Você está na página 1de 8

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

O uso de plantas medicinais acompanha a história do homem há milênios, entretanto, a


partir do início deste século, vem crescendo o interesse pelo estudo de espécies vegetais
e seu uso tradicional por pesquisadores em diversos países, sobre tudo buscando
garantir o uso racional e seguro.

Os remédios à base de plantas medicinais são cada vez mais populares entre o público
em geral, particularmente mulheres no período gestacional. Esses remédios não são
apenas vistos como tendo benefícios clínicos, mas também geralmente são considerados
seguros A fenomenologia em diálogo com a teoria da complexidade proposta por Morin
(1996) se mostrou pertinente para a análise dos dados por apresentar uma perspectiva
que abrange a complexidade dos fenómenos inter-relacionais como o é o uso de plantas
medicinais em gestantes.

O presente projecto de pesquisa intitulado uso de plantas medicinais utapia e


muchenga em mulheres grávidas, tem como objectivo conhecer o nível de uso de
plantas medicinais utapia e muchenga e os seus efeitos fisiológicos em mulheres
gravidas. Portanto, o trabalho visa analisar através de um inquérito, com recurso ao
questionário o nível de uso de utapia e muchenga em mulheres gestantes para posterior
verificar se realmente estas usando estas plantas medicinais auxilia no momento de
parto ou não.

1.1. Justificativa

A escolha do tema deve-se ao facto de se ter notado com alguma frequência, nas
comunidades onde residem algumas mães e avos administravam algumas infusões das
plantas de utapia e muchenga em mulheres em fase avançada de gestação com o
propósito de facilitar a saída do bebe no momento do parto e também em conversas com
outras gestantes nas consultas pré-natais durante a sua gestação.

O uso de plantas medicinais, receitas caseiras e alimentos específicos pela população


mundial tem sido significativo nos últimos tempos. Foi olhando nesta significância e
busca pelas plantas medicinais que a autora sentiu a necessidade de realizar a presente
pesquisa voltada de forma específica para as mulheres grávidas. A escolha do tema
justifica-se ainda, a partir do momento em que se credita que a partir da confrontação da
prática empírica do uso de plantas medicinais em mulheres grávidas com estudos
provenientes de uma revisão sistemática, é possível construir um protocolo de plantas
medicinais e fitoterápicos na assistência obstétrica.

1.2. Problematização

Na gravidez, as mães sempre estão preocupadas com os medicamentos que podem


afetar sua saúde e a saúde do feto, e o seu parto, dai que estas buscam estratégias ou
formas que posam ´´aliviar´´ ou ´´auxiliar´´ no serviço do parto, mesmo sem saber da
eficácia e riscos que estas estratégias podem causar.

O uso de plantas medicinais é milenar e antecede o advento da medicina tradicional, é


uma prática herdada por gerações, assim, a prática e ou hábito de uso destas plantas é
passado de geração em geração como sendo uma forma de ajudar as mulheres no
serviço de parto. A problemática levantada do uso destas esta ligada a um provável
desconhecimento dos riscos que podem surgir do desconhecimento da dosagem certa.

1.3. Hipóteses
 É provável que as plantas de utapia e muchenga contenham substâncias que
accionam a produção da oxitocina no organismo da mulher;
 Provavelmente as mulheres grávidas que tomam as infusões destas plantas tem
tido parto normal;
 Ao tomar de forma precoce da infusão destas plantas podem trazer
consequências para as mulheres grávidas;

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral:

 Descrever as ações fisiológicas do uso das plantas utapia e muchenga e os seus


efeitos fisiológicos em mulheres gravidas.

1.4.2. Objectivos específicos:

 Verificar os efeitos da toma precoce das infusões destas plantas;


 Identificar as formas de preparo dessas plantas pelas anciãs ou mentoras;
 Aferir o posicionamento das anciãs mentoras em relação ao uso das infusões
destas plantas nas mulheres gravidas;
 Averiguar o conhecimento que os profissionais da saúde tem do uso destas
plantas;
 Descrever as formas adequadas de preparo dessas plantas e a dosagem.

1.5. Metodologia

1.5.1. Tipo de pesquisa

 Para a materialização do presente estudo, a autora ira recorrer a uma pesquisa


qualitativa, envolvendo também o método bibliográfico.

1.5.2. Método qualitativa

Esta metodologia será utilizada para aferir o potencial fitoterapeitico destas plantas e
para se entrar em contacto directo com os inqueridos, fazendo-lhes perceber o ambiente
e as condições que serão sendo investigadas com o principal objectivo de verificar os
efeitos da toma precoce das infusões destas plantas, identificar as formas correctas de
preparo dessas plantas e colectar depoimentos das anciãs com relação ao uso das
infusões destas plantas nas mulheres gravidas.

1.5.3. Método bibliográfico

O método bibliográfico, será utilizado para fazer uma busca de informações sobre o
uso de plantas medicinais em mulheres gravidas, baseando-se em diferentes autores que
escreveram ou realizaram trabalhos relacionados ao tema em estudo. No entanto,
pretende-se buscar as informações nos manuais, artigos e dissertações disponíveis na
internet com o objectivo de colher todas as informações necessárias ligadas ao uso de
plantas medicinais em mulheres gravidas.
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA

2. Enquadramento histórico

Ao final da década de 1970, a OMS institui o Programa de Medicina Tradicional que


sugere aos estados-membros o desenvolvimento de políticas públicas para facilitar a
integração da medicina tradicional e da medicina complementar alternativa nos sistemas
nacionais de atenção à saúde, assim como promover o uso racional dessa integração
(Brasil, 2016).

Em 1991, a OMS reforçou a importante contribuição da medicina tradicional na


prestação de assistência social, especialmente às populações que têm pouco acesso aos
sistemas de saúde, e solicitou aos estados-membros que intensificassem a cooperação
entre praticantes da medicina tradicional e da assistência sanitária moderna,
principalmente no tocante ao emprego de remédios tradicionais de eficácia científica
comprovada, com intuito de minimizar os gastos com medicamentos.

Recomendando, além disso, que todos esses remédios fossem aproveitados


plenamente e que os produtos naturais, em particular os derivados de plantas, poderiam
conduzir ao descobrimento de novas substâncias terapêuticas (Brasil, 2016).
A OMS lançou um documento intitulado “Estratégia da OMS sobre Medicina
Tradicional 2002-2005”, que também apoia e incentiva a incorporação das Práticas
Integrativas e Complementares (PICs), nos sistemas nacionais de saúde provendo
normas e orientações técnicas visando promover a interação das informações e a boa
utilização das práticas da medicina tradicional.

Em 2009 a Assembléia Mundial da Saúde sobre medicina tradicional, solicitou a


atualização da estratégia á OMS, em 2013 foi publicada a “Estratégia da OMS sobre
Medicina Tradicional 2014-2023”, que reavalia e desenvolve a estratégia da OMS em
medicina 2002-2005, e aponta o curso da medicina tradicional e complementar (MTC)
para a próxima década (OMS, 2013) Os países que mais desenvolvem pesquisas sobre
plantas medicinais e fitoterápicos são os países orientais, principalmente a Índia. A
medicina japonesa e ayuvédica são pioneiras nos tratamentos homeopáticos e
fitoterápicos.
2.1. Conceituação

2.1.1. Plantas medicinais

As plantas medicinais são espécies vegetais, cultivadas ou não, utilizadas com


propósitos terapêuticos (OMS, 2003).

2.1.2. Medicamentos fitoterápicos

Os medicamentos fitoterápicos são definidos como medicamentos derivados vegetais e


que os riscos, os mecanismos de ação e onde agem no nosso corpo são conhecidos.
Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria-prima vegetal (Santos, 2018
A diferença entre a planta medicinal e fitoterápico esta no processo de elaboração da
planta para uma formulação específica, o que caracteriza um fitoterápico.

2.2. Uso de plantas medicinais em mulheres gravidas

O uso de plantas medicinais tem um papel significativo durante o ciclo gravídico


puerperal em diversas sociedades de áreas rurais. As plantas medicinais utilizadas nas
condições relacionadas à saúde da mulher, como fertilidade feminina, ciclo menstrual,
controle de natalidade, gravidez, parto, pós-parto e amamentação, incluindo cuidados
com o recém-nascido, já foram documentadas e relatadas em vários grupos étnicos de
várias partes do mundo (Boer, 2009).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população de


países em desenvolvimento utilizam-se de práticas tradicionais na atenção primária à
saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais (Brasil, 2016).

Diante das alterações, sinais, desconfortos, a gestão é uma fase da vida em que a mulher
esta mais exposta ao uso de produtos (populares ou não) com finalidade preventiva ou
terapêutica. A gestão é considerada momento especial, tanto pela ciência quanto pela
cultura. É um período, especialmente sensível na vida e no comportamento da mulher,
abrange dimensões sociocultural, histórica e afectiva, que acentuam a sua
sensibilidade.

Assim, a mulher segue determinadas condutas baseadas em saberes provenientes das


culturas familiares e biomédicas (Baião & Deslandes, 2007).
2.3. Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2014-2023

OMS (2013) a organização mundial da saúde publicou em 2013 quatro objectivos


básicos sobre medicina tradicional 2014-2023:

 Sempre que possível, integrar a medicina tradicional nos sistemas serviços


nacionais de saúde através do desenvolvimento e implementação de políticas e
programas Nacional de medicina tradicional;
 Segurança, eficiência e qualidade, promover a segurança, eficiência e qualidade
de medicina tradicional através da expansão da base de conhecimento e
prestação de conselhos sobre normas regulamentares e garantia de qualidade;
 Melhorar a disponibilidade e a acessibilidade da medicina tradicional e
especialmente o acesso de pessoas pobres;
 Promover o uso terapêutico racional da medicina tradicional entre os
profissionais e os usuários.

2.4. Evidências científicas sobre o uso de plantas medicinais e fitoterápicos na


assistência á mulher da gestação ao pós-parto

As parteiras tradicionais, as comunidades indígenas já utilizam plantas medicinais na


assistência á mulher no ciclo gravídico puerperal, antes mesmo da criação da medicina
como ciência e esse conhecimento tradicional, estimulou as pesquisas científicas a cerca
da comprovação da eficácia dos efeitos terapêuticos já descrito pelo senso comum.

Quando se trata dos tipos de evidência de plantas medicinais durante a gravidez, parto e
lactação, nem todas as evidências são investigadas igualmente na literatura científica. O
tipo de evidência para descrever o nível de segurança das ervas medicinais durante a
gravidez e a lactação vária de estudos teóricos, com animais, relatos de casos, estudos
de coorte e, finalmente, ensaios controlados randomizados (Mills et al, 2006).

2.5. Riscos de uso de plantas medicinais em mulheres gestantes

As plantas medicinais apresentam na sua composição princípios ativos que podem ser
contraindicados para a gestação como: o ácido aristolóquico I e II, os alcalóides
pirrolizidínicos, tujonas, pulgona e glicoproteínas. Da mesma forma que os
medicamentos convencionais têm efeitos adversos e contra-indicações, as plantas
medicinais e fitoterápicos também têm esses efeitos. Existem 180 plantas medicinais
que são contra-indicadas na gestação e na amamentação (António, 2017). Algumas
plantas medicinais contêm substâncias que provocam as contracções uterinas, e por essa
ação são chamadas de emenagogas. Outras podem causar malformação fetal, com efeito
teratogênico (Faqueti, 2017).

2.6. Políticas públicas

O uso de fitorapicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins de


diagnóstico passou a ser oficialmente reconhecida pela organização mundial da saúde
em 1978, quando recomendou a difusão mundial dos medicamentos necessários para o
seu uso.

Considerando-se as plantas medicinais importantes instrumentos da assistência


farmacêutica, vários comunicados e resultados da OMS expressam a posição do
organismo a respeito da necessidade de valorizar o uso desses medicamentos, no âmbito
sanitário.
Referências bibliográficas

1. António, G. D. Plantas medicinais para uso na gravidez, parto e durante a


amamentação. QUALISUS REDE. Santa Catarina. 2017;

2. Baião, M. R.; Deslandes S.F. Alimentação na gestação e puerpério. Revista de


Nutrição. Vol. 19. 2007;

3. Boer, H.; Lamxay, V. Plants used during pregnancy, childbirth and postpartum
healthcare in Lao PDR: A comparative study of the Brou, Saek and Kry ethnic
groups. J Ethnobiol Ethnomed, v. 5. 2009;

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos


Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política e Programa
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde,
2016;

5. Faqueti, A. Plantas medicinais na gestação. Telessaúde. Santa Catarina. 2017;

6. Mills, E.; Dugoua. J.; Dan, P.; Gideon, K. Herbal Medicines in Pregnancy &
Lactation: An Evidence-Based Approach. Hardcover, 2006;

7. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Estratégia da OMS sobre


medicina tradicional 2014-2023. 2013;

8. Santos, V. S. "O que são fitoterápicos?". Brasil Escola. 2018.

Você também pode gostar