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BOA VISTA, RR
2019
MILENA VIANA DE LIMA
BOA VISTA, RR
2019
AGRADECIMENTOS
O uso de antibióticos em pediatria deve seguir critérios rígidos devido ao seu uso
irracional causar efeitos adversos e gerar mudanças no perfil de resistência
bacteriana, principalmente, em ambiente hospitalar. Além disso, a população
pediátrica apresenta características únicas no seu desenvolvimento, que devem ser
levadas em consideração na prescrição do fármaco. Com base no que foi exposto,
este estudo buscou avaliar as prescrições de antibióticos de pacientes pediátricos
em um hospital infantil de Boa Vista-RR. Trata-se de uma pesquisa documental,
quantitativa, transversal e descritiva. A amostra foi composta por prescrições de
antibióticos de pacientes pediátricos no período de março a maio de 2019. Para
coleta de dados, foi utilizado um formulário elaborado especificamente para este
estudo, e as variáveis coletadas foram: sexo, idade e peso do paciente,
especialidade do prescritor, nome do antibiótico e dose administrada. A análise dos
dados foi realizada no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
versão 23.0. Para classificar os antibióticos prescritos, foi utilizada a Classificação
Anatômica Terapêutica Química (ATC). Foi realizada consulta à Relação Municipal
de Medicamentos de Boa Vista (REMUME 2018/2019) para verificar se o antibiótico
prescrito estava presente ou ausente na lista. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de
Roraima (CEP/UFRR) sob o parecer nº 3.287.459. Foram analisadas 192
prescrições de pacientes pediátricos, que continham 258 antibióticos, de 19 tipos
diferentes, distribuídos em dez classes segundo o 3º nível ATC e apresentando uma
média de 1,3 ± 0,6 antibióticos por prescrição. Os resultados demonstraram uma
maior frequência de pacientes do sexo masculino (61,5%) e a faixa etária de
crianças (49,5%). Em relação à especialidade do prescritor, 49,5% das prescrições
foram feitas por médicos generalistas. Observou-se que a maioria das prescrições
(71,9%) continham apenas 1 antibiótico. Entre os fármacos prescritos, 55,4% foram
antibióticos pertencentes à classe das cefalosporinas, seguido de penicilinas
sensíveis à beta-lactamase (17,4%), macrolídeos e lincosaminas (11,2%),
aminoglicosídeos (8,2%), penicilinas de amplo espectro (5,4%), penicilinas
resistentes à beta-lactamase (5,0%), outros antibacterianos (1,2%),
antimicobacteriano (0,4%), quinolonas (0,4%). Quanto aos antibióticos mais
prescritos, verificou-se que a ceftriaxona foi a mais utilizada, estando presente em
39,1% das prescrições. Em relação à adequabilidade da dose de ceftriaxona
administrada, 97% estavam adequadas, 2% apresentaram subdosagem e 1%
superdosagem. Dos antibióticos prescritos, 46% não constam na REMUME. Foi
observado que 81,8% dos antibióticos foram prescritos pela denominação genérica.
Dessa forma, com base nos resultados obtidos, foi possível conhecer os principais
antibióticos prescritos a pacientes pediátricos no hospital do estudo, bem como
características dos pacientes e prescritores. Com esses achados, reitera-se a
importância de programas de educação continuada aos prescritores e demais
profissionais da saúde, como enfermeiros e técnicos de enfermagem, e a criação e
implementação de um programa de uso racional de antibióticos na instituição, assim
como maior divulgação das listas essenciais de medicamentos no hospital para
maior padronização das medicações.
The use of antibiotics in pediatrics must follow strict criteria because their irrational
use causes adverse effects and generates changes in the bacterial resistance profile,
especially in a hospital environment. In addition, the pediatric population has unique
characteristics in its development, which should be taken into consideration when
prescribing the drug. Based on the above, this study aimed to evaluate the antibiotic
prescriptions of pediatric patients in a children's hospital in Boa Vista-RR. It is a
documentary, quantitative, transversal and descriptive research. The sample
consisted of antibiotic prescriptions from pediatric patients from March to May 2019.
For data collection, a form designed specifically for this study was used, and the
variables collected were: gender, age and weight of the patient, specialty. prescriber
name, antibiotic name and dose administered. Data analysis was performed using
the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) software version 23.0. To classify
the prescribed antibiotics, the Chemical Therapeutic Anatomical Classification (ATC)
was used. A consultation with the Municipal List of Medicines of Boa Vista (REMUME
2018/2019) was made to check if the prescribed antibiotic was present or absent in
the list. The research was approved by the Research Ethics Committee involving
Human Beings of the Federal University of Roraima (CEP / UFRR) under the opinion
nº 3.287.459. One hundred and ninety two prescriptions from pediatric patients
containing 258 antibiotics of 19 different types, distributed in ten classes according to
the 3rd ATC level and with an average of 1.3 ± 0.6 antibiotics per prescription were
analyzed. The results showed a higher frequency of male patients (61.5%) and the
age group of children (49.5%). Regarding the specialty of the prescriber, 49.5% of
prescriptions were made by general practitioners. Most prescriptions (71.9%)
contained only 1 antibiotic. Among the drugs prescribed, 55.4% were cephalosporin
antibiotics, followed by beta-lactamase-sensitive penicillins (17.4%), macrolides and
lincosamines (11.2%), aminoglycosides (8.2%), broad spectrum penicillins (5.4%),
beta-lactamase resistant penicillins (5.0%), other antibacterials (1.2%),
antimicobacterials (0.4%), quinolones (0.4%). Regarding the most prescribed
antibiotics, it was found that ceftriaxone was the most used, being present in 39.1%
of prescriptions. Regarding the adequacy of the ceftriaxone dose administered, 97%
were adequate, 2% were underdosed and 1% overdosed. Of the prescribed
antibiotics, 46% are not in REMUME. It was observed that 81.8% of antibiotics were
prescribed by the generic denomination. Thus, based on the results obtained, it was
possible to know the main antibiotics prescribed to pediatric patients in the study
hospital, as well as characteristics of patients and prescribers. These findings
reiterate the importance of continuing education programs for prescribers and other
health professionals, such as nurses and nursing technicians, and the creation and
implementation of a program for the rational use of antibiotics in the institution, as
well as greater dissemination of essential drug lists at the hospital for further
standardization of medications.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 11
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................ 13
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 14
2.1 FISIOLOGIA PEDIÁTRICA E A FARMACOCINÉTICA DOS
FÁRMACOS ........................................................................................ 14
2.2 USO DE MEDICAMENTOS EM PEDIATRIA ..................................... 17
2.3 PRINCIPAIS ANTIBIÓTICOS PRESCRITOS EM PEDIATRIA .......... 19
2.4 USO AMBULATORIAL E HOSPITALAR DE ANTIBIÓTICOS EM
PEDIATRIA ......................................................................................... 22
2.4.1 Problemas decorrentes da utilização indiscriminada de
antibióticos ........................................................................................ 23
2.4.2 Prescrição racional de antibióticos ................................................ 25
3 METODOLOGIA ................................................................................. 27
3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................. 27
3.2 LOCAL DO ESTUDO .......................................................................... 27
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................... 27
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................... 28
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................... 29
3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ........................................................ 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 42
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 43
APÊNDICE ........................................................................................................ 51
ANEXOS ........................................................................................................... 52
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
2 REFERENCIAL TEÓRICO
antibiótico ainda é eficaz, mas não realiza a função de bactericida, apenas tem ação
bacteriostática nas doses habituais (MARCONDES et al., 2003).
Os microrganismos podem ser classificados em: multirresistentes à drogas
(MDR), quando são resistentes a pelo menos um antimicrobiano em três ou mais
classes de antibióticos; extremamente resistentes à drogas (XDR), quando as cepas
são suscetíveis a apenas uma ou duas classes de antibióticos e; panrresistentes à
drogas (PDR), quando um microrganismo é resistente a todos os antimicrobianos
em todas as classes de antibióticos (MAGIORAKOS et al., 2012).
A utilização indiscriminada de antibióticos se tornou um problema em saúde
pública em decorrência do aumento de espécies bacterianas resistentes. Além
disso, outras consequências pelo uso destes medicamentos em larga escala, é a
destruição da flora fisiológica natural do organismo humano, o alto custo financeiro
devido a terapias fracassadas, pois uma vez que o objetivo não tenha sido
alcançado, possivelmente, transformar-se-á em nova consulta, internações, novos
exames e ocupação de leitos (SILVA; HERTEL, 2014).
Além de questões econômicas, desencadeadas com relação à prescrição e
à dispensação inadequadas de antimicrobianos, questões sociais e sanitárias
também são observadas. Com relação ao primeiro aspecto, os problemas
encontrados na prescrição podem dificultar o acesso do paciente a esses
medicamentos ou a sua utilização adequada. Como resultado, os desperdícios, falha
terapêutica e tratamentos ineficazes. Quanto à questão sanitária, está relacionado à
inadequação de doses, posologia ou duração do tratamento, o que possibilita a
recidiva da infecção e desenvolvimento de resistência bacteriana. Desse modo, é
explicito que apenas o diagnóstico preciso e a escolha apropriada do antimicrobiano
não são eficazes se a prescrição não seguir critérios rígidos em sua elaboração
(ABRANTES et al., 2007).
Os principais erros encontrados nas prescrições de antibióticos podem ser
classificados em quatro níveis:
I. Prescrição de antimicrobianos ineficaz ou contra-indicado para a
infecção em questão;
II. Erro na escolha do antibiótico, priorizando os de segunda opção;
III. Erro na duração da terapêutica;
IV. Refere-se à dosagem, ao intervalo entre as doses e à via de
administração do fármaco (ABRANTES, 2007).
25
3 METODOLOGIA
Onde:
n = tamanho amostral mínimo;
N = tamanho da população;
Z = referência da distribuição normal para o intervalo de confiança
desejado;
p = prevalência estimada de prescrições de antibióticos;
e = maior erro aceitável.
O projeto que deu origem ao presente estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima
(CEP-UFRR), conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466∕2012, com
o parecer nº 3.287.459 (ANEXO 3). A pesquisadora assumiu o compromisso de
manter o sigilo de todas as informações, bem como a privacidade de seus
conteúdos e somente empregar os dados para os objetivos propostos. Para isso, foi
apresentado o Termo de Compromisso de Utilização de Dados (TCDU) de maneira a
resguardar a confidencialidade dos dados coletados das prescrições.
31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
M: masculino; F: feminino. *Foi calculada a mediana do peso e da idade em cada faixa etária e, entre
parêntese, estão os valores mínimo e máximo observado.
Fonte: autoria própria (2019).
pediatra 33,9%
urologista 3,7%
ortopedia/traumatologia 2,6%
cirurgião-dentista 1,6%
oftalmologista 0,5%
dois antibióticos, 3,1% (n=6) três antibióticos, 1,0% (n=2) quatro antibióticos e 0,5%
(n=1) cinco antibióticos. Apenas os lactentes apresentaram prescrições contendo 1 a
5 antibióticos, crianças e adolescentes apresentaram no máximo dois antibióticos
por prescrição (Tabela 3).
Marchete et al. (2010), ao analisarem as prescrições de antibióticos em
pacientes pediátricos de um hospital do Espírito Santo, observaram que 67% das
prescrições possuíam apenas 1 antibiótico por prescrição e 17% dois antibióticos.
O estudo de Paganotti et al. (2013) realizado em uma unidade básica do
município de São Paulo, observou que 66% das prescrições continham um
antibiótico. Esses resultados foram similares aos deste estudo. Prescrições médicas
que contenham mais de um antibiótico pertencente a mesma classe farmacológica
podem ser prejudiciais e elevam o risco de interações medicamentosas e de
medicamentos desnecessários.
Genérica Comercial
n= 47;
18,2%
n= 211;
81,8%
Medicamento n %
Cefalotina 34 28,3
Benzilpenicilina Potássica 31 25,8
Gentamicina 20 16,7
Oxacilina 13 10,8
Eritromicina 11 9,2
Ampicilina 4 3,3
Cefepime 3 2,5
Vancomicina 3 2,5
Cefazolina 1 0,9
Total 120 100,0
definidas, adquiridos por meio de concorrência pública pelo menor preço possível
(COLOMBO et al., 2004).
É imprescindível que os órgãos de saúde elaborem fontes de informação
atualizadas que contribuam para prática apropriada de utilização de medicamentos,
as seleções de fármacos dos hospitais sejam estabelecidas com base nessas fontes
e fundamentem-se em condutas baseadas em evidências, segundo preconizado
pela RENAME (JUCÁ, 2016).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANVISA. Parcerias para diminuir o mau uso de medicamentos. Rev Saúde Pública,
v.40, n. 1, p. 191-4. 2006.
AQUINO, D. S. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade?
Ciências & Saúde Coletiva, v.13, p. 733-736. 2008.
44
MARCONDES, E. et al. Pediatria básica: pediatria clínica geral, tomo II. 9. ed. São
Paulo: Sarvier, 2003.
WHO. World Health Organization. WHO Model List of Essential Medicines for
Children. 6th List, March 2017. Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/273825/EMLc-6-eng.pdf?ua=>.
Acesso em: 06 dez. 2018.
51
Dados do paciente
Idade/data de nascimento
Peso
Sexo:
Dados do(s)
medicamento(s)
Antibiótico 1 Nome: _________________________________________
Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________