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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distância

Curso de Licenciatura em ensino de Biologia

Estudo de plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças


respiratórias (Asma)- Caso de estudo na localidade de Nomiua, distrito da Maganja da
Costa

Discente:

Ibraimo António Ricardo Rodrigues

Quelimane, Fevereiro de 2022


Estudo de plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças
respiratórias (Asma)- Caso de estudo na localidade de Nomiua, distrito da Maganja da
Costa

Monografia a ser submetida à Universidade


Católica de Moçambique (UCM), Instituto de
Educação a Distancia (IED) Centro de recurso de
Quelimane como requisito parcial para obtenção
do grau de Licenciatura em ensino de Biologia.

Orientador: dr.Saide Augusto Maliquinho

Quelimane, Fevereiro de 2022


Lista de Tabelas
Tabela 1: Distribuição dos participantes segundo a idade;

Tabela 2: Distribuição dos participantes segundo o sexo;

Tabela 3: Tem padecido de asma?

Tabela 4:Que tipo de medicamento tem usado para o tratamento da asma?

Tabela 5:O que te motiva a recorrer às plantas com propriedades fitoterapêuticas no


tratamento de asma?

Tabela 6: Com quem é que aprendeu a usar plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento da asma?

Tabela 7:Qual tem sido a forma de consumo do medicamento preparado a partir de plantas
com propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma?

Tabela: 8:Qual é o número de vezes diárias que se consome o medicamento até sanar a
asma?

iii
Lista de Abreviaturas e Símbolos
MAE………………………………………………………Ministério da Administração Estatal

DTS…………………………………………………………… Doença de Transmissão Sexual

SIDA……………………………………………….. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

HCM……………………………………………………………….Hospital Central de Maputo

WHO………………………………………………………………World Heaith Organization

OMS……………………………………………………………Organização Mundial da Saúde

ANVISA…………………………………………… Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ABMC………………………………..........Associação Brasileira de Medicina Complementar

MS………………………………………………………………………….Ministério de Saúde

UCM……………………………………………….......Universidade Católica de Moçambique

SNS…………………………………………………………………Sistema Nacional de Saúde

IED…………………………………………………………..Instituto de Educação a Distância

Simbolos

% …………………………………………………………………………………........Porcento

Km……………………………………………………………………………….....Quilometros

iv
Declaração de autoria

Declaro, que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Oponente

_____________________________

(Msc. Abudo Mussa Francisco)

Supervisor

______________________________

(dr. Saide Augusto)

Quelimane, aos ___/___/2022

________________________________________

Ibraimo António Ricardo Rodrigues

v
Dedicatória

Dedico à minha família sobretudo, meus irmãos em especial a minha Irmã Esménia António
Ricardo Rodrigues pelo esforço que têm evidenciado e contribuído para a minha formação
académica e profissional. Seguidamente, aos meus Sobrinhos que têm me dado força, impulso
e apoio moral e financeiro para que eu nunca desista dos meus sonhos e objectivos mesmo
que pareçam impossíveis de alcançar.

vi
Agradecimentos

À Deus pelo dom da vida e por ter abençoado durante todo o meu percurso académico;

Ao meu supervisor, dr. Saide Augusto Maliquinho, pelas correcções, sugestões e críticas
enriquecedoras de forma abnegada me orientou na elaboração deste trabalho, pelo apoio e
paciência;

Meus Agradecimento vão para senhor Zalamino morador da localidade de Nomiua, pela
facilitação na recolha de dados, que serviu como um guião;

Aos meus docentes que tive durante a minha formação na faculdade, em especial os de ensino
de Biologia, que de forma sabia muniram-me de conhecimentos científicos;

Agradeço aos meus irmãos João, Esménia, e a mais velha Marta estes que me apoiaram
financeiramente e moralmente para que este sonho torna-se realidade;

Agradeço ao Meu sobrinho Camilo, pelo seu apoio no uso da máquina fotográfica digital que
serviu para fotografar as imagens que sustentaram o trabalho;

Agradeço ao Meu colega Egídio, pelo seu apoio no uso maquina impressora;

Agradeço aos colegas e amigos Victor, Zalu, Cadaf,Rosa,Brígida, Nelinho e ao meu chefe de
turma Caltonque deram sempre o apoio moral para a realização desse estudo que caminharam
comigo nessa jornada, o meu muito obrigado;

Ao terminar, agradeço à todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para que
este trabalho fosse concretizado.

vii
Resumo
A asma é uma doença genética que atinge uma grande parte da população mundial, provoca tosse, dor
no peito e falta de ar, por sua cronicidade. Por atingir principalmente crianças e ter efeitos indesejáveis
causados pelos medicamentos, a procura por meios alternativos de tratamento ganha destaque,
buscando a fitoterapia como alternativa terapêutica, principalmente devido a sua tradicionalidade de
uso. Sendo, o objectivo do trabalho analisar o uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento de doenças respiratórias(asma) na localidade de Nomiua. Para isso, foi realizada uma
revisão da literatura, utilizando pesquisa bibliográfica, observação e questionário, tendo como
descritores Plantas, fitoterapêutico,tratamento e asma no qual teve como critérios de inclusão artigos
publicados em Moçambique.Assim, foi observado que as crianças e idosos compõem a maior taxa
populacional atingida pela asma o que explica uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas ser
feita principalmente por mães que recorrem a indicações populares como meio de gerar conforto a
vida familiar.Dentre as preparações utilizadas se encontram tortura por meio dos dentes (Mastigação)
e fervura em forma de Chá. Foi observado o uso em conjunto de plantas como a goiabeira
(PsidiumGuajava), o eucalipto (Eucalyptusglobuluslabill) e a aboboreira (Cucurbita pepo).Com isso,
pode-se comprovar a eficácia e segurança do uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento da asma, e muitas dessas plantas são de fácil acesso a população de Nomiua.

Palavras-Chaves: Plantas, Fitoterapêutico, Tratamento e Asma

viii
Abstract
Asthma is a genetic disease that affects a large part of the world's population, causes coughing, chest
pain and shortness of breath, due to its chronicity. As it mainly affects children and has undesirable
effects caused by drugs, the search for alternative means of treatment is highlighted, seeking
phytotherapy as a therapeutic alternative, mainly due to its traditional use. Therefore, the objective of
this work is to analyze the use of plants with phytotherapeutic properties in the treatment of respiratory
diseases (asthma) in the locality of Nomiua. For this, a literature review was carried out, using
bibliographic research, observation and questionnaire, having as descriptors Plants, phytotherapeutic,
treatment and asthma in which the inclusion criteria were articles published in Mozambique. Thus, it
was observed that children and the elderly make up the highest population rate affected by asthma,
which explains the use of plants with phytotherapeutic properties to be made mainly by mothers who
resort to popular indications as a means of generating comfort in family life. Among the preparations
used are torture by means of the teeth (Chewing) and boiling in the form of tea. It was observed the
joint use of plants such as guava (PsidiumGuajava), eucalyptus (Eucalyptus globuluslabill) and squash
(Cucurbitapepo). With this, one can prove the efficacy and safety of the use of plants with
phytotherapeutic properties in the treatment of asthma, and many of these plants are easily accessible
to the population of Nomiua.

Keywords: Plants, Phytotherapy, Treatment and Asthma

ix
Índice
Páginas

Lista de Tabelas.....................................................................................................................iii

Lista de Abreviaturas e Símbolos..........................................................................................iv

Declaração de autoria..............................................................................................................v

Dedicatória.............................................................................................................................vi

Agradecimentos....................................................................................................................vii

Resumo................................................................................................................................viii

Abstract..................................................................................................................................ix

CAPITULO I: INTRODUҪÃO............................................................................................13

1. Introdução......................................................................................................................13

1.1. Problematização.........................................................................................................14

1.2. Objectivos...................................................................................................................15

1.2.1. Objectivo Geral.......................................................................................................15

1.2.2. Objectivos Específicos...........................................................................................16

1.3. Perguntas de partida...................................................................................................16

1.4. Justificativa e relevância de estudo............................................................................16

1.5. Delimitação espacial, temporal e temática do estudo................................................17

1.6. Enquadramento disciplinar.........................................................................................17

1.7. Questões Éticas..........................................................................................................17

CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA DA PESQUISA....................................18

2. Literatura Conceptual.....................................................................................................19

2.1. Plantas usadas no tratamento da asma............................................................................20

2.2. A Goiabeira....................................................................................................................20

2.2.1. Classificação científica da goiabeira...........................................................................22

2.3. Aboboreira......................................................................................................................22

2.3.1. Características.............................................................................................................23

x
2.3.2. Classificação Científica...............................................................................................23

2.4. Eucaliptos.......................................................................................................................23

2.4.1. Classificação científica................................................................................................24

2.5. Impacto de uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas.......................................24

2.6. Literatura Empírica........................................................................................................25

2.6.1. Contra-indicações no uso de plantas medicinais.........................................................28

2.7. Literatura Focalizada......................................................................................................29

2.8. Breve historial do uso de plantas medicinais para o tratamento da asma......................33

CAPITULO III: METODOLOGIAS....................................................................................35

3. Metodologias.....................................................................................................................35

3.1. Quanto a Natureza..........................................................................................................35

3.2. Quanto a abordagem do problema.................................................................................35

3.3. Quanto aos objectivos....................................................................................................36

3.4. Técnicas de Recolha de Dados.......................................................................................36

3.4.1. Questionário................................................................................................................36

3.4.2. Observação directa......................................................................................................37

3.4.3. Pesquisa Bibliográfica.................................................................................................37

3.5. Universo.........................................................................................................................38

3.6. Participantes...................................................................................................................38

3.7. Gestão de dados..............................................................................................................38

3.7.1. Analise dos dados........................................................................................................38

CAPITULO IV: ANALISE E DISCUSSÃO DE DADOS...................................................39

4. Apresentação, Análise e Interpretação de Dados...........................................................39

4.1. Caracterização dos participantes da pesquisa.................................................................39

4.2. Dados do questionário feito à população da localidade de Nomiua, no distrito de


Maganja da Costa..................................................................................................................40

4.3. Resultados da observação...............................................................................................45

xi
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES................................................................46

5. Conclusões.....................................................................................................................46

5.1. Sugestões....................................................................................................................47

5.2. Referências Bibliográficas.........................................................................................48

5.3. Apêndices...................................................................................................................54

xii
CAPITULO I: INTRODUҪÃO

1. Introdução

Desde os tempos imemoriais, o homem busca, na natureza, recursos que melhorem sua
condição de vida para assim, aumentar suas chances de sobrevivência pela melhoria de sua
saúde. Em todas as épocas e culturas, ele aprendeu a tirar proveito dos recursos naturais
locais. O uso da medicina tradicional e das plantas medicinais em países em desenvolvimento
como Moçambique tem sido amplamente observado como base normativa para a manutenção
da saúde.A medicina, nesses países, valendo-se de tradições e crenças locais, ainda é o
suporte de cuidados com a saúde embora tenha seus impactos.

Este trabalho cujo o objectivo é analisar o uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento de doenças respiratórias(asma), caso de estudo na localidade de Nomiua no distrito
da Maganja da Costa aborda aspectos vividos dia pós dia no local em estudo, visto que a asma
é um sério problema de Saúde a nível mundial afectando todos os grupos etários e raças,
assim como diferentes etnias. E esta por sua vez tem se apresentado de forma mais frequente e
severa nas crianças e idosos.

Nos países com escassos recursos económicos, como é o caso de Moçambique, espera-se um
aumento do número de casos devido ao crescimento demográfico, numa pirâmide
populacional ainda invertida pelo predomínio das faixas etárias mais jovens, aumento da
urbanização, industrialização e mudanças no estilo de vida.

Em Moçambique o estudo Isaac (2007), reportou uma prevalência da Asma estimada entre
13% nas crianças dos 6–7 anos e adolescentes dos 13–14 anos sendo significativamente mais
frequente e grave nas áreas suburbanas e semi-rurais provavelmente como resultado das
precárias condições sociais. No Serviço de Pneumologia do Hospital Central de
Maputo(HCM), nos últimos 5 anos, a Asma constituiu a primeira causa das consultas e a
terceira causa de internamento.

A Asma é responsável a nível mundial, por mais de 250 mil óbitos ao ano. Nos países
industrializados, a mortalidade é cerca de 1 por 100 mil habitantes mas pode atingir os 9 por
100 mil habitantes. Pelo contrário, em países de baixo recurso económico como o caso de
Moçambique, a falta de informação estatística torna difícil a estimativa da sua mortalidade.

13
A nível de rede de saúde do distrito, apesar de estar a evoluir a bom ritmo, é insuficiente,
evidenciando os seguintes índices de cobertura média: uma unidade sanitária por cada 19.083
mil pessoas sendo um médico por cada 76 mil residentes, uma cama por 2.201 habitantes e
um profissional técnico para cada 2.694 residentes. Neste contexto, o quadro epidémico do
distrito é dominado pela malária, asma, diarreia, Doenças de Transmissão Sexual (DTS) e
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), que no seu conjunto, representam quase a
totalidade dos casos de doenças notificados no distrito (Mae, 2014).

E para combater a asma, a população da localidade de Nomiua, por insuficiência de meios


para se deslocar até ao posto de saúde, por este se encontrar distante recorrem a meios
alternativos para o tratamento da asma como plantas com propriedades fitoterapêuticas.

Embora a maioria dos programas estaduais e municipais de fitoterapia em funcionamento nas


regiões do país (Moçambique) respeita a obrigatoriedade da necessidade de indicação médica,
ou seja, as plantas medicinais e os fitoterapêuticos devem ser prescritos para que a unidade de
saúde realize a dispensação. Há casos, porém, de programas públicos em que essa premissa
não é respeitada, ocorrendo a distribuição de plantas medicinais sem receita médica e tal fato
pode acarretar problemas, uma vez que as plantasmedicinais e os seus derivados não estão
isentos de reacções adversas, efeitos colaterais e interacções entre outras plantas medicinais,
medicamentos e/ou alimentos.

O trabalho esta dividido em cinco capítulos dentre os quais Introdução, Fundamentação


teóricada pesquisa, Metodologias, Analise e discussão de dadose a ultima que corresponde a
Conclusão e sugestões.

1.1. Problematização

A asma juntamente com tantas outras doenças respiratórias, constituem um problema de saúde
pública em muitos países subdesenvolvidos donde Moçambique faz parte. Esse facto faz com
que a procura de cuidados sanitários seja cada vez mais crescente, numa realidade em que o
rácio unidade sanitária/habitantes está muito longe do desejado.

A asma é uma doença inflamatória crónica, que representa um problema de saúde pública
com altos números de óbitos e elevado impacto socioeconómico. A patologia é caracterizada
pela fase imediata, mediada pela resposta aguda de células inflamatórias, e a tardia, que é
responsável pela resposta com envolvimento de células específicas do sistema imunológico.
Actualmente, os principais tipos de fármacos utilizados no tratamento da asma são os broncos
14
dilatadores e agentes anti-inflamatórios, que aliviam os sintomas de bronco espasmo e
diminuem a inflamação das vias aéreas. Entretanto, terapias com esses medicamentos não são
totalmente eficazes e provocam efeitos adversos. A escassez de fármacos seguros e o baixo
acesso da população carente aos tratamentos utilizados estimulam a busca de novas
substâncias potencialmente úteis no tratamento da asma. Produtos naturais de origem vegetal
representam um grande potencial farmacológico contra asma, uma vez que podem fornecer
moléculas diversas com mecanismos específicos para tratamento e controle da patologia. A
busca por terapias mais eficientes e específicas para o processo asmático mostra que a procura
nos produtos naturais é promissora e possui um papel importante para a descoberta de novas
terapias contra a asma.

A localidade de Nomiua, distrito de Maganja da Costa não foge dessa regra se tomarmos em
consideração os dados do Ministério da Administração Estatal (MAE, 2014), que indicam a
existência de uma unidade sanitária por cada 19.770 pessoas, podendo percorrer
aproximadamente 15 km para alcançar essas unidades.

O que tem se constatado é que para contornar essa situação de insuficiência de centros de
saúde agudizada com as distâncias que devem ser percorridas, parte da população daquela
localidade recorre a outras alternativascomo uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas
para o tratamento de doenças respiratórias como asma, Meningite, Sinusite, Tuberculose,
constipação entre outras. Entretanto, tomando em consideração a prática de uso de plantas
medicinais para fins terapêuticos é frequente e legal no nosso país, mas nem toda a população
tem o domínio do seu uso e pelo desconhecimento dos princípios activos e da dosagem,
embora seja observável o seu uso de forma indiscriminada, levanta-se a seguinte questão:

Quais são as plantas com propriedades fitoterapêuticas usadas na localidade de Nomiua


para o tratamento de doenças respiratória(asma)?

1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo Geral

 Analisar o uso de plantas com propriedades Fitoterapêuticas no tratamento de doenças


respiratórias (asma) na localidade de Nomiua.

15
1.2.2. Objectivos Específicos

 Identificar as plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças


respiratórias (asma) na localidade de Nomiua;
 Mencionar os impactos provocados por plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento de doenças respiratórias(asma);
 Explicar o grau de aderência da população de Nomiua a uso deplantas com
propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças respiratórias (asma).

1.3. Perguntas de partida

 Quais as plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças


respiratórias (asma) na localidade de Nomiua?
 Quais os impactos provocados por plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento de doenças respiratórias (asma)?
 Qual é o grau de aderência da população de Nomiua a uso de plantas com
propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças respiratórias (asma)?

1.4. Justificativa e relevância de estudo

A escolha do tema deveu-se pelo facto do autor ter constatado que parte da população da
localidade de Nomiua, distrito de Maganja da Costa, na impossibilidade de tratar doenças
respiratórias como asma, aliado a longas distâncias e falta de recursos para se deslocar aos
centros de saúde, tem como alternativa o uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento da asma. Motivou-me também o facto de que sempre que passei as minhas férias
estudantis naquela região, por ser funcionário de lá e parte da minha família se encontrar
residindo nessa localidade, as folhas de plantas com propriedades medicinais serviam de
recurso para o tratamento de eventuais casos dessa doença no seio da família por se encontrar
residindo lá.

A nível pessoal: a pesquisa ajudou o autor a compreender de forma clara, o estudo de plantas
com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças respiratórias(asma) na localidade
de Nomiua no distrito da Maganja da Costa. Igualmente, esta pesquisa conduziu a busca e
solidificação do conhecimento científico, pois permitiu a aplicação do aprendizado (aspectos
teóricos) no campo de pesquisa (aspectos práticos).
16
A nível social: Por se tratar de uma pesquisa científica que procuro perceber e contribuir para
a resolução do problema em benefício de um bem comum, ou seja satisfação da colectividade,
a pesquisa permitiuminimizar os impactos provocados por plantas com propriedades
fitoterapêuticas na localidade de Nomiua.

Na ordem académica, essa pesquisa trouce a tona à realidade ali vivida, ocasionando uma
crítica construtiva para a melhoria de saúde da localidade de Nomiua. Além disso, despertou a
atenção das autoridades locais, para o alinhamento de estratégias de prevenção, e também
para a realização de futuras pesquisas naquele ou em outros locais com as mesmas
características.

1.5. Delimitação espacial, temporal e temática do estudo.

Segundo Marconi e Lakatos (2012, p. 118):

"O processo de delimitação de tema só é dado por concluído quando se faz


limitação geográfica e espacial do mesmo, com vista na realização da
pesquisa. Muita das vezes as verbas disponíveis determinam ma limitação
maior do que o desejado pelo coordenador, mas se pretende um trabalho
científico, é preferível o aprofundamento".

No que diz respeito a delimitação espacial, a pesquisa foi desenvolvida na Província da


Zambézia, distrito de Maganja da Costa concretamente na localidade de Nomiua no período
compreendido entre 1 a 2 Meses, entre os dias 01 Fevereiro à 30 de Março de 2022.

Por fim no que diz respeito a delimitação temática, esta investigação foi realizada com suporte
científico e instrumentos adquiridos durante os estudos desenvolvidos nos módulos estudados
no curso de Biologia, de forma concreta na cadeira Botânica.

1.6. Enquadramento disciplinar

De acordo com o tipo de pesquisa, o problema e os objectivos do mesmo encaixam-se no


curso de biologia especificamente na cadeira de Botânica.

17
CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA DA PESQUISA

De acordo com a OMS, as plantas medicinais são todas aquelas, silvestres ou cultivadas, que
se utilizam como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar um processo fisiológico
normal ou patológico, ou como fonte de fármacos e de seus percursores (Arias, 1999).

Enquanto que a definição de fitoterápico, segundo a legislação brasileira, trata se de um


medicamento farmacêutico obtidos por processos tecnologicamente adequados, empregando
se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou
para fins diagnósticos (Brasil, 2000).

Os estudos de toxidades com plantas têm crescido juntamente com o uso terapêutico e com
interesse de comprovação da eficácia das mesmas nas mais diversas finalidades
farmacológicas. Isso se deve ao facto de muitas plantas utilizadas por um grande número de
pessoas, apesar de possuírem propriedades farmacológicas, também poderem ser tóxicas.
(Varanda et al., 2006).

Todavia, há poucos estudos clínicos e pré-clínicos, diante de inúmeras espécies de plantas


conhecidas, a fim de comprovar sua eficácia e segurança. Uma vez que muitas plantas
medicinais apresentam constituintes que desencadeiam reacções adversas, ou até mesmo
apresentam contaminantes ou adulterantes nas preparações fitoterapicas, exigindo um
rigoroso controle de qualidade deste cultivo, colecta de plantas, extracção de seus
constituintes, até a elaboração de produto acabado.

Muitas plantas medicinais têm sido usadas indiscriminadamente pela população sem bases
científicas sólidas que demonstram sua eficácia e segurança, aliado a crença popular da
naturalidade inócua dos fitoterapicos e plantas medicinais. Essa não é facilmente contradita,
pois as evidências científicas de ocorrência de intoxicações e efeitos colaterais não atingem os
usuários, logo a ideia de que produtos naturais não fazem mal é difundida (Lanini, 2009).

Há uma dificuldade de identificar eventos diversos de plantas medicinais, tanto pelo usuário
como pelos profissionais de saúde. Estes devem ser capacitados para questionarem os
pacientes sobre o uso de fitoterapicos e das plantas medicinais, lembrando sempre de
incentiva-los a notificar as reacções ao sistema nacional de farmacologias, aos profissionais
de saúde ou a vigilância sanitária local que devem, por sua vez, repassarem essa informação a
ANVISA (Balbino & Dias, 2010).

18
As evidencias científicas de ocorrências de intoxicações e efeitos colaterais relacionados com
o uso de plantas medicinais e/ou fitoterapicos são informações de difícil acesso aos usuários
atendidos nos serviços de saúde, os quais se caracterizaram pela baixa escolaridade e a cervo
cultural.

2. Literatura Conceptual

A fitoterapia é uma medicina tradicional, ou seja, ela é utilizada desde os primórdios


ancestrais em diversas culturas, transmite seu conhecimento através dos tempos, tem como
característica o aspecto forte em meio a integração social que facilita aceitação e adesão
terapêutica no tratamento de doenças. Através disso, esse carácter é atribuído por meio da
integração social para aceitação terapêutica, com que faz que contribua para o sucesso do
tratamento. Teve seu surgimento em meio ao ser humano, em função de suas necessidades
básicas, compondo uma gama terapêutica (Marques, 1997).

A fitoterapia é considerada um método terapêutico, que pode ser utilizada não somente pela
indústria farmacêutica, mais também por outras especialidades médicas. Com isso, para que
seja utilizada de maneira correta é necessário que tenha indicação médica, por pressupor a
elaboração de um diagnóstico e avaliação de técnicas convencionais, podendo ser executada
quando há prescrição e supervisão médica (Reis &Boorhem, 1998).

As plantas medicinais em relação ao seu conceito, Rizzini eMors (1995), definem como
aquelas que tem efeito sobre alguma doença ou sob algum sintoma, que apresentem
resistência a experimentação científica, tendo princípios activos conhecidos em sua acção
farmacológica, vindo a produzir matéria-prima para a indústria farmacêutica.

Who (1978), menciona que planta medicinal é qualquer planta que contenha substâncias
biologicamente activas, que possam ser usadas como fins terapêuticos ou que possam servir
de matérias-primas ou precursores para síntese químico farmacêutica.

Propriedade, em sentido amplo, é entendida como a qualidade inerente aos corpos. Nesse
caso, implica as características essenciais que compõem algo. Para a Declaração de Direitos
do homem e do cidadão, a propriedade é um direito inviolável e sagrado, isto é, ninguém pode
ser dela privado a não ser quando uma necessidade pública, legalmente constatada, exigi-lo de
modo evidente e sob condição de uma indemnização justa e prévia

19
Segundo Longo (2015). Chama-se doença ao processo e ao estado causado por uma afecção
num ser vivo, que altera o seu estado ontológico de saúde. Este estado pode ser provocado por
diversos factores, podendo ser intrínsecos ou extrínsecos ao organismo enfermo.

A asma é uma doença que acomete os pulmões, acompanhada de uma inflamação crónica dos
brônquios (tubos que levam o ar para dentro dos pulmões). Os conhecimentos iniciais sobre a
doença eram restritos, mas com os avanços da medicina nas últimas décadas, passou-se a
conhecer melhor suas causas, mecanismos envolvidos, surgindo novos medicamentos e
tratamentos. No entanto, apesar de todos os progressos, a asma ainda hoje é uma doença
problemática e que pode levar à morte (Who, 2008).

Segundo Santos (s.d). Os medicamentos fitoterapêuticos são definidos pela ANVISA


(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de
derivados vegetais e que os riscos, os mecanismos de acção e onde agem no nosso corpo são
conhecidos. Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria-prima vegetal. É
importante destacar que não é considerado um fitoterapêutico aquele medicamento que
contém substâncias activas isoladas, bem como sua associação com extractos vegetais.

Ainda Santos (s.d) diz que todo fitoterapêutico deve ter sua acção comprovada através de
estudos farmacológicos e toxicológicos. Além disso, deve-se fazer um levantamento dos
artigos publicados, bem como do conhecimento tradicional sobre determinada espécie
vegetal. Só após confirmadas sua acção e qualidade, ele é registado.

2.1. Plantas usadas no tratamento da asma

Inúmeras são as indicações e propriedades das plantas medicinais, visto que apresentam uma
enorme diversidade de princípios activos, e uma mesma espécie pode ser indicada para
diferentes sistemas e tratamentos. Grande parte das espécies possui 19 propriedades que tem
acção no tratamento de doenças do sistema respiratório, que são responsáveis por grande parte
do adoecimento e morte em adultos e crianças no mundo todo.(Toyoshimaet al., 2005).

Dentre as plantas que são utilizadas em Moçambique pela população de Nomiua para o
tratamento da asma, podemos citar:

2.2. A Goiabeira

A goiabeira pertence à família Myrtaceae, sendo amplamente distribuída em países de clima


tropical, subtropical e mesmo em países de clima mais frio, sem geadas (Medinaet al., 1991).
20
Myrtaceae é uma família de plantas dicotiledóneas e composta por cerca de 130 géneros e
3.800 espécies de árvores e arbustos que se distribuem por todos os continentes, à excepção
da Antártica, 27 mas com nítida predominância nas regiões tropicais e subtropicais do mundo,
principalmente na América e na Austrália (Gressleret al., 2008).

Os espécimes de Myrtaceae compreendem em plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas, com


folhas inteiras, de disposição alternada ou oposta e às vezes oposta cruzada, com estipulas
muito pequenas. Suas flores são em geral brancas ou às vezes vermelhas, efémeras
hermafroditas, de simetria radial e frutos geralmente do tipo globulosos (Alveset al., 2006).

Dentre os géneros desta família, destaca-se o género Psidium que apresenta cerca de 150
espécies, e podem ser encontrados ao longo dos trópicos e subtópicos da América e da
Austrália. As espécies do género Psidium podem ser caracterizadas por árvores e arbustos que
possuem folhas simples, opostas, geralmente cruzadas, com típica venação broquidódroma;
flores solitárias, axilares ou pequenos racemos, dicásio ou botrioides (geralmente com 1-3
flores); as flores são pentámeras em que os botões maduros variam de 15 milímetros; cálice
possui morfologia variável, oscilando de capiliforme até caliptrado, raramente apendiculado;
as pétalas são livres e alternadas de cor branca ou creme, há muitos estames, ovário ínfero,
com dois a cinco lóbulos (Soares-silva & Proença, 2008).

Diferentes partes desta planta são utilizadas na medicina popular para o tratamento de várias
doenças, as cascas têm sido empregadas no tratamento de diarreia em crianças; as folhas são
usadas para o alívio da tosse, distúrbios pulmonares, feridas e úlceras e o fruto utilizado como
tónico, laxante e anti-helmíntico (Leeaet al.,2012).

Fonte: Autor (2022).

2.2.1. Classificação científica da goiabeira

Domínio: Eukarya
Reino: Plantae
21
Sub-reino: Tracheobionta
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Rosidae
Ordem: Myrtales
Família:Myrtaceae

2.3. Aboboreira

Segundo Patro (2013). Aboboreira é a designação comum atribuída aos membros


da espécie Cucurbita pepo, pertencente à família Cucurbitaceae e ao género Cucurbita. Esta
espécie pertence à mesma família que a melancia, o melão, a curgete entre muitos outros.

As suas folhas são normalmente bastante grandes e com coloração verde. As suas flores são
muito grandes, frágeis e possuem coloração amarela, sofrendo polinização cruzada,
normalmente com o auxílio de insectos polinizadores. Uma aboboreira produz flores com
ambos os sexos, isto é, o mesmo individuo apresenta dois tipos de flores, umas femininas e
outras masculinas. Os seus frutospossuem geralmente casca dura e polpa pouco consistente de
cor alaranjada.

As diferentes partes da aboboreira podem possuir utilizações medicinais, como as


suas sementes após serem fervidas com um bocado de agua serve para tratar a asma. Não so,
as outras partes servem para o tratamento de determinadas infecçõesentre diversos outros
problemas de saúde.

Fonte: Autor (2022)

22
2.3.1. Características

 Anatómicas: Folhas grandes, flores amarelas grandes e frágeis.


 Tamanho:No máximo 2,5 metros de altura.

2.3.2. Classificação Científica

Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Violales
Família: Cucurbitaceae
Género: Cucurbita
Espécie: Cucurtibapepo

2.4. Eucaliptos

A distribuição do eucalipto é ampla, ocorrendo em várias partes do mundo, em função de ser


uma árvore de fácil cultivo, crescimento rápido e boa adaptabilidade. Estas características
foram obtidas ao longo de sua evolução, que também permitiu ao eucalipto suportar
condições de estres hídrico, de temperatura e de carência nutricional (Filho et al., 2006). Hoje,
esse cultivo é de grande importância para muitos países.

O género Eucayiptus, além de se destacar economicamente pela madeira de reflorestamento,


apresenta espécies com várias propriedades, como: antifúngica, anticéptica, adstringente, anti-
inflamatória, anti-bactericida, repelente, cicatrizante e desinfectante (Estanislau et al., 2001).
Também é usado como expectorante pulmonar e como descongestionante nasal e da garganta,
sob a forma de inalações (Costa, 1975).

As folhas de eucalipto já foram aprovadas como aditivos para alimentos, e os extractos


também têm sido utilizados em formulações cosméticas

23
Fonte: Autor (2022)

2.4.1. Classificação científica

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales
Família: Myrtaceae
Subfamília: Leptospermoidae
Género: Eucalyptus

2.5. Impacto de uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas

Devido à falta de estratégias para o controle e prevenção de intoxicações, processos de


intoxicação humana por diversos agentes, inclusive as plantas, têm representado um grande
problema de saúde pública (Vasconcelos et al., 2009).

Com as evidências do crescente uso da medicina natural entre a população Moçambicanas,


estudos e comprovações científicas de sua eficácia são de imensa importância para se evitar
intoxicações e tratamentos sem eficácia, portanto, seu uso envolve cuidados essenciais (Vieira
et al., 2016). Como diz o velho ditado, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose,
portanto diversos são os cuidados que devem ser tomados, como dosagens, forma de uso,
ciclo de vida e parte da planta a ser utilizada (Vieira et al., 2016).

As plantas, assim como outros seres vivos, produzem inúmeras substâncias químicas, que
nem sempre vão agir apenas de forma benéfica com outros organismos. É necessário que as
espécies sejam estudadas sob pontos de vista químico, farmacológico e toxicológico para se
assegurar o seu uso medicinal (Silva et al., 2001).

24
É comum a concepção de que fitoterapêuticos não provocam nenhum risco a saúde, devido ao
fato de se originarem das plantas, no entanto, assim como qualquer outro medicamento, estes
produtos possuem efeitos colaterais e podem ser até tóxicos, já que a maior parte das plantas
ainda não possuem eficácia comprovada, sendo assim, o ideal é que o uso seja feito a partir de
orientações médicas (Franco et al., 2011).

O uso de plantas pode ocasionar reacções alérgicas potenciais ou outras doenças devido às
interacções com medicamentos prescritos, e segundo Allen, Bond eMain (2002) alguns dos
venenos mais potentes já conhecidos, são derivados directamente de plantas.

2.6. Literatura Empírica

Segundo Oliveira (2007), em seu estudo investigativo do conhecimento sobre plantas


medicinais e fitoterápicos e potencial de toxicidade por usuários de Belo Horizonte – MG, a
maioria dos entrevistados não reconhecem os efeitos colaterais, contra-indicações, efeitos
tóxicos e reacções adversas advindos do uso das terapias naturais, sendo comum o emprego
de frases como: é natural, não tem química, se bem não fizer, mal não faz, tudo sem efeito
colateral, não é igual ao da Farmácia, não tem contra-indicação e é bom porque posso tomar
quantas vezes eu quiser”, sendo assim imprescindível a implementação de medidas educativas
e informativas para o uso racional de plantas medicinais (Oliveira, 2007)

No estudo de França et al. (2008), com objectivo de verificar se os herbários oferecem


informações corretas quanto a utilização das plantas medicinais e orientações acerca de
possíveis intoxicações e interacções medicamentosas, verificou-se que, apesar dos
participantes apresentarem bom conhecimento dos princípios activos, observou-se falta de
coerência e padronização em algumas indicações, e também a falta de capacitação destes
herbários em orientar sobre as possibilidades de interacções medicamentosas e intoxicação,
além de formas de preparo, limpeza, armazenamento e tempo de vida útil das ervas (França,
2008).

No Brasil, o uso de plantas com finalidades terapêuticas e em rituais religiosos, têm sua
origem advinda de diversas culturas, representada pelas tradições dos indígenas brasileiros
(povos originários) e das culturas africanas e europeias (Silva et al., 2001). Algumas espécies
foram trazidas pelos escravos africanos e daí veio a contribuição destes povos. Quanto aos
indígenas, por meio dos pajés, passaram a sabedoria das ervas locais para seus descendentes e
os europeus, quando vieram, absorveram as informações dos nativos, unindo assim com o

25
conhecimento das espécies europeias que foram também trazidas e introduzidas no país
(Vieira, 2012).

As plantas medicinais são usadas como uma prática comum no Brasil, sendo transmitida de
gerações, essas práticas são repassadas e realizadas por meio do extrativismo, a sua cultura
tem fundamento por meio da cultura indígenas que habitaram o Brasil, que tinham suas
tradições, após posteriormente o uso da cultura de europeus e africanos que vieram ao país
posteriormente (Simões, 1998).

As plantas medicinais são úteis no tratamento de diversas doenças, a fitoterapia brasileira


passou por um desenvolvimento no século XX, quando a atenção farmacêutica passou a
utilizar plantas consagradas pelo uso popular (Abmc, 2002).

A erva Tanchagem, nome científico como Plantago Major, é uma planta que pode ser
utilizada no tratamento de asma, possui propriedades expectorantes que auxiliam na retirada
das secreções típicas de alergias respiratórias como asma, a sinusite e a renite, para este
tratamento deve ser utilizado o chá da planta. Essa planta também pode ser utilizada para
alergias na pele, deve-se aplicar sob a pele a cataplasma com folhas amassadas e deixá-las
actuar por cerca de dez minutos. A Plantago possui em sua composição acções que diminuem
a irritação na pele e pode ser utilizada após queimaduras ou exposição solar (Biazzi, 2004).

O Sabugueiro é uma planta aliada no tratamento de doenças como a asma, seu nome científico
é SambucueNigra, suas flores podem ser utilizadas para preparo de chás que auxiliam no
tratamento de sintomas alérgicos (Biazzi, 2004).

No período colonial, diante da escassez de remédios empregados na Europa, os primeiros


médicos portugueses que chegaram no Brasil, logo se atentaram a importância do uso de
espécies vegetais para tratamento e cura de enfermidades, método conhecido e utilizado pelos
povos nativos (Brasil, 2012).

Há Registro de estudos etnobotânicos relativamente antigos, feito por cientistas como Carl
Friedrich PhilippvonMartius e Joahnn Baptist RittervonSpix, que mostraram interesse por
estes saberes e no século XIX notificaram o uso de plantas por indígenas brasileiros. Com o
intuito de conhecer melhor as medicinas e rituais dos diversos povos étnicos em nosso país,
realizou-se vários estudos nesta área nos últimos anos, desenvolvendo trabalhos como o de
Morais e colaboradores (2005) que fizeram um levantamento das plantas medicinais usadas
pelos índios Tapebas do Ceará e Coutinho e colaboradores (2002), com um estudo
26
etnobotânico de plantas medicinais utilizadas por comunidades indígenas no estado do
Maranhão, promovendo maior conhecimento da flora do Brasil e evidenciando a diversidade
de espécies de uso terapêutico (Franco et al., 2011).

Gottlieb (1996)apudVillas Boas e Gadelha (2007), afirma que, de toda a flora mundial, cerca
de um terço está representada no Brasil. Apesar de haver diversas plantas medicinais muito
bem estudadas e investigadas na biota brasileira, a maioria delas ainda não possuem nenhum
estudo científico (Silva, 2010).

Sendo um dos países de maior biodiversidade mundial, aliado a grande quantidade de


espécies não exploradas e ao elevado grau de conhecimento tradicional no uso de plantas que
está associado com a diversidade cultural e étnica, o Brasil tem enorme potencial para o
desenvolvimento de pesquisas académicas nas áreas de biodiversidade e etnobotânica (Brasil,
2006).

Factores como o desenvolvimento de fitoterápicos seguros e eficazes, resultado de avanços na


área científica e a busca por terapias menos agressivas, levaram a um crescimento no uso
destes produtos pela população brasileira (Yuneset al., 2001).

Segundo Cunha (2003) diversos produtos com propriedades medicinais extraordinárias,


importantes para toda a humanidade, como os curares, a emetina e a pilocarpina foram
desenvolvidos a partir de pesquisas feitas no Brasil, no entanto menos de 1% das espécies
vegetais brasileira foram analisadas quanto aos compostos químicos e farmacológicos (Cunha,
2003).

Linhares (2014), enfatiza a importância das raízes em comunidades de baixa renda e confirma
que o conhecimento tradicional é mais comum em regiões mais pobres. A importância das
actividades económicas 12 relacionadas a venda de plantas medicinais, proporcionando
melhores condições na renda destas famílias também foi enfatizada, observando esta mesma
realidade em outros países em desenvolvimento.

Entretanto, com base nas ideias acima deu para perceber que o uso de plantas com
propriedades fitoterapêuticas é algo muito antigo e muito frequente nas zonas que carecem de
serviços básicos de saúde e medicamentos.

27
2.6.1. Contra-indicações no uso de plantas medicinais

Silva et al. (2001), em um estudo das plantas usadas como medicinais no município de Ipê -
RS, confirmou-se que a maioria das plantas utilizadas ainda não foram estudadas
cientificamente, com referências de segurança e eficácia para apenas 11 das 105 espécies
apresentadas, e os resultados também demonstraram que a população faz uso de cerca de 11
espécies ou mais que podem gerar efeitos colaterais e/ou efeitos tóxicos.

Campos (2016), em uma levantamento bibliográfico de espécies vegetais, brasileiras e


exóticas aclimatadas, citadas como tóxicas, registou algumas espécies muito 17 comuns para
usos medicinais, como por exemplo LuffaoperculataCogn., utilizada para tratar Asma,
uretrites, edemas, sinusite, rinite, descongestionante nasal e abortivo, que apresenta uma
substância tóxica conhecida como cucurbitacina, em que os efeitos colaterais podem incluir
hemorragia nasal após inalação, náuseas, vómitos, dores abdominais e dores de cabeça
podendo também levar ao coma e óbito.

Veiga Júnior (2008) em seu estudo sobre o uso e os costumes de utilização de plantas
medicinais pela população e sua aceitação e conhecimento pelos profissionais de área da
saúde no interior do estado do Rio de Janeiro, revelou uma grande aceitação da população
para a utilização de plantas e fitoterápicos com indicação médica, no entanto, este tipo de
terapia tradicional ainda está bem atrás dentre as indicadas por estes especialistas, devido à
falta de conhecimento e especialização entre os profissionais de saúde quanto ao uso destes
medicamentos, demonstrando assim a enorme importância da inclusão desta área na formação
dos profissionais de saúde para a disseminação do uso correto e seguro destas terapias visto
que a fitoterapia e as espécies medicinais já são amplamente utilizada pela população através
da automedicação.

2.7. Literatura Focalizada

As doenças e infecções do trato respiratório podem afectar tanto os órgãos das vias aéreas
superiores (vias nasais), quanto inferiores (brônquios e pulmões). Entre as infecções do
sistema respiratório que podem ocorrer nas vias superiores, as mais comuns são: resfriado,
infecção de garganta e sinusite, e as infecções das vias inferiores, causam doenças como:
asma, gripe, pneumonia, tuberculose e bronquiolite (Azevedo et al., 2015).

Segundo o Ministério da Saúde as doenças respiratórias crónicas reflectem um dos maiores


problemas de saúde mundial e causam grande impacto económico e social já que geram
28
limitações físicas, emocionais e intelectuais aos indivíduos afectados. As doenças
respiratórias crónicas fazem mais de quatro milhões de vítimas por ano (Who, 2007).

Entre as doenças crónicas que acometem o trato respiratório, as mais frequentes em


Moçambique são a Asma, a Rinite alérgica, a Tuberculose, Gripe, Pneumonia, e a doença
pulmonar obstrutiva crónica. Segundo a OMS 235 milhões de pessoas sofrem de asma, e é a
doençacrónica mais comum entre crianças.

A Asma é uma doença heterogénea usualmente caracterizada por um processo inflamatório


crónico das vias aéreas. É definida por uma história de sintomas respiratórios recorrentes de
pieira, aperto torácico, dispneia e tosse que variam de intensidade ao longo do tempo
associado a uma limitação variável do fluxo aéreo expiratório (Gina, 2016).

Asma
ASMA

Inflamação Sintomas limitação


Heterogénea Crónica das variado ao variável
vias aéreas longo dos
LAMAÇÃO do fluxo
FLAMAÇÃO anos aéreo

Diz a OMS que a asma é uma doença muito comum em crianças do sexo masculino e ocorre
devido a uma inflamação nas partes internas do pulmão, provocando inchaço e reduzindo a
passagem do ar nestas estruturas (Arias, 1999).

2.7.1 Sintomas

Segundo Ministério de Saúde (2012). Caracteriza-se por um processo que afecta todo o
organismo e não somente as vias aéreas inferiores, que aumentam a produção de secreções e
prejudicam a passagem de ar. O asmático tem tosse frequente, prolongada, geralmente durante
a noite, nem sempre com catarro; chiado, cansaço, opressão no peito com dificuldade para
respirar. Esses sintomas podem aparecer juntos ou ocorrer isoladamente. A existência de tosse
crónica ou falta de ar ao praticar exercícios físicos podem ser sintomas de asma.

29
2.7.2 Diagnóstico

Diz ainda Ministério de Saúde (2012) que pela história que o paciente conta para o médico e
por observações feitas durante o exame clínico, tais como: chiado, tórax exageradamente
cheio de ar, presença de rinite alérgica (espirros repetidos, nariz escorrendo, entupimento e
coceira do nariz, que pode ser intensa) e existência de familiares com doenças alérgicas e
asma. Exames para alergia e provas de função respiratória auxiliam no diagnóstico.

O que desencadeia a asma:

De acordo com Ministério de Saúde (2012). A asma pode ser causada por vários factores,
como:

 Alergia: poeira, ácaro, pólen, fezes de barata, pêlos de animais;


 Infecções: viroses, como gripes e resfriados, ou ainda as sinusites;
 Mudanças de tempo;
 Fumaças;
 Poluição;
 Cheiros fortes;
 Esforço físico;
 Aspectos emocionais;
 Exposição ao ar frio;
 Outras causas: alguns tipos de medicamentos, alguns alimentos, causas hormonais,
factores relacionados ao trabalho.

2.7.3 Prevenção

 Deixar o ambiente de convívio diário, principalmente o quarto, bem limpo e arejado;


 A limpeza deve ser diária com aspirador de pó e pano húmido, sem produtos com
cheiro forte.
 Não usar vassouras nem espanadores, pois espalham a poeira fina, que ficará em
suspensão e voltará a se depositar;
 Retirar tapetes, carpetes, cortinas, almofadas, estantes com livros, enfim, tudo que
facilite o acúmulo de pó.

30
2.7.4 Classificação da asma

A classificação actual da asma é feita de acordo com os níveis de controle da doença e deve
ser avaliada a cada consulta. Na avaliação são abordadasas manifestações sintomáticas e os
factores de risco para futuras exacerbações.

 Asma Controlada: paciente que apresenta função pulmonar normal, sem limitação de
suas actividades diárias, sem sintomas nocturnos e sintomas diurnos menos de duas
vezes por semana;
 Asma Parcialmente Controlada: paciente que apresenta sintomas diurnos ou uso de
bronco dilatador de curta acção mais de duas vezes por semana, qualquer limitação
funcional ou qualquer sintoma nocturno;
 Asma não controlada: paciente com três ou mais parâmetros de ‘asma parcialmente
controlada.

É de extrema importância frisar que na maioria dos países, a população mais carente é a que
mais está sujeita ao desenvolvimento de doenças respiratórias crónicas e mortes prematuras
decorrentes destas, devido às dificuldades no acesso aos serviços de saúde e maior exposição
aos factores de risco como combustíveis sólidos dentro de casa e ambientes profissionais
pouco seguros. Pessoas que sofrem com doenças como a asma perdem muita qualidade de
vida, tendo menos possibilidades de trabalhar ou cuidar da família.

Em Moçambique são poucos ainda os estudos feitos na área de plantas medicinais, podendo
por isso se mencionar como se segue:

Jansen e Mendes (1983, 1990, 1991), compilaram essencialmente a partir do material do


herbário quatro tomos contendo informações valiosas sobre plantas medicinais de 29 famílias
desde a letra A até C. Maite (1987) investigou catorze espécies de valor medicinal e seu uso
na medicina tradicional em Moçambique, pertencentes a família Malvaceae e Passifloraceae.
Fato (1995) investigou a aplicação, proveniente e comercialização de plantas medicinais na
cidade de Maputo, tendo identificado 78 espécies pertencentes a 42 famílias. Outras
investigações realizadas sobre o uso dos recursos vegetais em Moçambique, isto é, não
exclusivamente das plantas medicinais incluem as de Barbosa (1995) que estudo o valor das
árvores para a população da Ilha de Inhaca.

No trabalho de Silva Filho et al. (2017), com o objectivo analisar as principais infecções
respiratórias de importância clínica e os principais agentes etiológicos, identificou-se que o
31
agente etiológico de maior prevalência das infecções são os vírus, presentes em mais de 70%
dos casos de infecções respiratórias, com ênfase no vírus da Influenza como sendo o mais
predominante. O autor aponta a importância de um diagnóstico correto visto que muitas
infecções virais tem sido tratadas como infecções bacterianas, confirmando a existência de
negligência por parte dos órgãos de saúde quanto à gravidade das doenças respiratórias.

No entanto, não avendo acesso a serviços de saúde básico em algumas zonas recondidas de
Moçambique, maior número das populações da zonas rurais recorrem a moda dos nossos
antepassados para o tratamento de doenças respiratórias, como é o caso do distrito da Maganja
da costa que usa plantas com propriedades fitoterapêuticas para o tratamento de doenças
respiratórias.

De acordo com os estudos feitos por Paulo (2021), as folhas de goiabeira são usadas como
alternativa para o tratamento de diarreias, onde foi possível observar a fonte de aquisição das
folhas de goiabeira usadas pela população de Mexixine para o tratamento das diarreias, modo
de preparação do medicamento e as dosagens comumente usadas pelos parcicipantes, tendo se
constatado que são obtidas a partir das matas e quintais da população de Mexixine em
Namacurra.

Pois segundo Manosroiet al.(2006), citado por Paulo (2021) a goiabeira é uma planta de fácil
acesso podendo ser encontrada em quintais residenciais e suas propriedades terapêuticas têm
sido amplamente utilizadas na medicina popular, como estimulante, anti-inflamatório,
antibacteriano, e seu o óleo essencial extraído de suas folhas tem sido estudado na literatura
como poderoso antifúngico contra fitopatógenos.

Contudo com base nas experiências vivenciadas pelo autor, nota-se que através do processo
de infusão que consiste na colocação das folhas dentro da água quente por aproximadamente
10 minutos e depois filtrar, recomenda-se 3 a 4 brotos colocados em 1 xícara de chá com 150
mL de água, tampar e após amornar tomar 50 mL.

Frisa ainda Paulo (2021) que o conhecimento popular acerca do uso de folhas de goiabeira
para o tratamento das diarreias é desenvolvido por agrupamentos culturais que ainda
convivem intimamente com a natureza, observando-a de perto no seu dia-a-dia, e explorando
suas potencialidades, mantendo vivo e crescente esse património pelo uso constante.

32
2.8. Breve historial do uso de plantas medicinais para o tratamento da asma

A utilização das plantas como medicamento provavelmente seja tão antiga quanto o
aparecimento do próprio homem. A evolução da arte de curar possui numerosas etapas,
porém, torna-se difícil delimitá-las com exactidão, já que a medicina esteve por muito tempo
associada às práticas mágicas, místicas, ritualísticas e envolvendo a religião. O uso de plantas
medicinais pela população tem sido muito significativo nos últimos tempos. E a preocupação
com a cura de doenças, ao longo da história da humanidade, sempre se fez presente (Piva,
2002).

Os registros de utilização de plantas como remédio datam da era paleolítica, pela identificação
de pólen de plantas medicinais em sítios arqueológicos. Relatos escritos mais sistematizados
foram encontrados na Índia, na China e no Egipto e datam de milhares de anos antes da
civilização cristã (Saadet al., 2009). A utilização de medicamentos fitoterápicos, com
princípios de serem utilizados com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de
diagnósticos passou a ser oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) no ano de 1978, sendo recomendado a sua difusão em nível mundial do conhecimento
necessário para o seu uso (Silvaet al., 2014).

Moçambique não é excepção aos factos acima apresentados pois, até aos dias actuais, as
práticas de cura, também conhecidas pelo nome de medicina tradicional, são solicitadas por
pessoas de variadas classes, moradoras das zonas rurais ou urbanas. Embora se trate de uma
experiência mundial, inclusive na Europa, entre os discursos médicos vigentes, ainda se faz
notar a ideia de que o seu uso é mais abundante e inerente ao continente africano (Santana,
2011 apud Pembelane, 2015, p. 5)

Dessa forma, Santana (2011) apud Pembelane (2015, p. 5), argumenta que na segunda metade
dos anos 70 a medicina tradicional começou a ganhar espaço e valorização nas políticas e
estratégias de saúde no país, altura em que foi criado em 1977, no Ministério da Saúde, um
Gabinete de Estudos de Medicina Tradicional, com o objectivo de recolher espécimes de
plantas utilizadas pelos praticantes de medicina tradicional, e recolher informações sobre as
patologias tratadas com as mesmas plantas assim como a metodologia utilizada, mas sem
objectivo de integrá-los nos programas preventivos ou de tratamentos de doenças, mesmos as
consideradas endémicas.

33
As plantas medicinais representam a principal matéria médica utilizada pelas chamadas
medicinas tradicionais, ou não ocidentais, em suas práticas terapêuticas, sendo a medicina
popular a que utiliza o maior número de espécies diferentes (Léveque, 1999, p.90)

De acordo com Kroget al., (2006:2) apud Senkoroet al., (2012), em Moçambique cerca de
15% do total dos recursos genéticos vegetais (estimado em cerca de 5. 500 espécies de
plantas) são usados pelas comunidades rurais para fins medicinais e desempenham um papel
fundamental nos cuidados de saúde básicos.

34
CAPITULO III: METODOLOGIAS

3. Caracterização da pesquisa

3.1. Quanto a Natureza


Do ponto de vista da natureza a pesquisa é básica, pois conforme Menezes e Silva (2005) esta
pesquisa objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação
prática prevista, envolvendo verdades e interesses universais. Entretanto, a pretensão do autor
é de analisar o uso de plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças
respiratórias (asma) a nível da população da localidade de Nomiua, para satisfazer
necessidades intelectuais e contribuir para o melhoramento da saúde pública, com vista a
minimizar os problemas que esta comunidade enfrenta desde os tempos passados face as
doenças respiratórias em particular a asma.

3.2. Quanto a abordagem do problema


Quanto a abordagem do problema em estudo a pesquisa é quantitativa onde consistiu em
traduzir em números as opiniões dadas, e informações sobre a noção das diferentes formas de
utilização das plantas com propriedades fitoterapêuticas e seus efeitos no tratamento da asma,
para depois analisá-las com base no pacote estatístico Excel.
Segundo Apolinário (2006, p.59):

[...] qualquer pesquisa provavelmente possui elementos tanto qualitativos


como quantitativos, ou seja, em vez de duas categorias dicotómicas e
isoladas, temos antes uma dimensão contínua com duas polaridades extremas,
e as pesquisas se encontrarão em algum ponto desse contínuo, tendendo mais
para um lado ou para outro.

Ainda segundo o mesmo autor:

[...] a pesquisa preponderantemente qualitativa prevê a colecta de dados a


partir de interacções sociais do pesquisador com o fenómeno pesquisado e
apresenta uma análise subjectiva dos dados. Já a pesquisa
preponderantemente quantitativa, prevê a mensuração de variáveis
predeterminadas, buscando verificar e explicar sua influência sobre outras
variáveis (Apolinário, 2006 p.61).

No entanto, interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados constituem a base no


processo de pesquisa qualitativa, pois não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas,
assim, o ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o
instrumento-chave que tende a analisar seus dados indutivamente cujo processo e seu
significados são os focos principais de abordagem.

35
Deste modo esperou-se que a amostra foi representativa e suficiente para a colecta de
informações necessárias e que garanta uma pesquisa proveitosa no sentido científico e tente
responder a situação que esta em volta do problema.

3.3. Quanto aos objectivos


Sob ponto de vista de seus objectivos, esta pesquisa possui característica exploratória, pois o
autor busca através dela maior familiaridade com o problema constatado para explicitá-los e
construir hipóteses.
“A pesquisa exploratória é muito utilizada para realizar um estudo no qual o
principal objectivo da pesquisa que será realizada, ou seja, familiarizar-se
com o fenómeno que está sendo investigado, de modo que a pesquisa
subsequente possa ser concebida com maior compreensão, entendimento e
precisão” (Gil, 1999, p.12).

Foi utilizada uma pesquisa de cunho exploratória, porque ela envolve levantamento
bibliográfico que abordam o estudo de plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento de doenças respiratórias (asma) e a realização de uma entrevistas estruturada com
pessoas da localidade de Nomiua que tiveram, ou têm, experiências práticas com uso de
plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma e análise de exemplos que
estimulem a compreensão. Pois, a pesquisa exploratória visa também proporcionar uma visão
geral de um determinado fato, do tipo aproximativo.

3.4. Técnicas de Recolha de Dados

Para a recolha de dados relacionados a essa pesquisa, o autor usou os seguintes instrumentos:

3.4.1. Questionário

O instrumento de recolha de dados usado nesta pesquisa foi questionário estruturado, que
consistiu numa série ordenada de perguntas fechadas, que foram respondidas de forma
objectiva pelo inquirido, de acordo com as instruções que de forma detalhada esclarecem o
propósito de sua aplicação. Tendo como principais variáveis colhidas, a forma de preparo do
medicamento, a dosagem usada e o tempo de uso até sanar a asma.

Com a técnica acima mencionada, as pessoas foram abordadas nas suas unidades residenciais
em Nomiua, para obter-se informações relacionadas com o estudo de plantas com
propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças respiratórias (asma), cujas perguntas
fechadas tem em vista, obter dos inquiridos, resposta para o alcance dos objectivos do estudo.
E para maior êxito do questionário, o autor fez um contacto inicial com as autoridades locais

36
especificamente o secretário do bairro Magodo e Muava de modo a explicar a finalidade da
pesquisa, ressaltando a necessidade da sua colaboração.

O guião do questionário foi preenchido pelos inquiridos e em casos de individuo não


escolarizados o próprio pesquisador procedeu o preenchimento para permitir que as famílias
analfabetas aderissem ao inquérito.

O questionário foi realizado nos dias laborais da semana bem como aos finais de semana, em
horários variados de 7:00 às 16:00 horas e teve a duração média de 25 minutos, variando de
15 a 30 minutos em alguns casos.

3.4.2. Observação directa


Segundo Richardson (1989) a observação como a base de qualquer investigação pode ser
utilizada em trabalho científico de qualquer nível e ainda acrescenta que tradicionalmente, a
observação é considerada como um método qualitativo de investigação.
Desta maneira, o autor fez uso deste método com intuito de observar e verificar as diferentes
formas de preparação de plantas com Propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças
respiratórias (asma) na localidade de Nomiua, distrito de Maganja da Costa, de modo a
compreender a valorização destas plantas pela população desta localidade.

3.4.3. Pesquisa Bibliográfica


A pesquisa bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que
ira direccionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e analise pelo
pesquisador que ira executar o trabalho científico e tem como objectivo reunir e analisar
textos publicados, para apoiar o trabalho científico. Para Gil (2002, p. 44), a pesquisa
bibliográfica […] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos.
Para o trabalho destacado, foram utilizadas varias pesquisa bibliográfica, para subsidiar o
estudo de plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de doenças respiratórias
(asma) na localidade de Nomiua. Assim como principais exemplos as investigações sobre
ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca do estudo de
plantas medicinais para tratamento da asma.

3.5. Universo

Para Gil (2008, p.13), “universo é um conjunto de elementos ou objectos que possui a
informação procurada pelo investigador e sobre a qual as inferências vão ser efectuadas”.
37
Assim sendo, este estudo contou com um universo de 19.770 habitantes da localidade de
Nomiua.

3.6. Participantes

O critério a obedecer na selecção dos participantes é por acessibilidade ou por conveniência


que de acordo com Gil (2008, p. 94) constitui o menos rigoroso de todos os tipos. Por isso
mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico.

É de extrema importância frisar que fizeram parte deste estudo 30 participantes, sendo 9 do
sexo masculino e 21 do sexo feminino. Dentre os participantes podem os destacar três tipos de
camadas tais como Os Jovens, os Adultos e os velhos. O pesquisador selecciona os elementos
a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo.

3.7. Gestão de dados

3.7.1. Analise dos dados

Depois da recolha da informação necessária para elaboração deste trabalho, seguiu-se a fase
de análise e interpretação das informações e dados recolhidos em função dos tópicos da
pesquisa, e através do pacote Excel 2013 da Microsoft.

Entretanto a análise dos dados foi feita mediante a aplicação da estatística indutiva que
permitiu a elaboração de inferências, conclusões, tomadas de decisão e previsões, assim, a
análise e interpretação dos dados consistiu em três fases que é a observação, o questionário e a
interpretação referencial, fazendo o tratamento dos resultados seguido de uma reflexão.

Pois, Labes (1998) enfatiza a necessidade de conhecimento e domínio do pesquisador, de


cálculos estatísticos, sob risco de tirar (e induzir a) conclusões equivocadas, necessidade de
definir e relacionar classes, estratos e variáveis, bem como a importância do cruzamento de
variáveis

CAPITULO IV: ANALISE E DISCUSSÃO DE DADOS

4. Apresentação, Análise e Interpretação de Dados

38
Neste capítulo, é feita a análise e interpretação de resultados obtidos a partir da aplicação do
questionário contendo perguntas fechadas feito a população da localidade de Nomiua, distrito
de Maganja da Costa de modo a discutir-se os mesmos numa conjugação com a abordagem de
outros autores, para chegar-se a conclusões que possam satisfazer os objectivos da pesquisa.

Portanto, os resultados foram organizados sob forma de tabelas, a partir do cálculo da


frequência absolutas e relativas, procedendo-se a comparações e interpretações à luz dos
conhecimentos já disponíveis na literatura sobre o assunto, enquanto os resultados da
observação foram discutidos de forma sumária e em forma de imagens que se encontram nos
apêndices.

4.1. Caracterização dos participantes da pesquisa

Tabela 1: Distribuição dos participantes segundo a idade

Idade Número de Inqueridos Percentagem (%)


15- 20 6 20
21- 30 9 30
35- 60 15 50
Total 30 100
Fonte: Autor (2022).

Conforme a tabela acima, apresenta a distribuição dos participantes do estudo, segundo a


idade, tendo a pesquisa contado com 20% dos inquiridos na faixa de 15 a 20 anos de idade, 30
% na faixa etária dos 21 a 30 anos e 50 % tem 35 a 60 anos. Entretanto os sujeitos da amostra
representam uma faixa etária activa e que mais tem experiências sobre a prática dessas
actividades.

Tabela 2: Distribuição dos participantes segundo o sexo

Sexo Número de Inqueridos Percentagem (%)


Masculino 9 30
Feminino 21 70
Total 30 100
Fonte: Autor (2022).

No entanto, distribuição da amostra segundo a variável sexo, mostrou que 30 % da população


inquerida é do sexo masculino e 70 % da mesma é composta pelo sexo feminino. A

39
predominância das mulheres no estudo explicada pelo facto de que as mulheres serem a
grande maioria dos usuários de práticas tradicionais imediatas, quer cuidando de si mesmas,
quer tratando de seus filhos, entre outros.

4.2. Dados do questionário feito à população da localidade de Nomiua, no distrito de


Maganja da Costa

Tabela 3:Tem padecido de asma?


Resposta dos Inqueridos Número de inqueridos Percentagem (%)
Sim 30 100
Não 0 0
Total: 30 100
Fonte: Autor (2022).

A tabela 1, refere-se às respostas a obtidas em torno de ocorrência da asma a nível dos


participantes da pesquisa, sendo que dos 30 inquiridos, todos afirmaram que em algum
momento da sua vida já padeceram de asma, perfazendo cerca de 100% da amostra.

Assim, de acordo com Misau (2017, p.67), a asma juntamente com tantas outras doenças
respiratórias, constituem um problema de saúde pública em muitos países subdesenvolvidos
donde Moçambique faz parte.

Todavia, conforme relataram os participantes, constatou-se que a ocorrência da asma


sobretudo nas zonas rurais constitui um grande problema de saúde pública, assim conforme
mostram os resultados da pesquisa em relação a situação de ocorrência da asma nível da
população de Nomiua, nota-se que este índice elevado pode estar associado as condições de
vida da população com destaque para o saneamento do meio.

Tabela 4: Que tipo de medicamento tem usado para o tratamento da asma?

Medicamentos Número de inqueridos Percentagem (%)


Tradicional 27 90
Convencional 3 10
Ambos 0 0
Total 30 100
Fonte: Autor (2022).

40
Na tabela acima estão os dados referentes aos medicamentos usados pela população no
tratamento da asma sendo que cerca de 90% da população afirma fazer uso de medicamentos
tradicionais e 10% desta população faz uso de medicamentos convencional.

Essa preferência em utilizar medicamentos tradicionais não é uma exclusividade da região,


pois a utilização dos medicamentos tradicionais é uma prática comum entre as populações.
Portanto levando em consideração que os medicamentos tradicionais constituem um recurso
acessível para as comunidades, estando relacionados várias outras componentes sociais,
simbólicas, o que faz com que na actualidade, os medicamentos tradicionais continuem a ser
procurados, não só nos meios rurais onde o alcance do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é
mais reduzido, mas também nos contextos urbanos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1993), 80% da população mundial recorre às


medicinas tradicionais para atender suas necessidades primárias de assistência médica.

Segundo Piva, (2002, p.41):

Os medicamentos a base de plantas medicinais, possuem custos muitas vezes


inferior e, consequentemente, mais acessíveis à população, que, em geral,
encontra-se sem quaisquer condições financeiras de arcar com os custos
elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados como parte
do atendimento das necessidades primárias de saúde, principalmente porque
na maioria das vezes as matérias-primas utilizadas na fabricação desses
medicamentos são importadas.

Tabela 5:O que te motiva a recorrer às plantas com propriedades fitoterapêuticas no


tratamento de asma?

Motivos Número de inqueridos Percentagem (%)


Fácil aquisição 9 30
Eficácia 18 60
Outros Motivos 3 10
Total 30 100
Fonte: Autor (2022).

Na tabela 5, estão as respostas relativas ao motivo que levou os sujeitos pesquisados (30) que
afirmaram que as folhas de goiabeira, eucalipto e sementes de abobora fazem parte do lote de
medicamentos por eles usados para o tratamento da asma, sendo que 60% declararam que o
motivo foi a eficácia ou seja, o bom resultado, com ele mesmo, enquanto que cerca 30% dos
inquiridos sustenta que é devido a fácil aquisição ao nível da mata e dos seus quintais e cerca
de 10% declararam outros motivos.
41
Com base nos dados da tabela acima, nota-se que a cultura do uso de plantas medicinais
sobretudo as folhas de goiabeira, eucaliptos e sementes de abóbora em comunidades rurais,
constitui importante recurso local para a saúde. Entretanto, é importante a orientação quanto
ao uso correcto das folhas de goiabeira, eucalipto e sementes de abóbora, pois a
complementação do conhecimento popular e científico sobre a produção e o uso destas folhas
e semente é fundamental para sua segurança e eficácia.

No entanto, conforme Lima, (2006), as plantas foram ao longo das diversas gerações sendo
manipuladas e utilizadas para as mais diversas finalidades terapêuticas, gerando assim um rico
conhecimento tradicional

Tabela 6: Com quem é que aprendeu a usar plantas com propriedades fitoterapêuticas no
tratamento da asma?

Fontes Número de inqueridos Percentagem (%)


Familiar 12 40
Amigos 9 30
Médico tradicional 6 20
Outros 3 10
Total: 30 100
Fonte: Autor (2022).

Na tabela, estão as respostas referentes à questão sobre a fonte dos conhecimentos sobre o uso
de plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma. Entre os 30 inquiridos
usuários de plantas com propriedades fitoterapêuticas como Goiabeira, aboboreira e a do
eucalipto no tratamento da asma, 40% declararam que foram familiares que lhes ensinaram o
uso de folhas de goiabeira, Eucalipto e Semente da Abóbora para tratar asma, 30% afirmaram
que foram amigos, enquanto 20% afirmaram terem aprendido com médico tradicional e 10%
declararam outras fontes. Estes dados mostram que as plantas medicinais surgem como um
instrumento de cura, cujo uso é gerado e sustentado pela cultura local, ou seja, na maioria das
vezes as pessoas que consomem as plantas medicinais aprenderam com os pais ou seus avôs,
por isso a maioria dos moradores declararam terem aprendido com seus familiares.

Assim, pode se afirmar que o conhecimento popular acerca do uso de plantas com
propriedades fitoterapêuticas para o tratamento da asma é desenvolvido por agrupamentos
culturais que ainda convivem intimamente com a natureza, observando-a de perto no seu dia-

42
a-dia, e explorando suas potencialidades, mantendo vivo e crescente esse património pelo uso
constante.

Tabela 7:Qual tem sido a forma de consumo do medicamento preparado a partir de plantas
com propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma?

Formas de consumo Número de inqueridos Percentagem (%)


Mastigação a fresco 9 30
Cozido em forma de chá 21 70
Outras 0 0
Total: 30 100
Fonte: Autor (2022).

A tabela 7, apresenta os dados referentes a forma de consumo do medicamento preparado a


partir de plantas com propriedades fitoterapêuticas como a goiabeira, aboboreira e eucalipto,
sendo que dos 30 moradores inquiridos que afirmaram fazer parte da sua medicação as folhas
de goiabeira, eucalipto e sementes de abóbora em casos de asma, 70 % consome em forma de
chá e apenas 30% faz um uso a fresco através da mastigação. No entanto, embora a maior
parte da população consuma o medicamento preparado a partir de folhas de goiabeira,
eucalipto e semente de abóbora em forma de chá (70%) e o restante (30%) por mastigação a
fresco, importa realçar a necessidade de se fazer uma experiência para se saber qual das duas
formas de consumo é mais eficiente. Assim sob ponto de vista do autor aliado aos resultados
referenciados na tabela 7, o uso popular parece consagrar mais o chá como sendo a melhor
forma de consumo deste medicamento.

Tabela: 8:Qual é o número de vezes diárias que se consome o medicamento até sanar a
asma?

Opções de Resposta Número de Inqueridos Percentagem (%)


Uma vez por dia 3 10
Duas vezes por dia 9 30
Três vezes por dia 18 60
Quatro vezes por dia 0 0
Total: 30 100
Fonte: Autor (2022).

43
A tabela 4, apresenta o número de vezes diária em que se consome o medicamento, onde das
30 pessoas inquiridas que declararam consumir o medicamento preparado a partir de folhas de
goiabeira, eucalipto e semente de abóbora em forma de chá, cerca de 60% afirma ter
consumido três vezes diárias, 30% afirma duas vezes por dia e 10% afirma uma vez por dia, e
nenhum dos inquiridos consome quatro vezes por dia este medicamento.

No que se refere a quantidade consumida diariamente, ou seja, a dosagem medida em colheres


de chá ou chávena, quando questionados os inquiridos cerca de 18 indivíduos correspondente
a 60% afirmaram terem consumido 3 à 6 colheres e 9 indivíduos correspondente a 30% dos
participantes declaram terem consumido 6 ou mais colheres, 3 declararam ter consumido até3
colheres e apenas 10% dos indivíduos da amostra afirmaram terem consumido diariamente
cerca de 1 chávena.

Com base nos resultados obtidos na tabela 4, mostram a necessidade de se ter conhecimento
sobre os efeitos terapêuticos das plantas medicinais, indicações, formas de usos, bem como
seu preparo, para conservar seu princípio activo, garantir a eficácia do tratamento e evitar os
agravos de saúde. Cabe ressaltar que um medicamento pode tornar-se tóxico para o organismo
dependendo da quantidade, forma de administração, mistura e frequência de uso.

44
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5. Conclusões
Com base nos resultados obtidos neste estudo, constatou-se que as plantas usadas a localidade
de Nomiua para o tratamento da asma é o eucalipto, goiabeira e aboboreira e o grau de
aderência no uso destas plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma é
muito alto, visto que a frequência mais alta em relação a dosagem aplicada pela população da
localidade de Nomiua ao ingerir o medicamento extraído das plantas com propriedades
fitoterapêuticas tais como a goiabeira, o eucalipto e aboboreira é de 3 a 6 colheres e 3 vezes
diárias. Entretanto, o estudo de plantas com propriedades fitoterapêuticas constitui uma
alternativa eficaz para o tratamento da asma na população da localidade de Nomiua, distrito
de Maganja da Costa.

5.1. Sugestões
Após a realização deste estudo, sugere-se a população do localidade de Nomiua, distrito de
Maganja da Costa que:

 Adopte estratégias como realização de feiras de medicamentos tradicionais com


destaque para a promoção da importância das Plantas com propriedades
fitoterapêuticas no tratamento da asma;
 Procure melhorar alguns comportamentos, hábitos de higiene, saneamento do meio e
cuidados sanitários como medidas profiláticas contra a ocorrência das doenças
respiratórias particularmente a asma, que podem colocar as pessoas em risco.

Para comunidade académica no geral e da UCM em particular, sugere-se que:

45
 Façam mais pesquisas desta natureza para adicionar informações acerca de uso de
plantas compropriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma e outras doenças na
localidade de Nomiua, distrito de Maganja da Costa e outros locais da província da
Zambézia;
 Realizem estudos mais aprofundados sobre avaliação laboratorial do princípio activo
das plantas com propriedades medicinais.

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5.3. Apêndices
Apêndice I: Guião de questionário dirigido à população da localidade de Nomiua, distrito de
Maganja da Costa

Carro participante! Este guião de questionário é de carácter académico e toda a


informação recolhida será confidencial. O mesmo visa colher alguns subsídios acerca
uso de Plantas com Propriedades fitoterapêuticas (medicinais) no tratamento de asma
por parte da população desta localidade. Os dados serão posteriormente compilados sob
a forma de um relatório, como requisito para a obtenção do grau académico de
Licenciatura em Ensino de Biologia na Universidade Católica de Moçambique.
Agradecemos desde já a sua colaboração!
1. Idade___ Sexo: M___F___

2. Tem padecido de asma?

Sim___ Não___ Não- me lembro___


51
3. Caso tenha padecido, que tipo de medicamentos tem usado para o tratamento?

Medicamentos convencionais___ Medicamentos tradicionais___ Ambos___

4. O que te motiva a recorrer às plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de


asma?

Fácil aquisição___ Eficácia___ Outro motivo___

5. Com quem aprendeu a usar as plantas com propriedades fitoterapêuticas no tratamento de


asma?

Familiares___ Amigos___Médico tradicional___ Outro___

6. Qual tem sido a forma de consumo do medicamento preparado a partir de plantas com
propriedades fitoterapêuticas no tratamento da asma?

Mastigação a fresco___ Cozido em forma de chá___ Outra___

7. Qual é o número de vezes diárias que consome o medicamento até sanar a asma? Uma vez
por dia___ Duas vezes por dia___ Três vezes por dia___ Quatro vezes por dia___

8. Qual é a quantidade consumida diariamente, medida em colheres de chá ou chávenas?

Até 3 colheres___ 3 a 6 colheres___ 6 ou mais colheres___ 1 chávena___

Fim

O supervisor:O estudante:

________________________________ _____________________________

dr.Saide Augusto MaliquinhoIbraimo António Ricardo Rodrigues

Apêndices II: Credencial

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Apêndice III:Medicamentos feitos a partir de planta de goiabeira, aboboreira e eucalipto para
tratamento de asma.

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Fonte: Autor (2022).

Fonte: Autor (2022).

Fonte: Autor (2022).

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