
salientar que muitas espécies de Aspergillus se desenvolvem lentamente em locais com conteúdo
de humidade abaixo de 18% (VALMORBIDA, 2016).

2.7.2. Humidade relativa do ar e do substrato


A maioria dos fungos necessita de humidade relativa acima de 80% e um mínimo de atividade de
água (wa) para crescer. A produção de toxina pode não ocorrer em humidade relativa abaixo
daquele valor. As toxinas podem ser produzidas em atividades de água que vão de 0,60 a 0,90 em
alimentos de humidade intermediária. O conteúdo de água é dependente da humidade relativa do
ar à uma determinada temperatura. Os fungos são mais resistentes aos efeitos das condições de
baixa wa (IAMANAKA et al, 2010).

2.7.3. PH

De acordo com Sousa (2014), a maioria dos fungos são pouco afectados pelo PH na faixa entre 3-
8. No entanto quando PH se afasta desta faixa ideal, alguns factores limitantes podem se tornar
evidentes se sobrepondo ao PH.

2.7.4. Interação microbiana


Em condições naturais há uma interação de fungos, leveduras e bactérias. A toxina produzida pode
afetar outros microrganismos, tornando um problema à microbiota, por outro lado, certos
16

microrganismos podem reduzir, remover ou degradar a toxina. Existem evidências de que as


toxinas são produzidas em menor quantidade quando os fungos toxigênicos crescem em presença
de outros microrganismos. Algumas espécies de Trichoderma spp. são conhecidas por produzir
diversos metabólitos com atividade antifúngica e são utilizadas no controle biológico e prevenção
de patógenos de plantas 11(IAMANAKA et al, 2010).

2.7.5. Temperatura
O aumento da temperatura é outro fator que afeta a armazenagem de grãos que pode ser ocasionado
pelos demais fatores no que diz respeito à perda de qualidade. Assim, seu controle pode impedir
um rápido processo de deterioração. O aquecimento da massa de grãos armazenada é produzido
pelo ataque dos fungos e ocorre quando o teor de água dos grãos se encontra acima do nível correto
para armazenamento (SENAR, 2018).

2.7.6. Substrato
As micotoxinas podem ser encontradas em vários alimentos, contudo certos alimentos são mais
susceptíveis que outros. Em geral alimentos com alto teor de carboidratos são mais favoráveis à
produção de toxinas. Contudo as espécies de Aspergillus section Flavi têm mostrado uma
preferência às oleaginosas como amendoim, castanhas, pistácias e amêndoas (IAMANAKA et al,
2010).

2.7.7. Atmosfera
Para Pitt e Hocking (2009), citado por Iamanaka et al (2010), a maioria dos fungos são aeróbios,
contudo alguns fungos que causam deterioração de grãos armazenados podem crescer em
atmosfera contendo somente 0,1 a 0,2% de oxigênio, ou em atmosfera contendo mais que 80% de
dióxido de carbono. Byssochlamys nivea produtora de patulina, que comumente causa deterioracão
de sucos e polpas de frutas pasteurizadas12, foi capaz de crescer em ambiente com 60% CO2 e
teores menores que 0,5% O2, formando colônias de 40mm de diâmetro após 30 dias Fusarium
oxysporium, produtor de moniliformina, foi capaz de crescer em atmosfera com 99% de CO2.

11
Patógenos de plantas – doenças de plantas
12
Frutas paustarizadas – futas com carga microbiana reduzida.
17

2.8.Principais micotoxinas em produtos alimentares


Micotoxinas são metabólitos secundários que frequentemente contaminam produtos agrícolas, no
campo, ou durante a colheita, transporte e estocagem. São produzidas por fungos, com estruturas
químicas diversas, incluindo muitas espécies do gênero Fusarium, Aspergillus e Penicillium. Sua
entrada no organismo comumente se dá pela via digestiva e sua absorção geralmente causa reações
sob a forma de hemorragias, ou mesmo, necroses13. Muitas destas toxinas têm afinidade por
determinado órgão ou tecido, sendo o fígado, os rins e o sistema nervoso frequentemente os mais
atingidos (VALMORBIDA, 2016).

As micotoxinas também são definidas por Dikin (2002) citado por Nones (2010) dizendo que elas
são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo secundário de diversas cepas de fungos
filamentosos.
Afirma Valmorbida (2016) que as micotoxinas podem ser encontradas em vários alimentos
(Tabela 1), contudo, alguns são mais favoráveis que outros e em geral, naqueles que contém maior
teor de carboidratos. No entanto, as espécies de Aspergillus section Flavi, têm mostrado maior
preferência às oleaginosas como amendoim, castanhas do Brasil, pistácias e amêndoas. Cereais
contaminados podem representar uma direta fonte de exposição humana, pelo seu consumo direto,
ou uma fonte indireta através do consumo de produtos derivados de animais alimentados com
contaminada alimentar. Alguns gêneros de fungos são responsáveis pela produção de toxinas, as
micotoxinas, entre as quais, destacam-se: a aflatoxina, ocratoxina A, zearalenona, patulina,
fumonisina, tricoteceno e citrinina.

Tabela 1: Principais micotoxinas com os seus respectivos fungos produtores, substratos e


efeitos no homem e animais.
Principais Principais fungos Principal Efeitos
substratos produtores toxina

Amendoim e Aspergillus flavus e Aflatoxina B1 Hepatotóxica, nefrotóxica


milho Aspergillus e carcinogênica
parasíticos

13
Necroses – morte de um grupo de células, possuindo resposta inflamatória.
18

Trigo, aveia, Penicilium citrinum Citrina Nefrotóxica para suínos


cevada,
milho e arroz
Centeio e grãos Claviceps purpúrea Ergotamina Gangrena de extremidades
em geral ou convulsões
Milho Fusarium Fumonisinas Câncer de esôfago
verticilioides
Milho, Fusarium sp; Tricotecenos: Hemorragias, vômito e
cevada, Myrothecium sp; T2, neosolaniol, dermatites
aveia, Stachybotrys sp e Fusanona x, niva-
trigo e Trichotecium sp. lenol,
centeio deoxivalenol
Cereais Fusarium Zearalenona Baixa toxidade, síndrome
graminearum de mascunilização e
feminil-zação em suínos
Fonte: FIB No7 (2009)

2.8.1. Aflatoxinas (AF)


Segundo Hesseltine (1976) citado por Santana e Cristina (2012), as aflatoxinas são produzidas
principalmente por Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e Aspergillus nomius. Os fungos
gênero Aspergillus tem mais de 200 espécies e geralmente contaminam os alimentos durante a
armazenagem. A temperatura mínima necessária para o seu desenvolvimento e produção de
micotoxinas é 10 - 12oC. O Aspergillus cresce e pode produzir aflatoxinas de forma ótima a 25oC,
com uma atividade de água de 0,95.

As Aflatoxinas são metabólitos extremamente tóxicos podem causar danos no fígado, diminuir o
desempenho reprodutivo, reduzir a produção de leite, saúde embrionária, defeitos de origem,
tumores e diminuir as funções imunológicas, tanto para humanos e como os animais. Sua estrutura
policíclica deriva de um núcleo cumarínico, ligado a um sistema reativo bifurânico de um lado, e
do outro a uma pentanona (característica da série B) ou uma lactona de seis membros
(característica da série G). São conhecidos 18 compostos que podem ser denominados aflatoxinas
19

14
sendo as mais comuns as aflatoxinas B1, B2, G1 e G2, conforme a fluorescência que emitem
quando expostos à luz ultravioleta (B= Blue e G= Green) (SANTANA e CRISTINA, 2012).

Figura 2: Estruturas químicas das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2

Fonte: Kawashima (2004), citado por Valmorbida (2016).

2.8.2. Citrina
Citrina é produzida por penicillium citrinum. p. viridicatum e outros fungos. Essa micotoxina tem
sido detetado em arroz polido, pão mofado, presunto curado, trigo aveia, centeio e outros produtos
similares. Sob luz UV de comprimento longo, a citrina floresce amarelo-limão. Essa micotoxina é
o conhecimento circanogénica15. Em estudo a partir de presunto curado, foram isoladas sete
linhagens de P. viridicatum. A citrina foi identificada a partir de produtos alimentícios mofados e
pode ser produzida em meios sintéticos juntamente com outras micotoxinas (FIB No7- 2009.)

2.8.3. Zearalenona (ZEA)


A zearalenona ocorre principalmente, no milho contaminado por F. graminearum e F. culmorum.
Esta toxina é um análogo do estrógeno e causa o hiperestrogenismo16 em suínos femininos. A
zearalenona tem sido implicada em vários incidentes nas mudanças da puberdade em crianças. Os
sintomas nos suínos incluem inchação e avermelhamento da vulva, super desenvolvimento do
útero e glândulas mamárias, prolapsos da vagina17 e reto. Em gado os efeitos reprodutivos são

14
Fluorescência – fenômeno pelo qual uma substância emite luz quando expostas a radiações do tipo UV.
15
Circanogénica – qualidade daquilo capaz de provocar o aparecimento de câncer em um organismo.

16
Hiperestrogenismo – produção excessiva de hormônios sexuais.
17
Prolapsos da vagina – escorregamento da vagina para fora do lugar.
20

menos pronunciados do que em porcos, mas afetam a fertilidade, causa um desenvolvimento


atípico secundário nas características sexuais de novilhos e decréscimo na produção do leite
(IAMANAKA et al, 2010).

O IARC(1993) avaliou a carcinogenicidade da zearalenona e encontrou ser um possível


carcinógeno humano. Os resíduos de zearalenona não parecem ser um problema se for consumido
(IAMANAKA et al, 2010).

Figura 3: Estrutura química da zearalenona

Fonte: Ferreira et al (2013), citado por Valmorbida (2016).

2.8.4. Fumonisinas
Fumonisinas são micotoxinas produzidas por várias espécies de Fusarium, principalmente
Fusarium verticillioides (Sacc.) Nirenberg (= Fusarium moniliforme Sheldon), um dos fungos
mais comumente associado ao milho. Estão amplamente distribuídas e sua ocorrência natural em
milho e produtos derivados é constatada em muitas regiões do mundo. Altas concentrações de
fumonisinas têm sido registradas em milho cultivado e particularmente consumido por populações
de países em desenvolvimento, tais como em culturas de subsistência. Por outro lado, também são
verificadas consideráveis variações anuais nos níveis de contaminação por fumonisinas
(VALMORBIDA, 2016).
Segundo Valmorbida (2016), as fumonisinas são hidrossolúveis18, o que tem dificultado seu
estudo. É provável que muitas outras micotoxinas permaneçam ainda desconhecidas, graças a essa
característica de hidrossolubilidade.

18
Hidrossolúveis – solúveis em água.
21

Figura 4: Estruturas químicas das principais fumonisinas.

Fonte: Kawashima (2004), citado por Valmorbida (2016).

2.9.Legislação para fungos


Fungos são organismos multicelulares filamentosos que podem crescer em grãos e alimentos e
produzem substâncias tóxicas chamadas de micotoxinas. No que diz respeito aos parâmetros
microbiológicos relativos à contagem padrão em placa, não há uma resolução nacional que
estabeleça um limite máximo para fungos em cereais. Entretanto, a presença de fungos no milho
(também chamado de grãos ardidos, conforme figura abaixo), especialmente fungos toxigênicos
podem ser indicativos de deterioração e contaminação por micotoxinas (VALMORBIDA, 2016).

Figura 5: Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B)

Fonte:Valmorbida (2016).
22

CAPÍTULO - III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

3. Caracterização do Bazar Filipe


O Bazar Filipe localiza-se na Província de Sofala, Cidade de Beira, Bairro de Ndunda, um Bazar
atravessado pela Estrada Nacional número seis (6). Quanto a população do trabalho, faz parte
dezanove (19) comerciantes e todos compradores. A amostra é de cem (100) compradores dos
grãos de milho. O autor trabalhou com todos comerciantes que estavam presente no momento de
colecta de dados.

3.1.Breve descrição dos comerciantes dos grãos de milho


Segundo dados obtidos no inquérito aplicado aos dezanove (19) comerciantes dos grãos de milho
do Bazar Filipe que se presenciaram no momento da pesquisa, constatou-se que eles possuem uma
idade média de quarenta (40) anos, constituídos por nove (9) indivíduos do sexo masculino e dez
(10) do sexo feminino. Quanto ao nível acadêmico, dois (2) são analfabetos, porque não tiveram a
possibilidade de frequentar nenhum SNE, enquanto que dez (10) frequentaram o ensino primário,
cinco (5) ensino básico e dois (2) ensino médio.

3.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos comerciantes


Questão 1: No seu Bazar, há campanhas de sensibilização no que diz respeito a boas práticas
de armazenagem dos grãos de milho?
Os dezanove (19) inqueridos todos foram unânimes ao afirmar que, não são realizadas as
campanhas de sensibilização no que diz respeito a boas práticas de armazenagem dos grãos de
milho.
Os resultados ilustram que no Bazar Filipe, não são realizadas as campanhas de sensibilização no
que diz respeito a boas práticas de armazenagem dos grãos de milho, pois são elas que podem
promover a saúde de muitos cidadãos da cidade da Beira que beneficiam deste cereal para o
consumo.
23

Questão 2: Conhece as boas práticas de armazenagem dos grãos de milho?

Gráfico 1: Referente aos resultados dos comerciantes sobre conhece as BPAGM.

Respostas dos comercantes sobre conhece as boas práticas de


armazenagem dos grãos de milho

32%

68%

Sim Não

De acordo com a questão acima e os dados representados, no total dos dezanove (19) comerciantes
inquiridos sobre conhece as boas práticas de armazenagem dos grãos de milho, treze (13) que
corresponde a 68% responderam que não conhecem e sete (7) que corresponde a 32% responderam
que conhecem.
Questão 2.1: Se sim, quais são?
Dos treze (13) comerciantes que falaram que conhecem as BPAGM, três (3) afirmaram que é
preciso introduzir os grãos de milho dentro do saco para evitar a humidade e infecção, quatro (4)
disseram que os grãos de milho devem ser colocados nos sacos, adicionando deste modo,
insecticida de modo a evitar a degradação destes grãos por insectos e posteriormente arrumar sobre
as sapatas, de modo a evitar o contacto directo do solo e os grãos de milho. Enquanto que outros
três (3) comerciantes responderam que basta colocar os grãos de milho no saco estaremos a seguir
com as BPAGM e apenas um (1) disse que o principal segredo do armazenamento dos grãos de
milho é introduzir insecticidas nos grãos armazenados.
Na visão de ALVAREZ (2014), por causa dos efeitos, muitas vezes nefastos19, das pesticidas
sintéticas sobre o ambiente e sobre as pessoas, recomenda-se fortemente o uso de insecticidas
naturais, particularmente para os agricultores de pequena escala, comunidades locais, escolas e
segmentos vulneráveis da população que podem não estar devidamente preparados e equipados
para usar pesticidas. As insecticidas naturais incluem materiais tradicionais, tais como poeiras

19
Nefastos – substâncias de teor ruim que pode ser tóxico ou nocivo.
24

minerais abrasivas, dessecantes naturais tais como cinza de madeira, materiais de plantas com
propriedades repelentes ou insecticidas (tais como as partes da árvore Azadirachta indica) ou óleos
de cozinha vegetais (óleo de palma, óleo de amendoim ou óleo de coco).
Acrescenta Santos (2006) dizendo que para se prevenirem perdas durante a armazenagem a granel,
alguns princípios básicos devem ser observados: a) construção de estruturas armazenadoras
tecnicamente adequadas e dispondo de equipamento de termometria e aeração; b) baixo teor de
humidade nos grãos; c) baixa presença de impurezas no lote de grãos; d) ausência de pragas e
microrganismos, e) manipulação correta dos grãos.

Questão 3: Em média, quanto tempo fica armazenado os grãos de milho, antes da reposição,
no estabelecimento comercial?

Gráfico 2: O tempo que os grãos de milho ficam armazenados, antes da reposição, no Bazar
Filipe.

Resposta sobre quanto tempo fica armazenado os grãos de milho,


antes da reposição, no estabelecimento comercial

16%

16%

58%

10%

Duas semanas Um mês Três meses Mais de três meses


25

No sentido de perceber quanto tempo fica armazenado os grãos de milho, antes da reposição, no
estabelecimento comercial foram colhidos os seguintes dados a saber: nos dezanove (19)
inqueridos, onze (11) que corresponde a 58% responderam fica duas semanas, três (3) que
corresponde a 16% responderam que fica três meses, outros três (3) que corresponde também a
16% responderam que fica mais de três meses e dois (2) que correspondem a 10% responderam
que fica um mês.

Os dados ilustrados no gráfico acima, mostram claramente que mesmo com as condições precárias
de armazenamento existentes no Bazar Filipe, os grãos de milho ficam armazenados no mínimo
duas semanas no estabelecimento comercial, antes da reposição. Segundo os comerciantes, as
vezes pelo motivo de pouca aderência deste cereal, por parte dos compradores locais, os grãos
podem até ficar armazenados por um intervalo de mais de um trimestre.

Questão 4: Porque é importante armazenar o milho num local adequado?

Segundo os resultados do inquérito, nove (9) comerciantes responderam que é importante


armazenar os grãos de milho num local adequado para evitar o seu roubo e humidade, com isso,
estaremos a evitar perca de mercadorias para o sucesso da comercialização, sete (7) responderam
que é importante armazenar os grãos num lugar adequado para que não sejam atacados por
insectos, além disso, também evita a infeção dos grãos por fungos e três (3) responderam que
armazenar os grãos milho no local adequado protege a sua qualidade.

Na perspectiva de SENAR (2018), a principal importância das BPAGM é para evitar a perda de
qualidade. Esta perda ocorre quando a qualidade do produto muda, principalmente pela ação de
fungos, que causam fermentação, alteração do gosto e do cheiro natural do produto e redução do
valor nutritivo dos grãos.
Na visão de Mantovani (s/d), o objetivo de armazenar adequadamente os grãos é mantê-los,
durante todo o período de armazenamento, com as características que apresentavam após a colheita
e a secagem. Durante o armazenamento, não se pode melhorar a qualidade: grãos colhidos e secos
inadequadamente permanecerão com baixa qualidade, não importando quão bem tenham sido
armazenados.
26

Questão 5: Nos períodos chuvosos os grãos de milho têm obtido humidade?

Gráfico 3: Referente aos resultados dos comerciantes sobre nos períodos chuvosos os grãos
de milho têm obtido humidade

Resposta dos comerciantes sobre nos períodos chuvosos, os grãos de


milho tem obtido humidade

20%

80%

Sim Não

De acordo com a questão acima e os dados representados, no total dos dezanove (19) comerciantes
inquiridos sobre nos períodos chuvosos os grãos de milho tem obtido humidade, quinze (15) que
corresponde a 80% responderam que o milho tem obtido humidade enquanto que, quatro (4) que
corresponde a 20% responderam que o milho não obtêm humidade.

Segundo os dados representados acima, ilustram claramente que no período chuvoso muitos grãos
de milho armazenados e comercializados no Bazar Filipe são ameaçados pela alta taxa de
humidade relativa, pois este é um dos factores principais que favorece a acriação de um ambiente
óptimo ou favorável para o crescimento dos fungos, consequentemente, com o aumento da sua
actividade metabólica estes fungos conseguem sintetizar toxinas (metabólitos secundários dos
fungos), que quando consumidos com seres humanos causam vários problemas de saúde.

Na perspectiva de Santos (2006), o teor de humidade do grão é outro ponto crítico para uma
armazenagem de qualidade. Grãos com altos teores de humidade tornam-se muito vulneráveis a
serem colonizados por altas populações de insetos e fungos.
27

Questão 6: Qual é perigo que pode advir com o contacto directo entre a humidade e os grãos
de milho?

Gráfico 4: A percepção dos comerciantes sobre o perigo que pode advir com o contacto
directo entre a humidade e os grãos de milho

Resposta dos comerciantes sobre qual é perigo que pode advir com o
contacto directo entre a humidade e os grãos de milho

6%

26%

42%

26%

Germinação e apodrecimento, sem intervenção de fungos

Apodrecimento, sem intervenção de fungos

Germinação

Infecção por fungos e germinação

De modo a tentar explorar o conhecimento dos comerciantes acerca da relação da humidade e os


grãos de milho, o autor questionou o seguinte: Qual é perigo que pode advir com o contacto directo
entre a humidade e os grãos de milho? De acordo com os dados representados, no total dos
dezanove (19) comerciantes inquiridos, oito (8) que corresponde a 42% responderam que causa
germinação e apodrecimento dos grãos de milho, sem intervenção de fungos, cinco (5) que
corresponde a 26% responderam causa germinação dos grãos de milho, outros cinco (5) que
28

correspondem também a 26% afirmaram que causa apodrecimento sem intervenção de fungos e
apenas um (1) que corresponde a 6% disse que causa infecção dos grãos por fungos e germinação.

Apesar de alguns fungos que ocorrem nos grãos de milhos armazenados e comercializados no
Bazar Filipe, muitos comerciantes afirmaram que o perigo que pode advir com o contacto directo
entre a humidade e os grãos de milho é germinação e apodrecimento dos grãos de milho, porque
estes dois grandes factores influenciam negativamente na comercialização dos grãos de milho
levando a falência ou perca do lucro dos empreendedores locais (comerciantes). Segundo a
informação avançado por muitos comerciantes, diz que no contacto directo entre a humidade e os
grãos de milho não ocorre a intervenção e nem o crescimento de fungos toxigénicos nos grãos de
milho. Isso entra em divergência com as realidades científica e mostra claramente que os
comerciantes ainda não têm conhecimento rígido sobre a origem dos fungos toxigénicos que
atacam grãos de milho armazenados.

Cittadim (2014) afirma que o teor de água é o fator mais importante para determinar a qualidade
de sementes no armazenamento, pelo fato de interferir em sua actividade biológica, atividade dos
micro-organismos e sensibilidade à danificação mecânica.

3.2. Breve descrição dos compradores de grãos de milho


O autor trabalhou com cem (100) compradores escolhidos intencionalmente na população.
Segundo dados obtidos no inquérito aplicado aos cem (100) compradores de grãos de milho do
Bazar Filipe, constatou-se que eles possuem uma idade média igual a vinte e nove (29) anos,
constituídos por trinta e quatro (34) indivíduos do sexo masculino e sessenta e seis (66) do sexo
feminino. Quanto ao nível acadêmico, quatro (4) são analfabetos porque não tiveram a
possibilidade de frequentar nenhum SNE, enquanto que vinte e dois (22) frequentaram o ensino
primário, trinta e seis (36) ensino básico, vinte e nove (29) ensino médio e nove (9) ensino superior.
No que diz respeito a profissão, verificou-se que um (1) é chefe na empresa INAS, quarenta e sete
(47) são estudantes, nove (9) são comerciantes, três (3) são pedreiros, um (1) é carpinteiro, três (3)
são seguranças, dois (2) são motoristas, três (3) são empregadas doméstica, um (1) é pintor, nove
(9) são camponeses, cinco (5) não fazem nenhum trabalho, apenas ficam em casa cuidando das
crianças enquanto seus maridos trabalham e desaseis (16) compradores de grãos de milho
preferiram não se pronunciar acerca da sua profissão.
29

3.2.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos compradores


Questão 1: Já comprou os grãos de milho que possuem manchas?

Gráfico 5: Representação dos resultados dos compradores sobre já comprou os grãos de


milho que possuem manchas

Resposta dos compradores sobre já comprou os grãos de milho que


possuem manchas

36%

64%

Sim Não

De acordo com o gráfico acima, pode se dizer que dos cem (100) compradores inquiridos, trinta e
seis (36) pessoas nunca compraram grãos de milho que possuem manchas, enquanto que sessenta
e quatro (64) pessoas já compraram grãos de milho com manchas.
Portanto, muitos compradores já adquiram grãos de milho que possuem manchas para o consumo.
Segundo a informação obtida no campo, os compradores forma unânimes dizendo que eles
adquirem os grãos para o consumo, mas a maioria das vezes, não fazem o consumo do produto
antes do processamento. Contudo, os grãos de milho passam da moagem e posteriormente do
cozimento é daí que eles conseguem consumir este produto. Pois, a presença de manchas pretas
ou amarelas em forma de bolores nos grãos é o sinónimo da presença de fungos. Então segundo
os dados estatísticos, pode-se concluir que muitas pessoas já consumiram rações proveniente dos
grãos de milho contendo fungos, facto que pode causar vários problemas de saúde para o tal
consumidor.
Taniwak (2001), citado por Valmorbida (2016), afirma que os fungos ou bolores são organismos
multinucleados que aparecem como filamento. O corpo ou talo de um fungo filamentoso consiste
em um micélio e nos esporos. Valmorbida (2016) acrescenta dizendo que sob condições
ambientais favoráveis, fungos toxigênicos tais como Fusarium, Aspergillus e Penicillium spp
30

podem produzir micotoxinas em produtos agrícolas durante o crescimento da planta, ou após a


colheita em armazenagem e expedição.
Questão 2: O que significa a presença de manchas nos grãos de milho?

Gráfico 6: A percepção dos compradores sobre o significado da presença de manchas nos


grãos de milho

Resposta dos compradores sobre o que significa a presença de manchas


nos grãos de milho
1%
1%

41% 45%

12%

Infecção dos grãos de milho por fungos


Germinação dos grãos de milho
Simples apodrecimento, sem intervenção de fungos
Tipo de milho
Tipo de plantacão

De acordo com as respostas dos cem (100) compradores inquiridos, sobre o que significa a
presença de manchas nos grãos de milho, quarenta e cinco (45) responderam que significa infecção
dos grãos de milho por fungos, doze (12) responderam que significa que os grãos de milho estão
germinando, quarenta e um (41) disseram que isso pode significar simples apodrecimento, sem
intervenção de fungos, uma (1) pessoa disse que deve-se ao tipo de plantação no campo agrícola
ou machamba e a outra pessoa respondeu que existe um tipo do grão de milho que já possui
manchas naturalmente, mesmo semeando este grão, toda descendência terá manchas .

Analisando os dados representados graficamente pode se concluir que são poucos compradores,
apenas quarenta e cinco (45) que conhecem que a presenças de manchas nos grãos de milho (grãos
ardidos) significa a infecção dos grãos de milho por fungos. Neste caso, os restantes (55
31

compradores) pensam que a presença de machas nos grãos de milho significa que os grãos de
milho estão germinando ou mesmo apodrecendo, sem intervenção de fungos. Até outros tentam
relacionar este facto com a tipologia de plantação no campo agrícola, alegando que existe um tipo
do grão de milho que já possui manchas naturalmente, concluindo que estas características podem
ser transmitidas de geração em geração.

Portanto, o conhecimento dos efeitos causados por consumo de produtos impróprios ou


contaminados, que podem colocar em perigo a vida dos consumidores é de extrema importância
para evitarmos ou prevenirmo-nos de várias doenças que podem causar a morte de pessoas.
Fazendo isso, estaremos a promover a saúde de todas pessoas que se beneficiam dos grãos de
milhos vendidos no Bazar Filipe para o consumo.

Questão 3: O que interessa no momento de compra dos grãos de milho?

Gráfico 7: O interesse dos compradores no momento de compra dos grãos de milho

Resposta dos compradores sobre o que interessa no memonto de


compra dos grãos de milho
3%

39%

58%

Boas condições de armazenamento O preço baixo


Boas qualidades dos grãos de milho

Segundo os resultados distribuídos frequencialmente no gráfico, constatou-se que dos cem (100)
compradores inquiridos sobre o que vos interessa no momento de compra dos grãos de milho, três
(3) responderam que se preocupam com as boas qualidades dos grãos de milho, trinta e nove (39)
preocupam-se com as boas condições de armazenamento dos grãos de milho e finalmente
cinquenta e oito (58) compradores responderam que se preocupam com os grãos comercializados
com baixo preço.
Santos (Dezembro de 2006) afirma que para racionalizar o sistema de comercialização e
informação do mercado de milho, os grãos devem ser classificados segundo a qualidade, definida
através de padrões pré-fixados representados por tipos de valores decrescentes. A classificação do
32

milho é feita com base em normas ditadas por portaria do Ministério da Agricultura. Seu objetivo
é determinar a qualidade do produto, garantindo a comercialização por preço justo. Para cada tipo
há um valor correspondente. Assim, paga-se mais por um produto de melhor qualidade e penaliza-
se o de qualidade inferior.

Então, tomando como referência dados representados acima, pode se concluir que a maioria dos
compradores no momento de adquirir seus grãos de milho interessam-se com aqueles
comercializados por baixo preço, mas concordando com a ideia do autor do parágrafo anterior
esses grãos vendido a preço baixo não apresentam boas qualidades, porque normalmente a
alteração do preço na comercialização dos grãos de milho é acompanhado com a sua própria
qualidade, pagando-se mais por um produto de melhor qualidade e pouco por produto de qualidade
inferior.

Questão 4: Onde armazenam-se os grãos de milho no estabelecimento comercial que faz


compras?

Gráfico 8: Local de armazenamento dos grãos de milho no estabelecimento comercial que os


compradores fazem suas compras

Resposta dos compradores sobre onde armazena-se os grãos de


milho no estabelecimeto comerciail que faz compras?

47%
53%

Nas sacarias embaladas com lonas No armazém simples

Pelos dados representados, nota-se que dos cem (100) compradores inquiridos sobre onde
armazena-se os grãos de milho no estabelecimento comercial que faz compras, cinquenta e três
(53) responderam que é armazenado nas sacarias embaladas com lonas enquanto que quarenta e
sete (47) responderam que é armazenado no armazém simples, sem ventilação artificial.
33

Questão 5: Já ouviu falar de micotoxinas?

Gráfico 9: Representação dos resultados dos compradores sobre já ouviu falar de micotoxina

Resposta dos compradores sobre já ouviu falar de micotoxinas


2%
13%

85%

Sim Não Não respoderam


Dos 100 compradores inquiridos, retirando os dois compradores que não quiseram responder essa
questão, treze (13) afirmaram que já ouviram falar de micotoxinas, enquanto que oitenta e cincos
(85) nunca ouviram falar de micotoxina, alegam eles que se trata de uma palavra nova.
Algo interessante nestas neste questionário é o caso de que só responderam que já ouviram falar
de micotoxinas aqueles compradores que tem nível médio e superior do SNE. Todos que tem nível
primário e básico responderam negativamente a questão, dizendo que nunca ouviram falar de
micotoxina.
Quando os treze (13) compradores que responderam que já ouviram a falar das micotoxinas foram
solicitados a definir o conceito micotoxina, todos foram unânimes em responderam que micotoxina
trata-se de substâncias tóxicas. Com isso, ninguém tentou inclui fungos nas suas definições.

Cançado (2004) citado por Cittadim (2014) afirma que micotoxina é o termo usado para descrever
substâncias tóxicas formadas durante o crescimento de fungos, o que está associado a mudanças
na natureza física do alimento no sabor, odor e aparência. Acrescenta Valmorbida (2016) dizendo
que as micotoxinas são metabólitos secundários que frequentemente contaminam produtos
agrícolas, no campo, ou durante a colheita, transporte e estocagem.
34

Questão 6: Será que o consumo de grãos de milho mal armazenados pode causar doenças?

Gráfico 10: Representação dos resultados dos compradores sobre será que o consumo de
grãos de milho mal armazenados pode causar doenças

Resposta dos compradores sobre será que o consumo de grãos de


milho mal armazenados pode causar doenças

7%

93%

Sim Não

Os dados representados acima, que são respostas dos cem (100) compradores sobre será que o
consumo de grãos de milho mal armazenados pode causar doenças, constatou-se que noventa e
três (93) responderam que sim, causa doença, enquanto que sete (7) responderam que não causa
doença.

Então, analisando os dados representados, podemos afirmar que a maioria dos compradores tem
conhecimento de que o consumo de grãos de milho mal armazenados pode causar doenças.

Para os compradores que responderam negativamente dizendo que o consumo de grãos de milho
mal armazenados não causa doenças, justificaram este argumento duma forma unânime dizendo
que após o processamento do milho em farinha na moagem e com a temperatura alta usada para o
cozimento dos alimentos, os microrganismos morrem e as substâncias tóxicas presente no milho
acabam perdendo as suas propriedades, tornando-se inactivas. Mas esta ideia entra em
discordância com a ideia Codex (1998) citado por Iamanaka (2010) que diz algumas micotoxinas
são relativamente termorresistentes e podem apresentar–se activas, mesmo após o processamento
térmico, sendo mais sensíveis ao tratamento químico, a exemplo da patulina que não é destruída
após pasteurização do suco de maçã por 10 segundos e perde sua atividade biológica em meio
alcalino, na presença de cisteína ou ainda na presença de conservantes de alimentos contendo
35

dióxido de enxofre. Na perspectiva de Alvarez (2014) as microtoxinas mais perigosas são as


aflatoxinas que são letais e podem ser encontradas nos grãos previamente atacados por fungos e
não são facilmente destruídas ou removidas por cozimento ou aquecimento do grão. Valmorbida
(2016) acrescenta dizendo que estes compostos podem estar presentes, mesmo após a remoção do
micélio e uma vez que a maior parte deles são resistentes a tratamentos físicos e químicos; eles
costumam ficar no alimento durante o processamento e armazenamento.

3.3.Resultados resultantes das fichas de observação de armazéns dos grãos de milho


3.3.1. Primeiro aspecto observado: circulação de ar

No total de onze (11) armazéns observados, constatou-se que apenas seis (6) armazéns apresentam
uma circulação difusa enquanto que cinco (5) armazéns apresentam uma circulação normal de ar.
Esta circulação normal deve-se a existência de pequenos espaços livres entre os sacos de grãos de
milho no armazém e na retirada das lonas no período diúrno, pois isto não acontece nos seis (6)
armazéns que possuem a circulação difusa de ar porque os sacos dos armazéns encontram-se super
apertados e estão temporariamente embalados com lonas, facto esse que impossibilita uma boa
circulação de ar.

Figura 6: A- Grãos de milho armazenado nas sacarias e embalados temporariamente impedindo a


circulação do ar, B- Grãos de milho armazenado nas sacarias com uma porção da lona aberta para
facilitar a circulação de ar

A B

Fonte: Autor (2020)


36

Os comerciantes do Bazar Filipe armazenam os seus grãos de milho nas sacarias embaladas com
lonas impermeáveis que impossibilitam a entrada ou passagem de água para seu interior. Apesar
destas lonas estar a impedir a humidade dos grãos de milho, elas contribuem bastante na menor
circulação de ar nos grãos de milho armazenados. Alguns embalam seus grãos temporariamente,
enquanto que outros apenas tapam no período nocturno para evitar roubo, mas no período diúrno
abrem uma porção da lona para possibilitar a circulação do ar nos grãos armazenados.
Assim, seu controle pode impedir um rápido processo de deterioração. Para controlar a
temperatura, é necessário ter um ambiente que possibilite uma boa circulação de ar (SENAR).
Na perspectiva de Pimentel & Fonseca (2011) citado por Ensinas et al (s/d) afirma que a aeração
consiste na movimentação do ar através da massa de grãos, com o objetivo de modificar o
microclima desfavorecendo, o desenvolvimento de fungos e insetos, reduzindo o uso de
agrotóxicos na massa de grãos, atualmente, a aeração é controle ambiental mais utilizado para
preservar a massa de grãos, mantendo a qualidade da massa de grãos a granel por longos períodos.

3.3.2. Segundo aspecto observado: características fisiológicas dos grãos de milho


No universo de onze (11) armazéns observados, notou-se que três (3) possuem grãos com
características fisiológicas normais (constituídos por grãos limpos, não partidos e sem impurezas).
Enquanto que, quatro (4) possuem grãos partidos (causados por accões mecânicas no momento de
processamento de espiga em grãos ou mesmo no seu manuseio) e outros quatro (4) armazéns
possuem grãos de milho degradados por insecto, entre eles destacou-se no local de estudo ratos e
Caruncho de grãos, responsáveis pela esta degradação.

Figura 7: Grãos degradados por acções mecânicas

Fonte: Autor (2020)


37

Figura 8: Grãos degradados por insectos

Fonte: Autor (2020)


3.3.3. Terceiro aspecto observado: presença de grãos ardidos
Nos onze (11) armazéns observados apenas dois (2) armazéns não apresentam grãos de milho
ardidos, enquanto que nove (9) armazéns apresentam grãos de milho ardidos. E esta característica
de milho deve-se à forte actividade metabólica dos fungos nos grãos de milho que possuem taxa
de humidade relativa alta.
Figura 9: Alguns grãos ardidos comercializados no Bazar Filipe.

Fonte: Autor (2020)


38

3.3.4. Quarto aspecto observado: presença de insectos e roedores


Todos armazéns observados que foram em número de onze (11) apresentam insectos e roedores,
até que o facto de um armazém possuir estes organismos, quando se multiplicam conseguem se
difundir para outros armazéns e estes organismos são responsáveis pela perca das boas
características fisiológicas dos grãos, porque eles conseguem degradá-los. Sitophilus zeamais é
principal insecto responsável pela degradação de grãos de milho comerciais no Bazar Filipe.
Segundo Santos (2006) o ataque de insetos ainda altera o odor e o sabor natural dos grãos e dos
produtos derivados. A presença de insetos vivos ou mortos ou partes do seu corpo, como patas,
asas e escamas, além das excreções que permanecem na massa de grãos, constituem
contaminantes. Essas matérias estranhas frequentemente excedem os limites de tolerância,
tornando os grãos ou seus produtos impróprios para o consumo humano. Os fungos estão sempre
presentes nos grãos armazenados, constituindo, juntamente com os insectos, as principais causas
de deterioração e perdas constatadas durante o armazenamento. Os fungos são propagados por
esporos, que têm nos insetos-pragas de grãos um dos principais agentes disseminadores.
Para Matias et al., (2002) citado por Ensinas et al (s/d) os ratos podem causar perdas significativas
tanto pelo consumo de grãos, como pela contaminação através de excrementos 20 e urina,
favorecendo o desenvolvimento de fungos toxigênicos, além de transmitir doenças.
Então, os grãos de milho comercializados no Bazar Filipe, podem ser considerados perigosos para
a saúde, porque nota-se a presença de ratos em todos armazéns pois, os seus excrementos e urina
podem favorecer bastante na transmissão de muitas doenças para os consumidores, e
consequentemente favorece o desenvolvimento de fungos produtores de toxina.
3.3.5. Quinto aspecto observado: Presença de sapatas
Segundo a observação feita, notou-se que todos armazéns dos grãos de milho possuem sapatas e
os comerciantes conhecem a função das sapatas na preservação da qualidade e característica
fisiológicas dos grão de milho, segundo eles colocam sapatas para evitar com que os grãos de
milho fiquem em contacto com o solo, porque em algum momento o solo pode sofrer influências
externas que podem possibilitar a elevação da taxa de humidade relativa e colocando em risco os
grãos de milho armazenados em contacto com o solo. Estes riscos podem ser a germinação,

20
Excrementos – matéria excretada do corpo pelo ânus.
39

apodrecimento e infecção dos grãos de milho por fungos produtores de toxina então, para evitar
isso preferem armazenar os grãos de milho sobre as sapatas.

Figura 10: Grãos de milho armazenados em sacarias sobre as sapatas

Fonte: Autor (2020)


3.3.6. Sexto aspecto observado: humidade dos grãos de milho
No total de onze (11) armazéns observados, constatou-se que quatro (4) armazéns não
apresentavam grãos de milho húmidos enquanto que sete (7) armazéns apresentavam grãos
húmidos. A presença de humidade nos grãos de milho armazenados faz com que se aumente a
actividade metabólica dos microrganismos (fungos), causando a infecção destes grãos por fungos
toxigênicos que posteriormente serão consumidos por seres humanos, causando vários problemas
de saúde.

Figura 11: Impacto da humidade sobre os grãos de milho.

Fonte: Autor (2020)


40

3.3.7. Sétimo aspecto observado: cheiro dos grãos de milho


Para os onze (11) armazéns observados cinco (5) possuem grãos com bom cheiro, enquanto que
seis (6) possuem grãos com cheiro amorfo, esta última característica deve-se a alta actividade
metabólica de fungos que sintetizam toxinas e são eles mesmo que condicionam este mau cheiro
dos grãos.

Ensinas et al (s/d), verificaram que os principais danos causados, nos grãos, por fungos, são:
aquecimento e emboloramento; alterações na coloração e aparecimento de manchas; alterações no
odor e no sabor; alterações da composição química; perdas de matéria seca; diminuição do poder
germinativo e produção de toxinas.

3.4.Palestra de sensibilização aos comerciantes sobre a promoção de boas práticas de


armazenamento dos grãos de milho

A palestra foi organizada com autor e contou com a participação especial do chefe do Bazar Filipe,
pois foi ele que ajudou na convocação de todos comerciantes de grãos de milho que foram em
número de dezanove (19) para a participação na palestra de sensibilização sobre a promoção de
boas práticas de armazenamento de grãos de milho.
3.4.1. Primeira Etapa: Apresentação do palestrante

Esta fase marcou-se pela apresentação do autor (palestrante) e o esclarecimento do propósito da


marcação da pequena reunião.

3.4.2. Segunda Etapa: exposição da palestra e troca de informação entre o palestrante e os


comerciantes

Abordou-se assuntos ligados a armazenamento de milho em sacaria que é comum neste


estabelecimento comercial. Dizendo que para se ter sucesso nesse tipo de armazenamento são
necessários alguns procedimentos, como boa circulação de ar, limpeza e controle das pragas e
normalmente o piso deve ser cimentado e o armazém deve ter cobertura perfeita, com proteção de
ratos roedores.

Em seguida esclareceu sobre a importância do bom armazenamento, explicando que pode auxiliar
na minimização das perdas dos grãos, manter a qualidade do produto e ajuda a minimizar as
41

infecções dos grãos por fungos produtores de toxina que quando consumidos por seres vivos
podem causar doenças.

Para mais além, o palestrante debruçou sobre as perdas que podem ocorrer na armazenagem dos
grãos quando não seguirmos devidamente com as BPAGM, dizendo que as perdas físicas ocorrem
quando o produto sofre uma perda de peso pelos danos causados, principalmente, por ataque de
insetos, roedores ou mesmo pássaros. Também o milho pode perder a sua qualidade,
principalmente pela ação de fungos, que causam fermentação, alteração do gosto e do cheiro
natural do produto e redução do valor nutritivo dos grãos.

Finalmente abordou-se pouco sobre as possíveis consequências causadas por consumo dos grãos
de milho mal armazenado e contaminado, destacando que os fungos que contaminam grãos
armazenados podem produzir micotoxinas a maior parte deles são resistentes a tratamentos físicos
e químicos; eles costumam ficar no alimento durante o processamento e armazenamento. Então o
consumo destes grãos de milho infectados por fungos pode causar várias doenças como, câncer de
esôfago, hemorragias, vômito entre outras.
3.4.3. Terceira Etapa: Exposição das ideias dos comerciantes, esclarecimento das dúvidas e
considerações finais.
Esta fase final, foi marcada pela apresentação das ideias dos comerciantes sobre as BPAGM.
Algumas palavras criaram espanto e admiração nos comerciantes, porque nunca ouviram falar, são
elas: micotoxina, fungos toxigênicos e outras. Surgiram algumas dúvidas que conjuntamente
conseguimos esclarecer. Depois o palestrante agradeceu pela gentileza que os comerciantes
tiveram de abandonar por pouco tempo os seus estabelecimentos comercias para atender assuntos
da palestra, e o chefe do mercado também deu as suas palavras do enceramento da pequena palestra
e todos comerciantes sentiram-se gratos pela informação adquirida.
42

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1. Conclusão
Em suma, os objectivos da pesquisa foram alcançados, visto que, conseguiu-se avaliar o nível do
conhecimento dos comerciantes e compradores em relação as formas de armazenamento dos grãos
de milho (Zea mays L.) e sua influência para a saúde do consumidor. É a partir dos dados de
observação directa, do questionário e da entrevista, que permitiu confirmar todas as hipóteses e a
alcançar os objectivos que haviam sido propostos neste estudo.
Notou-se que os comerciantes, assim como os compradores tem baixo nível de conhecimento em
relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a
saúde do consumidor. Até porque as campanhas de sensibilização para a promoção das boas
práticas de armazenamento dos grãos de milho, que são responsáveis pela educação cívica da
população local são inexistentes ou não são realizadas.
Apesar dos compradores possuírem baixo nível de conhecimento em relação as formas de
armazenamento dos grãos de milho e sua influência para a saúde do consumidor e a inexistência
das campanhas de sensibilização para a promoção das boas práticas de armazenamento dos grãos
de milho, eles têm a noção de que o consumo de grãos mal armazenados pode causar doenças.
Os grãos de milho no Bazar Filipe são comumente armazenados nas sacarias embaladas com lonas
herméticas e num espaço aberto.
Muitas estruturas armazenadoras do Bazar Filipe apresentam grãos de milho conservados com alto
teor de humidade, favorecendo deste modo a forte actividade metabólica dos fungos nos grãos de
milho.

Os principais agentes degradadores, responsáveis pela perca das boas características fisiológicas
dos grãos de milho são: ratos e Caruncho de grãos (Sitophilus zeamais), constituindo deste modo,
contaminantes naturais.

4.2. Recomendações
Ao Ministério da Agricultura:

O Ministério da agricultura deve se preocupar na criação de estratégias para a melhoria da


educação cívica dos comerciantes sobre as boas práticas de armazenamento de grãos de milho. E
43

devem promover campanhas de sensibilização sobre a influência do mau armazenamento para a


saúde do consumidor.

Aos comerciantes:

Procurar informações relevantes sobre a relação existente entre as formas de armazenamento dos
grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a saúde do consumidor.

Pelo facto dos comerciantes não estar devidamente preparados e equipados para usar pesticidas,
por ser perigoso para o ambiente e fatal para os seres vivos, eles devem evitar o uso de insecticidas
químicas na conservação dos grãos de milho. Recomenda-se fortemente o uso de insecticidas
naturais que incluem materiais tradicionais, tais como cinza de madeira e o armazém deve ter uma
boa circulação de ar.

Aos Compradores:

Evitar comprar grãos de milho mal armazenados, consequentemente devem analisar bem as
condições de armazenamento do estabelecimento comercial que fazem compras. Ao mesmo tempo
devem abster-se de comprar grãos de milho que possuem manchas ou infectado.

Aos futuros pesquisadores:

Esta área ligada a relação entre as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e
sua influência para a saúde precisa ser explorado, porque trata-se de uma área pouco pesquisado
em Moçambique, por isso que o autor recomenda aos futuros pesquisadores a estudarem temas
relacionados a:

 Qualidades de grãos armazenados nos estabelecimentos comerciais.


 Impacto de conservação dos grãos de milho num espaço aberto.
 Determinação da ocorrência de doze de micotoxinas em farinha de milho pré-processada
nas indústrias moageiras locais.
 Análise da qualidade micotoxilógica de grãos destinados a ração animal.
 Qualidade de grãos de milho armazenados em diferentes temperaturas.
44

5. Referências bibliográficas
1. ALVAREZ, Javier Sanz; TARUVINGA Cephas e MEJIA, Danilo; Sistemas Apropriados
de Armazenamento de Sementes e Cereais para Pequenos Agricultores; Bangula Lingo
Centre, info@blc.co.za; Comissão Europeia; 2014.
2. BARROS, Técnicas de Elaboração e Apresentação de um Trabalho Científico, 1999.
3. BAUDET, L.; VILLELA, F. A. Armazenamento Garantindo o Futuro; SEED NEWS
Pelotas: Editora Becker e Peske Ltda; p.28-32; 2000.
4. CANÇADO, R. A. Avaliação microbiológica e micotoxicológica de grãos de milho (Zea
mays Linné) e soja (Glycine max (Linné) Merrill) provenientes de cultivo convencional das
sementes naturais e geneticamente modificadas. 2004. 166 f. Tese doutorado em
Tecnologia em alimentos-Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
5. CITTADIM, Bianca Rebonatto Poliana; Processo de Armazenamento do Milho em Silo a
Granel em uma Cooperativa no Município de Francisco Beltrão – Trabalho de Conclusão
de curso; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Francisco Beltrão (brasil); 2014.
6. CODEX COMMITTEE ON FOOD ADDITIVIESAND CONTAMINATS. Position paper on
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10. ENSINAS, Simone Cândido; REGINATO, Maiara Perez; RIZZATO, Melina Cecília
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19. MANTOVANI, Bárbara Heliodora Machado; Manual Técnica de Armazenamento de
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26. SANTOS, Jamilton, P.; Inovações técnicas para armazenamento de milho na propriedade
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27. SENAR- Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, grãos: armazenamento de milho, soja,
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28. SOUSA, Darliana Mello; Micotoxina em matrizes de milho e trigo: validação do método
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29. TANIWAKI, M.H.; SILVA, N.D.A. Fungos em alimentos: ocorrência e detecção;
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30. VALMORBIDA, Roberta; Fungos e micotoxinas em grãos de milho (zea mays l.) e seus
derivados produzidos no estado de rondônia, região norte do brasil; universidade federal
de santa catarina- centro de ciências agrárias; Florianópolis - sc; março de 2016.
xiv

Apêndices
xv

Apêndice I: Guião de inquérito dirigido aos comerciantes dos grãos de milho do Bazar
Filipe
Grupo alvo: Comerciantes dos grãos de milho do Bazar Filipe

Estudante: Manuel José Matoi

Contextualização

O presente trabalho é uma pesquisa em cumprimento de obtenção do grau académico de


Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química, com isso
pretende – se saber acerca do nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em
relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a
saúde. Sua motivação é meramente académica devendo desde já gratificar a sua especial
colaboração.
I. DADOS PESSOAIS

1.Idade:…… 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Femenino 3. Profissão:………………………….…..

4. Nível académico: ( )Primário ( )Básico ( )Médio ( ) Superior

II. QUESTIONÁRIO

1. No seu Bazar, há campanhas de sensibilização no que diz respeito a boas práticas de


armazenagem dos grãos de milho? ( )Sim ( ) Não

1.1. Se sim, qual é a frequência? ( ) Uma vez por quinzena ( ) Uma vez por mês

( ) Uma vez por trimestre ( ) Uma vez por semestre ( ) Uma vez por ano.

1.2. Como são feitas? ( ) Nas mídias ( ) Pelas entidades Públicas ( )Pela ONG

Oustras formas...............................................................................................................................

............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................

2. Conhece as boas práticas de armazenagem dos grãos de milho? ( )Sim ( )Não


xvi

2.1. Se sim, quais são……………………….………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………………

3. Em média, quanto tempo fica armazenado os grãos de milho, antes da reposição, no


estabelecimento comercial?

( )Duas semanas ( ) Um mês ( )Dois meses

( ) Três meses ( )Mais de três meses

4. Porque é importante armazenar o milho num local adequado?............................................


............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................

5. Nos períodos chuvosos os grãos de milho têm obtido humidade? ( )Sim ( ) Não

6. Qual é perigo que pode advir com o contacto directo entre a humidade e os grãos de milho?

( ) Infecção dos grãos de milho por fungos

( ) Germinação dos grãos de milho

( ) Simples apodrecimento, sem intervenção de fungos.

Muito obrigado pela colaboração!

NOTA: No caso do espaço a escrever nas questões acima não ser sufiente, pode usar o verso do
texto.
xvii

Apêndice II Guião de inquérito dirigido aos comerciantes dos grãos de milho do Bazar
Filipe

Grupo alvo: Compradores dos grãos de milho do Bazar Filipe

Estudante: Manuel José Matoi

Contextualização

O presente trabalho é uma pesquisa em cumprimento de obtenção do grau académico de


Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química, com isso
pretende – se saber acerca do nível do conhecimento dos comerciantes e compradores em
relação as formas de armazenamento dos grãos de milho (Zea mays L.) e sua influência para a
saúde. Sua motivação é meramente académica devendo desde já gratificar a sua especial
colaboração.
I. DADOS PESSOAIS:

1.Idade:…… 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Femenino 3. Profissão:………………………….…..

4. Nível académico: ( )Primário ( )Básico ( )Médio ( ) Superior

II. QUESTIONÁRIO:

1. Já comprou os grãos de milho que possuem manchas? ( ) Sim ( )Não

2. O que significa a presença de manchas nos grãos de milho?

( ) Infecção dos grãos de milho por fungos.

( ) Germinação dos grãos de milho.

( ) Simples apodrecimento, sem intervenção de fungos.

Outros motivos.................................................................................................................................

.........................................................................................................................................................

3. Oque interessa no momento de compra dos grãos de milho?


xviii

( )As condições de armazenamento. ( ) O preço baixo

( ) Outros motivos: …………………………………………………………………………..

4. Onde armazena-se os grãos de milho no estabelecimeto comerciail que faz compras?

( )Nas sacarias embalados com lonas

( )Nos silos de alvenaria/ celeiros tradicionais com fumaçam

( )Nos silos metálicos

( )No armazém com ventilação

( )No armazém simples

5. Já ouviu falar de micotoxinas? Sim ( ) Não ( ) Se sim, defina.

6. Será que o consumo de grãos de milho mal armazenado pode causar doenças? Sim ( ) Não ( )
Comente.

Muito obrigado pela colaboração!

NOTA: No caso do espaço a escrever nas questões acima não ser sufiente, pode usar o verso do
texto.
xix

Apêndice III: Ficha de observação de armazéns no campo


Armazém No................

Aspectos observados Características


1. Circulação do ar
2. Características fisiológicas dos grãos de milho
3. Presença de grãos de ardidos
4. Presença de insectos e roedores
5. Presença de sapatas
6. Humidade dos grãos de milho
7. Cheiro dos grãos de milho

Apêndice IV: cronograma de atividades

Meses do ano 2019


Actividades
Setembro Outubro Novembro Dezembro
12 à16 16 à 20 à 31 à 03 à 13 à 15 à 30 01 à 23
20 31 03 13 15 29

Escolha do X
tema

Análise do X
tema
Pesquisa X X
bibliográfica
Observação X X
do local de
estudo
Colecta de X
dados
xx

Apresentação X
da palestra
Análise e X
interpretação
dos dados

Apêndice V: Orçamento

Descrição Quantidade Valor Unitário


Internet 100h 2000.00 MT
Dactilografia e impressão 207 Páginas 1417.00 MT
Resmas de folhas A4 1 Resmas 300.00MT
Cópias 238 Páginas 357.00MT
Transporte 2700.00MT
Fotógrafo 100 Fotos 200.00MT
Esferográficas 1 Caixas 175.00 MT
Envelopes 10 100.00 MT
Total 7249. 00 MT

Apêndice VI: Evidências da invasão de grãos de milhos armazenados por fungos


toxigênicos.
Grãos de milho infectado por fungos na armazenagem.
xxi

O autor, observando as condições de armazenagem dos grãos de milho.

Lonas que os comerciantes usam para embalar sacos que possuem grãos de milhos armazenados.

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