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UNIVERSIDADE LICUNGO
Dondo
2022
12
Dondo
2022
13
Júri:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal
e das orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro também que o mesmo trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra
instituição para a obtenção de qualquer grau académico.
A Candidata
_______________________________________________________
(Jacinta João Lipapa)
12
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais: João Lipapa Nhandila e Angelina José Donquene,
pela educação e apoio que me deram durante o curso.
A dedicatória é extensiva a todos familiares que directa ou indirectamente me deram apoio
durante a minha vida académica.
Também dedico este trabalho aos meus docentes do curso de Biologia por eles terem
trilhado ao meu lado no momento das aulas, transmitindo-me muitos conhecimentos e
habilidades que irei usar na minha vida profissional. Além disso, os seus ensinamentos
contribuíram de forma positiva para a edificação desta pesquisa.
13
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela força que tem mim concebido dia - à - dia e pela
constante presença em minha vida, pelo Dom da vida, pois sem ele nada teria sido possível. Em
seguida a minha supervisora, Marta da Graça Zacarias Simbine que através das suas orientações
e paciência acompanhou-me de forma positiva para a edificação desta pesquisa.
Agradeço aos meus amigos, em particular aos meus colegas da pesquisa, Maria do Céu,
Adélia Huo, Ana Bela de Jesus, José Manuel, David Bengala, Josefina Zemba, Raquel Bongece,
Ribeiro Duarte, Stela Diogo, Helena Paulo e Zubaida Melo, pela constante troca de ideias
permitindo melhor interpretação e análise dos dados colhidos. O agradecimento também se
estende ao mestre Augusto Fazenda, docente do curso de licenciatura em ensino de Inglês na UL,
pelo auxílio na correção e tradução de abstract.
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RESUMO
LIPAPA, Jacinta João (2022). Conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao uso
de plantas medicinais em Chupanga – Distrito de Marromeu. Universidade Licungo; Faculdade
de ciências e tecnologia; Beira; Moçambique.
ABSTRACT
LIPAPA, Jacinta João (2022). Knowledge and acceptance of young people in relation to
the use of medicinal plants in Chupanga - District of Marromeu. Licungo University; Faculty of
Sciences and Technology; Beira; Mozambique.
The objective of the work is to analyze the knowledge and acceptance of young people
regarding the use of medicinal plants in Chupanga. The interview was used to carry it out, which
constituted the technique used for data collection. In this context, to enrich the investigated
phenomenon, the field research method was also used. During the fieldwork, fifty (50) young
people were interviewed and all the information collected by observation and interviews were
treated quantitatively through data analysis. The young people of the Chupanga administrative
settlement have knowledge about medicinal plants and accept their use for the treatment of
diseases. It is the high degree of effectiveness of medicinal plants that most motivates young
people to prefer to use them in the treatment of diseases. In this case, the use of medicinal plants
by young people is efficient for the treatment of diseases in question, during the research twenty-
one species of medicinal plants were found, belonging to eighteen different botanical families
known by young people administrative post of Chupanga and Moringa (Moringa oleífera) is the
most used plant.
LISTA DE FIGURAS
Figura 03: Formas que Jovens adquiriram conhecimento de uso das plantas medicinas 28
Figura 04: Motivos que leva os jovens a usar plantas medicinais ................................................31
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................10
1.2. Problematização..................................................................................................................12
1.3. Hipóteses.............................................................................................................................13
1.4. Objectivos...........................................................................................................................13
1.5. Justificativa.........................................................................................................................13
1.6. Metodologia........................................................................................................................14
4. CONCLUSÃO........................................................................................................................34
5. Referências bibliográficas......................................................................................................35
18
10
1. INTRODUÇÃO
A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que fazem parte do
desenvolvimento humano e foram os primeiros recursos terapêuticos 1 utilizados pelos povos. As
antigas civilizações têm referências históricas acerca das plantas medicinais, e muito antes de
aparecer qualquer forma escrita, o homem já utilizava as plantas, algumas como alimento e
outras como remédios (Teske e Trentine, 2001).
Essa pesquisa faz parte de um projecto temático sobre plantas medicinais que abrange
toda a província de Sofala, pois as plantas medicinais representam um factor de grande
importância para a manutenção das condições de saúde das pessoas, esse conhecimento empírico
transmitido de geração a geração foi de fundamental importância para que o homem pudesse
compreender e utilizar as plantas medicinais como recurso terapêutico na cura de doenças que o
afligiam.
Ainda são necessários esclarecimentos sobre o uso de plantas medicinais, pois o uso
inadequado das plantas tem causado sérios problemas de intoxicação a nível mundial, por
ingestão de partes de plantas altamente tóxicas, mesmo em doses baixas (Flor e Barbosa, 2015).
1
Recursos terapêuticos – são activiaddes, objectos, técnicas e métodos utilizados com o objetivo de auxiliar o
paciente durante o seu tratamento. Disponível em
http://recuperarte.com.br?page-id=2959/recursosterapêuticos, acesso em junho de 2022.
11
2
Solos de aluviões – são solos constituídos por sedimento clástico (areia, cascalho ou lama) depositados por um
sistema fluvial no leito e nas margens de um rio. Disponível em aluvião (cprm.gov.br), acesso em junho de 2022.
3
Solos de mananga – são solos cobertos com uma camada arenosa de espessura variável entre >25 cm à 180 cm de
espessura da camada arenosa (INGC, 2009).
12
de solos, seguindo-se os solos arenosos (cerca de 19 %) e os solos sobre rocha calcária (5 %). A
maior parte do distrito é constituída por solos de aluviões argilosos (INGC, 2009).
1.2. Problematização
Acerca de 80% da população africana usa plantas medicinais para suprir as suas
necessidades de saúde. As plantas medicinais continuam a ser o sistema de cuidados de saúde
mais acessível, principalmente nas áreas rurais onde a cobertura dos sistemas nacionais de saúde
é escassa, deficiente ou praticamente inexistente (OMS, 2002).
O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças vem sendo estudada bastante pelo
crescimento do seu uso pela população. Esta prática, é adoptada por várias pessoas
independentemente da sua faixa etária, alguns usam porque conhecem, outros usam sem saber o
seu tratamento (crianças) e outros por questões de cultura.
1.3. Hipóteses
a) É provável que a maior parte dos jovens tenham conhecimento do modo de uso de
plantas medicinais.
b) Possivelmente os jovens conhecem plantas medicinais, mas não usam por preferir
medicamentos convencionais.
c) Talvez os jovens não usam plantas medicinais por duvidar da sua eficácia, em relação a
medicamentos convencionais.
1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
a) Analisar o conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais
no posto administrativo de Chupanga.
1.4.2. Objectivos específicos
a) Listar as plantas medicinais conhecidas pelos jovens do posto administrativo de
Chupanga;
b) Explorar o conhecimento que os jovens têm em relação ao uso das plantas listadas;
c) Identificar as plantas medicinais utilizadas pelos jovens no tratamento de doenças;
d) Descrever as motivações que levam os jovens a usar plantas medicinais e
e) Avaliar a percepção dos jovens sobre a eficácia das plantas usadas no tratamento de
doenças.
1.5. Justificativa
A utilização das plantas medicinais na cura de doenças é uma prática secular no mundo e
propagada culturalmente pela população (Oliveira, 2012). Com isso procurou-se compreender o
conhecimento que os jovens têm sobre o uso de plantas medicinais no tratamento de diversas
doenças e a sua aceitação em relação as mesmas.
O uso de plantas medicinais pode ser uma ideia importante em acções conservacionistas.
Acções estas, que em diversas situações ajuda a comunidade a manter a biodiversidade de
plantas medicinais para o seu próprio bem uso no tratamento e cura de várias doenças, evitando
neste caso a sua extinção.
14
A escolha de jovens para o estudo, deve-se pelo facto dos autores que pesquisam o uso
popular de plantas medicinais frequentemente apontarem a concentração do conhecimento na
faixa etária acima dos cinquenta (50) anos. Contundo, perante este pressuposto, achou-se
necessário cultivar o conhecimento que os jovens do Posto administrativo de Chupanga têm em
relação ao uso de planta medicinais, aproveitando saber o seu nível de aceitação no uso das
mesmas, com intuito de compreender como este conhecimento está sendo repassado hoje em dia.
O tema em estudo é relevante a partir do momento que garante os valores terapêuticos
das plantas no tratamento de várias doenças, valorizando o conhecimento divulgado a nível local
e passados tradicionalmente de geração em geração. Que por sua vez permitirá trazer dados em
favor do aproveitamento, conservação e valorização do conhecimento tradicional sobre plantas
com potencial medicinal em comunidades locais do posto administrativo de Chupanga.
1.6. Metodologia
1.6.1. Colecta de dados
A pesquisa de campo foi aplicada para colecta de dados no local de estudo, inicialmente
realizou-se visitas à população do posto administrativo de Chupanga, com a finalidade de criar
uma aproximação com eles e de modo que os chefes das três (03) localidades possam fornecer
seus contatos, assim como a estruturação ou organização do local de estudo. Além disso,
procurou-se identificar aqueles jovens que tinham interesse em participar voluntariamente no
estudo. Ela teve a duração de sete (7) meses de setembro de 2021 à Março de 2022.
Usou-se este tipo de pesquisa para garantir a precisão dos resultados, evitando assim,
distorções de análise e interpretação, permitindo uma margem de segurança com relação a
possíveis interferências, buscando analisar o comportamento de uma população através da
amostra. Sendo assim, este estudo tem características quantitativas, porque os dados colectados
foram submetidos às técnicas estatísticas, trabalhando com quantidades percentuais,
principalmente pelo facto dos indicadores de desempenho operacional serem quantitativos.
15
O universo é constituído por toda população jovem, com idade que compreende entre 15
à 35 anos de idade, que residem no posto administrativo de Chupanga em número de 14370
indivíduos, sendo 6688 indivíduos do sexo masculino e 7682 do sexo feminino. Este posto
administrativo, apresenta três localidades que são: Nensa, Mponda e Chupanga - Sede, sendo
constituídos por 10522 jovens, 2493 jovens e 1355 jovens, respectivamente (INE, 2017).
Na seleção da amostra para a pesquisa, utilizou-se uma amostra aleatória simples, que
consistiu em selecionar para entrevista os jovens disponíveis no período de colecta de dados
(setembro de 2021 à março de 2022).
Dos jovens selecionados para responder a entrevista vinte e seis (26) são do sexo
masculino e vinte e quatro (24) do sexo feminino.
Segundo dados obtidos no questionário aplicado aos cinquentas (50) jovens do posto
administrativo de Chupanga, que faz parte da amostra escolhida para o estudo, constatou-se que
eles possuem uma idade média de vinte e seis (26) anos, constituídos por vinte e seis (26)
indivíduos do sexo masculino e vinte e quatro (24) do sexo feminino. Quanto ao nível
acadêmico, todos tiveram a possibilidade ou oportunidade de frequentar o sistema nacional de
17
educação, dos quais doze (12) frequentaram o ensino primário, dezoito (18) ensino básico e vinte
(20) ensino médio.
No que diz respeito a profissão de cada um dos participantes da entrevista, dos cinquenta
(50) jovens entrevistados, dois (2) são mecânicos, três (3) carpinteiros, nove (9) comerciantes,
catorze (14) camponeses e vinte e dois (22) jovens são estudantes.
all, 2005). Este conhecimento, se manuseado de forma espontânea, pode contribuir com
mecanismos sociais e culturais de conservação da biodiversidade (Oliveira, 2012).
Algumas características definem uma população como tradicional, tais como (Oliveira,
2012):
Conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflecte na elaboração de
estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido de
geração em geração por via oral;
Importância das simbologias, mitos e rituais associados à caça, pesca e actividades
extractivistas;
Moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros
individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra de seus
antepassados;
Importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco
ou compadrio para o exercício das actividades económicas, sociais e culturais;
A tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre meio ambiente.
Há reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o artesanal, cujo produtor
(e sua família) domina o processo de trabalho até o produto final.
O conhecimento tradicional pode auxiliar trabalhos sobre o uso sustentável da
biodiversidade através da valorização e do resgate do conhecimento empírico existente dentro
das sociedades, tendo como base os sistemas de manejo, incentivando a geração de
conhecimento científico e tecnológico visando sustentabilidade dos recursos naturais. É possível
observar, quando se relaciona as informações obtidas pelas populações tradicionais sobre a flora
medicinal com estudos químico/farmacológicos, que há um ganho significativo na descoberta de
novos fármacos e um aumento na eficiência da bioprospecção4 trazendo benefícios para a ciência
e para a economia. Este conhecimento é muito importante na manutenção das espécies
medicinais e variedades nativas (Leal e Tellis, 2016).
valorizam espécies vegetais nativas de alto valor terapêutico. Este universo de conhecimento,
entretanto, vem se extinguindo nos últimos tempos sendo a migração de populações tradicionais,
como os ribeirinhos, quilombolase indígenas para o meio urbano o principal fator que leva à
degradação dos conhecimentos. Pessoas que tradicionalmente utilizavam plantas medicinais,
cultivando ou buscando na natureza de forma controlada, são obrigadas a adquirir os produtos de
fontes pouco idôneas, em feiras livres ou de vendedores inescrupulosos5, que adulteramos
produtos, através de misturas ou de substituição da droga vegetal por outra espécie semelhante
(Bueno, 2016).
O uso de plantas medicinais e a fitoterapia 6 podem ser considerados conhecimentos
populares uma vez que agregam um conjunto de características direcionadas ao melhor
aproveitamento desses recursos terapêuticos. O conhecimento acerca de características das
plantas, cura de doenças, de terapêutica e toxicidade é advindo da prática de forma não
sistemática, uma vez que é repassado oralmente e de maneira difusa no quotidiano (Rauber,
2016).
O homem moderno é diferenciado das demais épocas pelo seu elevado consumo de
medicamentos, afinal as pesquisas ao longo da história possibilitaram o auxílio para males que
assolaram a humanidade por séculos. No entanto, a grande oferta de medicamentos alopáticos
não atingiu a maior parte da população mundial (Cunha et all, 2015).
A partir desse histórico, é possível observar que o ser humano sempre utilizou produtos
naturais em seu benefício de forma a melhorar sua qualidade de vida, assim como aumentar sua
longevidade. A aplicação de plantas medicinais como medicamento é muitas vezes baseada
apenas em conhecimentos tradicionais, transmitidos de geração em geração. A transmissão
desses conhecimentos ocorre principalmente pela oralidade, o que torna esse arcabouço7 de saber
empírico muito vulnerável à perda. Desta forma, o registo dessas informações torna-se
fundamental para evitar a sua perda e garantir a sua perpetuação (Viegas et all, 2006).
80% da população do mundo não têm acesso ao atendimento primário de saúde, por
estarem distantes dos centros de saúde ou por falta de condições em adquirir os medicamentos.
Desta forma, as terapias alternativas são às principais formas de tratamento, e as plantas
5
Vendedores inescrupulosos – vendedores que não tem um princípio moral (Dicionário de português).
6
Fitoterapia – é o estudo de das plantas medicinais e suas aplicações na cura de doenças (VEIGA et all, 2005).
7
Arcabouço – alicerce ou estrutura (Dicionário de português).
21
medicinais, os principais medicamentos disponíveis a população dos países mais pobres devido à
tradição de uso e da ausência de opções economicamente viáveis (OMS, 2002).
8
Emulsão - é a mistura entre dois líquidos imiscíveis em que um deles encontra-se na forma de finos glóbulos no
seio do outro líquido, formando uma mistura estável. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Emuls%C3%A3o,
acesso em junho de 2022.
9
Fase lipofílica – é a fase que tem afinidade e é solúvel com lípidos. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/
Lipofilicidade, acesso em junho de 2022.
10
Fase hidrofílica - é a fase que tem afinidade e é solúvel com água.
23
Preparo caseiro
Este preparo deve se tomar muito cuidado par que não haja queimaduras tanto no rosto
quanto nas vias respiratórias pela inalação de vapores quentes. Coloca-se a planta em uma
pequena bacia, na proporção de uma colher de sopa de erva fresca ou seca para cada meio litro
de água, verte-se água fervente sobre ela e coloca-se uma toalha de modo a cobrir em conjunto o
rosto, ombros e a vasilha, respira-se pausadamente, inspirando e expirando os vapores, durante
uns 15 minutos (Bueno, 2016).
h) Maceração - é o processo que consiste em manter a droga, convenientemente
pulverizada, nas proporções indicadas na fórmula, em contato com o líquido extrator,
com agitação diária, no mínimo por sete dias consecutivos. Deverá ser utilizado
recipiente âmbar ou qualquer outro que não permita contato com a luz, bem fechado, em
lugar pouco iluminado, a temperatura ambiente. Após o tempo de maceração verta a
mistura num filtro. Lave aos poucos o resíduo restante no filtro com quantidade suficiente
do líquido extractor de forma a obter o volume inicial indicado na fórmula.
i) Pomada - é a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas
mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas
proporções em uma base adequada usualmente não aquosa.
Preparo caseiro
A pomada pode ser preparada com o sumo, tintura ou chá mais concentrado misturado
com banha animal, gordura de coco ou vaselina líquida. Pode-se ainda aquecer as ervas na
gordura depois coar e guardar em frascos tampados. Enquanto a mistura ainda estiver quente
pode também misturar um pouco de cera de abelha para que a pomada fique mais consistente
(Bueno, 2016).
j) Tintura - é a preparação alcoólica ou hidro alcoólica resultante da extração de drogas
vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos. É classificada em simples e
composta, conforme preparada com uma ou mais matérias-primas. A menos que indicado
de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples correspondem a
1g de droga seca.
k) Xarope - é a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que
apresenta, no mínimo, 45% de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Os
24
11
Açúcar mascavo – é açúcar de cor marrom ou dourada, que ainda não passou pelo processo químico de
refinamento, o que faz ele preservar algumas vitaminas e minerais. Disponível em
https://www.festvalcascavel.com.br/novidades/ acucar-mascavo, acesso de junho de 2022.
25
Continua
26
Cajueiro/Ncaju
Anacardium occidentale
Nome vulgar ou local Nome científico Família
Tabela 01 (Continuação)
Mangueira/Mwanga Mangifera indica Anacardiácea
Eucalipto Eucalyptus sp
Após a listagem das plantas, procurou-se saber dos entrevistados sobre, dentre essas
plantas que mencionou, quais que existem em Chupanga? Os cinquenta (50) jovens
entrevistados responderam que as plantas que eles conhecem são as que existem no seu distrito,
consequentemente, as plantas mencionadas acima ou patentes na tabela 1 existem no posto
administrativo de Chupanga.
40%
35%
32%
30%
25%
22%
20%
15%
10%
5%
0%
Machamba Residência Floresta
50%
40%
30%
22%
20%
10%
10% 6%
0%
Familiares Amigo Redes sociais Observação de
outras pessoas
Figura 03: Formas que jovens adquiriram conhecimento de uso das plantas medicinas
Os entrevistados sobre, como você adquiriu conhecimento de uso dessas plantas? Trinta
e um (31) jovens correspondentes a 62% responderam que adquiriram com familiares, onze (11)
jovens correspondentes a 22% responderam que adquirem com amigos, três (3) jovens
correspondentes a 6% responderam que adquiriram nas redes sociais e cinco (5) jovens
correspondentes a 10% responderam que adquiriram o conhecimento sobre o uso das plantas
medicinais através das observações de outras pessoas que usam estas plantas.
Bonfim et all (2015) quanto às formas de aquisição de conhecimento sobre uso de plantas
medicinais também chegaram a resultados similares a deste trabalho quando observaram que o
conhecimento do uso de plantas medicinais adquirido pelos feirantes foi oriundo principalmente
das pessoas mais experientes da sua família, com uma frequência de (62%), dos amigos e
vizinhos (25%) e por conta própria (13%). As observações feitas refletem a importância da
29
transmissão oral das práticas terapêuticas tradicionais, bem como o caráter familiar na
transmissão de conhecimentos.
Para compreender o uso de plantas medicinais por jovens no tratamento de doenças, questionou-
se o seguinte: Usa plantas medicinais no tratamento de doenças? Neste contexto, notou-se que,
todos responderam que sim, usam plantas medicinais para tratamento de doenças.
Chá Anemia
Emplasto Alergias
(Allium sativum) 3 vezes, Bananeira (Musa paradisíaca) 2 vezes, por sua vez Goiabeira
(Psidium guajava) , Cajueiro (Anacardium occidentale), Papaieira (Carica papaya), Limoeiro
(Citrus limonum), Coqueiro (Cocus nucifera ), Mangueira (Mangifera indica) e Cebola (Allium
cepa) foram mencionados uma vez.
Neste caso, a espécie mais utilizada pelos jovens do posto administrativo de Chupanga é
Moringa (Moringa oleífera), comumente usada para tratar doenças do sistema digestivo (dor de
barriga). Para esta cura, os métodos de preparação desta planta tem sido a maceração ou chá
preparadas a partir das suas folhas.
De acordo com as respostas dos cinquenta (50) jovens entrevistados, sobre o que lhe
motiva a usar essas plantas? Trinta e quatro (34) que corresponde a 68% responderam que
motivos que levam os jovens a usar plantas medicinais é devido a elas serem eficazes no
tratamento de doenças, dez (10) jovens corresponde a 20% responderam que motivos que levam
os jovens a usarem plantas medicinais é por estarem distante da unidade sanitária, seis (6) jovens
correspondentes a 12% disseram que é o alto custo dos medicamentos sintécticos que motiva eles
a usarem plantas no tratamento de doenças.
32
Os resultados deste estudo, entram em contradição com os resultados obtidos por Bueno
et all (2016) no seu manual elaborado no âmbito de estudo de plantas medicinais e fitoterápicos
utilizadas na cicatrização de feridas, na qual constatou que o alto custo dos medicamentos
sintéticos e tratamentos tem dificultado as tomadas de decisões e muitas vezes os usuários do
sistema ficam sem o tratamento adequado, acaba motivando neste caso, a população a usarem
plantas medicinais para tratamento de várias enfermidades.
Neste estudo, notou-se que é o alto grau de eficácia das plantas medicinais com
frequência equivalente a 68%, que mais motiva os jovens a usá-las no tratamento de doenças.
Depois segue a maior distância para unidade sanitária com frequência correspondente a 20% e
ultimamente o alto custo dos medicamentos sintéticos com a menor frequência equivalente a
12%. Segundo esses pressupostos, fica esclarecido que os jovens do posto administrativo de
Chupanga usam meios alternativos para suprir o sistema público de saúde, através do uso de
procedimentos e tratamentos a partir de plantas medicinais.
Os cinquenta (50) jovens após responderem que usam plantas medicinais para cura de
várias doenças, também foram submetidos a um questionamento que tinha por objectivo
entender, se as plantas foram ou não eficazes no tratamento da doença? Todos afirmaram que
quando usaram as plantas conseguiram atingir os seus objectivos, que é tratar a doença em causa.
Matos (2019) durante o seu estudo, também chegou a resultados similares a deste
trabalho, quando notou que as pessoas que usavam essas plantas para cura de doenças também as
achavam eficazes, devido a resultados positivos do seu uso e tornavam válidas as informações
terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos por aqueles que usavam plantas
medicinais.
mesma frequência igual a 12%, as raízes tiveram frequência igual a 8% e finalmente as flores
com uma frequência equivalente a 4%.
Durante o trabalho de campo, conseguiu - se mais informações em torno das partes
utilizadas para tratamento de doenças, onde abordaram que as folhas e flores colhidas devem
apresentar aspecto saudável, estando livres de envelhecimento, doenças e pragas, além de
manifestar um bom desenvolvimento. No caso da secagem das folhas, deve ser feita à sombra,
em área coberta, limpa e ventilada. No caso do caule, deve ser colhido de plantas adultas
saudáveis, lavadas em água corrente e em seguida secadas ao sol evitando assim o surgimento de
fungos. As raízes arrancadas do solo devem ser lavadas em água limpa, para retirar excesso da
terra.
Bonfim et all (2015), nas suas pesquisas também as folhas foram as partes das plantas
mais utilizadas, seguidas de cascas do tronco, flores, raízes, sementes e látex, preparadas na
maioria das vezes como chá, obtido por infusão ou decocção.
34
4. CONCLUSÃO
Da análise realizada no âmbito deste trabalho, conclui-se que são vinte e uma (21)
espécies de plantas medicinais, pertencentes a dezoito (18) famílias botânicas diferentes
conhecidas pelos jovens do posto administrativo de Chupanga e todas estas espécies de plantas
existem neste posto administrativo, usadas por eles para suprir as necessidades básicas da saúde.
A Moringa (Moringa oleífera) constitui a planta mais utilizada, depois segue a Cacana
(Momordica balsamina), Eucalipto (Eucalyptus sp), Santo António (Catharanthus roseus),
Salgueiro – chorão (Salix babylonica) e outras que possuem a frequência de utilização mais
baixa.
Na preparação das plantas para o tratamento de doenças notou-se maior utilização das
folhas, em seguida, caules, frutos e finalmente as flores com uma frequência mínima do uso.
Os jovens do posto administrativo de Chupanga possuem conhecimento sobre plantas medicinais
e aceitam o seu uso para tratamento de doenças. É o alto grau de eficácia das plantas medicinais
que mais motiva os jovens a preferir usá-las no tratamento de doenças.
Todavia, o uso de plantas medicinais pelos jovens é eficiente para o tratamento de
doenças em causa, consequentemente nos tratamentos efectuados por eles através dessas plantas,
sempre tiveram resultados positivos, facto este que acaba motivando-os a aderir com mais
frequência este tipo de tratamento.
Deve-se contribuir através da procura permanente de mais informações referentes ao uso
e manipulação correcta das plantas medicinais. Além disso, também deve-se cultivar plantas
medicinais nos quintais, machambas ou mesmo fazer jardins botânicos com base de plantas
medicinais, criando neste caso, uma biblioteca botânica que irá proteger as plantas sob riscos de
extinção.
35
5. Referências bibliográficas
ARGENTA, Scheila Crestanello et all. (2011). Plantas medicinais: cultura popular versus
ciência. Vivências. v. 7. n. 12. p. 51-60.
BUENO, Maria José Adami; MARTINEZ, Beatriz Bertolsccini; BUENO, José Carlos (2016).
Manual de plantas medicinais e fitoterápicos utilizados na cicatrização de feridas; UNIVAS,
Pouso Alegre.
CONFESSOR, Maine Virginia. MAYANNY, Alves. MÉLO, Celly de Sales. VILAR, Marina
Suênia de Araújo. VILAR Daniela de Araújo (s/d). PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO
DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. GRADUANDA EM FARMÁCIA - FACULDADE DE
CIÊNCIAS MÉDICAS, CAMPINA GRANDE.
CORREA, Junior C.; MING, L. C.; SCHEFFER, M. C. (1994) Cultivo de plantas medicinais:
condimentares e aromáticas. Curitiba. Emater.
CUNHA, M.M.C. GONDIM, R.S.D. BONFIM, B.F. JUNIOR, N.J.P. Batalha. BARROSO,
W.A. (2015). Perfil etnobotânico de plantas medicinais comercializadas em feiras livres de São
Luís. Maranhão. Brasil.
FERNANDES, Anny Caroline De Oliveira (2019). Estudo Etnobotânico De Plantas Medicinais
Cultivadas Em Quintais No Municipio De Cuité. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro de Educação e Saúde da
Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cuité, como requisito indispensável para a
obtenção do título de bacharel em Farmácia.
FLOR, Alessandra Simone. BARBOSA, Wagner Luiz Ramos (2015). Sabedoria popular no uso
de plantas medicinais pelos moradores do bairro do sossego no distrito de Marudá-PA. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais.
36
Apêndice
39
1.4. Quais são as doenças que podem ser tratadas por cada planta que mencionou?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
40
______________________________________________________________________
Anexo