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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Câmpus Anápolis

Curso de Licenciatura em Química

Quantificação Espectrofotométrica de
Flavonoides em Lichia (Litchi chinensis)

Autor: Josué Pedro da Silva

Orientadora: Prof.ª Dra. Rejane Dias Pereira Mota

Anápolis, 2022.
JOSUE PEDRO DA SILVA

Quantificação Espectrofotométrica de
Flavonoides em Lichia (Litchi chinensis)

Trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura


em Química, apresentado à Coordenação de
Licenciatura em Química do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Orientadora: Prof.ª Dra. Rejane Dias Pereira Mota.

ANÁPOLIS, 2022.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela saúde e por estar presente em todos os


momentos. Se faz necessário sensibilidade e entendimento para enxergar tudo que
Ele faz usando pessoas ao nosso redor.
Gratidão pela família, que é a base de tudo. Pelo incentivo, por estar ao lado,
por estar junto seja sorrindo, seja chorando. Nisso incluo meus colegas de classe,
mesmo que não seja por um laço sanguíneo, se tornaram família pela imensa ajuda,
pelo apoio e companheirismo. Em especial cito com orgulho aos queridos: Hayane
Teodoro, Florismar Prado e Gabriel Mello.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Câmpus
Anápolis, local que me proporcionou muitos conhecimentos, sendo estes técnicos e
de relacionamentos interpessoais. Faço homenagem a todo o corpo docente, que
participaram dessa jornada acadêmica juntamente com todos os colaboradores do
instituto, que mesmo de forma “invisível” e não intencional, seu trabalho contribuiu
para a minha formação.
Gratidão pela banca orientadora, Profª Dra. Gracielle Oliveira Sabbag Cunha
e Profª Dra. Lilian Tatiane Ferreira de Melo Camargo. a qual contribuiu com esse
trabalho dedicando seu tempo e conhecimento em prol do desenvolvimento e
orientação do meu trabalho. Muito obrigado.
Em especial, quero agradecer a minha orientadora, Profª Orientadora, Dra.
Rejane Dias Pereira Mota, que acreditou no meu potencial e esteve sempre
presente, com paciência e dedicação, me ensinou mais do que conhecimentos
técnicos, me ensinou a ser um ser humano melhor, a sempre estar apto a ajudar.
Por fim, a todos que contribuíram o meu sincero abraço e muito obrigado!
RESUMO

A busca por uma alimentação saudável não é novidade e que cada vez mais
pessoas vêm optando por alimentos que fortaleçam o organismo e que ajudem na
manutenção da saúde e prevenção de doenças. Dentre esses alimentos, está a
lichia (Litchi chinensis), uma fruta tropical oriunda da China, constituída por diversos
compostos bioativos, como por exemplo, os flavonoides, que possuem uma
variedade de aplicações nutricionais, farmacêuticas, medicinais e cosméticas. O
presente estudo teve como objetivo determinar a quantidade de flavonoides em
amostra seca (extrato) do fruto da lichia. O estudo caracterizou-se como sendo uma
pesquisa básica de caráter experimental através da quantificação
espectrofotométrica na região do UV/Visível de flavonoides usando a rutina como
padrão. Como resultado, obtivemos 287,0861 mg de flavonoides expressos em
rutina, dispostos em 100 gramas do extrato de lichia. Esse valor de flavonoides é
bem maior do que os presentes em outras frutas mais comuns, como a banana, a
maçã e o morango. Ressalto que a quantificação para esses frutos se deu em
amostras in natura, ao passo que o presente trabalho foi realizado com o extrato
seco de lichia. Com os resultados obtidos, espera-se que, através de divulgação e
incentivo, as pessoas passem a consumir mais a lichia, por ela ser rica em
flavonoides, um alimento funcional aliado à prevenção de doenças cardiovasculares,
por exemplo, que pode proporcionar, dessa forma, mais qualidade de vida.

Palavras-chaves: Antioxidantes; Polifenóis; Rutina; Produtos naturais; Metabólitos


secundários.
ABSTRACT

The search for a healthy diet is nothing new and more and more people are choosing
foods that strengthen the body and help maintain health and prevent diseases.
Among these foods is lychee (Litchi chinensis), a tropical fruit from China, consisting
of several bioactive compounds, such as flavonoids, which have a variety of
nutritional, pharmaceutical, medicinal and cosmetic applications. The present study
aimed to determine the amount of flavonoids in a dry sample (extract) of lychee fruit.
The study was characterized as being basic research of experimental character
through spectrophotometric quantification in the UV/Visible region of flavonoids using
rutin as standard. As a result, we obtained 287.0861 mg of flavonoids expressed in
rutin, arranged in 100 grams of lychee extract. This value of flavonoids is much
higher than those present in other more common fruits, such as bananas, apples and
strawberries. I emphasize that the quantification for these fruits took place in in
natura samples, while the present work was carried out with the dry extract of lychee.
With the results obtained, it is expected that, through dissemination and
encouragement, people will start to consume more lychee, as it is rich in flavonoids,
a functional food combined with the prevention of cardiovascular diseases, for
example, which can provide, in this way, more quality of life.

Keywords: Antioxidants; Polyphenols; Routine; Natural products; Secondary


metabolites.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fruto da lichia ......................................................................................... 13


Figura 2: Fenol - Estrutura básica dos compostos fenólicos ................................... 16
Figura 3: Estrutura básica dos flavonoides ............................................................. 18
Figura 4: Flavonoides e subclasses ....................................................................... 20
Figura 5: Etapas de preparo da amostra ................................................................ 24
Figura 6: Curva de calibração da rutina .................................................................. 25
Figura 7: Amostra do extrato .................................................................................. 26
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Principais compostos fenólicos ............................................................... 17


Tabela 2: Valores de absorbância por padrão ........................................................ 25
Tabela 3: Absorbância x Concentração .................................................................. 27
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 12
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 12
2.2 OBEJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 12
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13
3.1 LICHIA (Litchi chinensis) .................................................................................... 13
3.2 COMPOSTOS FENÓLICOS .............................................................................. 15
3.2.1 FLAVONOIDES............................................................................................... 17
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 23
4.1 OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS .......................................................................... 23
4.2 PREPARO DA SOLUÇÃO PADRÃO DE RUTINA ............................................. 23
4.3 PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO ......................................................... 23
4.4 PREPARO DAS AMOSTRAS E QUANTIFICAÇÃO ........................................... 24
5 RESULTADOS PARCIAIS ................................................................................... 25
5.1 CALIBRAÇÃO DO ESPECTROFOTÔMETRO................................................... 25
5.2 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONOIDES ...................................... 26
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 31
GLOSSÁRIO ........................................................................................................... 36
ANEXOS .................................................................................................................. 37
10

1. INTRODUÇÃO

A procura por fontes alternativas de alimentos tem sido tema de diversas


pesquisas, isso se deve a crescente busca por uma alimentação mais saudável e
pela manutenção da qualidade de vida trazendo consigo uma busca por alimentos
com alto valor nutricional, mais acessíveis à população (QUEIROZ, ABREU e
OLIVEIRA, 2012).
Popularmente conhecida como lichia, essa fruta exótica é oriunda da China. O
fruto possui uma casca avermelhada bastante atraente, polpa branca (translúcida)
comestível com um sabor adocicado, o arilo, que envolve uma única semente. Em
termos de composição química, a lichia possui compostos antioxidantes que atuam
na prevenção de doenças como o câncer, dentre muitos benefícios de uso medicinal
(DIAS, PINTO e SILVA, 2021).
Em relação aos compostos antioxidantes, destacam-se os compostos
fenólicos, que são os principais componentes bioativos de L. chinensis. Esses
compostos possuem atividades farmacológicas, sendo, portanto, um agente
medicinal e nutricional útil para o tratamento de uma ampla gama de doenças
(IBRAHIM e MOHAMED, 2015). Os benefícios à saúde devido aos compostos
fenólicos presentes na lichia incluem atividades anti-inflamatória, vasodilatadora,
analgésica, anticancerígena, antimicrobiana e antiviral (QUEIROZ, 2012).
Dos compostos fenólicos, os mais comuns e abundantes são os flavonoides,
diversificados em características e estruturas químicas. Baseado nas variações dos
anéis, são formadas subclasses, sendo as principais: flavonas, flavonóis, flavanóis,
flavanonas, isoflavonas e antocianidinas. Os flavonoides apresentam diversos
benefícios à saúde, com destaque para a ação antioxidante, atuando de maneira
eficiente na captura de radicais livres (MACIEL, 2010).
Os compostos fenólicos estão presentes em uma ampla variedade de
alimentos e bebidas. Sua identificação e quantificação nos revela informações
importantes a respeito da qualidade e dos potenciais benefícios desses alimentos no
consumo diário devido a manutenção da saúde e prevenção de doenças (NEVES,
2015).
Neste contexto, tendo em vista a importância da utilização de alimentos
naturais na farmacologia e na prevenção de diversas doenças, além das atividades
antioxidantes apresentadas pelos flavonoides que podem estar presentes na lichia, o
11

presente estudo investiga a quantidade de flavonoides totais existentes em amostras


de Litchi chinensis analisadas por espectrofometria UV/Visível, a qual deverá
contribuir na divulgação cientifica sobre os benefícios do fruto.
12

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Quantificar os flavonoides totais presentes na amostra comercial de extrato


seco de lichia (Litchi chinensis).

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Extrair os compostos fenólicos das amostras utilizando o metanol como solvente.


• Fazer a curva de calibração utilizando a rutina como padrão.
• Quantificar os flavonoides totais por espectrofotometria UV/Visível das amostras
de extrato seco de Litchi chinensis.
• Comparar a quantidade de flavonoides totais obtidas de amostras Litchi chinensis
com outros trabalhos científicos que realizaram análises semelhantes em
diferentes frutos (revisão bibliográfica).
13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Lichia (Litchi chinensis)

A lichia é um fruto da lichieira, pertencente à família das Sapindaceae, com


casca vermelha e rugosa. O fruto possui polpa com aspecto gelatinoso, sucoso,
translúcido, não aderente ao caroço, poucas calorias, possuindo excelente sabor
que lembra a uva Itália. Possui alto teor de açúcares, em torno de 10 a 12%, sendo
rica em vitaminas do complexo B, C, potássio, cálcio, magnésio e fósforo (MOTTA,
2009; MATOS, 2012; QUEIROZ, 2012).
No Brasil dispõem-se as variedades Bengal, Americana e Brewster. O tipo
Bengal é o mais produzido no país, com produção mais concentrada no norte de
São Paulo e sul de Minas Gerais (QUEIROZ, 2012).
É considerada uma fruta exótica no Brasil, tendo seu destino o mercado in
natura, onde alcança altos preços aliados ao fator de não haver empresas que
processem a fruta no país, devido ao seu baixo volume disponível (MATOS, 2012).
Na gastronomia, a lichia pode ser utilizada na forma in natura ou industrializada
como doces, polpas, sucos, geleias, sorvetes, iogurtes (MOTTA, 2009; MATOS,
2012).
A Figura 1 mostra o fruto da lichia representando sua coloração, polpa e
semente.

Figura 1: Fruto da Lichia

Fonte: Safari Garden (2022)


14

A lichia, originária e muito popular na China, passou a ser disseminada para


outros países. Os principais produtores mundiais da cultura da lichia são: China,
Vietnã, Tailândia, Índia, Madagascar e África do Sul (MOTTA, 2009).
No Brasil, as lichieiras foram introduzidas por volta de 1810 no Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, destacando-se a região sudeste como o maior produtor
nacional. A família Sapindaceae possui representantes importantes no Brasil, como
o guaraná (Paulinia cupana) e a pitomba (Talisia esculenta), sendo a lichia
conhecida como a rainha das frutas devido seu sabor, aroma e aspecto atraente
(MARTINS, 2005).
A lichieira caracteriza-se por ser uma árvore de aspecto rústico e por sua
longevidade, que, segundo Santos (2009) ainda havia na China, em 2009, um
exemplar com mais de 1.200 anos, ainda florescendo e frutificando.
Após sua colheita, o fruto apresenta um escurecimento bastante rápido, em
torno de dois a três dias, o que torna um pouco difícil a sua comercialização devido
às exigências do mercado internacional e dos consumidores quanto a aparência do
fruto, sendo também esse quesito um padrão de qualidade (MOTTA, 2009; LIMA et
al., 2010; QUEIROZ, 2012).
Segundo Melo, Silva e Alves (2005), as baixas temperaturas desde o
processamento até o consumo, é o fator mais importante para a manutenção da
qualidade dos produtos minimamente processados, garantindo uma maior vida de
prateleira pois, a temperatura ambiente, aliada a uma alta umidade relativa
encontrada no interior das embalagens dos produtos, favorece a proliferação de
fungos e bactérias, reforçando a necessidade de refrigeração para uma melhor
conservação dos alimentos, inclusive frutas.
Além do consumo in natura, do ponto de vista industrial e comercial, a lichia
se torna uma fonte importante de produtos que dão incremento à indústria e ao
comércio, pois se encontra disponível no mercado uma série de produtos à base
desta espécie, dentre eles sabonetes, xampus, cremes, balas, repositores
energéticos e perfumes (MOTTA, 2009).
A lichia tem despertado um interesse científico devido a vários compostos,
dentre eles destacamos os flavonoides, um tipo de composto fenólico, que possuem
propriedades anti-inflamatória, vasodilatadora, analgésica, anticancerígena,
antimicrobiana e antiviral, além de contribuir positivamente na proteção contra os
danos oxidativos, tendo dessa forma grande relevância na prevenção e tratamento
15

de doenças (MACHADO et al., 2008; NEVES e MARQUES, 2013; SILVA e BIESKI,


2018).
Segundo Queiroz (2012) o fruto possui substâncias bioativas, que podem ser
definidas como nutrientes ou não nutrientes com ação metabólica ou fisiológica
específicas, como ação antioxidante, anti-inflamatória, ativante de enzimas de
detoxificação hepática, efeito bloqueador de toxinas virais ou bacterianas dentre
outros. Esses efeitos benéficos têm despertado o interesse pelos alimentos
funcionais ricos em um ou mais compostos bioativos.
O interesse por fitoquímicos aumentou nos últimos anos, sendo amplamente
aceitos como contribuintes para a prevenção e o tratamento de muitas doenças
(ZHAO et al., 2020). Em estudos recentes, Khazeei et al., (2021), demonstraram que
a classe dos flavonoides possuem agentes antivirais promissores contra a infecção
por SARS-CoV-2 (sigla do inglês que significa coronavírus 2 da síndrome
respiratória aguda grave), inibindo diferentes estágios do ciclo infeccioso.
Russo et al., (2020) em seu estudo “Funções dos flavonoides contra a
infecção por coronavírus”, falam da capacidade de flavonoides conhecidos, como
por exemplo a quercetina, baicalina, luteolina, hesperetina, galocatequina galato,
epigalocatequina galato, em inibir proteínas-chave envolvidas no ciclo infeccioso do
coronavírus, podendo interferir em vários estágios do ciclo de entrada e replicação
do vírus.

3.2. COMPOSTOS FENÓLICOS

Os compostos fenólicos representam a maior categoria de agentes


fitoquímicos e são os principais componentes antioxidantes presentes nos vegetais
Os compostos fenólicos são definidos quimicamente como substâncias que
possuem anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus
grupos funcionais, portanto, apresentam estruturas multifuncionais variadas podendo
variar a sua estrutura em uma simples molécula fenólica a polímeros complexos
(BALANGE e BENJAKUL, 2009).
Os compostos fenólicos são responsáveis pela cor dos alimentos, aroma e
estabilidade oxidativa e são classificados como fenóis simples ou polifenóis, com
base no número de unidades de fenol na molécula. A Figura 2 apresenta o fenol, o
componente básico dos compostos fenólicos.
16

Figura 2: Fenol - Estrutura básica dos compostos fenólicos

Fonte: Autoria própria, utilizando o site e-molecules.

Os compostos fenólicos compõem uma ampla classe, cuja síntese não ocorre
na espécie humana, sendo formados no metabolismo secundário vegetal.
Eles desempenham um papel importante na neutralização ou sequestro de radicais
livres, exercendo diversas funções como antifúngicos, bactericidas, quelantes de
metais, protetores de radiação, corantes, controladores de auxina, regulação do
crescimento e diferenciação (SOUSA et al., 2007; KUMAR e PANDEY, 2013).
Os metabólitos secundários, derivados do metabolismo secundário das
plantas, são considerados potentes agentes antioxidantes, antitumorais e anti-
inflamatórios (FRAGA, 2018). Os metabólitos secundários vegetais destacam-se na
área da farmacologia devido a seus efeitos biológicos sobre a saúde da espécie
humana. Muito empregados na área farmacêutica, esses compostos possuem
também grande importância nas áreas alimentar, agronômica, perfumaria e outras
(PEREIRA e CARDOSO, 2012).
Os metabólitos secundários são compostos bioativos sendo uma boa parte
das substâncias derivadas do metabolismo secundário das plantas, mas dentre eles
também estão algumas vitaminas (A, C e E, os carotenoides) e minerais (selênio,
zinco, cobre) (FRAGA, 2018). Os três importantes grupos de metabólitos
secundários originados são: os terpenos, compostos fenólicos e alcaloides
(BARRETO; GASPI e OLIVEIRA, 2020). Eles também estão ligados aos efeitos
medicinais e/ou tóxicos das plantas, além de apresentar a característica polinizadora
contribuindo para a perpetuação de espécies nativas e consequente conservação do
meio ambiente (FERREIRA, OLIVEIRA E SANTOS, 2008; BARRETO; GASPI e
OLIVEIRA, 2020).
Nosso corpo não produz naturalmente essas substâncias, estando elas
amplamente distribuídas em plantas, frutas, legumes e em diversas bebidas e
suplementos alimentares; dessa forma, devemos obter esses compostos pela
17

alimentação ou na forma de suplementos (LOPEZ, 2019). O interesse no estudo


desses compostos está ligado à sua característica antioxidante no sequestro de
radicais livres, no seu uso como corantes em alimentos e cosméticos dentre outros
(BARBOSA, PAES e PEREIRA, 2016). A Tabela 1 apresenta a classificação dos
principais compostos fenólicos e sua estrutura.

Tabela 1: Principais compostos fenólicos (C6 – Anel Benzênico)

Classe Estrutura
Fenólicos simples, benzoquinonas C6
Ácidos hidroxibenzóicos C6 – C1
Acetofenol, ácidos fenilacéticos C6 – C2
Ácidos hidroxicinâmicos, fenilpropanoides, C6 – C3
cumarinas e cromonas
Naftoquinonas C6 – C4
Xantonas C6 – C1-C6
Estilbenos, antraquinonas C6 – C2-C6
Flavonoides, isoflavonoides C6 – C3-C6
Lignanas, neolignanas (C6 – C3)2
Biflavonoides (C6 – C3-C6)2
Ligninas (C6 – C3)n
Taninos condensados (C6 – C3 – C6)n
Fonte: (Adaptado – ANGELO e JORGE, 2007)

3.2.1. FLAVONOIDES

Os flavonoides são um grupo dos metabólitos secundários muito abundantes


em plantas, frutas e sementes, sendo responsáveis pelas características de cor,
fragrância e sabor. Os flavonoides possuem muitas outras funções, como a
regulação do crescimento celular, atração de insetos polinizadores, fotorreceptores,
atratores visuais, repelentes herbívoros dentre outros (LIMA e BEZERRA 2012;
DIAS, PINTO e SILVA, 2021).
Os flavonoides ainda atuam como filtros UV e captadores de espécies
reativas de oxigênio (ROS), proteção celular e têm vários papéis funcionais na
tolerância à seca, ao calor e ao congelamento (MOSCA, SANCHES e COMUNE,
18

2017; DIAS, PINTO e SILVA, 2021). A sua propriedade antioxidante provavelmente


é sua principal função biológica (LOPEZ, 2019).
Essas classes de compostos fenólicos são encontrados em alimentos ou
bebidas feitas de plantas como frutas, vegetais, legumes, grãos e chás (NEVES e
MARQUES, 2013; SILVA e BIESKI, 2018; RIBEIRO et al. 2018; RODRÍGUEZ,
RAMÍREZ e SALDÍVAR, 2020). Quanto mais forte a cor do alimento, maior
quantidade de alguns flavonoides presentes. Dessa forma, os alimentos com cores
mais fortes consequentemente terão um maior teor desse composto do que os com
cores mais brandas (FONSECA et al. 2016).
Os flavonoides possuem uma estrutura básica que consiste em 15 carbonos
distribuídos nos anéis A e B interligados por um carbono heterocíclico C
(FERREIRA, OLIVEIRA e SANTOS, 2008; SANTOS e RODRIGUES, 2017). A
Figura 3 apresenta a estrutura básica dos flavonoides.

Figura 3 - Estrutura básica dos flavonoides

Fonte: Autoria própria utilizando o site e-molecules

Dentre os flavonoides, temos as principais subclasses: flavonas, flavonóis,


flavanonas, flavanóis, antocianinas e isoflavonas. O Quadro 1 apresenta os
principais grupos dos flavonoides com exemplos de seus respectivos componentes
individuais e algumas fontes alimentares desses compostos.
19

Quadro 1: Principais grupos de flavonoides, exemplos de componentes individuais e fonte alimentícia

Flavonoides e Principais Subclasses e Fonte Alimentícia


Núcleo Fundamental Exemplo Fonte
Flavonóis
➢ Quercetina
➢ Miricetina Presente em cebolas,
➢ Rutina brócolis e mirtilos. Vinho
➢ Campferol tinto e chá.
➢ Morina
Flavonas
➢ Apigenina Encontrados na salsa,
➢ Baicaleina ervas aromáticas, aipo,
➢ Luteolina alho, pimentão verde, chá
➢ Tangeritina de camomila, e alguns
➢ Crisina cereais como painço e
➢ Tricetina trigo.
Flavanonas
Encontrados em tomate e
em certas plantas
➢ Naringina
aromáticas, como a
➢ Naringenina
hortelã. Presente em
➢ Hesperidina
laranjas e outras frutas
➢ Eriodictiol
cítricas: toranja, limões,
tangerinas.
Isoflavonas

➢ Genisteína Encontrados em plantas


➢ Daidzeína leguminosas, na soja e
➢ Gliciteína seus processados.

Flavanóis ou Flavan-3-óis
Encontradas em muitos
➢ Catequinas
tipos de frutas: maçãs,
➢ Epicatequina
peras, damascos, frutas
➢ Galocatequina
vermelhas, romãs, uvas,
➢ Proantocianidinas
pêssegos, caquis.
➢ Floretina
Também em bebidas:
➢ Arbutina
vinho tinto, chá verde,
➢ Flioridizina
cerveja e chocolate.
Antocianina

➢ Pelargonidina Encontradas em frutas,


➢ Delfinidina vinho tinto, alguns cereais
➢ Cianidina e vegetais folhosos e de
➢ Malvidina raiz (beringela, repolho,
➢ Peonidina feijão, cebola, rabanete).

Fonte: Adaptado de Lopez (2019).


20

Os flavonoides estão dentro do conceito de alimento funcional e há diversos


alimentos que são fonte desses compostos. A Figura 4 detalha a estrutura principal
de um flavonoide, as subclasses juntamente com as principais fontes alimentares.
Figura 4 - Flavonoides e subclasses

Fonte: Active Caldic (2021)

Segundo Xiao et al. (2011) até 2011, mais de 9.000 compostos flavonoides
diferentes foram descritos em plantas, onde desempenham importantes papéis
biológicos, afetando vários processos de desenvolvimento. Desse modo decorre a
um interesse crescente na pesquisa de flavonoides de fontes alimentares, devido ao
aumento na evidência dos benefícios múltiplos para a saúde, incluindo atividade
anti-inflamatória, antioxidante, antiproliferativa e anticancerígena, efeitos anti-
hipertensivos, prevenção de doenças coronárias e anti-inflamatórios.
Segundo Lima e Bezerra (2012) os flavonoides atuam no metabolismo
protegendo o sistema biológico contra os danos causados pelos processos ou
reações de oxidação no organismo humano, prevenindo ou amenizando doenças,
sendo esse efeito antioxidante uma das propriedades bioativas mais importantes dos
flavonoides. Os mecanismos envolvem a quelação de metal, a capacidade de
eliminação dos radicais livres e inibição de enzimas que também produzem radicais
21

livres, abrangendo diversas atividades farmacológicas (MACHADO et al.,2008; LIMA


e BEZERRA, 2012; SANTOS e RODRIGUES, 2017; LOPEZ, 2019).
Os antioxidantes desempenham um papel muito importante na prevenção dos
efeitos negativos dos radicais livres, sendo capazes de retardar ou impedir a
oxidação de outras moléculas. Eles podem reduzir os riscos de desenvolvimento das
principais doenças causadas pelo estresse oxidativo (MOSCA, SANCHES e
COMUNE, 2017). Frescura et al (2013) destacam a importância dos antioxidantes
naturais, como os flavonoides, em razão das suas diversas atividades
farmacológicas e terapêuticas.
Dessa forma, esses compostos antioxidantes têm um papel muito importante
e uma alta relevância na saúde humana. O Quadro 2 apresenta os flavonoides e
alguns exemplos de suas atividades biológicas.

Quadro 2: Exemplos de atividades biológicas dos flavonoides

Flavonoide Ex. Ativ. Biológicas Flavonoide Ex. Ativ. Biológicas

Anticâncer
Anticâncer
Flavonol Antifúngico Flavonona
Quercetina
Naringenina Cardioprotetor
Campferol Antibacteriano
Antifúngico
Antiviral
Anticâncer
Antibacteriano
Flavanol Antibacteriano
Epigalocatequina Isoflavona
Genisteína Antifúngico
Galato Antiviral
Antiviral
Cardioprotetor
Flavona Antibacteriano
Apigenina
Baicaleina Antifúngico
Luteolina
Antiviral
Fonte: Adaptado de DIAS, PINTO e SILVA, 2021

Outro fator relevante são as suas diversas aplicações na indústria alimentícia


como conservantes e corantes, bem como em outras indústrias como a cosmética e
farmacêutica (BECHO, MACHADO E GUERRA, 2009; HAMERSKI, REZENDE e
SILVA, 2013; DIAS, PINTO e SILVA, 2021). Tendo em vista a importância do seu
potencial efeito antioxidante, é importante incorporar flavonoides derivados de fontes
22

naturais em diversos produtos como alimentos, cosméticos e medicamentos


(RODRÍGUEZ, RAMÍREZ e SALDÍVAR, 2020).
Diante dos expostos, o trabalho realiza uma pesquisa de quantificação
espectrofotométrica de flavonoides baseada na metodologia de Sobrinho (2008),
utilizando o padrão de ruitna para termos a relação concentração x absorbância
23

4. METODOLOGIA

Em se tratando de metodologia, a natureza do presente estudo se apoia na


pesquisa básica de análise, propondo gerar conhecimentos para aplicação prática
na vida das pessoas. Em relação ao método adotado, a pesquisa foi experimental,
seguindo um planejamento rigoroso, sendo desenvolvida no Laboratório de Química
Analítica do IFG-Câmpus Anápolis/GO. Neste sentido, o método adotado apresenta
algumas etapas a conhecer:

4.1. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS

As amostras para análise foram obtidas por compra na internet sendo elas
extrato seco de lichia em cápsulas do fornecedor UNILIFE.

4.2. PREPARO DA SOLUÇÃO PADRÃO DE RUTINA

Para o preparo da solução foi pesado 250 mg do padrão de rutina e


transferido para um balão volumétrico de 100 mL. Ao balão foram adicionados 30 mL
de metanol, agitando manualmente por aproximadamente 10 minutos ou até a
solubilização completa. O volume do balão foi completado com metanol e a solução
foi homogeneizada. A concentração final do padrão de rutina foi de 2,5 mg/mL.

4.3. PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO

Para a construção da curva de calibração, foram preparadas cinco soluções


metanólicas de rutina a 0,60 mg/mL, 0,55 mg/mL, 0,50 mg/mL, 0,45 mg/mL e 0,40
mg/mL. Para o preparo foram utilizados 6,0 mL, 5,5 mL, 5,0 mL, 4,5 mL e 4,0 mL da
solução padrão de rutina (item 4.2) para balões volumétricos de 25 mL. Em cada
balão foi acrescentado 0,6 mL de ácido acético glacial, 10,0 mL de solução
metanólica de piridina 20% e 2,5 mL de cloreto de alumínio em metanol 50 mg/mL,
completando-se o volume do balão com água destilada.
Após o preparo, as amostras foram diluídas com metanol e água destilada em
uma proporção de 1/40 (Lê-se um para 40) e em seguida, a temperatura ambiente,
as leituras foram realizadas em espectrofotômetro UV – VISIVEL a 420 nm,
utilizando-se água destilada como solução-branco para zerar o aparelho.
24

4.4. PREPARO DAS AMOSTRAS E QUANTIFICAÇÃO


ESPECTROFOTOMÉTRICA NA REGIÃO DO UV/VISÍVEL DE
FLAVONOIDES

O procedimento realizado foi segundo o método de Sobrinho et al. (2008),


dadas algumas adaptações. Dessa forma, foi pesado o conteúdo de 10 cápsulas do
extrato em pó de lichia e transferido para um erlenmeyer de 125 mL (as pesagens
estão dispostas no Anexo 1). Em seguida foi adicionado 25 mL de metanol e
aquecido sob ebulição branda em chapa aquecedora por 30 minutos. Os extratos
obtidos foram filtrados em papel de filtro e transferidos para um balão volumétrico de
50 mL. O resíduo do extrato foi lavado com mais 25 mL de metanol e foi realizada
uma nova filtração, sendo o filtrado transferido para o balão de 50 mL, que em
seguida teve o seu volume completado com metanol.
Do extrato diluído, 1,0 mL foi transferido para um balão volumétrico de 25 mL
e, de forma semelhante ao procedimento empregado no preparo da curva de
calibração, foram acrescentados os mesmos reagentes. Após o preparo, foram
realizadas as leituras, a temperatura ambiente, em espectrofotômetro a 420 nm com
cubeta de quartzo de 10mm. As amostras foram lidas tendo como referência ao
padrão 3 (100%), ou seja, padrão que corresponde a concentração de 0,0125
mg/mL. As análises foram realizadas em triplicata a fim de minimizar os erros. A
realização de experimentos em triplicata é recomendada nos laboratórios de ensino
porque é um compromisso aceitável entre a precisão e o trabalho (PASSARI, 2011).
A Figura 5 mostra as etapas de preparo da amostra.
Figura 5: Etapas de preparo da amostra

Fonte: Autoria própria


25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CALIBRAÇÃO DO ESPECTROFOTÔMETRO

A curva de calibração foi realizada através da leitura no espectrofotômetro


(UV/Vis - 420nm) das soluções de concentrações crescentes e regulares obtidas no
item 4.3. Esses valores obtidos para a leitura das amostras de padrão de rutina
estão discriminados na Tabela 2.

Tabela 2: Valores de Absorbância por Padrão

Padrão Conc. (mg/mL) Absorb. (nm)


1 0,0100 0,0165
2 0,0113 0,0169
3 0,0125 0,0170
4 0,0138 0,0176
5 0,0150 0,0181

Fonte: Autoria própria

Como pode ser observado pela Tabela 3, os valores de absorbância foram


maiores, à medida que se aumentaram as concentrações de rutina. A partir desses
resultados, foi construída a curva de calibração (Figura 6) utilizando o Excel, tendo
como coeficiente linear R² = 0,9587, um valor dado como satisfatório para a curva de
calibração.

Figura 6: Curva de calibração de Rutina

Fonte: Autoria própria


26

5.2. EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONOIDES

A obtenção do extrato das amostras da lichia foi realizada de acordo com o


item 4.4 apresentado, mantendo o aquecimento brando (valor inferior a 60 oC), haja
visto a volatilidade dos compostos fenólicos. O uso da temperatura pode favorecer a
extração dos compostos fenólicos, entretanto temperaturas extremas podem
degradar essas substâncias (BARBOSA, PAES e PEREIRA, 2016). Outro ponto foi a
escolha do metanol como solvente para extração, pois pode-se dizer que através
dos solventes com características mais polares, como o metanol, obtém-se maior
eficiência de extração de compostos fenólicos (GUINDANI et al., 2015).
Durante o procedimento da extração, foi notada uma coloração branda no
extrato filtrado (Figura 7). Essa coloração pode ter sido proveniente do corante do
extrato utilizado ou até mesmo procedimento de fabricação do extrato, uma vez que
a polpa é branca (sem coloração) e o fornecedor não deu informações sobre o
processo de extração, se foi realizado somente na polpa ou em todo o fruto. Apenas
a casca da lichia apresenta coloração (conforme pode ser visualizado na Figura 1)

Figura 7: Amostra do Extrato

Fonte: Autoria própria

A Tabela 3 mostra os resultados obtidos das amostras analisadas na relação


absorbância x concentração.
27

Tabela 3: Absorbância x Concentração

Amostra Absorb Conc. % Conc. (mg/mL)

Referência 0,017 100,00 0,0125

1 0,014 82,35 0,0103

2 0,013 76,47 0,0096

3 0,013 76,47 0,0096

Média 0,013 78,43 0,0098

Fonte: Autoria própria

Os cálculos foram realizados tomando por base o padrão de 2,5mg/mL e por


regra de três simples (Absorbância x Concentração), foram obtidos os resultados
apresentados na Tabela 3. Após cálculos baseados nos valores absorbância x
concentração, foi possível verificar que as amostras apresentam flavonoides em sua
composição.
Como resultado da extração, foram obtidos 287,0861 mg de flavonoides
expressos em rutina, dispostos em 100 gramas do extrato de lichia (média das três
analises / três amostras). Em anexo os cálculos realizados. Em comparação com a
extração realizada por outros autores, Septembre-Malaterre et al 2016 encontrou
53,3 mg de flavonoides expressos em quercetina. Já Luximon-Ranna et al 2003
encontrou 9,4 mg de flavonoides expressos em quercetina. Ressalto que a
quantificação desses autores se deu com um padrão diferente (comprimento de
onda diferente) do utilizado no trabalho além da quantificação ter sido feita no fruto
in natura, já o presente trabalho em extrato seco. Mesmo utilizando o mesmo padrão
(quercetina), os autores divergiram nos resultados encontrados, fato também
observado na presente quantificação, contudo realizado com outro padrão (rutina
420nm).
O valor encontrado é bem maior do que outras frutas mais comuns, como a
banana (8,70 mg/100g - SAVI et al 2017), maçã (12,13 mg/100g - SAVI et al 2017) e
morango (93,78 mg/100g - Ribeiro, Castro e Piovezan 2015). Um ponto a ressaltar é
o fato da quantificação da lichia ter sido realizada em extrato seco, já os demais
autores, a quantificação se deu nos frutos in natura, o que pode responder a grande
diferença nos valores.
28

Neste trabalho não foi possível realizar a quantificação com o fruto in natura
haja vista a época da realização das análises não foi possível adquirir o fruto, que
tem sua colheita no fim de ano, e mesmo em busca no Ceasa, em mercados ou
mesmo em compra pela internet, não foi encontrado, o que inviabilizou a realização
da quantificação do fruto in natura.
29

CONCLUSÃO

Os métodos utilizados no presente estudo possibilitaram a extração e


quantificação de uma fração significativa de flavonoides encontrados no extrato
comercial de lichia. O método de extração utilizando o metanol como solvente se
apresentou satisfatório, dada a concentração de flavonoides extraídos. Este
resultado foi bem expressivo sendo a polaridade do solvente um fator muito
importante a considerar na extração de um composto.
Um comparativo entre a quantidade de flavonoides encontrada na lichia e
outras frutas (morango, maçã, banana) mostrou o grande potencial nutritivo dessa
fruta, ressaltando, porém que, o resultado apresentado deste trabalho foi feito a
partir do extrato comercial, já as outras fontes utilizadas obtiveram os resultados do
fruto in natura. A indústria farmacêutica já faz uso das propriedades presentes nos
flavonoides, visto a importância dessas substâncias, dadas as suas inúmeras
propriedades medicinais. O desenvolvimento de novos produtos a partir de fontes
naturais como as frutas em suas formulações, aliado as suas propriedades
funcionais e nutricionais, contribui para diversificar as possibilidades de mercado,
uma vez que os consumidores buscam na alimentação um alento a qualidade de
vida.
O consumo de frutas é um fator importante devido seus efeitos benéficos no
que diz respeito à presença de nutrientes e ou não nutrientes, como vitaminas,
compostos bioativos, isso aliado a hábitos de vida saudáveis como uma alimentação
balanceada, práticas regular de atividades físicas leves além de buscar dormir bem.
Assim, estudos como este ressaltam a importância de se manter uma dieta
equilibrada e rica em fitoquímicos como os flavonoides, que podem contribuir para o
melhor funcionamento do sistema imunológico e para a proteção do organismo
contra agentes infecciosos, promovendo a saúde e a melhora da qualidade de vida.
Não há nenhuma pesquisa científica que indique a quantidade total de flavonoides
que devem ser ingeridos diariamente por pessoa, isso pode ser devido à falta de
dados sobre a sua distribuição nos alimentos, além de não existir nenhuma
recomendação de consumo diário dessas substâncias.

O consumo de antioxidantes na dieta, como os flavonoides presentes na lichia


e em outras frutas, podem tornar-se substâncias protetoras a uma vasta gama de
doenças, das quais podemos citar as relacionadas aos danos causados pelos
processos oxidativos, diabetes e câncer assim como as doenças cardiovasculares.
Dessa forma, os flavonoides, diante dos expostos, se mostram como promissores e
30

promotores de melhoria na qualidade de vida, sendo benéfico ao funcionamento do


organismo, de grande importância para a saúde.
31

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36

GLOSSÁRIO

Alimentos funcionais: Alimentos funcionais são aqueles que, além de nutrirem o


corpo, são aliados na prevenção de doenças.

Compostos bioativos: São chamados “bioativos” os compostos que proporcionam


benefícios para a saúde. Trata-se de substâncias que estão presentes em pequenas
quantidades nos alimentos e não têm funções essenciais como os nutrientes, ou
seja, sua falta não acarreta uma deficiência ou uma doença. Sobretudo, eles estão
presentes em alimentos funcionais, e tem várias propriedades benéficas para a
saúde. Esses compostos contribuem para a prevenção e o tratamento de doenças

Fitoquímicos: São nutrientes específicos encontrados nos alimentos de origem


vegetal, que não se enquadram nem dentro das vitaminas, nem dos minerais,
considerados assim, uma nova categoria de nutrientes. Os mais conhecidos dentre
eles são os flavonoides, os carotenoides e as isoflavonas. Os fitoquímicos são
compostos químicos bioativos e funcionam como fatores de proteção ao nosso
organismo.
37

ANEXOS
38

Anexo 1 – Pesagens das amostras do extrato seco


39

Anexo 2 – Sequência de preparo dos padrões

Anexo 3 – Sequência de preparo das amostras


40

Anexo 4 – Cálculos da quantificação

Obs: Nos cálculos acima foi realizado como exemplo para a amostra 1. O resultado final foi a média
das 3 amostras com peso final de 287,0861 mg de flavonoides expressos em rutina.

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