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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO E EMPREENDEDORISMO

GWAZA - MUTHINI
CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

SUSY CONRADO DINAS

PERCEPÇÃO E PRÁTICAS DAS MÃES EM RELAÇÃO A


ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO TRADICIONAL EM
LACTENTES (28 DIAS A 2 ANOS), CASO DO HOSPITAL GERAL DE
MAVALANE - II TRIMESTRE DE 2023
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Supervisor: dr. Calton Artur Lençol.
INTRODUÇÃO
Contextualização (I)

Nos primórdios da humanidade, muitos foram os desafios que o homem do


continente africano teve que enfrentar, tais como: doenças, epidemias e
calamidades naturais. Para fazer face às inúmeras adversidades, os membros das
comunidades tiveram que criar e adoptar formas de defesas que baseavam-se em
ritos mágico-religiosos e outras práticas que se constituíram nos meios de
intervenção para fins terapêuticos, numa perspectiva curativa e preventiva de
doenças, através de uso de plantas, animais, minerais, água e persuasão psicológica
religiosa (Xaba, 1999).
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Problematização e questão de partida (I)
De acordo com França et al (2007), as plantas medicinais são frequentemente
utilizadas para tratamento de diversas doenças por se entender que tudo que é
natural não é tóxico nem faz mal a saúde.

Vários estudos foram realizados em Moçambique sobre plantas medicinais, mas


não existem trabalhos concernentes a toxicidade e composição química, para
Jansen et al, (1991), os praticantes da medicina tradicional conhecem a maioria das
plantas medicinais, entretanto, há lacunas acerca da indicação correcta desses
produtos, dos efeitos colaterais e toxicidade.

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Problematização e questão de partida (I)

Diante deste contexto, o assunto de toxidade dos medicamentos tradicionais deve


ser levado em consideração, principalmente em lactentes, por estes possuírem
órgãos que não alcançaram a total maturidade.

Daí que, a presente pesquisa pretende responder a seguinte questão de partida:


"Como as mães percebem o risco de administração de medicamento
tradicional em lactentes?"

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Justificativa

A nível pessoal, justifica-se a realização desta pesquisa, uma vez que, a maior parte
dos medicamentos tradicionais habitualmente administrados em crianças, não
possuem validação científica, por não terem sido investigados ou comprovados em
testes clínicos, para além de os praticantes da medicina tradicional pouco saberem
sobre as possíveis interacções medicamentos. Dai que, torna-se importante analisar
a percepção e práticas das mães sobre o risco de administração de medicamentos
tradicionais em latentes.

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Objectivos
Objectivo geral

 Analisar a percepção e práticas das mães que frequentam o Hospital Geral de

Mavalane em relação a administração de medicamento tradicional em lactentes.

Objectivos específicos

 Identificar as causas da administração de medicamentos tradicionais em lactentes,

referidas pelas mães;


 Explorar os hábitos de administração de medicamentos tradicionais;

 Explorar a literacia das mães sobre o risco de administração de medicamento

tradicional em lactentes.
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Questões de Pesquisa

1. Quais são as causas da administração de medicamentos tradicionais em lactentes,


referidas pelas mães?

2. Quais são os hábitos da administração de medicamentos tradicionais em lactentes?

3. Qual é a literacia das mães sobre o risco de administração de medicamento


tradicional em lactentes?

7 29-11-2023
METODOLOGIA

Descrição do Local de Estudo

Tipo de Estudo

Sujeitos da Pesquisa

Critérios de Inclusão e Exclusão

Amostragem

Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

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Considerações Éticas
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Características Sócio demográficas


Fizeram parte desta pesquisa, 15 mães acompanhantes. Em relação a idade das mães

questionadas, eram de intervalo 25 a 45 anos de idade. Das quais quatro (4) tinham 25 anos,

duas (2) de 30 anos, uma (1) de 34 anos, três (3) de 42 anos e cinco (5) de 45 anos de

idade.Foi estudada a idade das mães para ajudar na análise dos dados porque, pois segundo

França (2007) quanto mais anos de vida uma pessoa tiver, mais capaz de articular

experiências passadas e presentes.

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Causas de administração de medicamento tradicional em lactentes (I)

P01: “eu já ouvi falar sim, varias vezes”.

P04: “Já ouvi falar, e conheço alguns medicamentos tradicionais”.

P08: “Sim sim, ouvi falar, e conheço alguns também”.

A questão referente a “se alguma vez as mães tinham administrado medicamento


tradicional as suas crianças”, compreendia dois aspectos:

Primeiro aspecto: a confirmação da administração de medicamento tradicional.


Portanto, todas as mães questionadas responderam que sim já tinham administrado e
administram o medicamento tradicional as suas crianças.

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Causas de administração de medicamento tradicional em lactentes (I)

Para Jansen (1991), crença é qualquer certeza sem prova. Ela designa alguma disposição

involuntária de aceitar seja doutrina, juízo ou facto, procedimentos ou caminhos.

As causas de administração de medicamento tradicional que as mães mencionaram dizem

respeito a um emaranhado de valores, normas e concepções correctas que permanecem

submersas na vida de uma determinada comunidade. A experiência da administração de

medicamento tradicional em crianças influencia o quotidiano dos cuidados básicos da saúde,

fazendo parte do universo cultural das comunidades.

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Os hábitos de administração de medicamento tradicional (I)
P03: “eu dou Muzo Ya Wethy (remédio de lua), é uma mistura de raízes de plantas”.
P07: “remédio da panelinha, uma mistura de folhas secas”.
P09: “já dei deu Kutsivelela, remédio que cura xilala”.
P10: “costumo dar aquilo, remédio de warueliwau, uma mistura de raízes e folhas”.

P14: “para minhas crianças costumo dar remédio de kutsamiwa, que é uma mistura de
pele de animal selvagem e folhas”.
P15: “já dei Mussocossa, uma raiz também conhecida por muchunga é para tratar a
Doença Txipande”.

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Os hábitos de administração de medicamento tradicional (I)

Relativamente aos medicamentos tradicionais habitualmente usados em lactentes, foi


notório que as mães não conseguiram explicar o nome de plantas usadas e, apenas
referiram a palavra “remédio de misturas”, de folhas e raízes e pele de animal selvagem,
também não conseguiram identificar o nome do animal selvagem.

De acordo com Jansen et al (1991), os praticantes da Medicina Tradicional conhecem


várias plantas medicinais, mas carecem conhecer melhor os princípios activos dos
fitoterápicos e orientação do usuário acerca das possíveis interacções medicamentosas.

13 29-11-2023
Os hábitos de administração de medicamento tradicional (I)
A questão “como é conservado o medicamento”, as entrevistadas responderam que
geralmente conservam em panelas de barro, ou mesmo de ferro e que o mais importante é
não colocar a tampa, visto que este acto seria prejudicial ao bebé, conforme os
depoimentos que se seguem:

P02: “o remédio conserva numa panela de barro.”

P03: “as folhas, raízes ou outra coisa, nós colocamos numa panela tradicional, de barro
mesmo, mas há quem não tem, o mais importante é não tapar porque se a pessoa tapar a
panela do remédio vai tapar também a doença da criança e o remédio perde força.”

P11: “o remédio da criança coloca numa panela de ferro e tapamos para evitar a
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poeira”.
Os hábitos de administração de medicamento tradicional (I)
Neste caso, o medicamento conservado num recipiente destapado fica exposto a várias
impurezas que podem prejudicar a saúde do lactente.

De acordo com Silva (2003), a fitoterapia é uma prática sociocultural das comunidades,
em muitos casos as pessoas subestimam as propriedades medicinais e usam de forma
aleatória.

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O conhecimento das mães sobre, o risco de administração
de medicamento tradicional em lactentes

Em relação a esta questão “o medicamento tradicional pode causar problemas ou reacção


adversa em lactentes”, as entrevistadas deram respostas variadas, conforme pode-se ver
nos depoimentos seguintes:

P04: “não tenho conhecimento, não sei”.

P06: “todo medicamento tradicional para crianças não causa problemas, apenas traz
benefícios na criança como o crescimento saudável, sem adoecer”

P07: “pode causar problemas sim, vi minhas crianças com problemas de respiração
depois de dar o remédio, mas aconteceu com outras crianças, não aconteceu com esta
16 que estava internada”.
Cont.
De acordo com Costa (2012), o uso de medicamentos tradicionais tem sido
concebido, como uma prática que não causa danos a saúde, sendo considerada mais
benéfica que o uso de medicamentos convencionais. No entanto, sabe-se que certos
compostos químicos quando ingeridos em excesso ou combinados, podem causar
danos a saúde.

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CONCLUSÃO (I)
As crianças são submetidas a rituais tradicionais e administradas medicamentos
tradicionais como pele de animal selvagem e complexas misturas de raízes,
caules/troncos e folhas que se conhece pouco sobre a toxicidade e o perfil de
reacções, a partir dos primeiros dias de vida até aos cinco anos ou mais.

Estes medicamentos são conservados de forma imprópria, propensos a contaminação,


aumentando o risco de saúde ao consumidor. As doses não são tomadas em
consideração como um aspecto que pode intoxicar o lactente.

Desta forma, o modo como os medicamentos tradicionais são administrados, pode de


certa forma causar danos como nefropatias, hepatotoxidade, entre outros problemas
18 nas crianças.
Sugestões
 Capacitar os Praticantes da Medicina Tradicional para que tenham em consideração a

necessidade se ajustar as doses e dosagens dos medicamentos tradicionais, tendo em


conta as idades das crianças.
Incluir no plano de palestras educativas matérias ligadas a conservação de

alimentos e medicamentos;
Massificar as palestras educativas sobre os cuidados a ter com os

medicamentos tradicionais administrados em crianças, incluindo as formas


adequadas de conservação e condutas positivas diante dos efeitos adversos
advindos da ingestão de medicamentos tradicionais.
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Obrigada pela atenção Dispensada!!

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