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SALVADOR – BA
2020
ANICHELE DE JESUS OLIVEIRA DOS SANTOS
SALVADOR – BA
2020
ANICHELE DE JESUS OLIVEIRA DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
Agradeço primeiro a Deus, autor dos meus dias. A meus pais, esposo, irmã, cunhado e
família em geral. Agradeço aos meus mestres que tanto me ensinaram. E ao meu
orientador que me acompanhou nessa jornada.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 08
2. METODOLOGIA .....................................................................................................10
5. CONCLUSÕES .........................................................................................................15
REFERÊNCIAS........................................................................................................17
RESUMO
Introdução: A práxis da Fitoterapia ao longo dos anos representa uma das formas de
evolução da ciência. As plantas medicinais têm sido cada vez mais utilizadas, sendo uma
importante questão de saúde pública em virtude dos benefícios e os riscos potenciais que
podem ocasionar. O uso medicinal de plantas é comum na gestação e o consumo corrente
da camomila (Matricaria recutita) ao longo da gravidez pode gerar danos. Objetivo: O
presente trabalho busca analisar o conhecimento difundido cientificamente sobre os riscos
do uso de camomila em mulheres durante a gravidez. Métodos: Foi realizada uma revisão
de literatura narrativa por busca ativa nas bases de dados Scientific Electronic Library
Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE). Foram
incluídos artigos em português e inglês, no período entre 2004 e 2019 e de abordagem do
uso de camomila em gestantes. Foram excluídos estudos que não apresentaram a relação
do uso de camomila em gestantes ou que abordavam uso de outros fitoterápicos.
Resultados: Foram selecionados 11 artigos após a busca e análise dos critérios de
inclusão e exclusão. A camomila está entre as 10 espécies medicinais mais usadas no
mundo por gestantes. Estudos mostram que a camomila interage com a Varfarina,
potencializando o risco de hemorragias durante a gravidez. Ademais, outros estudos
indicam que o chá de camomila tem ação emenagoga, podendo provocar relaxamento do
útero, levando em casos mais graves a efeitos abortivos. A maioria dos artigos analisados
indicam que a camomila é contraindicada para a mulher na fase de gestação. Conclusões:
Os estudos analisados indicaram que o uso regular de camomila durante a gravidez é
potencialmente perigoso para a gestante e o feto. A supervisão e acompanhamento da
gestante por um profissional de saúde é fundamental para a orientação correta do uso
dessa planta medicinal.
Introduction: The practice of Phytotherapy over the years represents one of the ways in
which science has evolved. Medicinal plants have been increasingly used, being an
important public health issue due to the benefits and potential risks that they can cause.
The medicinal use of plants is common in pregnancy and the current consumption of
chamomile (Matricaria recutita) throughout pregnancy can cause damage. Objective: The
present work seeks to analyze the scientifically disseminated knowledge about the risks of
using chamomile in women during pregnancy. Methods: A review of the narrative
literature by active search was performed in the Scientific Electronic Library Online
(SciELO), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and
Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) databases. Articles
in Portuguese and English, between 2004 and 2019 and addressing the use of chamomile
in pregnant women were included. Studies that are not related to the use of chamomile in
pregnant women or that addressed the use of other herbal medicines were excluded.
Results: 11 articles were selected after the search and analysis of the inclusion and
exclusion criteria. Chamomile is among the 10 most used medicinal species in the world
by pregnant women. Studies show that chamomile interacts with warfarin, increasing the
risk of bleeding during pregnancy. In addition, other studies indicate that chamomile tea
has an emenagogue action, which can cause relaxation of the uterus, leading in more severe
cases to abortion effects. Most of the manifest articles indicate that chamomile is
contraindicated for women during pregnancy. Conclusions: Sports studies have indicated
that regular use of chamomile during pregnancy is potentially dangerous for pregnant
women and the fetus. The supervision and monitoring of the pregnant woman by a health
professional is essential for the correct orientation of the use of this medicinal plant.
1. INTRODUÇÃO
O ser humano busca várias alternativas com o intuito de eliminar seus males físicos
ou psíquicos, desde o início de sua existência. O contexto sociocultural e o momento histórico
têm forte relação com as ações de cuidado em saúde. Desse modo, se faz necessário
compreender que os padrões culturais de uma realidade social são colaboradores no processo
saúde e doença (MACHADO et al., 2007).
O emprego de fontes naturais no Brasil tem forte relação cultural, e o interesse nessa
área tem tido um considerável crescimento, principalmente no uso de produtos de origem
vegetal em processos terapêuticos. Na década de 1990, houve um aumento considerável na
utilização de fitoterápicos. Devido à grande biodiversidade que o Brasil possui, esse mercado
se tornou promissor no país (NIERO, 2003). Esses produtos são utilizados para várias
finalidades, sob diversas combinações (com medicamentos sintéticos, homeopáticos, entre
outros) baseadas em evidências históricas, culturais ou pessoais (CALIXTO, 2000; FUNARI
e FERRO, 2005).Segundo dados do Ministério da Saúde têm sido crescente o uso de plantas
medicinais nas últimas décadas no Brasil. Dentre os anos de 2013 a 2015 ocorreu um
crescimento de 161% por medicamentos à base de fitoterápicos no Sistema Único de Saúde
(SUS) (BRASIL, 2016).
Infelizmente, grande parte dos fitoterápicos que são utilizados sem orientação profissional
ainda não tem o seu perfil tóxico bem conhecido e difundido (CAPASSO et al., 2000;
VEIGA, 2008). Mesmo com os avanços e investimentos a morosidade do sistema de saúde
em conjunto com os fatores como o baixo poder aquisitivo, a quantidade ineficaz de
programas educativos em saúde para a população em geral além de outros aspectos, contribui
para que as pessoas continuem a praticar o uso sem acompanhamento, baseando-se em
qualquer informação recebida por leigos e que são aceitas como confiáveis para auxílio no
processo de restabelecimento da saúde (NICOLETTI et al., 2007).
Neste âmbito, analisando o amplo uso de camomila (Matricaria recutita L.) por
gestantes, sem a supervisão de um profissional de saúde, aliado aos poucos estudos que
apontam riscos trazidos a gestante/ou feto pelo uso de fitoterápicos, e ainda, considerando a
crença popular de que esses produtos são inofensivos, o presente estudo tem como proposta
realizar uma revisão de literatura sobre os riscos do uso de camomila (Matricaria recutita L.)
durante a gestação, objetivando auxiliar na melhor compreensão do tema e para colaborar no
aprimoramento da orientação sobre o uso desse fitoterápico neste grupo.
1. METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão de literatura narrativa por busca ativa nas bases de dados
Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online
(MEDLINE). Foram utilizadas as seguintes palavras de busca: gravidez, gravidas, pregnancy,
pregnant, chamomile, camomila, e Matricaria recutita L com o emprego de operadores
booleanos. As palavras chaves foram escolhidas por conviniência.
Foram incluídos artigos em português e inglês, que foram produzidos de 2004 a 2019,
com abordagem do uso de camomila em gestantes. Foram excluídos estudos que não
apresentaram a relação do uso de camomila em gestantes, revisões de literatura sobre o tema,
estudos em línguas diferentes das do inglês e portuquês, assim como estudos não realizados em
seres humanos. Foram selecionados no primeiro momento 20 artigos, mas após analise dos
mesmos, apenas 11 artigos, apresentavam os ítens necessários para inclusão.
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2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A camomila está entre as 10 espécies medicinais mais usadas no mundo por gestantes
(CARDOSO; AMARAL, 2013). Dos 11 artigos analisados, 9 indicaram que a Camomila
(Matricaria recutita.L) foi um dos fitoterápicos mais usados pelas gestantes analisadas.
Demonstrando o uso elevado deste fitoterápico nessas populações (FACCHINETTI, et
al.,2012; TRABACE, et al.,2015; MOUSSALLY e BÉRARD., 2010; CUZZOLIN, et
al.,2010; BISHOP, et al.,2011; NORDENG e HAVNEN,2004; LAPI, et al., 2010; HOLST et
al., 2011; PALLIVALAPPILA et al. , 2014).
Tabela 1. Estudos incluídos na revisão de literatura, por autor, ano, local, desenho de estudo e população amostral.
prostaglandinas, e a inibição destas poderá trazer sofrimento materno fetal, com possibilidade
de evolução para óbito (ZIELINSKY et al., 2013).
Tabela 2. Estudos incluídos na revisão de literatura, por autor, ano, local, e os riscos indicados.
PALLIVALAPPILA, et al. 2014. Escócia. 8% da camomila usada foi prescrita pro 122
farmacêuticos e/ou médicos.
TRABACE, et al.,2015. Itália. Parto prematuro, baixo peso e menor 630
comprimento ao nascer relacionados com o
uso da camomila.
MOUSSALLY, BÉRARD., 2010. Canadá. Nenhuma associação entre parto prematuro e 3.191
uso da camomila.
CUZZOLIN, et al.,2010. Itália. Malformação cardiáca, rim dilatado, baixo 392
peso ao nascer, parto prematuro relacionados
com o uso da camomila. .
FACCHINETTI, et al.,2012. Itália. Ameaça de aborto, parto prematuro, baixo 700
peso ao nascer.
PEPRAH, et al, 2019. Gana. A camomila esteve entre os principais 30
fitoterápicos usados por gestantes.
GHOLAMI, et al., 2016. Irã A camomila estimulou o trabalho de parto 80
em gravidez pós-termo.
BISHOP, et al., 2011. Reino Unido. A camomila foi o fitoterápico mais usado 14.115
por grávidas.
NORDENG; HAVNEN, 2004. Noruega. Classificou o uso de Camomila por longo 400
prazo para tratar infecções urinárias em
grávidas como possivelmente nocivo
HOLST et al., 2011. Noruega. A camomila foi o fitoterápico mais usado 578
por grávidas.
LAPI, et al., 2010. Itália. A camomila foi um dos fitoterápicos mais 150
usado por grávidas.
Elaboração da própria autora.
Outro fator de risco indicado é a estimulação uterina ocasionada pelo uso de camomila
(NEWAL et al., 2002). Um estudo clínico duplo-cego, apresentou o uso desse fitoterápico
como potencial indutor de parto em gestantes pós-termo. Tendo no grupo que fez o uso durante
uma semana de cápsulas de camomila a indução em 92,5% das participantes, e no grupo
placebo com cápsulas de amido de milho 62,5%. Apresentando uma diferença de 43,751 horas
de trabalho de parto entre os grupos (GHOLAMI et al., 2016).
13
Mas na 10ª Conferência Nacional de Saúde foi indicado a adição das Práticas
Alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS) e, a partir de então foi aprovado a Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), regulamentada por meio do
Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, com o intuito de garantir o uso de fitoterápicos e
plantas medicinais pela população brasileira com segurança, qualidade e eficácia, de forma
racional (BRASIL, 2006).
Outro estudo populacional em 2014 com amostra de 122 pessoas, apresentou que 8%
da camomila usada pelo grupo de gestantes estudado, foi prescrito por farmacêuticos
ou médicos (PALLIVALAPPILA, et al., 2014). Observa-se com esses dados que mesmo com
um aumento no conhecimento científico sobre o tema, se faz necessário que os profissionais de
saúde busquem por mais informações seguras de forma que os capacite a transmiti-las a
população. Pois estudos apontam que esses profissionais são fonte informação sobre
fitoterápicos para população em geral (ORIEF et al., 2010).
5. CONCLUSÕES
A camomila não é indicada para uso regular durante a gestação. Este fitoterápico apesar
de ser amplamente utilizado por gestantes, não possui regulamentação cientifica que comprove
a segurança, qualidade e eficácia do seu uso durante a gestação. Pelo contrário, identificamos
16
que o uso regular da camomila ( Matricaria recutita L.) durante a gestação poderá ocasionar
aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, reações alérgicas graves,
sangramentos e problemas no funcionamento e formação do coração do feto. Se faz necessário
mais estudos, e maior busca dos profissionais de saúde sobre esse tema
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