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FACULESTE – FACULDADE DO LESTE MINEIRO

CAMILA LORENZI

FITOTERAPIA NEONATAL E PEDIÁTRICA: A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS


NATURAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS NOS PRIMEIROS ANOS DE
VIDA

CASCAVEL - PARANÁ

2022
FACULESTE – FACULDADE DO LESTE MINEIRO
CAMILA LORENZI

FITOTERAPIA NEONATAL E PEDIÁTRICA: A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS


NATURAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS NOS PRIMEIROS ANOS DE
VIDA

Artigo Científico apresentado à Faculeste –


Faculdade Do Leste Mineiro, como parte das
exigências para a obtenção do título de Pós-
graduação Fitoterapia sob a orientação da
professora Elaine de Oliveira Silva.

CASCAVEL - PR

2022
FITOTERAPIA NEONATAL E PEDIÁTRICA: A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS
NATURAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS NOS PRIMEIROS ANOS DE
VIDA

Camila Lorenzi

RESUMO

A fitoterapia é um estudo e uma ciência que parte da utilização de produtos naturais para tratamentos eficazes e
de prevenção a doenças. Sendo assim, cabe a nós questionar o porquê esta ciência não pode ser utilizada em
neonatos e crianças, com a demagogia de que tais produtos naturais podem ser prejudiciais a elas. Visto que são
produtos naturais e que suas propriedades são seccionadas a cada manipulação, seja feito chás, emplastros,
pomadas, tinturas e afins, poderiam ser utilizados com segurança e eficácia para vários tipos de condições que os
pequenos enfrentam no início da vida, porém ainda os remédios alopáticos são mais aceitos e inquestionáveis.
Infelizmente nossa sociedade tem uma visão curvilínea no que diz respeito a prevenção de doenças. Hoje
vivemos para tratar doenças pré-estabelecidas e desta forma, tratamos nossos filhos recém-nascidos e nossas
crianças com essa ideologia.

Palavras chave: Fitoterapia. Neonatos. Crianças. Alopatia. Prevenção.

Introdução

A fitoterapia é uma ferramenta poderosíssima no auxílio e combate a vários tipos de


doenças e suas prevenções. Muitos tratamentos eficazes partem do princípio fitoterápico.
Muitos adultos se beneficiam dessa prática, porém não o fazem para seus filhos. Neonatos e
crianças não são submetidos a tratamentos fitoterápicos, pois sempre há dúvidas se os
compostos não farão mal. Este presente trabalho traz o questionamento da utilização de
produtos naturais e fitoterápicos nos primeiros anos de vida. Quais são as barreiras que
limitam a utilização desses produtos aos recém-nascidos e crianças? Como podemos
transformar o pensamento e buscar uma nova abordagem nos tratamentos medicamentosos,
deixando de lado fármacos alopáticos e buscando uma solução mais natural e menos
agressiva. A metodologia utilizada foi de cunho bibliográfica, alcançando livros, revistas,
artigos, fazendo uma revisão de leituras e buscando informações relevantes ao assunto
tratado.

1. O QUE É FITOTERAPIA?
Considerando que fitoterapia (do grego therapeia = tratamento e phyton = vegetal) é
uma forma tradicional de tratar as pessoas, então trata-se de um estudo das plantas medicinais
e suas aplicações na cura das doenças, baseado na crença social e popular.
A fitoterapia é um estudo baseado em plantas naturais com poderes curativos e/ou
preventivos as pessoas. A partir de seu princípio ativo, ele é utilizado de forma caseira,
principalmente através de chás, ultradiluições ou de forma industrializada, com extrato
homogêneo da planta (TORQUATTO, 2013 p. 05).
Como diz SOUZA (2021), a medicina disseminou o emprego de antibióticos e
remédios alopáticos, e a nossa medicina natural passada de geração em geração ficou
esquecida. Entretanto, as plantas estão começando a voltar a ter seu espaço aliadas no
reequilíbrio físico do ser humano. Assim, tornando os tratamentos e as prevenções menos
alopáticas.

A fitoterapia é uma terapia com propriedade de auxiliar na cura de males profunda


e integralmente, de forma barata e não agressiva, pois estimula as defesas naturais
do organismo e reintegra o ser humano às suas raízes terrestres. Atualmente,
diversos centros de pesquisas nacionais e estrangeiros se dedicam ao estudo das
substâncias presentes nas plantas medicinais. A ciência começa então a se render à
força da natureza. Natureza presente a nós em todo pedacinho de chão com terra,
luz, ar e água (SOUZA, 2021).

Para SANTOS et.al (2017), pelos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),
80% da população mundial depende das práticas tradicionais no que se refere a Atenção
Primária à Saúde, e 80-85% dessa parcela utiliza plantas ou preparações a base de vegetais,
merecendo o Brasil, destaque para os programas envolvendo fitoterapia desenvolvidos na
Atenção Básica da rede pública de saúde de muitos municípios e estados.
Em relação à utilização da fitoterapia com neonatos e crianças, a prática materna de
cuidados é aquela baseada em conhecimento de mundo, passado de mãe para filha e com
experiências pessoais que deram ou não certo (ARAÚJO et.al, 2012).
Porém, CARDOSO e AMARAL (2017), diz que fitoterapia pode oferecer risco à
saúde de alguns indivíduos, em especial, a grupos sensíveis à interação com fito-complexos
de composição desconhecida, como as crianças, os idosos e as gestantes.
Uma controvérsia terrível ao achar que medicamentos alopáticos não podem oferecer
riscos à saúde, mesmo não sendo de grupos sensíveis, afinal, todo medicamento adquirido
vem com sua bula e suas contraindicações, reações adversas e posologia. Sendo assim, a ideia
que parte do princípio que nenhum medicamento, seja ele alopático ou natural, possa fazer
mal é paradoxal. Visto que, um tratamento fitoterápico bem aplicado a um tratamento de
medicamentos alopáticos bem aplicados, este por sua vez, trata os sintomas e auxilia na cura,
já aquele, é um tratamento feito naturalmente, combate as dores e sintomas momentâneos,
porém se feito um tratamento longo e com eficácia, pode auxiliar o corpo a não apresentar
mais manifestações da doença, sendo assim, um tratamento preventivo.

1.1. O benefício de utilizar produtos naturais e medicamentos fitoterápicos

Um dos aspectos que trazemos na fitoterapia é a forma natural como são utilizadas as
plantas, sem meios farmacológicos, longe de quaisquer elementos sintéticos. Com isso, seus
princípios podem ser utilizados em chás, banhos, cataplasmas, entre outros meios, que são
naturais.

Os fitoterápicos produzem resultados positivos em no máximo quatro horas. Após


analisar o paciente e receitar o vegetal correto, logo se tem melhora do quadro. Não
é um procedimento lento. Solucionado o problema, os remédios podem ser
suspensos. O tratamento ajuda a combater doenças infecciosas, disfunções
metabólicas, alergias e ainda distúrbios psicológicos, entre muitas outras indicações
a fitoterapia é recomendada de recém-nascidos a idosos. Porém, seu uso não pode
ser indiscriminado (USCS, 2014).

UFJF 2010, diz que para Carlini, os preconceitos em relação ao uso de fitoterápicos
estão diminuindo. “O uso da fitoterapia como prescrição até há pouco tempo não era aceito
pelos próprios cientistas. Ela era considerada uma medicina inferior, alternativa,
principalmente por conta dos benefícios propagados por aproveitadores e charlatões. Era vista
como ‘medicina popular’, desenvolvida à base de plantas que podiam ser encontradas na
quitanda, na loja de artigos de umbanda, casas de chás, praças, etc.”, diz.
Apesar de ser uma forma de tratamento bastante acessível, tanto pelo seu preço,
quanto por não precisar de receitas médicas para adquiri-las, não podemos abusar e fazer
automedicação. Muitas vezes, os tratamentos podem sim, trazer alguma reação não desejada,
pode haver intoxicação, alguma alteração contrária ao que se propõe a tratar. Não podemos
pensar que só porque é natural não faz mal. Pois assim como um remédio alopático pode dar
reações, os naturais e fitoterápicos também podem.
Algumas plantas podem ser prejudiciais para quem tem pressão alta, por exemplo, ou
para mulheres em estado de gestação, essas, devem ser evitadas e elas podem causar reações
alérgicas, ou estarem contaminadas por agrotóxicos e metais pesados, por isso, para o
tratamento ou consumo é importante serem indicadas somente por um terapeuta.

1.2. Fitoterapia no âmbito neonatal e pediátrico

SANTOS, et.al. (2017), confirma que o nascimento dos filhos foi apontado como o
principal fator de resgate do saber relacionado ao uso de plantas medicinais, fazendo com que
essas mães buscassem em suas memórias e nas conversas com seus ancestrais, um tratamento
mais natural a ser utilizado em suas crianças.
As ervas mais utilizadas em neonatos são camomila, erva-doce e hortelã. Já para
crianças acima de seis meses, são citados a utilização de boldo, poejo, abacaxi, erva cidreira,
capim santo e aroeira. Geralmente a administração das ervas são por infusão ou decocção.
Mesmo porque, fica mais fácil de oferecer ao bebê e a criança.
Entretanto, há uma relutância por parte dos médicos em aceitar o uso de plantas
naturais a neonatos, bebês com até 28 dias, pois alegam que o corpo do neonato não está
preparado para receber água ou quaisquer alimentos pela imaturidade do intestino. Como trata
OLIVEIRA (2015), o bebê não nasce preparado para o mundo, muitas de suas funções ainda
não são bem desenvolvidas, como o próprio sistema digestivo, ainda imaturo, ao receber
alimento pela primeira vez. O sistema nervoso do bebê também é extremamente sensível ao
mínimo estímulo e estudos comprovaram que bebês que apresentam mais cólicas geralmente
refletem um ambiente de tensão familiar.
Infelizmente, ao nascer, o bebê já sai da maternidade com uma receita do médico
dizendo que caso dor a mãe pode dosar paracetamol, simeticona caso tiver cólica e spray
nasal, caso tiver obstrução nasal. Fica a dúvida, se o remédio alopático é mais seguro que o
natural.
Sabemos que muitas vezes, as dores do neonato são intensas, mas em se tratando de
dores de adaptação, do crescimento, cólicas ou desconfortos respiratórios, poderiam ser
aceitos com mais facilidade um tratamento natural. Porém, pouco estudo se tem a respeito e
isso causa muita insegurança a quem receita e quem administra os medicamentos.

“Paracetamol: é o único medicamento seguro desse grupo para uso no recém-


nascido. Deve ser administrado na dose de 10-15 mg/kg/dose a cada 6-8 horas no
paciente a termo e 10 mg/kg/dose a cada 8-12 horas no prematuro, de preferência
por via oral. A via retal não deve ser utilizada, por levar à absorção errática do
medicamento e, em nosso meio, não existem preparados para a administração
parenteral do paracetamol. Esta medicação é contraindicada nos RN em jejum
(GUINSBURG, BALDA, 2019).”

Neste presente trabalho, não estamos tratando de sintomas e doenças congênitas, que
há necessidade de medicamentos específicos para combater as doenças, que ainda nesse caso,
os produtos naturais poderiam sim ser utilizados como forma de tratamento integrativo, mas
sintomas brandos e repentinos, que vem e vão. E mesmo assim, a fitoterapia ainda é vista
como algo agressivo e prejudicial aos neonatos.
Os bebês depois dos seis meses, com a introdução alimentar, começam a receber água
e outros alimentos, porém quando eles têm cólica, a orientação médica é dar simeticona, um
remédio alopático que ajuda o bebê a desinchar e acalmar a cólica causada pela comida.
Para tanto, o famoso funchicórea, que auxilia nas cólicas dos bebês, é um remédio
fitoterápico, que em 2012 teve seu registro cancelado pela ANVISA, por não apresentar
comprovação de segurança da planta ruibarbo, que por ser em pó, seu composto ativo poderia
variar. Mas, em 2013, a empresa fabricante comprovou que a planta ruibarbo não traz riscos à
saúde dos bebês e pôde ter o direito de fabricar o remédio novamente.
Mediante ao apresentado, só podemos entender que remédios que não tem
comprovações científicas, ficam alheias a avaliações científicas. E a utilização do remédio em
pessoas, mesmo com resultados positivos, não é considerado algo válido. Não querendo aqui,
colocar as pessoas e os bebês no papel de cobaias, mas um remédio que mostrou eficácia na
sua utilização há mais de 70 anos, não pode simplesmente ser descartado por uma hipótese de
que um dos seus princípios ativos faz mal. E a simeticona? Conforme a EMS, em alta
dosagem, pode causar diarreia e dor abdominal, sendo que qualquer suspeita de
superdosagem, o paciente deve ser encaminhado para o médico.

1.3. Alguns fitoterápicos e plantas naturais que podem ser utilizados nos
neonatos, bebês e crianças

Tendo em vista, que quando falamos de fitoterapia a ideia que nos vem à mente é um
remédio fitoterápico, uma cápsula, gotas, um pó, uma tintura ou algo parecido, podemos tratar
os neonatos com fitoterapias diferentes, como um banho, um emplastro, até mesmo uma
planta aromática, já que não se pode induzir a ingestão de compostos nessa idade.
Assim, vemos que muitos produtos naturais podem acalmar um neonato que está
inquieto, pode ajudar em uma possível icterícia, pode auxiliar nas cólicas através de um
emplastro ou até mesmo com um óleo essencial.
Em se tratando de plantas naturais, baseado na RENISUS, Relação de Plantas
Medicinais de Interesse ao SUS, podemos oferecer aos neonatos, bebês e crianças, um banho
morno com Chamomilla recutita, que pode acalmar o bebê quando muito agitado.
Para ajudar no tratamento de icterícia, que é muito comum, em neo natos, o famoso banho de
picão ou picão-preto. A Bidens pilosa tem sido bastante utilizada por diversas comunidades
no Brasil e possui várias indicações terapêuticas (DAMASCENO, DA SILVA e RANDAU,
2017). Dentre suas atividades, possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e
atividade foto protetora e é considerado uma das plantas mais difundidas no tratamento
caseiro e alternativo da icterícia (GONÇALVES, et al. 2017).
Já, (TUA SAÚDE, 2020), comenta que o Mentha Pulegium, é bom para gripes,
resfriados e auxilia na digestão, uma opção excelente para os bebês quando pegam um
resfriado e precisam de algo para tomar, pois muitas vezes, no pico dos sintomas, o bebê
estará trancado e não aceitará muita coisa. Oferecer um chá de poejo, por exemplo, pode ser
uma boa saída.
E quando se trata de coriza e secreções derivadas de gripes e resfriados, nada como
uma boa inalação com Mentha piperita, que pode ajudar a liberar as vias respiratórias e a
combater outros sintomas respiratórios.
Um xarope fitoterápico muito utilizado, que permite indicar como tratamento primário
da tosse produtiva pelos efeitos mucolíticos e broncodilatador é à base de Hedera helix.
Segundo (FAZIO, 2006), o extrato de folhas secas de hedera é eficaz e seguro em crianças e
adultos com bronquite. E ainda comenta:
“(...) Esta classe de fitoterápicos seguros, eficazes e padronizados permite aliviar a
sobrecarga do sistema de atenção primária em períodos de alta incidência da
doença e, ao mesmo tempo, atuar de forma relevante ao diminuir a morbidade de
uma doença tão prevalente.”

2. PRODUTOS NATURAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS

Atualmente, quando falamos em fitoterapia, logo pensamos em chá. Porque, desde


nossos antepassados, o conceito de “cura” sem tomar quaisquer medicamentos alopáticos, é
através dos chazinhos, que por sua vez, não tem nenhum respaldo médico. Por este motivo,
essa prática é vista como paliativa, ou até mesmo, placebo.
Mas considerando vários estudos atuais, medicamentos fitoterápicos, são realmente
eficazes. Alcançando uma cura completa ou auxiliando como tratamento complementar para
amenizar e restaurar o bom funcionamento do organismo.
De um lado, está a forma de tratamento natural, fitoterápica e que prioriza uma vida de
bons princípios físicos e morais. Do outro, uma forma de tratamento a base de medicamentos
que amenizam sintomas, mas que muito dificilmente apresentam uma cura. Como a
sociedade prioriza vida boa, excessos em vários sentidos ou quando o corpo se sobrecarrega,
entra em colapso e desenvolve algum tipo de doença, as pessoas recorrem aos medicamentos
alopáticos, pois seus efeitos são em suma rápidos e amenizam os sintomas.
Assim, o tratamento fitoterápico perde sua boa imagem, porque é um tratamento
constante, de uma vida cheia de bons princípios e uma boa alimentação.
Como expõe BALBACH (1993), a doença, como se vê, não é fruto do acaso; é, isso
sim, o resultado infalível de uma causa cultivada.
E ainda considera que:

“O que às vezes deixa de trazer êxito esperado no tratamento por meios das ervas, é
que o paciente, quando se sente melhor, abandona o tratamento antes de alcançar a
cura radical. Por isso, repetimos que o segredo da cura reside no uso perseverante
e prolongado das plantas medicinais. (BALBACH, 1993)”.
Com este indicativo e explanação, fica claro que a utilização de fitoterápicos é visto
como um tratamento que não resolve e isso reflete no uso dos mesmos em neonatos e
crianças. Afinal, como uma pessoa que adoece e faz uso rapidamente de remédios alopáticos
tratará seus filhos com remédios fitoterápicos por não acreditar em seu poder?
Essa visão sociocultural alocada ao mundo da medicina acredita que doença deve ser
combatida com medicamentos que produzem efeitos contrários para sanar os sintomas
incômodos que o paciente está sentindo, assim, para um pai ou uma mãe acreditar que a
medicina natural vai ajudar o seu filho pequeno a melhorar é como tentar convencer um
dependente químico de que sua dependência faz mal a si mesmo, ele até escuta sua fala, mas
vai lá e faz novamente.

“O maior erro da medicina alópata tem sido o de considerar, durante séculos, as


drogas como agentes curativos. Este erro tão grande, que os investigadores se
entregaram como incansável atividade à busca de drogas e remédios que deviam
fazer o milagre de curar as enfermidades... Não encontram uma droga
verdadeiramente curativa e que ao mesmo tempo não seja um veneno mais ou
menos prejudicial para o organismo, porque não existe tal coisa senão na
imaginação das pessoas. Só a Natureza cura. (BALBACH, 1993).”

Infelizmente a sociedade ainda não está totalmente preparada para o uso de


medicamentos naturais. Felizmente, muitos médicos da escola alopata estão começando a
ficar mais e mais convencidos da eficácia da medicina natural, mas ainda estão
demasiadamente influenciados pelas antigas concepções puramente alopatas (BALBACH,
1993).

2.1. Fitoterapia como forma de prevenção, promoção da saúde e cura

Desde os primórdios, quando começaram a aparecer às doenças, os homens


começaram a combatê-las. A Natureza foi, sem dúvida, o primeiro médico, o primeiro
remédio, a primeira farmácia e o primeiro hospital a quem o homem recorreu
(BALBACH, 1993).
Os verdadeiros remédios são aqueles que purificam o corpo, expulsando as
impurezas nele contidas. E assim, as plantas tem papel fundamental.
No início da década de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou
que 65-80% da população dos países em desenvolvimento dependiam das plantas
medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde.
Muitos fármacos são derivados de substâncias naturais e assim são desenvolvidos
com base nesse princípio ativo, confirmando mais uma vez o alto poder de cura e
prevenção dessas plantas. Conforme (PEDROSO, ANDRADE e PIRES, 2021):

A partir de produtos naturais, são isoladas moléculas que servem como protótipo
para o delineamento e planejamento de novos fármacos, mas também para a
investigação de novas ações terapêuticas (RATES, 2001). Além disso, as plantas
medicinais, como fontes de moléculas promissoras para o desenvolvimento de
medicamentos, possuem menor custo quando comparado às pesquisas com
moléculas sintéticas (IANCK et al., 2017).

Nas plantas, existem naturalmente associações de fitoquímicos que podem


apresentar ação sinérgica, o que pode refletir numa soma de benefícios para a saúde. Um
exemplo são os efeitos do chá verde e do chá preto como antioxidante, tendo ação preventiva
de doenças cardiovasculares e câncer, além de outros (DUFRESNE; FARNWORTH, 2001).
A identificação correta da planta e o detalhamento do seu uso são as melhores
formas de trazer o benefício de prevenção e tratamento aos sintomas que possam aparecer.
Assim como medicamentos alopáticos tem suas posologias e contraindicações, o tratamento
fitoterápico também tem. E para um grupo vulnerável como o dos neonatos, bebês e crianças,
estas dosagens e administrações devem ser criteriosamente respeitadas, protegendo e
auxiliando na melhora de sintomas e mal-estares. Como relata SOUZA (2021), a promoção da
saúde tem estreita relação com a educação em saúde, estabelecendo trocas de saberes entre
profissional e usuário, a partir da participação da população, conhecendo suas necessidades,
estilo de vida, crenças e valores e o contexto cultural sociopolítico em que vivem.
Entretanto, a troca de saberes nem sempre acontece entre profissional e usuário, mas
por se tratar de uma sabedoria popular, onde há muitas informações não populares e essas
informações de dosagem e administração acabam sendo distorcidas e muitas vezes trazendo
algum malefício.
Assim como retrata FREIRE, et.al. (2018), a origem o uso de plantas como
medicamentos constitui-se numa tradição que é transmitida entre as gerações e foi apontada
como resultante das observações dessas práticas realizadas por seus antepassados, com os
primeiros contatos acontecendo na infância.
Desta forma, temos hoje um modelo de pensamento tacanho, que considera o fármaco
contendo substância química uma definição como aquele que curará qualquer doença.

“Consolida-se, assim, um paradigma ocidental da terapêutica: o fármaco é uma


molécula pura, racionalmente planejada, quase sempre oriunda de uma síntese, e as
plantas medicinais, consideradas sem valor científico, sendo objeto de uso por
pessoas sem cultura científica, atrasada, inútil e mesmo prejudicial. Como
resultado, os fitoterápicos foram perdendo espaço nos sistemas institucionais de
saúde ao longo dos anos (SAAD et.al., 2016)”.

2.2. O ensejo pela utilização dos medicamentos naturais em neonatos e


crianças

Devido aos altos índices de desaprovação em relação ao tratamento fitoterápico não


podemos esperar muita coisa por parte de profissionais da saúde adeptos a medicamento
alopáticos. Vimos que todo o processo de procura de profissional, queixas e a espera pelo
tratamento torna-se imediato, então nenhuma mãe ou nenhum pai desejará esperar por um
resultado, principalmente quanto diz respeito ao próprio filho.
A ansiedade ainda é maior quando se trata de neonatos que são seres bastante frágeis e
inconstantes em desenvolvimento, então a utilização de fitoterápicos pode apresentar uma
piora no quadro ou até mesmo ser fatal.
Então, o ensejo de um tratamento fitoterápico em neonatos e crianças se torna cada
vez mais distantes, já que a grande massa acredita no poder dos alopáticos, que de fato auxilia
sim nos sintomas, porém não cura.
Como expõe FREIRE (2018), quanto aos significados e sentidos atribuídos ao uso de
plantas medicinais em crianças, sua importância foi ressaltada no contexto da Atenção Básica
como fator de promoção de saúde e prevenção de agravos devido ao seu uso cotidiano e para
o tratamento de doenças, com ênfase em seu uso racional, promovendo assim a redução de
danos e garantindo a manutenção da saúde.
Uma forma de introduzir os produtos naturais e medicamento fitoterápicos na vida das
crianças seria de forma gradativa e educativa. Mostrando que o chazinho é bom para isso e o
xarope ajuda naquilo. Sempre tendo uma posologia adequada e acompanhamento profissional.
Utilizar uma pomada fitoterápica ao invés de uma com componentes químicos. Uma tentativa
de tratamentos alternativos e funcionais. Mudar o pensamento deles desde pequenos para
apreciarem uma vida saudável e buscar formas de tratamentos naturais, mostrando que a
melhor forma de tratar uma doença é não adoecer. E sim, prevenir. Uma semente que se
plantada hoje, será colhida no futuro.

Conclusão

Analisando todas as informações relatadas dentro deste artigo, podemos reafirmar


que a sociedade ainda é preconceituosa quanto aos tratamentos fitoterápicos e confiam
cegamente em tratamentos alopáticos, considerando que tais tratamentos são a cura. Quando
diz respeito aos neonatos e crianças, a ideia de cessar o sofrimento é ainda mais imediato.
Desta forma, o tratamento com produtos naturais e fitoterápicos são deixados de lado quando
é preciso acalmar um bebê que está inquieto e choroso. Então, firma-se que o que falta para a
sociedade em geral é conscientização dentro desse universo de produtos naturais e seus
benefícios e o que eles podem favorecer às pessoas se estiverem presentes desde os primeiros
anos de vida e desmistificar que produtos naturais não funcionam, não curam e não podem ser
usados em neonatos e crianças.

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