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A utilização de fitoterápicos vem se expandindo nos últimos anos. Uma das razões desse aumento é a
falsa idéia de que os usuários têm sobre medicamentos a base de plantas medicinais não trazem
nenhum prejuízo. Entre os fitoterápicos existentes destaca-se o Piper methysticum conhecido
popularmente como kava-kava. Durante os anos de 1999 a 2002, a kava-kava esteve na lista dos 10
medicamentos fitoterápicos mais vendidos no Brasil. O uso indiscriminado de plantas vem causando
cada vez mais toxicidade segundo os estudos científicos. A kava-kava foi responsável por dezenas
desses números, envolvendo casos de hepatotoxicidade na Europa. Diante do exposto, o objetivo
desse trabalho é descrever os aspectos gerais de kava-kava e suas atividades farmacoterapêuticas e
apresentar informações técnicas para o desenvolvimento de uma melhor atenção farmacêutica aos
usuários de medicamentos fitoterápicos. O desenvolvimento deste estudo teve como base uma revisão
de literatura em livros, revistas e periódicos científicos e artigos atualizados sobre o tema. A kava-
kava é uma planta medicinal que se destaca pelas suas propriedades farmacológicas, tendo efeitos
ansiolíticos e indutores de relaxamento e sono. Os usuários de medicamentos fitoterápicos devem ser
informados sobre eventos adversos, interações e contra-indicações do fármaco que está sendo
utilizado, pois o prescritor e o dispensador devem orientar o paciente sobre a terapia mais adequada.
Ressalta-se que o farmacêutico possui amplo conhecimento sobre o uso racional de medicamentos e
compreende-se a sua importância para a realização de um tratamento eficaz e seguro.
Palavras-Chave: Ansiolíticos. Fitoterápicos. Kava-kava.
The use of herbal medicine has been expanding in recent years. One reason for this increase is that
users have a false idea that medicinal plants are harmless. Among the herbal existing stands to Piper
methysticum popularly known as kava-kava. During the years 1999 to 2002, the kava-kava was in the
list of 10 best-selling herbal medicines in Brazil. The indiscriminate use of plants has been causing
increasing toxicity according to scientific studies. The kava-kava was responsible for dozens of these
numbers, involving cases of hepatotoxicity in Europe. Given the above, the aim of this paper is to
describe the general aspects of kava-kava and its activities pharmacotherapeutics and present
technical information for developing better pharmaceutical care to users of herbal medicines.
Development of this study was based on a literature review of books, magazines and journals and
updated articles on the topic. Kava-kava is a medicinal plant that stands out for its pharmacological
properties, and anxiolytic effects and induce relaxation and sleep. Users of herbal medicines should be
informed of adverse events, interactions, and contraindications of the drug that is being used because
the prescriber and the dispenser should advise the patient on the most appropriate therapy. It is
noteworthy that the pharmacist has extensive knowledge about the rational use of medicines, and
understands the importance of pharmaceutical operations in achieving an effective and safe treatment.
Keywords: Anxiolytics. Botanicals. Kava-kava.
1Farmacêutica graduada pela FAHESA / ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568 – Setor
Oeste – Araguaína-TO – Email: diomararesende@hotmail.com.
1Graduanda do Curso de Farmácia Generalista pela FAHESA / ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av.
Filadélfia, 568 – Setor Oeste – Araguaína-TO – Email: layane.farmacia@hotmail.com.
2Orientadora, Doutora. Docente da FAHESA / ITPAC. - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568;
Setor Oeste; CEP: 77.816-540; Araguaína-TO. Email: anettepartata@hotmail.com.
D. R. Barbosa, et. al ISSN 1983-6708
a utilização das plantas para tratamento de Alemanha, em 1990, o uso de kava-kava foi
doenças desde 4.000 a. C”. aprovado para o tratamento da ansiedade e
Na última década, tem ressurgido o distúrbios nervosos como estresse ou cansaço.
interesse pela fitoterapia e isso fica evidente nas Através de estudos clínicos recentes ficou
publicações científicas da área de farmacologia esclarecido que o kava-kava é relativamente
que buscam descobrir novos fármacos através de seguro, pois, não causa dependência química e é
substâncias extraídas de espécies vegetais que um ansiolítico efetivo. Enquanto os ansiolíticos
produzam maior eficácia terapêutica (FIRMO, et sintéticos causam letargia e confusão mental,
al., 2011). kava-kava é responsável pelo aumento na
Na pesquisa de novos fármacos que concentração, memória e reflexos das pessoas que
proporcionem uma maior adesão ao tratamento, apresentam ansiedade (COLÓ, 2006).
estão sendo estudadas novas substâncias obtidas Entretanto, foram registrados casos de
de plantas. Entre as espécies vegetais, destaca-se a necrose hepática. Na Alemanha, em 1998, houve
Piper methysticum G. Forst, que é popularmente um episódio grave e na Suíça, em 2000, um
conhecida como kava-kava, Kava, cava-cava, paciente precisou de transplante de fígado após
pimenta-intoxicante, raiz-Kava, pimenta-Kava e hepatite aguda provocada por doses diárias de
outras denominações (JUSTO & SILVA, 2008b). 210-280 mg de kavalactonas (COLÓ, 2006).
Tanto o arbusto da espécie Piper Portanto, em 2010, a Diretoria Colegiada
methysticum quanto a bebida psicoativa elaborada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
com o rizoma desta planta, é denominada de (ANVISA), no uso das atribuições que lhe
kava-kava pelos nativos das ilhas do Pacífico, conferem, estabeleceu que a kava-kava não deverá
sendo que, essa bebida é usada principalmente em ser comercializada livremente, sendo obrigatória a
cerimônias culturais e religiosas, para promover padronização dos textos de bula para os
alterações na consciência, diminuição da fadiga e medicamentos fitoterápicos obtidos a partir do
da ansiedade e consequentemente, o bem-estar extrato de Piper methysticum e controles rigorosos
desses povos (COLÓ, 2006). na fabricação e comercialização desta droga
Foi durante a primeira expedição do vegetal (BRASIL, 2010).
Capitão James Cook ao Pacífico Sul em 1768-1771,
que dois botânicos suecos descreveram a planta 2.2 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO
do kava-kava. Na segunda viagem, datada no ano Nas ilhas do Pacífico (Fig. 1) a distribuição
de 1772-1775, o botânico Johann Georg Foster, fez de kava-kava é limitada, pois é a única planta que
a primeira descrição detalhada dessa planta, é cultivada com importância econômica.
nomeando-a cientificamente de Piper methysticum. Atualmente, a kava-kava não cresce mais
Essa espécie é do gênero “Piper”, pois, pertence à naturalmente, pois, seu cultivo só tem interesse
família “Piperaceae” e “methysticum” é latim que comercial (NETO, 2004).
veio do grego “Methustikos”, que deriva de
“Methu” e significa “bebida intoxicante” (COLÓ,
2006; JUSTO & SILVA, 2008b).
Em 1886, a kava-kava foi pela primeira vez
citado em artigos científicos, devido aos seus
efeitos ansiolíticos e indutores de relaxamento e
sono. Em 1914 estava na lista da Farmacopéia
Britânica e em 1950 surgiu na “USDispensary”
sendo usado no tratamento da gonorréia
(Gonosan) e distúrbios nervosos (Neurocardin)
(COLÓ, 2006).
Na última década, produtos feitos à base
do extrato de kava-kava começaram a surgir nos Figura 1. Ilhas do Pacífico onde o consumo de kava-kava foi
mercados norte-americanos e europeus. Na originado - Fonte: Coló, 2006.
2.6 VARIAÇÕES QUÍMICAS ENTRE O mente. Material de talo foi achado por
CULTIVO conter aproximadamente e respectiva-
mente 36%, 28% e 10% de dihidrocavaína,
dihidrometisticina e iangonina, enquanto
Segundo Cheng et al., (Citado por NETO, 19% cada de cavaína desmetoxiangonina e
2004), um extrato solvente de material recolhido 17% cada de dihidrocavaína e iangonina
em Vanuatu, mostrou que este conteve muito foram achadas nas raízes. Os dois cultivos
iangonina. Também foram encontrados deram cromatogramas semelhantes para
dihidrocavaína e cavaína predominantes nesse as partes correspondentes. Estas tentativas
material recolhido em Vanuatu. foram administradas há três tempos
Material de Vanuatu, a kava-kava diferentes do ano, com essencialmente os
incomum pirona 5-hidroxidihidroxicavaína, a mesmo resultados.
extração da fração aquosa com solvente orgânico é
realizada somente depois do tratamento de Foi observado que no campo a seleção de
umedecer com ácido aquoso. O solvente orgânico kava-kava para propagação é principalmente
não só libertou este material de raízes (NETO, baseado em composição química, e não as
2004). diferenças morfológicas da planta, isso foi
Segundo Cheng et al., (Citado por NETO, determinado pelo efeito fisiológico produzido por
2004), também mostrou que a água remove só 5%- ingestão da planta (NETO, 2004).
10% da resina que poderiam ser diretamente Entretanto, Labot & Levesque (Citado por
removidas com os solventes orgânicos. NETO, 2004) afirmam que, nenhuma investigação
De acordo com Smith (Citado por NETO, fitoquímica sistemática de cultivos de kava-kava
2004), utilizou um método de GC semelhante ao foi empreendida. A origem e distribuição de Piper
descrito por Duve (1981), para quantificar o Piper methysticum foram usadas para estudar essa
methysticum e seus conteúdos de pirona de kava- observação. Foi feita uma análise detalhada de
kava de dois cultivos de Fidjian, distinto em base cavalactona para poder identificar as variações
da cor deste talo, um branco e outro preto. entre os componentes ativos existentes entre os
Não foram vistos resultados que diferentes cultivos. Localizou-se mais de 240
correspondem a metitiscina e o autor notou espécies de Piper methysticum na Oceania, 13 de
dificuldades gerais com sua quantificação por Papua Nova Guiné e 3 de Irian Jaya e 111 espécies
análise de GC, sugerindo que GC pode não ser Piper wichmannii de Papua Nova Guiné, em
uma técnica segura para determinar concentração Solomons e Vanuatu; essa identificação foi
de cavalactona. Com as proporções relativas realizada através de uma pesquisa herbária
informadas para cavalactonas em raiz de kava- mundial.
kava comparada favoravelmente e previamente Mais de 220 amostras de raízes que
com resultados, obtiveram usando TCL e representam quatro áreas geográficas principais
espectrofotometria (NETO, 2004). (Vanuatu, Fidji, Polinésia, Papua Nova Guiné, Ilha
Smith (Citado por NETO, 2004), dois de Salomon e Pohnpei) foram selecionadas pós-
cultivos deram cromatogramas secos, extraídas com clorofórmio e analisadas por
semelhantes para as partes fase normal de HPLC. Para as seis principais
correspondentes, entretanto foram vistas cavalactonas os tempos de retenção eram notáveis,
variações largas entre os níveis de que foram quantificados em porcentagens (NETO,
componentes em folhas, talos e raízes. Os 2004).
resultados seguintes são uma média das Baseado na predominância de cavalactona
concentrações relativas de cavalactonas cada amostra foi codificada baseada nessa ordem.
informada por cada cultivador. Piper
Nove tipos foram identificados, quatro formas de
methysticum foi reconhecido novamente
Piper wichmannii que é exclusivo da Melanésia e
como um componente principal de folhas
da kava aproximadamente 37%, enquanto cinco cultivos de Piper methysticum. Parece ser
dihidrocavaína e dihidrometisticina controlado geneticamente o conteúdo de
responderam por 31% e 19%, respectiva- cavalactona, não ambientalmente regulado. Em
outras palavras, enquanto nenhuma relação sabe-se, que a presença de etanol (utilizado
poderia ser estabelecida entre morfotipo e poderia para diluir o extrato) pode interferir nas
ser o valor percebido, havia uma relação entre reações de identificação dos taninos.
quimiotipo e uso tradicional na ilha (NETO, 2004). Portanto é compreensível que a
De acordo com os dados dos estudos caracterização da classe de taninos
químicos, Lebot & Levesque (Citado por NETO, presente no extrato seco da kava-kava
2004), perceberam que aqueles tipos de kava-kava tenha ficado comprometida.
com uma porcentagem alta de cavaína e uma 3. As análises físico-químicas apresentaram
baixa porcentagem de dihidrometisticina foram densidade 0,63 g/mL, pH 4,67 e ponto de
especialmente desejados e desfrutados, enquanto fusão indeterminado, pois, o equipamento
as bebidas de kava-kava não estimavam que alcança temperatura máxima de 300ºC
porcentagens altas de dihidrocavaína e não conseguiu encontrar o ponto de fusão
dihidrometisticina. da amostra analisada e na literatura
pesquisada não existe tal informação.
2.7 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 4. A amostra não acusava a presença de
Embora a kava-kava seja utilizada material estranho.
amplamente pela população mundial, essa planta 5. A Farmacopéia Brasileira (2000) estabelece
ainda não possui monografia específica que valores entre 8 a 14% de umidade para
descreva suas características farmacológicas e matérias-primas vegetais. O teor de
farmacognósticas, isso facilita processos de umidade encontrado para a amostra foi de
adulterações e/ou falsificações e impede a 4,3%, portanto, este valor está abaixo do
realização de um controle de qualidade mais mínimo estabelecido.
rigoroso (JUSTO & SILVA, 2008a). 6. A amostra permaneceu na mufla a 450ºC e
Justo & Silva (2008a) fizeram um trabalho foram analisadas duas vezes distinta-
que buscaram dados que fossem um suporte para mente, sendo que, tanto na primeira
a realização do controle de qualidade do extrato análise de 4 horas quanto na segunda
seco da Piper methysticum, tais como análise análise de 6 horas, o extrato seco de kava-
sensorial, prospecção fitoquímica, potencial kava apresentou-se esbranquiçado e não
hidrogeniônico (pH), ponto de fusão, densidade, houve formação de cinzas.
análise da presença de material estranho,
determinação do teor de umidade e de cinzas A análise fitoquímica visa estudar os
totais. Nesse estudo foram obtidos os seguintes constituintes químicos, portanto, esses testes são
resultados para a amostra do extrato seco de kava- imprescindíveis na identificação das principais
kava: classes de compostos provenientes do
1. A análise sensorial: o extrato apresentou-se metabolismo secundário das espécies vegetais
extremamente fino, de cor amarelo- (FOGLIO et al., 2006; JUSTO & SILVA, 2008a).
esverdeado, com odor bastante Os testes fitoquímicos foram realizados
característico e sabor levemente adocicado. através de reações em tubo de ensaio em triplicata
2. Na prospecção fitoquímica, o único e cromatografia em camada delgada (CCD), posto
composto oriundo do metabolismo que, as classes de substâncias testadas foram:
secundário encontrado no extrato seco da compostos fenólicos, compostos antracênicos,
kava-kava, foram os compostos fenólicos, flavonoides e taninos de Piper methysticum (JUSTO
sendo que, na literatura, apenas a presença & SILVA, 2008a).
de taninos é relatada para a espécie. Quando não é possível realizar estudos
Entretanto, sabe-se que os compostos químicos sobre as plantas, os testes fitoquímicos
fenólicos são precursores dos taninos. preliminares podem indicar o grupo de
Posto que, os taninos geralmente são metabólitos secundário. No entanto, para obter
identificados conforme a identidade dos uma melhor compreensão das substâncias
compostos fenólicos nas suas moléculas responsáveis por determinada atividade biológica
ou classe específica de constituintes, deverá ser área cerebral atingida por danos
feito o isolamento estrutural da espécie analisada provenientes de isquemia em ratos. As
(FOGLIO et al., 2006) demais cavapironas não demonstraram
A pesquisa realizada demonstra que possuir esta ação (JUSTO & SILVA,
2008b).
através das análises e dos dados obtidos foi
possível montar um banco de dados que
auxiliasse na identificação dos constituintes do Gleitz & colaboradores (Citado por JUSTO
Piper methysticum. Portanto, é necessário elaborar & SILVA, 2008b) fizeram teste com os ratos
uma monografia farmacopéica dessa espécie injetando cavaína por 5 minutos antes de
vegetal, pois, há uma carência de informações injetarem ácido araquidônico, com isso
sobre essa planta (JUSTO & SILVA, 2008a). conseguiram notar uma diminuição da dose-
dependente da agregação plaquetária, sugerindo
que a atividade sobre a enzima cicloxigenase-1
2.8 FARMACOLOGIA
(COX-1) seja o alvo principal das cavalactonas. No
O extrato da kava-kava ao agir no sistema
entanto, a kava-kava não age seletivamente, pois é
nervoso central (SNC) proporciona uma sensação
também, capaz de inibir a enzima COX-2, com
de prazer, amenizando as sensações de medo.
potência comparada a de 2,5 μg/mL do fármaco
Perifericamente, age sendo um potente anestésico
naproxeno.
local, exercendo também efeito protetor contra
Contudo, a atividade ansiolítica da kava-
envenenamento por estricnina, sendo superior a
kava é o alvo que vem despertando o interesse de
todos os antagonistas não-narcóticos conhecidos
pesquisadores em estudos científicos. O efeito de
(JUSTO & SILVA, 2008b).
uma dose diária equivalente a 210 mg de
A atividade farmacológica da kava-kava é
cavapirona foi comparado com o efeito de
devido às kavalactonas (também chamada de
15mg/dia de oxazepam ou 9 mg/dia de
kavapironas), kavaína, diidrokavaína,
bromazepam em um estudo duplo-cego que teve
mestisticina, diidromestisticina e outros. Está
seis meses de duração (JUSTO & SILVA, 2008b).
comprovado que a kava-kava possui diversos
A vantagem da ação ansiolítica da kava-
efeitos sobre o SNC, inserindo atividades
kava que não apresenta os efeitos adversos dos
ansiolíticas, sedativas, anticonvulsivantes,
benzodiazepínicos como prejuízo das funções
anestésica local, espasmolítica e analgésica;
cognitivas, sonolência, redução da coordenação
entretanto é desconhecido o mecanismo exato
motora e dependência (JUSTO & SILVA, 2008b).
desses feitos (JUSTO & SILVA, 2008b).
A kava-kava possui atividade
As cavalactonas têm a capacidade de inibir
anticonvulsivante que age no SNC, que essa
diversas isoformas do citocromo P450(CYP450),
atividade pode estar associada à ação antagonista
sendo elas: CYP1A2, CYP2C9; CYP2C19; CYP2D6,
das cavalactonas, em especial da cavaína, sobre
CYP3A4; CYP4A9 e CYP4A9/11. Esta
canais de sódio dependentes de voltagem e de
propriedade causa inúmeras interações,
cálcio tipo L (JUSTO & SILVA, 2008b).
principalmente farmacocinéticas, com outras
Nessa investigação sobre a kava-kava, uma
drogas, pois, diminui a metabolização destas pelas
curiosidade despertou o interesse nos
enzimas inibidas do complexo CYP450, podendo
pesquisadores: a baixa incidência de câncer de
induzir a toxicidade (JUSTO e SILVA, 2008b).
Outra atividade atribuída aos estômago, pulmão e próstata nos habitantes da
componentes da Kava é a analgesia. A ilha de Fijian (pertencente às ilhas do Pacífico),
dihidroxicavaína e a dihidrometisticina comparado aos moradores de outras ilhas como
em concentrações de 120 mg por quilo de Polinésia, Micronésia e Nova Caledônia. Os
peso corporal são equivalente à ingestão pesquisadores notaram que o povo de Fijian
de 200 mg de ácido acetilsalicílico (AAS) possuía o hábito de beber kava-kava na busca de
por quilo de peso corporal. Backhauss e sua atividade analgésica e esse costume não
Krieglstein (1992) também defendem a existia com moradores das outras ilhas. Por isso,
atividade neuroprotetota da metisticina e
passaram a estudar a composição química do
da dihidrometisticina, que diminuíram a
Foram descritos outros efeitos terapêuticos haver uma indicação adequada do medicamento
da kava-kava no tratamento da gonorréia, sífilis, para conseguir a eficácia terapêutica.
cistite e obesidade, mas, não há explicações bem Segundo a ANVISA, a kava-kava é
definidas sobre os seus mecanismos de ação indicada para o tratamento dos sintomas de
(COLÓ, 2006). ansiedade, nervosismo e tensão que se apresentam
Há pesquisas sobre a avaliação das nos estágios leves a moderados, sendo utilizada
atividades neuroprotetoras da kava-kava, em um curto prazo de 1-8 semanas de uso
relacionados com N-metil-D-aspartato, entretanto, (BRASIL, 2010).
os resultados sobre a elucidação dos mecanismos
foram muito contraditórios. Além disso, foi 2.10 USO EM ANIMAIS
observada uma menor incidência de câncer em No Brasil, a criação de codornas vem
pessoas que consomem kava-kava frequentemente evoluindo a cada ano no mercado agropecuário.
(COLÓ, 2006). No entanto, as codornas que estão estressadas
Singh & Sweetman (Citado por JUSTO & podem diminuir a produção de ovos, e o
SILVA, 2008b), popularmente a kava-kava comportamento nervoso e agitado faz com que
é usada para tratar gonorréia, dor elas se biquem mais e gastem energia devido a
menstrual, tuberculose e problemas
esses atos agressivos que prejudicam a produção
respiratórios. [...] Também foi referida sua
(SILVA, et al., 2010).
utilização como analgésico, diurético e
relaxante do músculo liso. Alguns Pesquisas e estudos com fitoterápicos de
moradores da região do pacífico a utilizam caráter ansiolítico e sedativo vêm sendo utilizados
como enxaguatório bucal, para tratar como tentativa de diminuir o estresse em
úlceras orais e dor de dente, contra veneno codornas para que possam melhorar o
de cobra e outros animais peçonhentos e, desempenho e bem estar das aves (SILVA et al.,
na homeopatia, é usada nos estados de 2010).
excitação, exaustão e gastrite. Conforme A kava-kava (Piper methysticum), que é um
Mesquita e colaboradores (2005), na fitoterápico que tem como indicação no
Europa, produtos contendo extratos
tratamento de ansiedade, tensão nervosa, estresse,
hidroalcoólicos, o pó ou até mesmo as
agitação e insônia, poderia ser uma opção para
raízes de P. methysticum são muito
comercializados para o tratamento de tentar melhorar o desempenho de codornas na
ansiedade e insônia. produção de ovos e diminuir o estresse que
acomete essas aves (SILVA et al., 2010).
Segundo a metanálise publicada por Pittler Devido a isso, foi feito um experimento
& Ernst (Citado por FAUSTINO; ALMEIDA; que teve como objetivo avaliar o efeito da kava-
ANDREATINI, 2010), através de estudos baseados kava como fitoterápico na alimentação de
em sete trabalhos com pacientes que codornas na fase de postura. Também foi avaliado
apresentavam transtornos de ansiedade indicam a o desempenho (consumo da ração, conversão
redução da ansiedade avaliada pela EAH (Escala alimentar, peso dos ovos e produção), qualidade
de Ansiedade de Hamilton). dos ovos, tempo em imobilidade tônica,
Segundo Toniolo Neto (1999), o uso de 100 intensidade de ferimentos e relação heterófilo:
mg de kava-lactonas, na dose, três vezes ao dia, linfócito (SILVA, et al., 2010).
apresenta resultados positivos no tratamento da Para essa pesquisa utilizou-se noventa
ansiedade, tensão, insônia e dores musculares. codornas com 21 semanas de idade que foram
Este fármaco também atua como coadjuvante no pesadas e alojadas em gaiola. As distribuições das
tratamento de pacientes que apresentam sintomas codornas foram feitas em blocos ao acaso, para
de depressão, distimia, transtorno do pânico e poder ter um controle do peso no início do
outros distúrbios psiquiátricos. De modo geral, as experimento, submetidas a três tratamentos (0 –
pesquisas relacionadas à Piper methysticum G. controle, 300 e 600mg de extrato seco de kava-
Forster apresentam um efeito ansiolítico, sendo kava/ kg de ração), com cinco repetições e seis
que, para obter melhores resultados é necessário codornas em cada parcela (SILVA, et al., 2010).
De acordo com o estudo realizado por Outra pesquisa que tinha como objetivo
Silva, et al. (2010) a kava-kava utilizada na contribuir para os conhecimentos sobre a
alimentação de codornas de postura causa uma utilização de fitoterápico utilizando como
redução no estresse. Isso evidencia que a kava- ansiolítico e sedativo, foi a avaliação toxicológica
kava é capaz de acalmar as codornas. da preparação fitoterápica contendo Piper
Também foram realizados outros estudos metysticum Forst (kava-kava) sobre o
em ratos onde as resinas de kava-kava e desenvolvimento pré-natal em ratos Wister
cavapironas individuais foram mostrados para (PINTO, 2004).
não interagir com benzodiazepina ou receptores Foi avaliado também nesse estudo
de GABA significativamente. Para explicar estes algumas possíveis alterações hepáticas em ratas
achados experimentais, postularam os autores que Wister tratadas com a kava-kava durante o
as propriedades de lipofílicos fortes de período da gestação, por meio da mensuração das
cavapironas podem causar distorções em enzimas hepáticas alanina-aminotrasferase e
domínios de receptor por uma incorporação não fosfatase alcalina e da histopatologia do fígado
seletiva em membranas de lipídios (NETO, 2004). (PINTO, 2004).
O teor de dihidrocavaína (DHK), cavaína Utilizou-se nesse estudo 96 ratos Wister
(K), desmetoxiangonina (DMY) e iangonina (Y) com idade de 90 dias, onde foi realizado o
em cérebro de rato foi medido por cromatografia. acasalamento dos animais. A confirmação da
DHK e K penetraram rapidamente e eram gestação foi realizada através de teste por citologia
rapidamente afastados. DMY e Y penetraram vaginal (estro) (PINTO, 2004).
menos (NETO, 2004). Para a pesquisa foi utilizado uma
Os componentes de resina de kava-kava formulação de Piper methysticum (kava-kava®)
tinham o teor que era de duas a vinte vezes com rizoma em forma de pó em cápsulas de
maiores, respectivamente, que quando eles eram 400mg (PINTO, 2004).
chamados como materiais isolados. Embora o No estudo obteve que a preparação
mecanismo exato seja desconhecido, há um fitoterápica contendo P. Metysticum (kava-kava®),
aumento marcado na potência oral destas administrada por via oral, do 6° ao 15° dia de
substâncias quando eles são consumidos com gestação, nas dosagens de 5mg/kgˉ¹ o que
outros componentes de kava-kava (NETO, 2004). equivale à dosagem recomendada para humanos,
A mais atual pesquisa de Jussofie et al., 35mg/kgˉ¹ e 50mg/kgˉ¹ em ratas Wister, não se
(Citado por NETO, 2004) demonstrou que um observou alterações nas concentrações da enzima
extrato de cavapirona enriquecido aumenta o alanina-aminotrasferase e fosfatase. Portanto,
número de GABA situados em cérebro de rato por como não foram encontradas alterações
um mecanismo semelhante ao de barbituratos e significativas na análise histopatológico no fígado
esteróides de anestésico. das referidas ratas evidenciando não possuir
O aumento de densidade acontece em toxicidade hepática no período das doses
regiões do cérebro de forma específica, como nas utilizadas (PINTO, 2004).
mesmas áreas do hipocampo e das amídalas, que As variáveis reprodutivas não são afetadas
são consideradas como centros de ação de com as doses testadas, porém as modificações
cavapirona (NETO, 2004). morfológicas as dosagens (50mg/kgˉ¹), foram
A hipótese de que a kava-kava possui uma consideradas. Assim, a preparação fitoterápica
capacidade para relaxar diretamente músculos da kava-kava® é considerada segura ao ser
forma de um anestésico local é apoiada pela administrada na dose até 35mg/kgˉ¹, no período
descoberta de que o sintético da cavaína organogênese em ratas Wister (PINTO, 2004).
(racêmica) causa uma inibição rápida e específica
dos canais de sódio e voltagem dependentes. Este 2.11 EVENTOS ADVERSOS
mecanismo de inibição pode explicar o efeito Os fitoterápicos elaborados com Piper
espasmolítico, analgésico e ações de methysticum G. Forster (kava-kava) geralmente são
anticonvulsivantes de cavapironas (NETO, 2004). utilizados sem a prévia orientação médica,
causando risco à Saúde Pública, pois há diversos bilirrubina conjugada. Além de diminuir os níveis
casos de hepatotoxicidade relacionados ao seu uso das proteínas plasmáticas, uréia, bilirrubina e
indiscriminado e também devido à falta de causar plaquetopenia, também, pode originar
controle de qualidade, orientação ao paciente e hepatomegalia e início de encefalopatia. (BRASIL,
controle da utilização desses medicamentos 2010; CORDEIRO; CHUNG; SACRAMENTO,
(JUSTO & SILVA, 2008b). 2005).
Fundamentado nas análises das reações A kava-kava apresenta segurança
adversas notificadas, vários países, tais como terapêutica quando usada isoladamente,
Alemanha e suíça foram proibidos pelas administrada por via oral e por um curto período
autoridades regulatórias de comercializar os de tempo. Entretanto, quando aumenta a duração
produtos que contêm extrato de kava-kava, do tratamento por períodos longos e/ou são
devido aos relatos de icterícia, fadiga, urina escura utilizadas altas doses, a segurança é diminuída e
e hepatotoxicidade, que se apresentou de diversas pode produzir eventos adversos de extrema
formas desde elevações transitórias das enzimas significância após o uso de 1-3 meses
hepáticas, hepatite aguda, cirrose até à necrose (CORDEIRO; CHUNG; SACRAMENTO 2005).
hepatocelular severa e morte (CORDEIRO; Segundo Anke & Ramzan (Citado por
CHUNG; SACRAMENTO, 2005). JUSTO & SILVA, 2008b), é notável que a maioria
Segundo a ANVISA, no início do dos relatos de insuficiência hepática e
tratamento, pode surgir um cansaço pela manhã hepatotoxicidade podem não estar associados com
de intensidade moderada. De acordo com os o consumo de kava-kava. Portanto, é preciso
ensaios clínicos realizados, raramente pode haver mais estudos para obter respostas
ocorrer mal estar gastrintestinal, reações alérgicas satisfatórias quanto ao seu uso racional.
cutâneas, inquietação, vertigem, sonolência,
tremor, câimbras, problemas respiratórios, dores 2.12 INTOXICAÇÃO, TERATOGENICIDA-
de cabeça e indisposição, sendo que, em todos os DE, MUTAGENICIDADE E CARCINOGE-
casos analisados, essas reações adversas NICIDADE
desapareceram após a suspensão do medicamento A cada ano cresce o número de estudos
(BRASIL, 2010). científicos que vem comprovando a toxicidade de
Entre os eventos adversos raros, pode-se plantas. A kava-kava é um exemplo de planta que
citar o amarelamento reversível da pele, unhas e vem causando vários casos de toxicidade.
cabelos, distúrbios visuais, tontura, efeitos Segundo Pierce (Citado JUSTO & SILVA,
extrapiramidais, congestão pulmonar e hepatite 2008b), a kava-kava pode exacerbar problemas
que são dificilmente apresentados, mas, podem hepáticos, pois já houve relatos de hepatite aguda
estar associados ao tratamento com fitoterápicos à com necrose hepatocelular severa.
base de P. Methysticum. Portanto, o uso desse tipo Estudos vêm demonstrando em usuários
de medicamento deve ser interrompido intoxicados por uso de extrato de kava-kava
imediatamente (BRASIL, 2010). alguns sintomas como tremor, taxia, sedação,
É comprovado que os constituintes da anormalidades específicas de coordenação motora
kava-kava têm capacidade de estimular a perda e atenção visual (OLIVEIRA & GONÇALVES,
do tônus uterino, incitar complicações na gravidez 2006).
e atravessar as glândulas mamárias chegando até Em exames in vitro, foi demonstrada
ao leite materno (CORDEIRO; CHUNG; positividade mutagênica e negatividade
SACRAMENTO, 2005). teratogênica. Em uma revisão geral na literatura
O tratamento de 1-2 meses com P. não houve estudos que comprovasse a
methysticum pode ocasionar alterações no carcinogenecidade de kava-kava, pois, o uso dessa
resultado dos exames de avaliação da função planta não causa danos a populações nativas que
hepática, tais como o aumento das enzimas ainda utilizam a kava-kava por gerações (JUSTO
hepáticas aspartato e aminotransferase, γ - & SILVA, 2008b; NETO, 2004).
glutamiltransferase, desidrogenase lática e
2.15 CONTRAINDICAÇÕES
O P. methysticum é contraindicado a
pacientes com conhecida hipersensibilidade e
Fonte: JUSTO; SILVA, 2008b. alergia aos constituintes químicos dessa espécie
vegetal ou a qualquer outro componente da
A kava-kava aumenta os efeitos maléficos fórmula. Pacientes que apresentam problemas
do álcool. Pois, foram realizados testes hepáticos, que fazem consumo de álcool,
visomotores que demonstraram que o uso portadores de Doença de Parkinson, depressão e
concomitante de kava-kava e álcool potencializam psicose não devem utilizar kava-kava, pois, o seu
os efeitos depressores, mas, não se sabe por quais uso pode aumentar os efeitos destrutivos no
mecanismos ocorre essa interação (BRASIL, 2010; fígado e piorar os sintomas extra-piramidais, de
CORDEIRO; CHUNG; SACRAMENTO, 2005). depressão endógena ou psicótica (BRASIL, 2010;
ANKE (Citado por JUSTO & SILVA,
JUSTO & SILVA, 2008b).
2008b) afirma que interações entre a kava-
Medicamentos e produtos que contenham
kava e o álcool sempre foram
mencionadas. Para elucidar esta incógnita, kava-kava em sua formulação não devem ser
realizaram-se testes para descobrir se a utilizados por gestantes, lactantes e crianças que
kava-kava inibe a enzima álcool tenham idade inferior a 12 anos, pois, não há
desidrogenase, responsável pela estudos que apresentem segurança nestas
conversão do etanol em acetaldeído. Para circunstâncias (BRASIL, 2010; JUSTO & SILVA,
tanto, testaram-se três concentrações 2008b).
diferentes de três cavalactonas (cavaína, O uso de kava-kava por pacientes que tem
metisticinaeiangonina) e não foi percebida asma, psoríase e doença de Parkinson deve ter
diminuição da metabolização do etanol.
rigoroso acompanhamento médico. Sendo que,
Isto implica que pelo menos através deste
pessoas que operam máquinas pesadas e dirigem
mecanismo, é improvável que a Kava
interaja com o álcool. veículos devem ter cuidado, pois, alguns
A associação de fenotiazinas indivíduos podem apresentar sonolência e
(clorpromazina, flufenazina e tioridazina) com tremores. Portanto, o tratamento não pode
kava-kava pode potencializar seus efeitos e ultrapassar o período de dois meses (BRASIL,
provocar disfunções motoras extrapiramidais e 2010).
endócrinas (desenvolvimento excessivo da
Os casos relatados de hepatotoxicidade fez notificados foram graves, cerca de 18,3%, sendo
com que a ANVISA, incluísse a kava-kava como que três levaram a óbito, sendo que duas mortes
medicamento de tarja vermelha, isso é, somente foi por hepatite fulminante causado pelo uso de
será permitida a venda com a prescrição médica, Piper metysticum. Nesses casos relativos à kava-
segundo a Resolução-RE n.356 de 28 de fevereiro kava descartou-se a possibilidade de hepatite viral
de 2002, e incluem, também, os produtos a base de e alcoólica (BALBINO & DIAS, 2010).
kava-kava. No mercado, alguns desses
medicamentos são conhecidos como Ansiopax®, O FDA alertou, em 2002 a existência de 25
Laitan®, Kavasedon®, entre outros (JUSTO & casos de toxicidade hepática na Alemanha
SILVA, 2008b). e Suíça, incluindo casos de cirrose,
hepatite e falência renal. Há também relato
de caso de transplante hepático em uma
2.17 FARMACOVIGILÂNCIA mulher jovem americana que utilizava
O conceito de farmacovigilância, de acordo suplemento contendo kava-kava (Piper
com a OMS, é a ciência relativa à detecção, methysticum G. Forst.). Há também relatos
avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos de nefropatias seguidos de rápida falência
adversos ou quaisquer problemas relacionados a renal pela ingestão de plantas chinesas
medicamentos (BALBINO & DIAS, 2010). (BALBINO & DIAS, 2010).
A farmacovigilância tem como objetivo
detectar eventos adversos que são conhecidos ou O uso de plantas medicinais tem que ser
não, e verifica o possível aumento de incidência questionado pelos profissionais de saúde aos
dos mesmos. Também avalia em relação aos pacientes, pois, esses devem ser treinados para
produtos e os riscos e benefícios causados por informar sobre o uso dessas plantas medicinais e
eles, e assegura toda eficácia, qualidade e fitoterápicas e alertar quando ocorrer reações
segurança para o uso racional desses produtos adversas, que essas devem ser notificadas no
(BALBINO & DIAS, 2010). Sistema Nacional de Farmacovigilância
(BALBINO & DIAS, 2010).
Atualmente, a Resolução RDC n°48, de 16
de março de 2004, a Agência Nacional de 2.18 ACONSELHAMENTO FARMACÊU-
Vigilância Sanitária (ANVISA), normatiza TICO AOS USUÁRIOS DE KAVA-KAVA
o registro de medicamentos fitoterápicos
O uso racional de medicamentos abrange:
enquanto que a Resolução RDC n°4, de 10
o prescritor, o paciente e o farmacêutico. O
de fevereiro de 2009, dispõe sobre as
normas de farmacovigilância (BALBINO prescritor tem a função de estabelecer a terapia
& DIAS, 2010). adequada, mas, a eficácia terapêutica também
depende do comportamento do paciente em
Uma pesquisa realizada pelos dados da seguir as orientações sobre a utilização adequada
Gerência de Farmacovigilância da ANVISA dos medicamentos, sendo que, esta é uma prática
realizou uma análise sobre notificações de eventos farmacêutica que deve ser fornecida no instante
adversos que citavam plantas medicinais e da dispensação, pois, é importante que o
fitoterápicas (BALBINO & DIAS, 2010). profissional farmacêutico saiba estabelecer uma
Nessa análise, constatou-se que um terço aproximação, através da qual o paciente sinta-se
das notificações de eventos adversos refere-se a seguro para transmitir suas expectativas e obter
plantas medicinais ou alguns derivados que não instruções sobre o tratamento (NICOLETTI et al.,
possui registro na ANVISA, pois, as aquisições 2010b; RATES, 2001).
dessas plantas podem ser feitas através da internet, Antes de utilizar o medicamento deve-se
feiras livres e outros locais irregulares (BALBINO observar o prazo de validade, as características
& DIAS, 2010). organolépticas e manter fora do alcance das
A ANVISA avalia todas as notificações crianças. A dose diária de extrato de P.
recebidas quanto à gravidade e a causalidade. methysticum deve totalizar um limite
Entre essas notificações, trinta eventos adversos compreendido entre 60 a 210 mg de kavalactonas.