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CÂMPUS DE ITUMBIARA

Curso de Farmácia
Trabalho de Conclusão de Curso

THAYLINE DUARTE DA FÉ SILVA

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CAFEÍNA EM BEBIDAS E ALIMENTOS


ESTIMULANTES

Itumbiara-GO
2019
1

THAYLINE DUARTE DA FÉ SILVA

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CAFEÍNA EM BEBIDAS E ALIMENTOS


ESTIMULANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Estadual de Goiás – Câmpus
Itumbiara, para obtenção do grau de Bacharel em
Farmácia Generalista.

Orientadora: Prof. Dra. Joyce Rover Rosa

Itumbiara-GO
2019
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4

À Deus, a quem dedico não somente este


trabalho, mas todos os meus esforços, conquistas
e vitórias presentes e futuras.
Aos meus pais, Adnival e Maricélia, que muito
trabalharam para a realização deste sonho.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporciona a vida com saúde, por ter me dado força durante toda a minha
vida, por não me deixar faltar nada e me ajudou a trilhar pelo caminho certo.
Ao meu querido pai Adnival Duarte da Silva por me impulsionar e apoia a iniciar o curso de
farmácia, por cuida de mim e de todas as minhas finanças.
A minha querida mãe Maricélia Alvina da Fé Silva por ser meu braço direito ajudando em
tudo que fosse necessário, até mesmo ajudando a deixar meu jaleco sempre branquinho.
As minhas irmãs Thaynara Duarte da Fé Silva e Thayane Duarte da Fé Silva por todo carinho
e apoio.
A toda minha família que tanto amo, e que estão sempre me apoiando, incentivando e
mostrando o melhor caminho a seguir.
Ao meu amor Leonardo Borges da Silva por toda compreensão e apoio nos dias de grandes
desafios.
A minha amiga e companheira Thâmide Emanuela Freitas dos Santos pela amizade que se
intensificou durante o curso e que será para toda a vida, vivenciamos juntass muitos
momentos de descontração e muitos momentos tensos, que em todos tiveram aprendizados.
A minha amiga Stephanie Rodrigues Araújo pelos conselhos, apoio e carinho.
A Profº Dra. Joyce Rover Rosa, minha orientadora e prof do coração, pelo apoio, empenho,
dedicação, conhecimentos transmitidos, paciência com que supervisionou e confiança
depositada na realização deste trabalho.
Ao Laboratório de Química Experimental pela disponibilização dos meios de utilização no
decorrer do trabalho, aos técnicos do laboratório Roseane, Karolaine e Tarcísio, e a empresa
Rai Ingredientes Industrial.
A Universidade Estadual de Goiás pela oportunidade oferecida.
Aos Bibliotecários e demais Funcionários pelo suporte durante a elaboração desse trabalho de
curso e durante toda a graduação.
Aos demais professores da Universidade Estadual de Goiás por todo o conhecimento e todo o
apoio durante o curso.
A todos os demais colegas do curso, que tive o prazer de conhecer durante este período
acadêmico.
Faço meus agradecimentos a todos que direta e indiretamente contribuíram para a efetivação
deste trabalho.
6

“Bendito o homem que confia no Senhor e


cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como
a árvore plantada junto às águas, que estende
as suas raízes para o ribeiro e não receia
quando vem o calor, mas a sua folha fica
verde; e, no ano de sequidão, não se perturba,
nem deixa de dar fruto”
Jeremias 17:7-8 (Bíblia Sagrada).
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RESUMO

SILVA, Thayline Duarte da Fé. Avaliação do teor de cafeína em bebidas e alimentos


estimulantes. 2019. 45 f. Monografia (Bacharel em Farmácia), Universidade Estadual de
Goiás, Itumbiara-GO, 2019.

Estima-se que bilhões de pessoas incluem a cafeína em suas alimentações diárias e as


aplicações se dão em diversos setores como indústria alimentícia, de bebidas e farmacêutica.
Apesar dos seus benefícios, o consumo excessivo de cafeína pode levar ao desenvolvimento
de dependência e/ou outros fatores que afetam diretamente a qualidade de vida. O objetivo
deste trabalho é extrair cafeína de alimentos e bebidas comerciais e determinar o seu teor.
Para a extração utilizou-se cinco tipos de amostras (café em pó tradicional, chocolate ao leite
em barra, refrigerante de cola, chá preto e energético), cada amostra foi diluída em água
quente e utilizou o método separação líquido-líquido com adição de clorofórmio. Para
comparação, realizou-se análise morfológica e microscópica. Caracterizou a cafeína em
Cromatografia de Camada Delgada (CCD). Fez-se um estudo bibliográfico sobre os
benefícios da cafeína. Quanto a análise quantitativa de cafeína encontrou-se que o café (2,4%)
e o chá preto (0,7%) são as bebidas que apresentaram maior concentração de cafeína,
entretanto não atendem a legislação brasileira (1,2 a 2% para o café e 0,08% para o chá preto).
O chocolate ao leite (0,3%) atende o preconizado pela legislação (0,4%). O refrigerante de
cola e o energético (ambos 0,2%) são as bebidas que menos possuem cafeína e não há
legislação específica para determinar o teor. Na análise morfológica, as amostras
apresentaram aspecto de cristais aglomerados e pontiagudos amarelados diferente da cafeína
pura em comparação que se apresenta em forma de pó branco. As análises em microscópio
óptico confirmou a presença de cafeína devido a presença de cristais. Além disso, a CCD em
celulose permitiu a identificação de cafeína padrão (Rf 0,83) e nas amostras de café (Rf 0,39)
e chá preto (Rf 0,42). A partir da pesquisa bibliográfica, pôde-se dizer que a cafeína tem papel
importante na prevenção de doenças neurodegenerativas, cardiovasculares, dislipidêmicas,
além de ser útil no tratamento de enxaqueca.

Palavras-chave: Metilxantinas. Bebidas Energéticas. Alcalóides. Café.


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ABSTRACT

SILVA, Thayline Duarte da Fé. Evaluation of caffeine content in beverages and


stimulating foods. 2019. 45 leaves. Monograph (Bachelor in Pharmacy), Universidade
Estadual de Goiás, Itumbiara-GO, 2019.

It is estimated that billions of people include caffeine in their daily meals and its
applications occur in several sectors like food, beverage and pharmaceutical industry. Despite
its benefits, excessive consumption of caffeine can lead to the development of addiction and /
or other factors that directly affect one’s quality of life. This paper’s purpose is to extract
caffeine from commercial foods and beverages and determine their content. Five types of
samples were used (traditional coffee powder, milk chocolate bar, cola, black tea and energy
drink), each sample was diluted in hot water and the liquid-liquid separation method was used
with the addition of chloroform. For comparison purposes, a morphological and microscopic
analysis was performed. It characterized caffeine by thin layer chromatography (TLC). A
bibliographic study on the benefits of caffeine was done. Regarding the quantitative analysis
of caffeine, it was found that coffee (2.4%) and black tea (0.7%) were the beverages that had
the highest concentration of caffeine, not complying with Brazilian legislation (1.2 to 2 % for
coffee and 0.08% for black tea). Milk chocolate (0.3%) does comply with the country’s
legislation (0.4%). The cola and energy drinks (both 0.2%) are the least caffeinated beverages
and there is no specific legislation to determine the right content. In the morphological
analysis, the samples showed a yellowish-agglomerated and pointed crystalline appearance
different from the pure caffeine in comparison, which appears as a white powder. Optical
microscope analysis confirmed the presence of caffeine due to the presence of crystals. In
addition, cellulose TLC allowed the identification of standard caffeine (Rf 0.83) and coffee
samples (Rf 0.39) and black tea (Rf 0.42). From the bibliographical research, caffeine could
be said to play an important role in the prevention of neurodegenerative, cardiovascular, and
dyslipidemic diseases, besides being useful in the treatment of migraine.

Keywords: Methylxanthines. Energetic drinks. Alkaloids. Coffee.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura Química da


Cafeína............................................................................15
Figura 2 - Principal via da biossíntese da cafeína nas plantas............................................
16
Tabela 1 - Comparação entre os efeitos da cafeína e adenosina sobre o organismo
humano............................................................................................................. 17
Tabela 2 - Dados correspondente às informações valores de cafeína preconizado pela
legislação brasileira...........................................................................................
18
Tabela 3 - Dados correspondentes às informações de rotulagens dos alimentos e bebidas
utilizados no estudo...........................................................................................
25
Tabela 4 - Comparativo entre as quantidades encontradas a partir da extração de cafeína e
os dados da literatura.........................................................................................
29
Figura 3 - Imagens de morfologia a olho nu da cafeína. a) cafeína pura comercial; b)
cafeína extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chocolate ao leite; d)
cafeína extraída do chá preto em sachê; e) cafeína extraída do refrigerante a
base de cola; f) cafeína extraída do
energético........................................................................ 32
Figura 4 - a) e b) Cristais de cafeína, dados da literatura c) Cristais de cafeína obtido no
processo de extração do café em pó tradicional.................................................
33
Figura 5 - Imagens de microscopia óptica de cafeína no aumento de 100x. a) cafeína pura
comercial; b) cafeína extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chocolate
ao leite; d) cafeína extraída do refrigerante a base de cola; e) cafeína extraída
do chá preto em sachê; f) cafeína extraída do
energético.............................................. 34
Figura 6 - Imagens da CCDC usando revelador iodo. a) cafeína pura comercial; b) cafeína
extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chocolate ao leite; d) cafeína
extraída do refrigerante a base de cola; e) cafeína extraída do chá preto em
10

sachê; f) cafeína extraída do


energético........................................................................ 34

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária


CCD Cromatografia em Camada Delgada
FDA Food and Drug Administration
IDR Ingestão Diária Recomendada
IV Infravermelho
IVTF Espectrômetros de IV com transformadas de Fourier
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
SNC Sistema Nervoso Central
UV Ultravioleta
11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................12
2. REVISÃO DE
LITERATURA.............................................................................14
2.1. CAFEÍNA........................................................................................................
.......15
2.2. REGULAMENTAÇÃO PARA O TEOR DE
CAFEÍNA.......................................17
2.3. CARACTERIZAÇÃO DA
CAFEÍNA....................................................................21
3. OBJETIVOS..........................................................................................................24
3.1. OBJETIVO
GERAL...............................................................................................24
3.2. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS..................................................................................24
4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................25
4.1. EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA DAS
AMOSTRAS....................................................25
4.2. OBSERVAÇÃO DA CAFEÍNA NO MICROSCÓPIO
ÓPTICO...........................26
4.3. CARACTERIZAÇÃO DA CAFEÍNA ATRAVÉS DA
CROMATOGRAFIA EM CAMADA
12

DELGADA...........................................................................................26
4.4. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA
CAFEÍNA..........28
5 RESULTADOS E
DISCUSSÕES.........................................................................29
4.5. EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA DAS
AMOSTRAS...................................................29
4.6. COMPARAÇÃO DA CAFEÍNA EXTRAÍDA DAS AMOSTRAS COM A
CAFEÍNA COMERCIAL ......................................................................................32
4.7. OBSERVAÇÃO DA CAFEÍNA NO MICROSCÓPIO
ÓPTICO..........................33
4.8. CARACTERIZAÇÃO DA CAFEÍNA ATRAVÉS DA
CROMATOGRAFIA EM CAMADA
DELGADA...........................................................................................34
4.9. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA
CAFEÍNA..........35
5. CONCLUSÃO.......................................................................................................38
REFERÊNCIAS....................................................................................................39

1 INTRODUÇÃO

Alimentos e bebidas que contêm a cafeína como substância psicoativa são


considerados os mais consumidos no mundo, não dependendo da idade, sexo ou localização
geográfica. Sabe-se que esta não é consumida apenas por suas características organolépticas,
mas também devido ao seu efeito estimulante. Estima-se que bilhões de pessoas no mundo
incluem a cafeína na alimentação diária, sendo que a ingestão de refrigerantes à base de cola e
bebidas energéticas apresentam uma expansão considerável nos últimos anos entre jovens e
adolescentes (CAMARGO; TOLEDO, 1998; SILVA, 2003; MARTINELLI, 2009).
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A cafeína é um alcaloide pertencente ao grupo das metilxantinas que pode ser


encontrado em diversos produtos vegetais tais como, sementes de café (Coffee sp., sendo as
mais comuns a Coffea arabica e Coffea canephora), folhas de chá preto (Camellia sinensis),
sementes do cacau (Theobroma cacao), guaraná (Paullinia cupana), cola (Cola acuminata e
Cola nítida) dentre outros (DE MARIA; MOREIRA, 2007; BRAGA; ALVES, 2000;
ALVES; CASAL; OLIVEIRA, 2007; BRAZIELAS, 2018; ).
Há diversos fatores que podem provocar a variação na quantidade de cafeína presente
nessas bebidas e alimentos como, a espécie da planta, o tipo de grão de café, cacau ou folha
de chá, a localização geográfica, o clima, as práticas culturais e o tamanho da porção
consumida (LOPES et al., 2007; TAVARES; SAKATA, 2012).
Os efeitos farmacológicos da cafeína podem provocar alterações fisiológicas no
Sistema Nervoso Central (SNC), sistema cardiovascular e homeostase de cálcio. Dentre esses
efeitos são descritos como principais, o aumento da capacidade de alerta, redução da fadiga e
melhora no desempenho de atividades que requer maior vigilância. Como efeito adverso, a
cafeína pode afetar negativamente o controle motor, a qualidade do sono e causar
irritabilidade em indivíduos com quadro de ansiedade (BRENELLI, 2003; ALVES; CASAL;
OLIVEIRA, 2009; TAVARES; SAKATA, 2012). De acordo com Andrade et al. (1995),
consumidores de cafeína em excesso estão sujeitos à síndrome do “cafeínismo” que apresenta
sintomas como ruído no ouvido, diarreia, delírios, taquipneia, tensão muscular e tremores.
Segundo as regulamentações da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA a
cafeína pode ser adicionada à bebidas do tipo cola (alimentos convencionais) e a outros
alimentos se for um aditivo alimentar, aprovado em até 0,02% (USA, 2009). Entretanto, a
quantidade de cafeína por porção ou dose em um produto nem sempre aparece em seu rótulo
pois dependem tanto da formulação quanto da categoria regulatória na qual o produto
enquadra. Na tabela de Informações Nutricionais em rótulos de alimentos e bebidas devem
incluir informações dietéticas recomendadas apenas para nutrientes, e a cafeína não é um
nutriente. Sendo assim, esta problemática representa um desafio para os pesquisadores em
determinar o teor de cafeína de muitos produtos e, assim, estimar sua ingestão (BAILEY et
al., 2014).
O presente trabalho visa determinar o teor de cafeína dos variados tipos de alimentos e
bebidas comerciais devido a cafeína ser uma das substâncias mais largamente utilizadas em
todo o mundo. Simultaneamente, tanto existe um crescente aumento no consumo de café,
como há escassez de estudos, principalmente nacionais e locais, direcionados a identificar o
padrão de utilização de bebidas e alimentos contendo cafeína. Além disso, os estudos sobre
14

as implicações para a saúde resultantes do consumo desta substância, são de interesse dos
consumidores de alimentos, bebidas e medicamentos. Sobretudo, o consumo excessivo de
cafeína pode levar ao desenvolvimento da dependência dessa substância, além de sintomas
como dores de cabeça, insônia e outros fatores que afetam diretamente a qualidade de vida.
É importante ressaltar, que existem estudos sugerindo o papel fundamental da cafeína
como auxiliar na prevenção de várias doenças, o que enfatiza a importância da
regulamentação sobre quantidade do consumo desta substância, uma vez que há a necessidade
da população estar alerta sobre os males que a ingestão exagerada pode causar.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

De modo histórico, a cafeína derivada de fontes naturais, é consumida e apreciada


desde muitos séculos, sendo o chá a bebida mais antiga que contém cafeína. Para Almeida,
Sangiovanni e Liberali (2009), alguns antropologistas acreditam que o primeiro uso da cafeína
proveniente das plantas, ocorreu há mais de 600 mil anos a.C., na idade da Pedra. Entretanto,
acredita-se que seu descobrimento tenha sido feito na Etiópia, em torno de 700 a.C. onde a
planta crescia naturalmente.
A extração da cafeína pelo café foi realizada pela primeira vez pelo Dr. Ludwing
Roselius e o Dr. Karl Wimmer, na Alemanha no começo do século XX e essa invenção foi
15

patenteada em 1905 surgindo assim logo na sequência a possibilidade do uso de cafeína em


medicamentos (SALDAÑA, 1997).
De acordo com Almeida, Sangiovanni e Liberali (2009), o hábito de tomar café foi
considerado pela ortodoxia islâmica como algo apropriado para rezar sem adormecer e, além
disso, era um excelente substituto das bebidas alcoólicas. Evidentemente, na
contemporaneidade o café serve como fonte primária de cafeína, sendo consumido em
diferentes níveis e segmentos pela maioria da população. Contudo, sabe-se que o teor de
cafeína extraído do café varia conforme a preparação (filtração, percolação, ebulição,
instantâneo, expresso) divergindo muito de um país para outro, até mesmo região dentro de
um mesmo país. Sendo assim, como resultado tem-se que o conteúdo de cafeína em uma
xícara de café varia consideravelmente (PENAFORT, 2008).
As bebidas estimulantes, a princípio, foram utilizadas por desportistas com os intuito
de levar a uma maior concentração nas atividades exercidas, aumentar a resistência física,
além de evitar o sono, estimular o metabolismo, fornecer reações mais acelerada a quem as
consumia, ajudar a eliminar substâncias nocivas para o corpo, e por fim mas não menos
importante, proporcionar sensação de bem-estar (CARVALHO et al., 2016).
O café e o guaraná estão dentre os produtos, que contêm a cafeína, de grande interesse
para as indústrias alimentícias, farmacêuticas e cosméticas devido constituir processos para
extraí-los das suas fontes naturais. A extração desses produtos apresenta uma boa relevância,
pois impede o consumo exagerado desse alcalóide e são vendido às indústrias farmacêuticas e
produtoras de bebidas à base de cola, permitindo receitas suficientes para cobrir os custos do
processo de descafeinação (CARDOZO; CASTRO, 2014).

2.1 CAFEÍNA

A cafeína (1,3,7- trimetilxantina) é proveniente da xantina, sendo considerada


quimicamente associada com outras xantinas (2,6-dioxipurina) como a teofilina (1,3 –
dimetilxantina) e teobromina (3,7 –dimetilxantina). Destaca-se que estas se diferenciam pela
potência de suas ações farmacológicas sobre o SNC, provocando um estado de alerta de
duração curta (ALMEIDA; SANGIOVANNI; LIBERALI, 2009).
A cafeína apresenta fórmula molecular de C8H10N4O2 (Figura 1) e massa molar de 194,
19g/mol. Caracteriza-se por ser um pó branco, cristalino, de sabor muito amargo, inodoro e
com aspecto brilhante. O seu ponto de fusão é de 238°C e o ponto de ebulição é de 178°C.
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Identifica-se por ser quimicamente estável, solúvel em água quente e pouco volátil
(BONACIN, 2013; SANTO, 2016; BRENELLI, 2003).

Figura 1 - Estrutura Química da Cafeína

Fonte: SANTO, 2016.

Na biossíntese da cafeína o precursor é a xantina, um nucleosídeo purínico produzido


pela degradação da adenina e guanina livre. A regulação da rota da síntese (Figura 2) é feita
pelas enzimas N-metiltransferase, sendo as principais 7-metilxantosina sintetase e a cafeína
sintetase ou em alguns casos, pela teobromina sintetase (DUTRA, 2009).

Figura 2 - Principal via da biossíntese da cafeína nas plantas


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NOTA: Enzimas: (1) 7-metilxantosina sintase (xantosina N-metiltransferase), (2) N-metilxantina nucleosidase,
(3) teobromina sintetase (7-metilxantina N-metiltransferase) e/ou cafeína sintetase (7- metilxantina e teobromina
N-metiltransferase), (4) cafeína sintetase (7-metilxantina e teobromina Nmetiltransferase).
Fonte: ASHIHARA; SUZUKI, 2004.

A atividade biológica da cafeína nas plantas é de proteção contra predadores em


tecidos de folhas, flores e frutos, e de inibição da germinação de sementes quando em contato
com o solo. Nos seres humanos, atua no SNC, devido sua ação inibidora sobre os receptores
do neurotransmissor adenosina, situados nas células nervosas (Tabela 1). Muitas das respostas
fisiológicas, com a administração de cafeína, são opostas às da adenosina, por isso, há uma
sensação de revigoramento, diminuição do sono e fadiga, ação estimulante, aumenta o
metabolismo, auxilia na oxidação de gordura, melhora no desempenho de exercícios físicos,
efeito termogênico associado a perda de peso e estimula a broncodilatação. Em contrapartida,
sabe-se que a ingestão da cafeína está ligada a efeitos colaterais como insônia, hipertensão
arterial, ansiedade, alterações do humor, distúrbios gastrointestinais e palpitações (SANTO,
2016; BONACIN, 2013; SCHIMPL, 2013; ALVES; CASAL; OLIVERIA, 2009;
CARVALHO et al., 2006).

Tabela 1 - Comparação entre os efeitos da cafeína e adenosina sobre o organismo humano.


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Local de Ação Cafeína Adenosina


Sistema Nervoso Central Estimulação Sedação

Sistema Cardiovascular Aumento da frequência cardíaca e Diminuição da frequência


Sanguíneo da pressão sanguínea cardíaca e da pressão
sanguínea

Metabolismo Aumento da lipólise no tecido Diminuição da lipólise


adiposo

Sináptico Aumento da liberação de Diminuição da liberação de


catecolaminas catecolaminas

Fonte: BORSTEL, 1983 (apud Carvalho, 2006).

Diante do estudo de revisão literatura feita por Carvalho et al. (2006) sobre o perfil dos
principais componentes da bebida energética é possível destacar a cafeína afeta a função
normal celular e tem diversos efeitos fisiológicos, sendo que apresenta dois efeitos
importantes no sistema respiratório sendo eles, a estimulação dos neurônios do centro
respiratório do cérebro proporcionando um aumento discreto da frequência e a intensidade da
respiração, e um satisfatório efeito broncodilatador nos brônquios. Com isso, evidenciam-se a
utilidade do consumo regular de bebidas que contém cafeína, por pacientes asmáticos.
A cafeína também é utilizada na indústria alimentícia como agente de sabor, por
apresentar sensação amarga bem apreciada nos sabores de alguns alimentos. Em algumas
bebidas consumidas em grandes quantidades, como café e chás esta sensação é uma
peculiaridade importante do sabor. Para tanto, a cafeína é adicionada como agente
modificador de sabor em bebidas tipo soft drink (CARVALHO et al., 2006).
Na medicina terapêutica, a cafeína é empregada em medicamentos para auxiliar no
tratamento de dores de cabeça e enxaqueca. Há pouco tempo tem sido usada também como
coadjuvante em medicamentos para controle do peso, para melhorar o estado de alerta e alívio
de alergias (BALLONE, 2008).

2.2 REGULAMENTAÇÃO PARA O TEOR DE CAFEÍNA

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 277 de setembro de 2005 estabelece o


regulamento técnico para café, chá, erva-mate e produtos solúveis em que o “produto pode ser
adicionado de aroma e ou especiaria para conferir aroma e ou sabor” e o produto deve ser
designado de chá, seguido do nome comum da espécie vegetal utilizada, podendo ser
acrescido do processo de obtenção e ou características específicas. Sendo por tal motivo que
19

não é apresentado quantidade específica nestes determinados produtos (Tabela 2) (BRASIL,


2005).
A RDC n° 273 de 22 de setembro de 2005 da ANVISA, fixa os requisitos mínimos de
características e qualidade para as bebidas denominadas Composto Líquido Pronto para o
Consumo, definidas como sendo produtos que contém como ingredientes principais: inositol
e/ou glucoronolactona, e/ou taurina, e/ ou cafeína, podendo ser adicionada de vitaminas e/ou
minerais até 100% da IDR na porção do produto, podendo ser adicionados outros ingredientes
desde que não haja descaracterização do produto. A RDC em questão, relata que o requisito
específico para esses Compostos Líquido Pronto para o Consumo da cafeína é de no máximo
35 mg/100 mL (Tabela 2).

Tabela 2 - Dados correspondente às informações valores de cafeína preconizado pela


legislação brasileira
Amostras Valores de cafeína Fonte
preconizado pela
legislação
Café em pó 1,2% a 2% Decreto-Lei 53/89
tradicional
Chocolate ao Leite Quantidade não específica RDC 277/2005

Refrigerante a base 0,035% RDC 273/ 2005


de cola
Chá Preto 0,008% a Portaria 519/1998

1,5% SMS/MS, 1998

Energético 0,035% Portaria 868/1998


Fonte: Autoria Própria, 2019.

Seguindo a referência do FDA, uma lata (355mL) de refrigerante geralmente contém


30 a 40mg de cafeína; um copo (237 mL) de chá verde ou preto, 30 a 50 mg, e um copo (237
mL) de café, um pouco mais perto de 80 a 100 mg. Enquanto, a cafeína em bebidas
energéticas pode variar entre 40 e 250 mg em 237 mL (USA, 2018).
As bebidas energéticas são produtos que apresenta em sua composição cafeína, taurina
e vitaminas, podem ainda conter carboidratos ou outras substâncias com o intuito de melhora
psicológica e efeitos na performance. Dentre as bebidas energéticas mais consumidas temos o
café tradicional, chá preto, refrigerante a base de cola e energético. Por ser um estimulante
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comumente encontrado, acessível e de baixo custo, contribui para o consumo elevado da


cafeína (CARVALHO et al., 2006).
Sabe-se que o café é fundamental para a economia e a política de muitos países em
desenvolvimento e sua importância na economia mundial é indiscutível. Ele é hoje o segundo
maior gerador de riquezas do planeta, ficando atrás apenas da indústria petrolífera (ALVES;
DIAS; BENASSI, 2006; BURIAN; BONIFÁCIO; MONTEIRO, 2014; PENAFORT, 2008).
O café é rico em antioxidantes, cafeína, contém compostos fenólicos (ácido
clorogênico, ácido ferúlico e ácido p-cumárico), magnésio, trigonelina e quinidos, sendo que,
as concentrações de cafeína em bebidas de café podem ser bastante variáveis. (FERREIRA,
2014). Partindo desse aspecto, o Decreto-Lei n.º 53/89 preconiza que o limite de cafeína no
café é de no mínimo 1,2% no gênero arábicas e no mínimo 2% nas robustas (Tabela 2), sendo
que o café arábica são mais apreciados que o robusta devido seu aroma e o sabor, por isso
mais valorizado comercialmente. (BRASIL, 1989; ALVES; CASAL; OLIVEIRA, 2009).
Segundo Burian, Bonifácio e Monteiro (2014) “não existem evidências de que
quantidades de até 300 mg de cafeína por dia, aproximadamente 3 xícaras médias de café,
sejam prejudiciais à saúde de um indivíduo normal”. Além disso, Lima (2002) argumenta que
alguns óbitos foram relatados após o uso endovenoso e oral de cafeína, sendo que a dose
capaz de causar a morte de um ser humano adulto é em torno de 5 a 10 g, o equivalente a
cerca de 50 a 100 xícaras de café (média de 75 xícaras), a 100 a 150 xícaras de chá (média de
125 xícaras ) ou mais de 200 garrafas de uma bebida do tipo cola. As principais manifestações
são vômitos intensos e convulsões, sucedendo-se o coma e a morte. Entretanto, doses maiores
do que 400 mg de cafeína por dia podem levar a sintomas de cafeínismo, como já citado
anteriormente.
Para adultos saudáveis, o FDA mencionou 400 mg por dia, o equivalente a quatro a
cinco xícaras de café, como uma quantidade que geralmente não está associada a efeitos
negativos perigosos. No entanto, há uma grande variação em pessoas que são sensíveis aos
efeitos da cafeína e quão rápido eles metabolizam. Algumas condições tendem a tornar as
pessoas mais sensíveis aos efeitos da cafeína, bem como certos medicamentos. Com por
exemplo, a gravidez, amamentação ou em tratamento medicamentoso, é importante verificar
com o médico sobre a necessidade de limitar a ingestão de cafeína. O FDA não estabeleceu
um limite para as crianças, mas diz que a Academia Americana de Pediatria desencoraja o uso
de cafeína ou outros estimulantes por crianças e adolescentes (USA, 2018).
Quanto ao chá preto é importante ressaltar que, este é produzido a partir de folhas de
Camellia sinensis conforme o processo da sua fabricação e nível de fermentação, sendo
21

proveniente da completa fermentação do chá. O chá preto é considerado um alimento


funcional que, se consumido no cotidiano, pode trazer inúmeros benefícios à saúde humana.
Apresenta ação contra os radicais livres, potencial anticarcinogênico, antimutagênico e
capacidade para reduzir doenças cardiovasculares (LIMA et al., 2008). É composto de
polifenóis, compostos orgânicos como aminoácidos (13- 15%), metilxantinas (8-11%),
carboidratos (15%), proteínas (1%), compostos voláteis (<0,1%) e elementos minerais (10%).
Sendo assim, a Portaria 519/1998 preconiza 8,0 mg/100 mL para o chá preto (Tabela 2).
Com relação ao energético, ressalta-se que é uma bebida não alcoólica que possui em
sua composição substâncias como cerca de 32mg/dL de cafeína, 400mg/dL de taurina, cerca
de 240mg/dL vitaminas, aromatizantes, corantes e glucuronolactona; há ainda as opções com
ou sem açúcar (cerca de 11g/dL) (BRASIL, 2012). O autor afirma que a cafeína de bebidas
energéticas é consumida a fim de potencializar o desempenho de resistência por ser um agente
modulador do desempenho físico em atividades físicas de diferentes naturezas.
Atualmente, as bebidas energéticas estão disponíveis para consumo em quase todo o
mundo, oferecendo sabores, refrescância, diversidade e benefícios característicos de suas
propriedades, sendo que a segurança e controle de qualidade desses produtos são regidos e
atestados por diversas autoridades reguladoras (ABIR, 2015). A Portaria 868/1998, preconiza
que a adição de cafeína como ingrediente é permitida, entretanto, o limite máximo é de 350
mg/L (Tabela 2).
No que se refere ao refrigerante, identifica-se que é um tipo de bebida com altas
concentrações de corantes e conservantes, e que contêm também um elevado teor de açúcar,
com aroma sintetizado de fruta e gás carbônico dando o aspecto borbulhante (OLIVEIRA,
2007). Segundo este mesmo autor, o Brasil está em 3º lugar como maior mercado de
refrigerante do mundo, depois dos Estados Unidos e México.
Apesar de que os usuários de produtos cafeinados comumente disponíveis, como café,
chá e refrigerantes, estarem cientes dos efeitos da cafeína, como nervosismo e tremores, eles
podem não estar cientes de que esses produtos puros e altamente concentrados de cafeína são
bem mais potentes e podem causar efeitos leve e graves para a saúde, vômitos, diarreia,
adormecimento, desorientação, incluindo taquicardia, convulsões e morte. Ressalta-se ainda
que condições pré-existentes podem intensificar os efeitos da cafeína e tornar esses produtos
ainda mais perigosos para alguns indivíduos (USA, 2018a).
Sobre o chocolate destaca que trata-se de um alimento altamente energético produzido
pela mistura de derivados do cacau. Apresenta mais de 300 substâncias químicas em sua
composição química total sendo estas as principais: cafeína, feniletilamina, endorfina e
22

triptofano, que, além de outras propriedades, auxiliam na redução do estresse e ansiedade das
tensões do dia a dia (MARTINS; LIMA; JELLER, 2016). Os brasileiros preferem o chocolate
ao leite por ser mais adocicado e contém em média 30% de cacau, sendo que o contribuinte
para o sabor amargo é a quantidade dos alcaloides teobromina (1,75%) e cafeína (0,4%)
(LANNES, 1997). O chocolate ao leite é preparado com pasta de cacau, açúcar e leite, leite
em pó evaporado ou condensado (BATISTA, 2008).
O FDA (USA, 2018b) monitora rigorosamente o mercado de produtos perigosos,
incluindo suplementos alimentares que consistem em cafeína pura e altamente concentrada, e
constantemente, tomam medidas conforme apropriado. Se existirem violações, a FDA pode
tomar medidas de execução, como a apreensão do produto ou uma medida cautelar para evitar
que a empresa continue a fabricar ou comercializar o produto.

2.3 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DA CAFEÍNA

A cafeína pode ser determinada por vários métodos, sendo comum a todos eles a
necessidade de uma extração e purificação inicial, dentre eles estão a caracterização por
Cromatografia em Camada Delgada (CCD), quantificação por espectrofotometria de
infravermelho (IV) e ultravioleta (UV), reação de murexida e processo com fluidos
supercríticos.
Segundo Prasniewsk et al. (2015), a CCD baseia-se no mecanismo de adsorção pois a
fase móvel elui pela fase estacionária, devido a capilaridade, e assim interage com a amostra e
o padrão que estão na fase estacionária. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é
compartilhada entre a fase líquida móvel e a fase sólida estacionária. Durante este processo,
os diversos componentes da mistura são separados. A CCD é tradicionalmente usada para
separar substâncias por meio do fator de retenção (R f) que é a razão entra a distância
percorrida pela substância estudada e a distância percorrida pela fase móvel (TOSATO,
2016).
A CCD tem sido escolhida por apresentar resultados satisfatórios de exatidão e
precisão, e possui como vantagem a rápida realização do procedimento. De fato, é uma
técnica de adsorção líquido-sólido em que a separação ocorre por diferença de afinidade, com
isso, permite a purificação e identificação de compostos e substâncias da mistura sobre a
superfície de um papel de filtro de qualidade especial (fase estacionária) (DE MARIA;
MOREIRA, 2007; MONTEIRO et al., 2014; ANVISA, 2010).
23

A Farmacopéia Brasileira (BRASIL, 2010) retrata que a fase estacionária pode ser
composta por uma fina camada de adsorvente aplicado sobre um suporte plano, o qual pode
ser constituído de diversos materiais tais como vidro, alumínio ou poliéster.
Essa técnica pode ser aplicada na a identificação de compostos, para purificação de
compostos e na separação dos componentes de uma mistura. Pode-se utilizar escalas analíticas
ou preparativas, as quais ambas utilizam placas de vidro com espessura de 3 a 4 mm. Além
disso, apresenta rapidez, facilidade, baixo custo e fácil identificação visual, sendo a preferida
para acompanhar reações orgânicas, purificação de compostos e identificação de substâncias
previamente obtidas através de cromatografia líquida clássica (MONTEIRO et al., 2014).
Nos últimos anos, a técnica de espectroscopia de IV revelou resultados muito
interessantes quando aplicada nas áreas farmacêutica e de alimentos. Nesse contexto,
destacar-se o uso dos espectrômetros de IV com transformadas de Fourier (IVTF) e seu
emprego na identificação e dosagem de cafeína em medicamentos, chás e café. Essa técnica
consiste em diluir os princípios ativos em clorofórmio, e posteriormente ocorre a filtração das
soluções para remover os excipientes (DE MARIA; MOREIRA, 2007; BONACIN, 2013).
Segundo Batista et al (2015) a cafeína é responsável pelas bandas na região entre
1550-1750 cm-1 no espectro de IV da cafeína pura. De fato, duas vantagens importantes dessa
técnica é que durante a análise não há produção de resíduos químicos e ainda permite a
obtenção de espectros de pós, sólidos e espécies químicas adsorvidas em sólidos.
Quanto ao método de espectrofotometria de ultravioleta (UV) pela cafeína ocorre por
absorção de radiação eletromagnética na região do UV, sendo que o extrato aquoso da matriz
é tratado com óxido de magnésio e ferrocianeto de zinco para remoção de trigonelina e outros
compostos interferentes. A quantificação é conduzida com base na análise da absorvância no
comprimento de onda de 272 nm. Este método é considerado de baixo custo, é mais rápido,
simples e preciso que técnicas gravimétricas, porém, os resultados podem ser superestimados
pela presença de interferentes (DE MARIA; MOREIRA, 2007).
Outra caracterização de cafeína pode ser realizada pela reação de murexida, devido a
presença da metilxantina, essa reação fundamenta-se na cisão oxidativa da cafeína em
aloxano que sob aquecimento com clorato de potássio 8% (KClO 3 8%) e ácido nítrico 65%
(HNO3 65%) dá origem a aloxantina que em contato com vapores de revelada com hidróxido
de amônio 30% (NH4OH 30%) forma o purpurato de amônia, sal que apresenta cor violácea
(LOPES; NETO JUNIOR, 2011; COSTA; GUIMARÃES; VIEIRA, 2014).
Sobre o processo com fluidos supercríticos (FSC) faz-se necessário destacar que este
processo baseia-se na exploração das propriedades do fluido em torno do seu ponto crítico,
24

sendo que o fluido apresentar densidade bem parecida com a da fase líquida. Além disso, as
propriedades de transporte são próximas da fase gasosa. Segundo Saldaña (1997, p. 2) “na
região supercrítica, as propriedades são particularmente sensíveis á temperatura e pressão,
gerando mudanças enormes na densidade e, portanto, no poder de solubilização”. Isso
acontece nos processos de extração devido a densidade de solventes líquidos ser somente
alterada pela adição de outros solventes ou aumento na temperatura. Uma vantagem do uso de
FSC é o fato do líquido possuir uma viscosidade menor e um coeficiente de difusão de massa
maior, apresentando, portanto, maiores taxas de transferência de massa.
25

3 OBJETIVOS

Os objetivos apresentam em 3.1 e 3.2.

3.1 GERAL

O objetivo geral consiste em extrair e determinar o teor de cafeína de cinco bebidas e


alimentos estimulantes.

3.2 ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:


a) Extrair a cafeína de café em pó tradicional, chá preto, refrigerante a base de cola,
chocolate ao leite e energético;
b) Observar no Microscópio Óptico a presença de cristais de cafeína;
c) Comparar a cafeína extraída das amostras com a cafeína comercial;
d) Caracterizar a cafeína através da Cromatografia de Camada Delgada;
e) Verificar se os produtos estão de acordo com a legislação vigente;
f) Compreender sobre os benefícios da cafeína.
26

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo experimental quantitativo e qualitativo, o qual realizou-se a


extração de cafeína das amostras de café em pó tradicional, chá preto em sachê, refrigerante a
base de cola, chocolate ao leite em barra e bebida energética. O procedimento foi realizado no
Laboratório de Química Experimental da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Itumbiara.
As amostras foram selecionadas de acordo com as marcas mais vendidas no mercado e
foram adquiridas no comércio da cidade de Itumbiara, Goiás. Foi utilizado uma amostra
comercial de cafeína pura, comprada em farmácia de manipulação, para comparar com as
extraídas nas análises de morfologia a olho nu e de microscopia óptica. Os dados
correspondentes à fabricação de cada amostra estão na Tabela 3.

Tabela 3 - Dados correspondentes às informações de rotulagens dos alimentos e


bebidas utilizados no estudo
Amostras Forma/ Data de Data de Local de
Estado Fabricação Validade Fabricação
físico
Café em pó Sólido NC 29/07/2019 Santa Luiza/MG
tradicional
Chocolate ao Barra NC 28/06/2019 Caçapava/SP
Leite
Refrigerante Líquido NC 31/12/2018 Brasília/DF
a base de cola
Chá Preto Sólido 07/06/18 07/12/2019 Fazenda Rio
Grande/PR

Energético Líquido NC 14/02/2020 Itajaí/SC

Cafeína pura Sólido 25/12/218 24/12/2021 NC

NC- Não Consta


Fonte: Autoria Própria, 2019

4.1 EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA DAS AMOSTRAS


27

Conforme a adaptação de Brenelli (2003), o procedimento de extração foi realizado


com 10g da amostra dissolvido em 125 mL de água quente a 60 °C em um béquer de 600 mL.
Deixou a solução esfriar e adicionou 100 mL de solução MgO a 10%, após agitou a mistura
em banho-maria por cerca de 30 min a 50 °C. Depois de decorrido o tempo necessário,
retirou-se a mistura do banho-maria por 5 minutos. Filtrou a suspensão a vácuo e adicionou,
ao sobrenadante, cerca de 10 mL de uma solução de ácido sulfúrico 0,1 mol/L para acidificar
o meio (mediu o pH com um papel indicador e, quando foi necessário, adicionou mais ácido
sulfúrico até o pH ficar próximo de 1). Em uma placa de aquecimento e agitação, concentrou
o sobrenadante até a metade do seu volume original. Depois de frio, extraiu o sobrenadante
com 3 porções de 15 mL de clorofórmio, em seguida, transferiu a camada orgânica para um
Erlenmeyer e lavou a fase aquosa básica com duas porções de 5 mL de clorofórmio.
Adicionou 5 g de Sulfato de sódio anidro e filtrou. Em seguida secou o extrato orgânico em
estufa a 60 ºC durante aproximadamente 24h e resfriou-se em dessecador. Por fim, pesou o
Erlenmeyer com a extração e calculou o rendimento. O cálculo do rendimento foi realizado
como a seguir:
Rendimento (%) = quantidade de cafeína extraída (g) X 100
quantidade de amostra usada (g)

4.2 OBSERVAÇÃO DA CAFEÍNA NO MICROSCÓPIO ÓPTICO

Após calcular o rendimento, colocou-se uma pequena porção das amostras em lâmina
e foram levadas a um microscópio óptico, onde sob um aumento de 100 vezes para observar
a presença de cristais de cafeína, assim constatando a presença desse elemento no produto
analisado (MONTEIRO, 2015).

4.3 CARACTERIZAÇÃO DA CAFEÍNA ATRAVÉS DA CROMATOGRAFIA EM


CAMADA DELGADA

Para o desenvolvimento da CCD em Celulose, foi utilizada uma metodologia adaptada


da Farmacopéia (BRASIL, 2010) seguindo as etapas descritas: o cromatograma foi
desenvolvido para passagem lenta da fase móvel sobre a camada. Sendo que, esse
desenvolvimento do tipo ascendente, permitiu que o solvente fosse carreado para cima através
de forças capilares.
28

Os equipamentos utilizados para a cromatografia em camada delgada consistiram em:


placa (lâmina de vidro), cuba de vidro (béquer de 100 mL), fase estacionária (celulose), fase
móvel (etanol/ diclorometano 1:1) e sistema revelador (iodo).
A fase estacionária foi composta por uma fina camada adsorvente de tira de papel de
comprimento e largura variáveis aplicado sobre a placa de vidro. Traçou-se uma linha fina
com lápis a 2,5 cm da borda inferior do papel e ainda riscou-as na vertical de formas a fazer
com que uma amostra, na sua ascenção, não interferisse na da outra amostra, dividindo-a em
duas colunas para a aplicação da solução da amostra e a solução padrão. Aplicou as soluções
na forma de manchas circulares utilizando tubos capilares.
A preparação da solução padrão e das soluções das amostras foram realizadas usando
0,1 g de cada amostra. Sendo que, as amostras que tiveram valores inferiores a 0,1 g na sua
extração preparou-se a solução proporcional a sua quantidade total. Na sequência, dissolveu
cada amostra na mistura de 1:1 etanol/diclorometano. Agitou afim de homogeneizar.
É importante ressaltar que cortou-se o papel seguindo o eixo das fibras, pois a celulose
está orientada neste sentido, o que facilitará a passagem da fase móvel. Além disso, a tira de
papel não deveria tocar as paredes da cuba e ao colocar o papel na cuba não poderia demorar
para não haver perda de saturação. Teve-se muita atenção para que a amostra não entrasse em
contato direto com o eluente, deixando que ascenda o pela superfície do papel, apenas por
capilaridade.
A fase móvel por sua vez foi constituída por uma mistura de diclorometano/etanol 9:1
que foi colocada em uma cuba cromatográfica de vidro com fundo plano até atingir a altura de
1,5 cm, onde se depositou a cromatoplaca em posição vertical sob uma atmosfera saturada da
fase móvel.
A separação cromatográfica procedeu através da ação da fase móvel líquida
semelhante ao processo da adsorção em cromatografia em coluna. Quando a fase móvel
atingiu uma determinada posição nas placas (2,5 cm do topo), estas foram retiradas e marcou
imediatamente a distância percorrida pela fase móvel, possibilitando o cálculo dos valores de
Rf. Aguardou-se a evaporação do solvente.
Após o desenvolvimento da cromatografia e a evaporação dos solventes, passou-se ao
método de revelação das manchas. Este por sua vez, empregou-se o método químico de
exposição a vapores de iodo, tornando visível as substâncias incolores existentes na amostra.
A posição final de cada mancha foi designada pelo Rf (Fator de retenção). Após a revelação
da cromatoplaca, mediu-se a distância atingida por cada mancha a partir da origem. Essa
distância é uma fração da distância total percorrida pelo solvente na fase estacionária.
29

Rf = (distância atingida pela mancha a partir da origem)


(distância percorrida pelo solvente desde a origem)

Para esta análise foram usadas a amostra comercial e as cafeínas extraídas do café e
chá preto devido ao maior rendimento de extração.

4.4 PESQUISA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA CAFEÍNA

A pesquisa bibliográfica foi feita em sites de busca de publicações científicas, tais


como Scielo, PubMed, Google Acadêmico e Domínio Público. Para tal, foram usados os
seguintes descritores associados: cafeína; benefícios; diabetes; doença de Parkinson;
dislipidemia; doença de Alzheimer. Foram usados para este estudo somente artigos nas
línguas português e inglês.
30

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da discussão se apresentam em 5.1 a 5.5.

5.1. EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA DAS AMOSTRAS

As análises quantitativas de cafeína nas cinco amostras foram determinadas


comparando os níveis encontrados nas extrações com os dados descritos na literatura (Tabela
4). Observa-se que os valores encontrados não estão compatíveis com os relatados na
literatura e exigidos pela legislação brasileira.

Tabela 4 - Comparativo entre as quantidades encontradas a partir da extração de cafeína


e os dados da literatura
Amostras Cafeína % da Valores da % da Cafeína
Extraída Cafeína Literatura da Literatura
(g)/10g Extraída
Café em pó 0,24 g 2,4% 0,010 a 0,044 0,016% a 0,07%
tradicional g/0,06 L1

Chocolate ao 0,03 g 0,3% 0,01g/170g2 0,005%


Leite
Refrigerante 0,02 g 0,2% 0,04 g/0,355L2,3,4 0,011%
a base de cola
Chá Preto 0,07 g 0,7% 0,05g/sachê2 3,33%

Energético 0,02 g 0,2% 0,08 g/0,25 0,032%


L 2,3,4

Fonte: 1CAMARGO; TOLEDO, 1998; 2BURGOS, 2008; 3MONTEIRO et al, 2014; 4ALTIMARI, 2001.

Sabe-se que na extração da cafeína outros inúmeros compostos orgânicos (teofilina,


teobromina e outros) são extraídos e essa mistura de outros compostos podem interferir na
31

etapa de extração da cafeína com um solvente orgânico, assim provocando a formação de uma
emulsão difícil de ser tratada que consequentemente haverá um aumento no rendimento de
cafeína extraída como pode ter ocorrido no estudo. Portanto, faz-se necessário utilizar uma
solução aquosa de carbonato de cálcio para purificar e minimizar a formação dessa emulsão
pois o meio básico irá promover a hidrólise do sal de cafeína-tanino, aumentando assim o
rendimento de cafeína pura extraída (NUQUIOCAT, 2015).
Ao analisar a extração da cafeína empregando o clorofórmio como solvente observa-se
que demonstrou ser muito eficiente no procedimento, uma vez que o clorofórmio apresenta
maior afinidade com a cafeína, sendo nove vezes maior no clorofórmio do que em água na
mesma temperatura. Sendo assim, o clorofórmio é imiscível em água e é seletivo com a
cafeína, o que possibilita a separação da cafeína do extrato aquoso (SANTO, 2016;
FERNANDES, 2007; ASHIHARA; SUZUKI, 2004).
Além disso, o clorofórmio é capaz de inferir um grau maior de pureza ao precipitado,
promovendo a cristalização do alcaloide por causa da evaporação do solvente. Desta forma,
no funil de separação há uma mistura imiscível de duas fases, uma fase aquosa e outra (fase
orgânica) contendo a cafeína devido a diferença de densidade entre o solvente orgânico e a
água. Com isso, permite com que a fase orgânica se deposite na parte inferior do funil, assim,
o analito é purificado, tornando essa diferença de polaridade um facilitador no processo de
purificação da xantina (PRASNIEWSKI et al., 2015).
Quanto ao rendimento de cafeína que foi menor no procedimento do refrigerante e
energético, há a possibilidade de que a adição de água não potencializou a extração de cafeína
como observado também por Santo (2016). Ainda segundo Santo (2016), a incorporação da
água como co-solvente é considerado vantajoso devido a hidrossolubilidade da cafeína com a
água, entretanto em uma concentração elevada prejudica o comportamento mecânico do
processo de extração.
É necessário destacar que as quantidades de cafeína encontradas nos diferentes tipos
de alimentos e bebidas consumidas variam conforme o tipo de produto, quantidade de amostra
utilizada e a forma de preparo. Entretanto, a diferença entre os teores de cafeína se deve
principalmente às variedades dos grãos utilizados nas formulações (BORTOLINI; SICKA;
FOPPA, 2010). Segundo estes autores os teores de cafeína variaram de 0,534 a 1,051% entre
as diversas marcas de café e a quantidade encontrada no seu estudo foi de 3,99%, considerado
acima dos valores preconizados. Batista et al. (2004) encontraram um teor bem inferior
(0,64%) para o café tradicional em pó usando a mesma marca de produto usado no presente
estudo, o qual encontrou-se 2,4% de cafeína. Essa variação de teor de cafeína no café pode
32

estar associada ao tipo de café analisado, se é com alto ou baixo teor de cafeína, bem como ao
cultivo da planta usada para a produção do pó, pois a cafeína é um metabólito de vegetais,
portanto, sua concentração pode variar com as intempéries externas do cultivo (clima,
sazonalidade, fertilidade de solo, entre outros).
Batista et al. (2004) extraíram 0,92% de cafeína de chá preto, enquanto que Bortolini,
Sicka e Foppa (2010) encontraram um teor de 2,99% de cafeína para amostra de chá preto e
de acordo com esses autores, quanto à composição de cafeína em chás, deve-se considerar que
a composição das folhas de chá varia de acordo com a espécie, clima e condições de cultivo.
Estes valores se aproximam dos encontrados por Alves e Bragagnolo (2002) cujos resultados
variaram de 2,41 a 2,61 g/100 g nas amostras de chá preto. O rendimento de cafeína em chá
preto revelou 0,7%, porém padrões preconizados pela legislação é de 1,5% (SVS/MS, 1998).
Ressalta-se que os chás provenientes da Camellia sinensis são classificados em três
tipos de fabricação, de acordo com seu nível de fermentação: chá não fermentado (Chá
verde), chá semifermentado (chá de oolong) e chá completamente fermentado (chá preto). No
entanto, existem outras variedades de chá específicas na China: chá amarelo, chá branco (chá
levemente fermentado) e chá escuro (chá pós-fermentado) (LI; ZHU, 2016). Ao considerar
essas diferenças no processamento das folhas de Camellia sinensis, observa-se que cada chá
apresenta diferenças no sabor, aspecto, propriedades antioxidantes, principalmente porque,
ocorrem mudanças significativas de um chá para outro e essas mudanças estão relacionadas às
diferentes concentrações de polifenóis específicos (VENQUIARUTO; DALLAGO, 2018).
A determinação de cafeína em amostra de refrigerante a base de cola foi de 0,2%.
Comparando com a literatura, Bortolini, Sicka e Foppa (2010) encontrou 1,82% de
cafeína. Observa-se que o valor encontrado no rendimento é menor que o encontrado em
outro estudo. A RDC 273/2005 preconiza que deve conter em produtos bebidas denominadas
para o consumo é de no máximo 35 mg/100 mL (0,035%) de cafeína. Além disso, a literatura
é bastante escassa nesse assunto, fazendo com que a formulação possa ser modificada
favorecendo assim para a ocorrência de falhas de fiscalização.
Da extração a partir da bebida energética foi possível encontrar 0,2% de cafeína e de
acordo o Decreto de 6871/2009 preconiza que a “bebida não-alcoólica que contiver ou for
adicionada em sua composição de cafeína (trimetilxantina), natural ou sintética, não deverá
ter o limite de cafeína superior a vinte miligramas por cem mililitros do produto a ser
consumido” ou seja, 0,032% (BRASIL, 2009). Por outro lado, existe a possibilidade de falha
na homogeneização e distribuição de cafeína durante o processo de fabricação permitindo
assim concentrações tão diferentes (BORTOLINI; SICKA; FOPPA, 2010).
33

Infelizmente, nos rótulos das amostras analisadas (chocolate ao leite, refrigerante a


base de cola, café em pó tradicional, energético e chá preto) foram encontrados a composição
qualitativa e/ou quantitativa da cafeína apenas nas embalagens de refrigerante e energético.
No rótulo da bebida energética é possível encontrar que ele é composto de 80mg de cafeína
em 250mL de bebida, considerando assim 0,032% de cafeína. Já no rótulo do refrigerante a
base de cola consta em sua composição a presença de cafeína, porém não há dados da
quantidade.

5.2 - COMPARAÇÃO DA CAFEÍNA EXTRAÍDA DAS AMOSTRAS COM A CAFEÍNA


COMERCIAL

Quanto aos resultados obtidos nas análises morfológicas a olho nu (Figura 3)


comparando com a cafeína pura comercial mostraram que as amostras de cafeína extraída
apresentaram aspecto bem diferentes em coloração e em textura. Quanto a aparência, observa-
se que as amostras estão menos granulosas e compactadas, o principal motivo é que a cafeína
pura comercial passa por processos de purificação que além de reduzir o tamanho das
partículas para ser comercializada concede uma coloração branca a substância
(FERNANDES, 2007).

Figura 3 - Imagens de morfologia a olho nu da cafeína. a) cafeína pura comercial; b) cafeína


extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chocolate ao leite; d) cafeína extraída do chá
preto em sachê; e) cafeína extraída do refrigerante a base de cola; f) cafeína extraída do
energético

a) b) c)

d) e) f)
34

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Na amostra de chocolate observou a presença de pequenos aglomerados pontiagudos e


translúcidos fixos no fundo do Erlenmeyer (Figura 3.c) que diferenciou das outras amostras.
Já nas amostras de café em pó e chá preto (Figura 3.b e 3.d) é possível observar a formação de
cristais pontiagudos e amarelados por todo o fundo do Erlenmeyer e comparando com o
encontrado por Sousa et al. (2017) há semelhanças nos cristais, sendo que a metodologia
usada por este é bem semelhante ao do presente estudo, como pode ser visto na Figura 4.a. A
coloração amarela a marrom é apresentada quando a cafeína está hidratada (SALDAÑA,
1997).
As amostras de refrigerante a base de cola e energético apresentam um aglomerado
pequeno em uma única região do Erlenmeyer com o mesmo aspecto das amostras de chá preto
e café encontrados (Figura 3.e e 3. f).
Fernandes (2007) extraiu cafeína do café e foi possível encontrar semelhanças nos
cristais obtidos por ele, entretanto a metodologia usada por este é bem diferente pois utiliza
uma amostra de cafeína purificada com massa de carvão ativado como pode ser visto na
Figura 4.c.

Figura 4. a) e b) Cristais de cafeína, dados da literatura c) Cristais de cafeína obtido no


processo de extração do café em pó tradicional

a) b) c)
Fonte: (SOUSA et al, 2017; b) FERNANDES, 2007; c) Autoria Própria, 2019.

5. 3 OBSERVAÇÃO DA CAFEÍNA NO MICROSCÓPIO ÓPTICO

As análises em microscópio óptico das amostras estão demostradas na Figura 5. Sendo


possível visualizar que na amostra de café em pó (Figura 5.a) há presença de cristais em
forma de agulhas hexagonais em cor amarelada, enquanto nas amostras de chocolate ao leite
(Figura 5.c), chá preto (Figura 5.e), refrigerante (Figura 5.d) e energético (Figura 5.f) observa-
35

se a presença de cristais menores e translúcidos. Por outro lado, a cafeína pura comercial
apresentou formato de grãos do tipo pó branco, como pode ser visto na Figura 5.a.
A cafeína também pode apresentar-se anidra ou monohidratada, com o formato de
agulhas hexagonais (cristais) e incolores dependendo do solvente em que é extraída, fato que
pode ser observado na cafeína obtida nas extrações (Figura 3. b, c, d, e e f e Figura 4. b e
Figuras 5. b, c, d, e e f). Todavia, em relação à avaliação dos cristais de cafeína por
microscopia óptica, pôde-se observar que os cristais extraídos apresentaram morfologia
diferente da cafeína pura comercial. Segundo Mazzafera e Carvalho (1991 apud JAIME,
2016) a cafeína existe comumente em forma de um pó branco, cristalino, com aspeto brilhante
como observado na cafeína pura comercial (Figura 3. a e Figura 5.a).

Figura 5 - Imagens de microscopia óptica de cafeína no aumento de 100x. a) cafeína pura


comercial; b) cafeína extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chocolate ao leite; d)
cafeína extraída do refrigerante a base de cola; e) cafeína extraída do chá preto em sachê; f)
cafeína extraída do energético.

a) b) c)

d) e) f)
Fonte: Autoria Própria, 2019.

5.4. CARACTERIZAÇÃO DA CAFEÍNA ATRAVÉS DA CROMATOGRAFIA EM


CAMADA DELGADA

Nas análises de caracterização da cafeína por meio da CCD em Celulose (CCDC), foi
possível identificar que apenas as amostras de café (Figura 6.b), de chá preto (Figura 6.c) e
amostra da cafeína comercial (Figura 6.a) ocorreram um forte aparecimento de mancha de cor
amarelo escuro como observar-se na Figura 6, indicando a presença da cafeína nessas
amostras. É importante ressaltar que as amostras de café e chá preto apresentaram coloração
mais acentuada que as outras amostras nas análises de morfologia a olho nu (Figura 3.b e 3.d)
36

e nas análises microscópicas (Figura 5.b e 5.e). Vale ressaltar que, os rendimentos das
extrações obtidas (Tabela 4), também foram maiores para o café (2,4%) e o chá preto (0,7%).
Figura 6 - Imagens da CCDC usando revelador iodo. a) cafeína pura comercial; b)
cafeína extraída do café em pó; c) cafeína extraída do chá preto em sachê

a) b) c)
Fonte: Autoria própria, 2019.
Para a identificação da cafeína foram calculados os valores de Rf para as amostras de
cafeína comercial, café e chá preto. Os Rfs calculados foram: cafeína comercial 0,83, café
0,39 e chá preto 0,42. Esse valor considerado relativamente baixo para o fator de retenção
indica que o analito foi fortemente adsorvido na superfície das partículas sólidas da fase
estacionária, mostrando menor afinidade pela fase móvel. Segundo Prasniewski et al. (2015)
“essa diferença de interação pode ser explicada pelo fato da fase móvel ser mais apolar que a
fase estacionária”. De fato, a separação ocorre em função das diferentes interações que
ocorrerem entre a fase estacionária, a fase móvel e analitos. Sendo possível identificar que
quando há um deslocamento característico na eluição é devido a interação da polaridade que o
analito apresenta com uma maior afinidade com a fase móvel, pois, este é menos polar que a
fase estacionária. Isto pode ter ocorrido pelo fato de possivelmente os cristais de cafeína
extraídos do café e do chá preto estarem hidratos, o que corrobora com a coloração
marrom/amarelada verificada nas análises visual e microscópica.
Os autores mencionados acima (PRASNIEWSKI et al., 2015) usaram a CCD de gel de
sílica 60 para caracterizar cafeína de chá preto, sendo a fase móvel a mistura de
diclorometano/etanol 9: 1 e o revelador físico de fluorescência em 240 nm. Os Rfs calculados
foram 0,87 para amostra de chá preto e 0,86 para padrão de cafeína.
No estudo de Monteiro el al. (2014) a caracterização da cafeína em pó de guaraná por
meio da CCD em sílica, sendo sua fase movél 12:1 1,2-dicloroetano + ácido acético, e o
método de revelação iodo. foi comprovada com o aparecimento de faixas amarelas na sílica
indicando presença de cafeína no pó de guaraná, sendo o Rf de 0,6.

5.5 PESQUISA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA CAFEÍNA


37

Estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de cafeína pode reduzir o risco de


Doença de Parkinson (DP), especialmente em indivíduos do sexo masculino (relação dose-
dependente). Os autores Alves, Casal e Oliveira (2009) realizaram um estudo bibliográfico a
respeito dos benefícios do café na saúde e identificou pesquisas sugerindo a cafeína como
papel essencial na prevenção de doenças neurodegenerativas. Os mesmos citam que pesquisas
feitas com camundongos identificaram possível proteção contra neurotoxicidade que causa
degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra do cérebro. Os mecanismos
dessa ação protetora da cafeína não encontram-se totalmente esclarecidos.
Os autores Svenningsson et al. (1999), Arendash et al. (2006) e Dall’lgna et al. (2003)
apud Alves, Casal e Oliveira (2009), sugerem que esse mecanismo pode estar relacionado
com a atividade antagonista da cafeína sobre os receptores de adenosina A1 e A2A, no SNC,
cujo receptores A2A adquirem importância relevante visto que sua expressão no cérebro está
restringida ao estriado, principal alvo dos neurônios dopaminérgicos que degeneram na DP.
Além disso, o antagonismo dos receptores A2A da adenosina protegem as células nervosas
contra neurotoxicidade induzida pela proteína β-amiloide. Com isso, pode-se inferir que a
cafeína tem ação importante na prevenção da DP e doença de Alzheimer, uma vez que a
doença de Alzheimer é caracterizada por um aumento dos níveis cerebrais da proteína β-
amiloide.
É importante destacar que Lima (2008) retrata que em algumas pessoas, pequenas
quantidades de cafeína causam diminuição da frequência cardíaca, devido a um estímulo no
SNC, que provoca uma baixa a frequência cardíaca. Ao mesmo tempo, a cafeína causa uma
vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo tecidual, incluindo as coronárias e o fluxo
sanguíneo coronariano. Os vasos sanguíneos cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição de
calibre, com aumento de sua resistência à passagem do sangue. Essa propriedade de contrair
os vasos cerebrais justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde
a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína.
De acordo com o estudo clínico randomizado realizado por Aguiar et al. (2012) em 22
indivíduos saudáveis do sexo masculino que ingeriram uma cápsula com (3 mg/kg) cafeína ou
placebo e após realizaram o teste de Tempo de Reação Simples (TRS), esse teste mede o
tempo de reação simples com estímulo auditivo, visual e audiovisual e o tempo de reação de
discriminação sensorial (visual ou auditivo). Sendo que o TRS é uma medida que indica o
tempo que uma pessoa leva para iniciar um único movimento qualquer. Foi possível observar
que a cafeína possui um efeito psicoestimulante, devido a diminuição do TRS com estímulo
38

visual (p = 0,04) e audiovisual (p = 0,05), enquanto que, o estímulo auditivo não identificou
efeitos significativos (p = 0,1).
Segundo os autores citado acima, o efeito psicoestimulante é de relevância tanto na
prática esportiva quanto em condições de trabalho nas quais indivíduos precisam manter e/ou
melhorar a atenção e velocidade de processamento de uma informação visual. Este efeito
psicoestimulante da cafeína pode ocorrer devido ao aumento na atividade do SNC, provocado
pela ação da cafeína no bloqueio dos receptores de adenosina nos neurônios do cérebro.
Araújo et al. (2011) realizaram uma pesquisa experimental no qual utilizaram 60
amostras de soro de ratos Wistar machos, com o objetivo de avaliar o efeito da cafeína, em
diferentes concentrações, sobre os valores séricos de colesterol total e frações e triglicerídeos
em ratos. Estes foram submetidos à ingestão de solução aquosa de cafeína durante quatro dias,
sendo que as análises de colesterol e frações foram realizadas por equipamento automatizado
e os valores de VLDL colesterol, calculados pela equação de Friedewald. Os autores afirmam
que a cafeína apresenta benefícios sobre os níveis séricos de colesterol e triglicerídeos, devido
a uma diminuição significativa (p >0,01) nos níveis de colesterol total, triglicerídeos, VLDL
colesterol e HDL colesterol principalmente em altas doses de cafeína.
Sendo assim, afirmar-se que o consumo de cafeína auxilia na redução do risco de
doença coronariana, bem como, pode ser útil na perda de peso, devido a sua capacidade de
estimular a lipólise. Entretanto, Araújo et al. (2011), observa uma desvantagem devido à
redução nos níveis séricos do HDL colesterol, que reduziria, assim, o efeito cardioprotetor.
O consumo de cafeína também está associado a benefícios para a saúde, incluindo
redução do risco de Diabetes Mellitus tipo 2 e obesidade, redução do risco de doença de
Parkinson e Alzheimer e melhora do desempenho atlético (RATH, 2019). Quanto a
diminuição do risco de Diabetes sabe-se que quando administrada de forma aguda, a cafeína
aumenta a resistência do organismo perante a insulina, gerando disfunções no controle do
açúcar no sangue, na produção de proteínas e consumo de carboidratos (BATISTA et al.,
2015).
Silva et al. (2014), em seu estudo experimental verificaram sobre os efeitos da
suplementação com cafeína associada ao exercício físico agudo sobre a resposta glicêmica em
ratos diabéticos. Utilizaram 32 ratos sendo que receberam 6 mg de cafeína ou salina para os
grupos-controles 60 minutos antes do exercício físico. Estes realizaram um protocolo de
natação de 60 minutos de exercício físico, com sobrecarga de 6% do peso corporal.
Identificaram que a cafeína promoveu uma significante redução na glicemia sanguínea (42%;
p<0,05) após 60 minutos do protocolo de exercício nos ratos diabéticos em relação aos
39

grupos-controles. Concluindo que a ingestão aguda de cafeína associada ao exercício físico


agudo pode aumentar a captação de glicose sem alterar as respostas cardiovasculares em
modelo animal.

6 CONCLUSÃO

Todas as amostras analisadas possuem cafeína, algumas atendem a legislação, outras


não possuem uma legislação que regulamente a quantidade adequada. Entretanto, é necessário
que as autoridades responsáveis revejam a legislação e façam uma fiscalização mais rigorosa
nestes produtos alimentícios.
A metodologia proposta é eficiente para a determinação de cafeína em bebidas e
alimentos, porém, necessita de algumas adequações para melhor rendimento da cafeína. As
principais vantagens do método são a simplicidade e fácil manipulação para laboratório de
pequeno porte.
Vale ressaltar que essa determinação é de grande importância para o controle de
qualidade em indústrias alimentícias pois o mesmo não deve permitir que o produto seje
liberado ao consumo se a quantidade de cafeína não está adequada como preconiza na
legislação.
A amostra de café teve maior rendimento na extração da cafeína, seguido do chá preto,
chocolate, refrigerante e energético. Observou-se a presença de pequenos cristais aglomerados
pontiagudos e amarelados fixos no fundo do Erlenmeyer com as amostras. A caracterização
das cafeínas extraídas na Cromatografia em Camada Delgada em celulose permitiu identificar
cafeína do café e do chá preto.
40

Além disso, a cafeína possui papel importante na prevenção de doenças como doença
de Parkinson, doença de Alzheimer, Diabetes Melitos do tipo 2, doença coronariana, além de
ser um importante fármaco no tratamento de enxaqueca e ter ação psicoestimulante útil para
desportistas e trabalhadores noturno.

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