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SAÚDE E AMBIENTE

ISSN IMPRESSO 2316-3313


E - ISSN 2316-3798
DOI - 10.17564/2316-3798.2017v5n2p41-52

LEVANTAMENTO ETNOFARMACOLÓGICO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELOS USUÁRIOS


DA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA PAULO LEAL DE MELO EM MACEIÓ-AL
ETHNOPHARMACOLOGICAL SURVEY OF MEDICINAL PLANTS USED BY USERS OF THE FAMILY HEALTH UNIT PAULO LEAL DE MELO IN MACEIÓ-AL
ENCUESTA ETNOFARMACOLÓGICA DE LAS PLANTAS MEDICINALES UTILIZADAS POR LOS USUARIOS DE LA UNIDAD DE SALUD DE LA
FAMILIA PAULO LEAL DE MELO EN MACEIÓ-A

Amanda Arruda Santos Madeiro1 Cristiano Ribeiro de Lima2

RESUMO
O conhecimento popular sobre plantas medicinais (30%). As indicações medicinais mais frequentes
pode ser um valioso atalho para a pesquisa e de- foram: gripe, dor abdominal, inflamação e ansieda-
senvolvimento de novos fármacos. O trabalho teve de. A parte mais utilizada foram as folhas, e o chá
por objetivo o levantamento etnofarmacológico das por infusão a forma de preparo mais comum. Obser-
plantas utilizadas pelos usuários da Unidade de Saú- vou-se grande utilização de plantas medicinais, com
de da Família (USF) Dr. Paulo Leal de Melo da cida- boa correlação entre o emprego indicado para esta e
de de Maceió-AL. O estudo foi realizado por meio de suas propriedades biológicas descritas na literatura.
entrevistas e questionários semiestruturados com os Por meio deste trabalho pôde-se resgatar o conheci-
voluntários, na sala de espera da própria USF. Foram mento popular relacionado ao uso de plantas medi-
realizadas 46 entrevistas, resultando em 50 espécies cinais na comunidade local estudada.
botânicas. As espécies mais citadas foram Peumus-
boldus (70%), Melissa officinalis (61%), Cymbopo- PALAVRAS-CHAVE
goncitratus (61%), Stryphnodendronbarbatiman
(35%), Hyptispectinata (30%) e Menthapiperita Etnofarmacologia. Fitoterapia. Plantas Medicinais.

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ABSTRACT
The popular knowledge about medicinal plants quent medical indications were: flu, abdominal
can be a valuable shortcut to the research and de- pain, inflammation and anxiety. The most used
velopment of new drugs. The study aimed to the part were the leaves, and tea by infusing the most
ethnopharmacological survey of plants used by common form of preparation. There was wides-
users of the Family Health Unit (USF) Dr. Paulo pread use of medicinal plants, with good correla-
Leal de Melo of Maceió-AL. The study was conduc- tion between recommended use for this and the
ted through interviews and semi-structured ques- biological properties described in the literature.
tionnaires with volunteers, in the waiting room of Through this work it was possible to rescue the po-
his USF. It was performed 46 interviews resulting pular knowledge related to the use of medicinal
in 50 botanical species. The most frequent species plants in the local community studied.
cited were Peumus boldus (70%), Melissa offici-
nalis (61%), Cymbopogon citratus (61%), Stryph- KEYWORDS
nodendron barbatiman (35%), Hyptis pectinata
(30%) and Mentha piperita (30%). The most fre- Ethnopharmacology. Phytotherapy. Medicinal plants.

RESUMEN
El conocimiento popular acerca de las plantas medici- dicas más frecuentes fueron: la gripe, dolor abdomi-
nales puede ser un atajo valioso para la investigación nal, inflamación y la ansiedad. La parte más utilizados
y desarrollo de nuevos fármacos. El objetivo del estu- fueron las hojas, y el té por infusión de la forma más
dio fue la encuesta ethnopharmacological de plantas común de preparación. Se ha percibido el uso genera-
utilizadas por los usuarios de la Unidad de Salud de la lizado de plantas medicinales con buena correlación
Familia (USF) Dr. Paulo Leal de Melo de Maceió-AL. El entre el empleo indicado por este y sus propiedades
estudio se realizó a través de entrevistas y cuestiona- biológicas descrita en la literatura. Mediante de este
rios semi-estructurados con voluntarios, en la sala de trabajo fue posible rescatar el saber popular relacio-
espera de su propia USF. Se realizaron 46 entrevistas nado con el uso de las plantas medicinales en la co-
resultantes en 50 especies botánicas. Las especies munidad local estudiada.
más frecuentes fueron Peumus boldus (70%), Me-
lissa officinalis (61%), Cymbopogon citratus (61%), PALABRAS CLAVE
Stryphnodendron barbatiman (35%), Hyptis pectinata
(30%) y Mentha piperita (30%). Las indicaciones mé- Etnofarmacología. Fitoterapia. Plantas medicinales.

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1 INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, o ser humano vem aprenden- da maneira que é passado e como é recebido, ou seja,
do a se adaptar às circunstâncias e a tirar sua sobre- pode haver distorções e falhas de interpretação. Essas
vivência do meio ao seu redor, como, por exemplo, a falhas e distorções que, aparentemente, são peque-
caça para fins alimentares. Do mesmo modo, veio se nas podem gerar problemas de saúde na população
desenvolvendo o conhecimento a respeito das plantas (RANGEL; BRAGANÇA, 2009).
e suas utilizações. Essa descoberta influencia signi- Muitos têm o tratamento fitoterápico como parte de
ficativamente na pesquisa de novos fármacos e, con- seus costumes, porém têm a consciência de que este
sequentemente, na cura de várias doenças (RANGEL; tipo de tratamento não resolve problemas de grande
BRAGANÇA, 2009). complexidade, como uma fratura. Vê-se que, grande
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), parte das pessoas que utilizam plantas medicinais,
a planta é medicinal quando uma espécie vegetal é as utiliza para o tratamento de transtornos menores,
administrada ao ser humano, por determinada via como uma dor de cabeça, um resfriado e uma tosse, por
(cada planta tem sua forma correta de administração), exemplo. Alguns problemas de saúde são relacionados
e exerce ação farmacológica (SILVA ET AL., 2009). O na literatura com um menor uso fitoterápico, ou seja,
conhecimento da sociedade tradicional desperta o indica que as pessoas usam desse meio medicinal, po-
rém, têm a consciência de quando devem procurar a
interesse de cientistas, que buscam comprovar, com
ajuda de profissionais (NIEHUES ET AL., 2011).
testes químico-farmacológicos, a eficácia da medici-
na popular. Essas formas de exploração dos recursos
naturais nos fornecem subsídios para novas descober-
tas farmacológicas, sendo consideravelmente mais 2 MATERIAL E MÉTODOS
eficaz que descobertas aleatórias. Outra vantagem é
que se pode conseguir grandes resultados em pouco O presente estudo transversal foi realizado no
tempo e com baixo custo, tendo como importante ob- período de abril a agosto de 2014, com usuários do
jetivo o avanço da ciência farmacológica (ALBUQUER- Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos na USF Dr.
QUE; HANAZAKI, 2006; RANGEL; BRAGANÇA, 2009). Paulo Leal de Melo, CNES 2005654, situada no bairro
O uso de plantas medicinais é baseado em no- do Feitosa, CEP 57.043-230, Maceió, Alagoas, sendo
mes populares, e isso pode contribuir com os erros referido estabelecimento integrante do V Distrito Sa-
de indicação e utilização destes produtos, visto que nitário da Rede Pública e Saúde Municipal.
a nomenclatura popular de uma determinada espécie O bairro, situado num planalto, possui o comér-
pode variar em diferentes regiões. Com isso, eviden- cio como a principal atividade. No Feitosa localiza-
cia-se a importância de se conhecer estas plantas por se o Terminal Rodoviário da cidade. Segundo dados
seus nomes científicos (SILVA ET AL., 2009). disponibilizados no CNESNet, a unidade conta com
Deve-se investigar o nível de conhecimento que 34 profissionais de saúde, três consultórios clínicos,
essas pessoas têm como base para o uso dessa me- um consultório de odontologia, uma sala de curati-
dicina popular. Que por muitas vezes é desprovido de vo, uma sala de enfermagem, uma sala de imuniza-
cientificidade, embasando-se apenas no empirismo ção, uma farmácia e uma sala de nebulização. Possui
(TORRES; OLIVEIRA; VASCONCELLOS, 2007). Além equipe de saúde da família, realiza atendimento ao
dos nomes populares serem facilmente confundidos, paciente com tuberculose (diagnóstico e tratamento),
outro ponto a ser observado é que esses conhecimen- assistência ao pré-natal, parto e nascimento, e possui
tos, que são transmitidos oralmente, dependem muito serviço de atenção psicossocial.

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As visitas à unidade de saúde e entrevistas dia); métodos de preparação; formas completas de


aconteceram após a aprovação pelo Comitê de Éti- administração do produto; quantidades de todos
ca (com Parecer de nº 481.339), e seguiu dentro os ingredientes usados; dosagem (com especial
dos padrões éticos exigidos. Inicialmente os ob- referência para a idade, o sexo, e a condição de saú-
jetivos da pesquisa foram explicados aos voluntá- de do paciente); princípios curativos presumidos de
rios, solicitando a colaboração do (a) usuário (a). cada constituinte (frequentemente propriedades
Uma vez que o (a) mesmo (a) aceitou participar, organolépticas); efeitos desejados produzidos por
este (a) assinou o Termo de Consentimento Livre e cada ingrediente; duração do tratamento, e exigên-
Esclarecido e se deu início à coleta de dados. Não cias comportamentais especiais a serem observa-
foram utilizados outros critérios para a seleção dos pelo paciente durante o tratamento (restrições
dos mesmos, além do fato de alegarem usar e dietéticas, restrições na atividade regular).
conhecer plantas medicinais. A pesquisa não ofe-
rece riscos ao entrevistado, visto que se trataram
de conversas no ambiente da unidade de saúde,
dispondo de prancheta, papel e caneta. 3 RESULTADO E DISCUSSÃO
As metodologias utilizadas para a coleta de
dados foram: listagem livre e entrevista semies- O perfil dos voluntários da pesquisa foi compos-
truturada (GIRALDI; HANAZAKI, 2010). Os dados to de 100% do sexo feminino, comprovando que as
coletados foram analisados por meio de aborda- mulheres são maioria na busca pelos serviços de
gem quantitativa e qualitativa (ALBUQUERQUE; saúde (BRASIL, 2004). Além disso, os homens pre-
HANAZAKI, 2006). As informações obtidas nos sentes no momento da pesquisa não se dispuseram a
levantamentos foram apresentadas de maneira colaborar com o estudo e indicaram as esposas e/ou
descritiva, como percentual de respostas forneci- mães como responsáveis pela fitoterapia. O ensino
das pelos entrevistados. Por meio da listagem livre fundamental incompleto e o ensino médio comple-
os colaboradores foram solicitados a citar nomes to reúnem 72% das entrevistadas, sendo o restan-
populares de plantas medicinais conhecidas e, a te: fundamental completo (7%); médio incompleto
partir dessa listagem, foram direcionados à entre- (5%); superior completo (2%); e não alfabetizados
vista semiestruturada, a fim de obter informações (15%). As mulheres na faixa etária a partir de 54
específicas sobre as plantas mencionadas, como anos apresentaram maior contribuição para o estudo
parte da planta utilizada e forma de administra- e correspondem a 30,43% das voluntárias. As mais
ção, por exemplo. novas (entre 18 e 41 anos) coincidiram com o relato
O estudo foi realizado com 46 voluntários usuá- de usos para vaginites e representam 41,3%. Sendo
rios da unidade. E a entrevista se deu enquanto 26% reservado para as mulheres de 42 a 53 anos.
eles aguardavam suas consultas na sala de espera. A maioria se concentra entre solteiras e casadas
Os questionários incluíram questões sobre o perfil (71,73%), sendo os outros estados civis relatados:
social do entrevistado e sobre as plantas medici- viúvo(a) (10,86%) e outro (17,39%).
nais utilizadas, informações como: nome popular As espécies mais citadas entre as voluntárias fo-
(local) da planta; condições de saúde para as quais ram boldo (Peumus boldus), erva cidreira (Melissa
a planta é utilizada; partes das plantas emprega- officinalis), capim santo (Cymbopogon citratus), bar-
das nos preparos; outras partes ou substâncias batimão (Stryphnodendron barbatiman), sambacaitá
usadas misturadas nos preparados; requisitos es- (Hyptis pectinata) e hortelã miúda (Mentha piperita).
peciais de coleta considerados necessários para a Outras 44 espécies também foram citadas, em menor
efetividade das plantas (estação do ano, hora do frequência (TABELA 1).

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Tabela 1 – Relação de plantas (nome popular) e sua Sobre o motivo de usarem as plantas medicinais,
frequência de citação em ordem crescente foram mencionados: a demora do atendimento médi-
PLANTA FREQUÊNCIA PLANTA FREQUÊNCIA co e espera por um medicamento industrializado; o
fato de ser natural e não causar nenhum mal; o custo-
Abóbora 2,17% Gengibre 6,52% -benefício; e a tradição e cultura. Contudo, deve-se
Agrião 2,17% Jurubeba 6,52% entender que efeitos colaterais não derivam apenas
de fármacos sintéticos, mas de produtos fitoterápicos
Amora 2,17% Laranjeira 6,52%
também. De acordo com dados da literatura, as pesso-
Babosa 2,17% Manjericão 6,52% as entendem ser possível tirar medicamentos e curas
Banana da natureza. Porém vale reafirmar que o uso despro-
2,17% Paratudo 6,52%
de Macaco vido de conhecimento pode acarretar sérias compli-
Batata-inglesa 2,17% Pitanga 6,52%
cações. O desconhecimento sobre os fungos endofíti-
cos acarretar em intoxicações. Estes podem produzir
Cabacinha- Quebra- substâncias tóxicas aos usuários ou mesmo alterar o
2,17% 6,52%
do-mato pedra metabolismo vegetal, modificando a composição e as
Couve 2,17% Sabugueiro 6,52% propriedades medicinais da planta (MUSSI-DIAS ET
Espinheira Santa 2,17% Alfavaca 8,69%
AL., 2012).
Os povos que possuem este costume fitoterápico,
Eucalipto 2,17% Cajueiro-roxo 8,69% muitas vezes só recorrem a medicamentos conven-
Gergelim 2,17% Canela 8,69% cionais em último caso. Há uma maior confiança nas
plantas medicinais do que nos fármacos cientifica-
Cebola
Graviola 2,17%
Branca
8,69% mente produzidos e testados. Contudo, deve-se dar
crédito ao conhecimento popular, levando em conta
Hortelã de que grande parte do conhecimento científico provém
2,17% Goiabeira 8,69%
St Bárbara do empirismo (SILVA ET AL., 2009).
Mamão 2,17% Alecrim 10,86% Dentre os entrevistados, apenas 10,86% mencio-
naram a necessidade de técnicas ou horários espe-
Maracujá 2,17% Mastruz 17,39%
ciais para a colheita, sendo elas: capim santo deve
Rosa-garrida 2,17% Hortelã 19,56% ser puxado por baixo; tirar logo cedo e não com o sol
Tanchagem 2,17% Erva Doce 23,91% quente; tirar alecrim antes de o sol nascer, ainda com
o orvalho da noite anterior; colher cedo devido a inse-
Vassourinha- tos; tirar folhas e esperar que sequem, antes do pre-
2,17% Aroeira 26,08%
de-botão
paro. O restante dos voluntários não vê diferença no
Alho 4,34% Camomila 28,26% horário ou na forma que colhe as plantas, como tam-
Anador 4,34% Hortelã-miúda 30,43% bém alguns deles as compram e, logo, não as colhem.
As que não compram, relatam que a colheita é fei-
Chuchu 4,34% Sambacaitá 30,43% ta no próprio quintal. Mas algumas confessam que,
Muçambê 4,34% Barbatimão 34,78% devido ao espaço, a prática não é tão grande, e com-
param a quando viviam no interior. Pois, no interior, os
Pega-pinto 4,34% Capim Santo 60,86%
terrenos eram maiores e permitiam o plantio, diferen-
Beterraba 6,52% Erva Cidreira 60,86% temente das casas que possuem na capital (pequenas
Chá-preto 6,52% Boldo 69,56% e sem jardim). Também relataram ser possível encon-
Fonte: Dados da pesquisa. trar algumas plantas medicinais em terrenos baldios

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situados na comunidade, como também com vizinhos como por exemplo: infecção e inflamação; diar-
ou familiares que vêm do interior, e nos raizeiros. reia e disenteria. A clínica das vaginites também é
Observa-se que muitas plantas são menciona- desconhecida, visto que todas as voluntárias que
das para patologias referidas como Gripe (TABELA citaram o problema se referiram da mesma forma,
2), ou seja, qualquer rinofaringite que aparece, o como “corrimento”. É importante entender que os
uso de plantas medicinais está presente. Nota-se corrimentos são típicos de vaginites diferentes (ex.
também, na comunidade em estudo, a ausência de candidíase e tricomoníase), cada uma com suas ca-
conhecimento científico a respeito do que se usa racterísticas específicas e agentes etiológicos dife-
e de suas respectivas finalidades. Como também rentes, e, consequentemente, devem ser tratadas
há o desconhecimento da distinção entre termos, de maneiras distintas.

Tabela 2 – Nome científico, parte usada, forma de preparo e indicação terapêutica das plantas medicinais
utilizadas pelos usuários da USF Dr. Paulo Leal de Melo, município de Maceió, Alagoas
Indicação terapêutica
Forma de
Nome Popular Nome Científico Parte usada percebida pelos
preparo
voluntários
Abóbora Cucurbita moschata Fruto Decocção Gripe
Xarope
Agrião Nasturtium officinale Folhas Decocção Gripe
Raiz Xarope
Caule
Alecrim Rosmarinus officialis Folhas Decocção Circulação
Infusão Dor
Diabetes
Febre
Alfavaca Ocimum basilicum Folhas Decocção Gripe
Xarope Cólica
Infusão
Alho Allium sativum Bulbilhos Decocção Gripe
Xarope
Amora Morus nigra Folhas Decocção Diabetes
Anador Justicia pectoralis Folhas Infusão Dor
Caule
Aroeira Lithraea molleoides Folhas Decocção Inflamação
Banhos Vaginite
Suco Prurido
Gastrite
Babosa Aloear borescens Folhas Decocção Gripe
Xarope

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Banana de Ma- Philodendron bipinnatifidum Folhas Decocção Nefropatia


caco
Barbatimão Stryphnodendron barbatiman Casca do caule Decocção Vaginite
Folha Banhos Inflamação
Infusão Prurido
Maceração Menstruação atrasada
Gastrite
Cicatrizante
Batata-inglesa Solanumt uberosum Raiz Suco Dor abdominal
Beterraba Beta vulgarisesculenta Folhas Decocção Gripe
Raiz Suco Constipação
Boldo Pemus boldus Folhas Decocção Dor abdominal
Infusão Fígado
Cabacinha-do- Eugenia theodorae Fruto Decocção Vaginite
-mato Banhos
Cajueiro Roxo Anacardium occidentale Folhas Decocção Infecção
Banhos Corrimento
Maceração Inflamação Cicatrizante

Camomila Matricaria recutita Folhas Decocção Calmante


Infusão
Canela Cinnamomum Caule Decocção Vômito
zeylanicum Infusão Estômago
Capim Santo Cymbopogon citratus Folhas Decocção Calmante
Caule Infusão Hipertensão
Cólicas
Digestão
Intestino
Insônia
Cebola Branca Allium cepa Bulbo Decocção Gripe
Xarope
Chá-preto Camellia sinensis Folhas Decocção Emagrecimento
Infusão Colesterol
Enteropatia
Chuchu Sechium edule Folhas Suco Calmante
Broto Hipotensor
Couve Brassica oleracea Folhas Suco Osteoporose

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Erva Cidreira Melissa oficinalis Folhas Infusão Calmante


Caule Decocção Dor abdominal
Enteropatia
Azia
Hipotensor
Insônia
Erva-doce Foeniculum vulgare Folhas Decocção Calmante
Caule Infusão Gases
Digestão
Cólica
Espinheira Santa Maytenus ilicifolia Folhas Infusão Inflamação
Eucalipto Eucalyptos blakelyi Folhas Infusão Febre
Gengibre Zingiber officinale Raiz Decocção Gripe
Xarope Tosse
Infusão
Gergelim Sesamum indicum Folhas Decocção Gastrite
Goiabeira Psidium guajava Folhas Decocção Diarreia
Infusão
Graviola Anonna muricata Folhas Infusão Colesterol
Hortelã Mentha spicata Folhas Xarope Gripe
Caule Decocção Dor abdominal
Infusão
Hortelã de St Barbarea vulgaris Folha Esquenta a Cefaleia
Bárbara folha
Hortelã-miúda Mentha piperita Folhas Decocção Xa- Gripe
Caule rope Dor
Infusão Enteropatia
Suco Cardiopatia
Calmante
Cólica
Jurubeba Solanum paniculatum Folhas Maceração Bronquite
Caule Decocção Pneumonia
Xarope Gripe
Laranjeira Citrus sinensis Folhas Infusão Calmante
Mamão Carica papaya Fruto Decocção Gripe
Xarope

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Manjericão Ocimum basilicum Folhas Infusão Constipação


Decocção Cólica
Maracujá Passiflora edulis Folhas Infusão Calmante
Mastruz Chenopodium ambrosioides Folhas Decocção Gripe
Caule Xarope Tosse
Suco Catarro
Verme
Muçambê Cleome heptaphylla Folhas Decocção Gripe
Flores Xarope
Raiz
Paratudo Tabebuia aurea Casca docaule Decocção Gripe
Xarope Tosse
Catarro
Cefaléia
Pega-pinto Boerhavia hirsuta Folhas Decocção Vaginite
Raiz Xarope Gripe
Banhos
Pitanga Eugenia uniflora Folhas Decocção Diarreia
Fruta Infusão Gastrite
Quebra-pedra Phyllantus niuri Folhas Infusão Nefropatia
Caule Decocção
Raiz
Rosa-garrida Allamanda blanchetti Raiz Decocção Inflamação
Câncer
Sabugueiro Sambucus nigra Folhas Decocção Febre
Caule Infusão Tosse
Sambacaitá Hyptis pectinata Folhas Decocção Vaginite
Casca docaule Banhos Inflamação
Maceração Prurido
Cicatrizante
Tanchagem Plantago major Folhas Infusão Gastrite
Vassourinha-de- Borreria vertieillata Folhas Decocção Gripe
-botão Flores Xarope
Caule
Fonte: Dados da pesquisa.

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As doses utilizadas são referidas como: “um pu- dos para a comprovação de atividade farmacológica
nhado”, “uns dois galhinhos”, “um copo de água”, (MAY; ZAMPIERON; SILVA, 2012). É uma das formas
ou seja, doses relativas. Os modos de preparo foram mais eficazes de descobrir soluções farmacológicas.
divididos basicamente em Decocção e Infusão, e foi É uma prática, baseada no conhecimento popular e
observado que um voluntário dificilmente altera o no empirismo, que complementa a medicina conven-
modo de preparo de acordo com a planta, geralmente cional. O estudo destas plantas pode fornecer infor-
ele realiza o mesmo para todas as plantas que utiliza. mações úteis para futuros fármacos.
Restrições dietéticas, de atividades físicas, ou
de outra natureza, não são realizadas tendo em
vista a planta que está sendo utilizada, mas sim
pela sintomatologia. Como na dor de barriga, por 4 CONCLUSÃO
exemplo, evitam-se as frituras. Ou seja, a interação
alimentar com o fitoterápico, que está sendo uti- O conhecimento a respeito das plantas medici-
lizado, não é levada em consideração. É mais um nais é bastante enriquecedor, visto que o estudante/
fator que contribui com o uso indevido das plantas profissional de saúde tem por objetivo a prevenção,
medicinais em algumas situações. o tratamento e a recuperação de doenças. Podem-se
Quase sempre a fonte de conhecimento vem da evitar usos indevidos daqueles que não possuem co-
família, e raramente provém de indicação médica e nhecimento adequado, e levá-los a fazer o uso cons-
conhecimento científico. Este fato foi comprovado ciente. O estudo também contribui na valorização
com a coleta de dados, visto que em 100% dos casos, do conhecimento popular, ao mesmo tempo em que
a mãe ou a avó foram referidas como fonte deste em- busca o desenvolvimento científico e tecnológico de
pirismo. Apenas dois voluntários relataram que além novos medicamentos.
da mãe ou da avó, houve indicação médica para o uso. Por meio deste trabalho observa-se que o uso de
É importante entender que a medicina moder- fitoterápicos é de suma importância para a comunida-
na não vem para eliminar a medicina popular. Mas de, principalmente devido ao acesso aos serviços de
sim caminhar juntamente uma a outra, se com- saúde e disponibilização de medicamentos pelo SUS.
plementando. Essa larga utilização de plantas Porém, a mesma não possui conhecimento para que
medicinais é importante para que se mantenha a o uso seja feito de forma segura. Logo, propõe-se que
tradicionalidade local e os avanços na ciência far- sejam realizadas oficinas e exposições, abordando as
macológica, além de valorizar a riqueza cultural espécies levantadas neste estudo.
(GIRALDI; HANAZAKI, 2010).
O uso de plantas medicinais é importante, pois
conserva o conhecimento tradicional. É uma das REFERÊNCIAS
formas mais eficazes de descobrir soluções farma-
cológicas. É uma prática, baseada no conhecimento ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas
popular e no empirismo, que complementa a me- etnodirigidas na descoberta de novos fármacos
dicina convencional. O estudo destas plantas pode de interesse médico e farmacêutico: fragilidades
fornecer informações úteis para futuros fármacos, e perspectivas.[s.l.]: Revista Brasileira de
oferecendo economia e boa fonte para produções Farmacologia, v.16, supl., dez 2006. p.678-689.
(SILVA ET AL., 2009).
Essa prática ganhou espaço no mundo por sua BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
eficácia, praticidade e disponibilidade. Muitas destas à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
plantas utilizadas ainda precisam de estudos detalha- Estratégicas. Política nacional de atenção à saúde

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e identificação botânica de plantas medicinais em Caxambu-MG, 2007.

1 Discente do curso de Enfermagem, Programa Institucional de Bolsas de


Iniciação Científica (PROBIC) – Centro Universitário Tiradentes – UNIT,
Maceió-AL. Email: amandamadeiro@hotmail.com
Recebido em: 10 de Outubro de 2016
Avaliado em: 13 de Outubro de 2016 2 Docente da disciplina de Farmacologia – Centro Universitário Tiradentes
Aceito em: 28 de Outubro de 2016 – UNIT; Graduado em Farmácia; Mestre em Ciências Farmacêuticas; Doutor
em Ciências Farmacêuticas, Maceió-AL. Email: cristianolima.br@gmail.com

Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente • Aracaju • V.5 • N.2• p. 41 - 51 • Fev. 2017

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