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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

MILENA VIANA DE LIMA

PERFIL DAS PRESCRIÇÕES DE ANTIBIÓTICOS EM UM HOSPITAL INFANTIL,


BOA VISTA, RORAIMA

BOA VISTA, RR
2019
MILENA VIANA DE LIMA

PERFIL DAS PRESCRIÇÕES DE ANTIBIÓTICOS EM UM HOSPITAL INFANTIL,


BOA VISTA, RORAIMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Enfermagem da Universidade
Federal de Roraima, como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em
Enfermagem.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jackeline da Costa


Maciel

Coorientadora: Prof.ª Ma. Raquel Voges


Caldart

BOA VISTA, RR
2019
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me guiou e amparou nessa longa


jornada.
Agradeço aos meus amados pais, Márcia Ferreira Viana e Elivaldo Ribeiro
de Lima por todo incentivo, amizade e dedicação. Por todos os conselhos e por
terem me guiado no caminho certo. Vocês são a minha base, obrigada por tudo.
Agradeço ao meu amado esposo, por todo apoio, companheirismo e
palavras de incentivo.
Agradeço a toda minha família, que torceram para o meu sucesso.
Agradeço imensamente à minha querida orientadora Drª Jackeline da
Costa Maciel por toda ajuda, apoio e paciência. Sua orientação foi essencial para o
sucesso desta conquista.
Agradeço as amizades que conquistei durante a graduação.
Agradeço também a todos os professores que ao longo da minha
caminhada contribuíram para o êxito dessa conquista.
"Porque todo o que é nascido de
Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo, a
nossa fé.”
1 João 5:4
RESUMO

O uso de antibióticos em pediatria deve seguir critérios rígidos devido ao seu uso
irracional causar efeitos adversos e gerar mudanças no perfil de resistência
bacteriana, principalmente, em ambiente hospitalar. Além disso, a população
pediátrica apresenta características únicas no seu desenvolvimento, que devem ser
levadas em consideração na prescrição do fármaco. Com base no que foi exposto,
este estudo buscou avaliar as prescrições de antibióticos de pacientes pediátricos
em um hospital infantil de Boa Vista-RR. Trata-se de uma pesquisa documental,
quantitativa, transversal e descritiva. A amostra foi composta por prescrições de
antibióticos de pacientes pediátricos no período de março a maio de 2019. Para
coleta de dados, foi utilizado um formulário elaborado especificamente para este
estudo, e as variáveis coletadas foram: sexo, idade e peso do paciente,
especialidade do prescritor, nome do antibiótico e dose administrada. A análise dos
dados foi realizada no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
versão 23.0. Para classificar os antibióticos prescritos, foi utilizada a Classificação
Anatômica Terapêutica Química (ATC). Foi realizada consulta à Relação Municipal
de Medicamentos de Boa Vista (REMUME 2018/2019) para verificar se o antibiótico
prescrito estava presente ou ausente na lista. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de
Roraima (CEP/UFRR) sob o parecer nº 3.287.459. Foram analisadas 192
prescrições de pacientes pediátricos, que continham 258 antibióticos, de 19 tipos
diferentes, distribuídos em dez classes segundo o 3º nível ATC e apresentando uma
média de 1,3 ± 0,6 antibióticos por prescrição. Os resultados demonstraram uma
maior frequência de pacientes do sexo masculino (61,5%) e a faixa etária de
crianças (49,5%). Em relação à especialidade do prescritor, 49,5% das prescrições
foram feitas por médicos generalistas. Observou-se que a maioria das prescrições
(71,9%) continham apenas 1 antibiótico. Entre os fármacos prescritos, 55,4% foram
antibióticos pertencentes à classe das cefalosporinas, seguido de penicilinas
sensíveis à beta-lactamase (17,4%), macrolídeos e lincosaminas (11,2%),
aminoglicosídeos (8,2%), penicilinas de amplo espectro (5,4%), penicilinas
resistentes à beta-lactamase (5,0%), outros antibacterianos (1,2%),
antimicobacteriano (0,4%), quinolonas (0,4%). Quanto aos antibióticos mais
prescritos, verificou-se que a ceftriaxona foi a mais utilizada, estando presente em
39,1% das prescrições. Em relação à adequabilidade da dose de ceftriaxona
administrada, 97% estavam adequadas, 2% apresentaram subdosagem e 1%
superdosagem. Dos antibióticos prescritos, 46% não constam na REMUME. Foi
observado que 81,8% dos antibióticos foram prescritos pela denominação genérica.
Dessa forma, com base nos resultados obtidos, foi possível conhecer os principais
antibióticos prescritos a pacientes pediátricos no hospital do estudo, bem como
características dos pacientes e prescritores. Com esses achados, reitera-se a
importância de programas de educação continuada aos prescritores e demais
profissionais da saúde, como enfermeiros e técnicos de enfermagem, e a criação e
implementação de um programa de uso racional de antibióticos na instituição, assim
como maior divulgação das listas essenciais de medicamentos no hospital para
maior padronização das medicações.

Palavras-chave: Prescrição. Antibióticos. Pediatria.


ABSTRACT

The use of antibiotics in pediatrics must follow strict criteria because their irrational
use causes adverse effects and generates changes in the bacterial resistance profile,
especially in a hospital environment. In addition, the pediatric population has unique
characteristics in its development, which should be taken into consideration when
prescribing the drug. Based on the above, this study aimed to evaluate the antibiotic
prescriptions of pediatric patients in a children's hospital in Boa Vista-RR. It is a
documentary, quantitative, transversal and descriptive research. The sample
consisted of antibiotic prescriptions from pediatric patients from March to May 2019.
For data collection, a form designed specifically for this study was used, and the
variables collected were: gender, age and weight of the patient, specialty. prescriber
name, antibiotic name and dose administered. Data analysis was performed using
the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) software version 23.0. To classify
the prescribed antibiotics, the Chemical Therapeutic Anatomical Classification (ATC)
was used. A consultation with the Municipal List of Medicines of Boa Vista (REMUME
2018/2019) was made to check if the prescribed antibiotic was present or absent in
the list. The research was approved by the Research Ethics Committee involving
Human Beings of the Federal University of Roraima (CEP / UFRR) under the opinion
nº 3.287.459. One hundred and ninety two prescriptions from pediatric patients
containing 258 antibiotics of 19 different types, distributed in ten classes according to
the 3rd ATC level and with an average of 1.3 ± 0.6 antibiotics per prescription were
analyzed. The results showed a higher frequency of male patients (61.5%) and the
age group of children (49.5%). Regarding the specialty of the prescriber, 49.5% of
prescriptions were made by general practitioners. Most prescriptions (71.9%)
contained only 1 antibiotic. Among the drugs prescribed, 55.4% were cephalosporin
antibiotics, followed by beta-lactamase-sensitive penicillins (17.4%), macrolides and
lincosamines (11.2%), aminoglycosides (8.2%), broad spectrum penicillins (5.4%),
beta-lactamase resistant penicillins (5.0%), other antibacterials (1.2%),
antimicobacterials (0.4%), quinolones (0.4%). Regarding the most prescribed
antibiotics, it was found that ceftriaxone was the most used, being present in 39.1%
of prescriptions. Regarding the adequacy of the ceftriaxone dose administered, 97%
were adequate, 2% were underdosed and 1% overdosed. Of the prescribed
antibiotics, 46% are not in REMUME. It was observed that 81.8% of antibiotics were
prescribed by the generic denomination. Thus, based on the results obtained, it was
possible to know the main antibiotics prescribed to pediatric patients in the study
hospital, as well as characteristics of patients and prescribers. These findings
reiterate the importance of continuing education programs for prescribers and other
health professionals, such as nurses and nursing technicians, and the creation and
implementation of a program for the rational use of antibiotics in the institution, as
well as greater dissemination of essential drug lists at the hospital for further
standardization of medications.

Keywords: Prescription. Antibiotics. Pediatrics.


LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 – Distribuição dos pacientes pediátricos segundo faixa etária, sexo


e mediana de peso e idade em um hospital infantil. Boa Vista-RR,
2019 (n=192) .................................................................................. 31
Tabela 2 – Distribuição das prescrições dos pacientes pediátricos segundo
faixa etária e especialidade do prescritor em um hospital infantil.
Boa Vista-RR, 2019 (n=192) .......................................................... 32

Tabela 3 – Distribuição das prescrições dos pacientes pediátricos segundo


faixa etária e quantidade de antibióticos por prescrição de um
hospital infantil. Boa Vista-RR, 2019 (n=192) ................................. 34

Tabela 4 – Principais antimicrobianos prescritos em um hospital infantil


segundo a Classificação ATC, nível 3. Boa Vista-RR, 2019
(n=258) ........................................................................................... 35

Tabela 5 – Antibióticos prescritos que não constam na Relação Municipal de


Medicamentos Essenciais (REMUME) 2018/2019 em um hospital
infantil. Boa Vista-RR, 2019 (n=120) .............................................. 40

Gráfico 1 – Distribuição das especialidades dos prescritores encontradas em


prescrições em um hospital infantil (n=192). Boa Vista, RR (2019) 33

Gráfico 2 – Distribuição dos medicamentos segundo o uso da Denominação


Comum Brasileira (DCB), ou nome genérico, em um hospital
infantil. Boa Vista-RR, 2019 (n=258) .............................................. 39
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária


ATC Anatomical Therapeutic Chemical Classification System
CYP Citocromo P450
DCB Denominação Comum Brasileira
DNA Ácido Desoxirribonucléico
ESBL Beta Lactamases de Espectro Estendido
FTN Formulário Terapêutico Nacional
MDR Multirresistente à drogas
OMS Organização Mundial da Saúde
PDR Panrresistente à drogas
REMUME Relação Municipal de Medicamentos Essenciais
RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
SUS Sistema Único de Saúde
URM Uso Racional de Medicamentos
XDR Extremamente Resistente à Drogas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 11
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................ 13
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 14
2.1 FISIOLOGIA PEDIÁTRICA E A FARMACOCINÉTICA DOS
FÁRMACOS ........................................................................................ 14
2.2 USO DE MEDICAMENTOS EM PEDIATRIA ..................................... 17
2.3 PRINCIPAIS ANTIBIÓTICOS PRESCRITOS EM PEDIATRIA .......... 19
2.4 USO AMBULATORIAL E HOSPITALAR DE ANTIBIÓTICOS EM
PEDIATRIA ......................................................................................... 22
2.4.1 Problemas decorrentes da utilização indiscriminada de
antibióticos ........................................................................................ 23
2.4.2 Prescrição racional de antibióticos ................................................ 25
3 METODOLOGIA ................................................................................. 27
3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................. 27
3.2 LOCAL DO ESTUDO .......................................................................... 27
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................... 27
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................... 28
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................... 29
3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ........................................................ 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 42
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 43
APÊNDICE ........................................................................................................ 51
ANEXOS ........................................................................................................... 52
11

1 INTRODUÇÃO

Os antibióticos são substâncias resultantes de microrganismos, capazes de


destruir, inibir o crescimento ou multiplicação de outros microrganismos (ANVISA,
2001). Esses medicamentos podem ser utilizados para tratamento ou prevenção de
infecções bacterianas (MOREIRA, 2004).
O primeiro antibiótico a ser descoberto foi a penicilina, em 1928 na
Inglaterra, por Alexander Fleming. O médico inglês pôde observar a inibição do
crescimento de Staphylococcus aureus em uma placa de cultura, que foi identificado
como Penicilliumnotatum. Com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
foi desenvolvido um estudo a cerca deste medicamento, devido aos graves
ferimentos e infecções que os soldados apresentavam. A partir disso, a penicilina foi
vastamente utilizada (CHAUD; GREMIÃO; FREITAS, 2004).
Ao longo dos anos, novos antibióticos foram desenvolvidos, mas logo se
pôde verificar a resistência de bactérias a esses medicamentos. Nos dias atuais,
inúmeras bactérias são multirresistentes, não sendo sensíveis a nenhum tipo de
antibiótico (QUEIROZ et al., 2012). A resistência a esses medicamentos deve-se ao
seu uso abusivo e irracional. Muitos são prescritos de forma irresponsável,
sobretudo, quando destinados a crianças, essas prescrições necessitam seguir
critérios rígidos e ser de forma reduzida, pois os antibióticos ocupam o topo da lista
de medicamentos mais prescritos. Dessa forma, a utilização adequada do antibiótico
é de suma importância para o sucesso da terapêutica (RIBEIRO et al., 2013).
Os antibióticos constituem uma classe de medicamentos que é
constantemente consumida na comunidade e em hospitais. No entanto, são os
únicos fármacos que afetam não só os pacientes que os utilizam, como também
interferem significativamente no ambiente hospitalar por gerar mudanças no perfil
microbiano (ANVISA, 2007).
Ao prescrever um tratamento farmacológico para a população pediátrica, o
prescritor deve levar em consideração tanto características fisiológicas e
imunológicas da criança segundo o seu desenvolvimento, quanto parâmetros
farmacocinéticos dos medicamentos, como: absorção, distribuição, metabolismo e
excreção, sendo que esses podem ser comprometidos nessa população (NOLETO,
2016).
12

Para se atingir o sucesso no uso racional de medicamentos, entre eles os


antibióticos, faz-se necessária a participação de diversos atores socais: profissionais
da saúde, pacientes, legisladores, indústria, comércio e governo (AQUINO, 2008).
Com base no que foi exposto, para que haja maior segurança e eficácia da
terapêutica antibacteriana em crianças, é necessário conhecer como os fármacos
agem no paciente pediátrico, considerando as diferentes fases do crescimento e
desenvolvimento infantil, a influência dessas fases na farmacocinética dos
medicamentos, as classes de antibacterianos que podem ser prescritas a pacientes
pediátricos, suas restrições e formas de utilização. Ressaltando, que independente
da faixa etária, o antibiótico deve ser utilizado pelo menor tempo possível, na dose e
duração recomendadas pelo fabricante ou, dependendo da situação clínica do
paciente, conforme evidências científicas comprovadas, visando obter o sucesso da
farmacoterapia implementada e minimizar os riscos de desenvolvimento de
resistência bacteriana.
Devido à necessidade do uso racional de antibióticos e das dificuldades da
terapia medicamentosa em pacientes pediátricos, este trabalho visou identificar os
antibacterianos prescritos em um hospital infantil no município de Boa Vista-RR.
13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar as prescrições de antibióticos de pacientes pediátricos em um


hospital infantil de Boa Vista-RR.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar os pacientes pediátricos segundo idade, sexo e peso;


 Identificar os antibióticos prescritos;
 Identificar os antibióticos prescritos que não constam na Relação
Municipal de Medicamentos (REMUME 2018/2019);
 Identificar a especialidade do prescritor (generalista ou especialista).
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FISIOLOGIA PEDIÁTRICA E A FARMACOCINÉTICA DOS FÁRMACOS

O desenvolvimento humano é um processo dinâmico e contínuo, que


acontece desde o momento da concepção até o último dia de vida. O processo de
desenvolvimento é influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos
(ambientais), como condições de saúde, alimentação, habitação, higiene e cuidados
gerais com a criança, que atuam tanto acelerando ou reduzindo esse processo
(BRASIL, 2002). As crianças apresentam características, tamanhos, órgãos,
volumes de regiões e estruturas distintas em virtude das necessidades adaptativas
exigidas (TAVANO, 2008).
O desenvolvimento anatômico de cada órgão é diferente em relação ao
crescimento. A cabeça do recém-nascido pode representar até 25% do seu corpo
enquanto que corresponde a 10% quando adulto. O sistema linfóide, que é
desenvolvido especialmente a partir dos sete anos de idade, interrompe seu
desenvolvimento por volta dos 11 anos. O sistema ósseo, em contrapartida, se
desenvolve mais rapidamente. São características extremamente importantes, pois
no decorrer do desenvolvimento e amadurecimentos dos órgãos e sistemas que o
organismo está mais suscetível a lesões externas, tornando a população pediátrica
vulnerável a determinados tratamentos (BRASIL, 2002).
Do nascimento até à idade adulta, a criança passa por transformações e
desenvolve-se cognitiva, física, social e emocionalmente. Classificações em
categorias na população pediátrica (Figura 1) torna-se facultativo, visto que nem
todas as crianças apresentam similaridade no seu desenvolvimento. Contudo, essas
classificações tornam-se necessárias em estudos pediátricos pois fornece uma base
de orientação (AFONSO, 2013).
De acordo com Fernandez et al. (2011), as alterações fisiológicas,
anatômicas e bioquímicas que ocorrem na população pediátrica comprometem a
farmacocinética e a farmacodinâmica. A farmacocinética estuda o caminho que as
drogas percorrem no organismo, por meio de mecanismos como: absorção,
distribuição, metabolismo e excreção. Enquanto que a farmacodinâmica estuda os
efeitos bioquímicos e fisiológicos das drogas, bem como seus mecanismos de ação
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012).
15

Classificações de faixas etárias torna-se necessária em virtude das


mudanças importantes que segue o desenvolvimento em cada fase do crescimento,
no qual alterações fisiológicas podem interferir na efetividade, segurança e
posologias de medicamentos utilizados em pediatria (BRASIL, 2010).

Figura 1– Classificação da população pediátrica.

RN: recém-nascido (com 37 ou mais semanas de idade gestacional).


Fonte: Adaptado de BRASIL (2002).

O primeiro parâmetro farmacocinético é a absorção, que na população


pediátrica é influenciada por fatores como: o pH gástrico, tempo de esvaziamento
gástrico, motilidade intestinal e função biliar, determinando a biodisponibilidade dos
fármacos (FERNANDEZ et al., 2011). Com as formulações posológicas sólidas, a
absorção depende primeiramente da dissolução do comprimido ou da cápsula,
seguida da liberação do fármaco a ser absorvido na circulação local, de onde será
distribuído para seus locais de ação. No caso da administração intravenosa, os
fatores relevantes à absorção são anulados pela administração do fármaco
diretamente na corrente sanguínea, apresentando biodisponibilidade rápida e total.
Porém, reações desfavoráveis podem ocorrer quando as concentrações
transitoriamente altas de um fármaco ou do seu veículo são alcançadas rapidamente
no plasma ou nos tecidos (BRUNTON et al. 2010), erros de dose ou medicamento
por essa via podem ser fatais.
16

Após a absorção, os fármacos são distribuídos (Quadro 1). Nas crianças, o


volume de distribuição das drogas muda com a idade. Essas mudanças
relacionadas à idade são decorrentes da composição corpórea (especialmente os
espaços extracelulares e de água total do corpo) e proteínas ligantes plasmáticas.
Por exemplo, doses mais altas (por quilo de peso corpóreo) de drogas
hidrossolúveis são necessárias em crianças menores por conta da porcentagem
maior do peso corpóreo em água; porém, a medida que a criança cresce, são
necessárias doses menores para evitar toxicidade por causa do declínio percentual
em água comparado ao peso corpóreo (BERLIN JR., 2013).

Quadro 1 – Fatores que influenciam na distribuição dos fármacos na população


pediátrica.
Fatores Efeitos
Permeabilidade da membrana No nascimento, a barreira hematoencefálica não está
completamente formada e os fármacos podem acessar o
sistema nervoso central gerando toxicidade.
Ligação às proteínas plasmáticas O quantitativo de proteínas disponíveis, número de locais de
ligação disponíveis e afinidade da droga para as proteínas
influenciam na taxa de ligação às proteínas plasmáticas. Nas
crianças, a concentração de proteínas é menor, levando ao
aumento na taxa de droga livre no plasma.
Água corporal O nível de hidratação exerce influência na concentração dos
fármacos nos fluidos corporais, ou seja, em como ele se
distribuirá no corpo.

Fonte: Adaptado de FERNANDEZ et al. (2011).

Durante o processo de crescimento, a criança passa por alterações


expressivas na sua composição corporal. Ao nascer, é composta de
aproximadamente 79% de água, segue aumentando até os 3 anos de idade e decai
progressivamente até alcançar valores da vida adulta. As necessidades hídricas são
aumentadas devido ao maior metabolismo hídrico, da imaturidade renal e da sua
distribuição nos compartimentos corpóreos (MARCONDES et al., 2003), essa
variação na composição hídrica influencia na farmacocinética dos medicamentos em
pacientes pediátricos.
O principal objetivo do metabolismo (ou reações de biotransformação) é
modificar as substâncias para ficar mais solúvel em água a fim de facilitar a sua
remoção. O fígado é o principal órgão nesse processo. São nas células deste órgão,
os hepatócitos, que se originam metabólitos que são inativos ou relativamente não
tóxicos. Este mecanismo pode ser dividido em reações de fase I, que incluem
17

oxidação, redução e hidrólise; e reações de fase II, que envolvem a hidroxilação e


conjugação. Ambas as fases podem ser reações imaturas, pois tem menor atividade
das enzimas do citocromo P450 (CYP) e das enzimas de conjugação, que são
menores em relação aos adultos (BERLIN JR., 2013; FERDANDEZ et al., 2011;
KLIEGMAN et al., 2009).
A maioria dos fármacos são excretados pelos rins. Esse processo depende
da filtração glomerular, secreção e reabsorção tubular. Estes, por sua vez,
dependem do fluxo sanguíneo renal e do fluxo plasmático renal, que aumentam de
acordo com a idade, como consequência do aumento do débito cardíaco e da
diminuição da resistência vascular periférica. Contudo, na faixa etária pediátrica,
esses mecanismos estão reduzidos devido à imaturidade da função renal
(FERNANDEZ et al., 2011).

2.2 USO DE MEDICAMENTOS EM PEDIATRIA

Os medicamentos constituem ferramentas relevantes capazes de atenuar o


sofrimento humano. Prolongam a vida, produzem curas e postergam o surgimento
de complicações relacionadas a doenças, promovendo o convívio entre o indivíduo e
sua doença. Além disto, é possível presumir a utilização correta e inteligente dos
medicamentos como tecnologia bastante custo-efetiva, visto que pode influenciar a
utilização do restante do cuidado médico. Em contrapartida, podem elevar os custos
da atenção à saúde se utilizados incorretamente e ou ocasionar reações adversas a
medicamentos (PEPE; CASTRO, 2000).
A utilização de medicamentos exige cautela, uma vez que com o vasto
desenvolvimento técnico-científico, muitos medicamentos são lançados no mercado,
exigindo que cada vez mais os profissionais de saúde busquem conhecimento
acerca de suas propriedades farmacológicas, com vistas a garantir a segurança
durante sua utilização (CARVALHO et al., 2013).
A farmacoterapia clínica pediátrica representa um grande desafio em virtude
da grande escassez de dados relacionados à sua farmacocinética e dosagens
ideais, sendo que suas indicações são feitas a partir de estudos clínicos realizados
na população adulta (KLIEGMAN et al., 2009). É fundamentada principalmente em
adaptações do uso em adultos, em consensos de especialistas e em dados obtidos
através de raros estudos observacionais. Deste modo, as diferenças fisiológicas
18

existentes entre essas duas populações são desconsideradas, expondo a população


pediátrica a riscos de uma possível eficácia e segurança não confirmada, ou
manifestação de possíveis eventos adversos não analisados, representando um
risco potencial no processo de uso desses medicamentos (FURTADO, 2017).
Por vezes, a relutância da indústria farmacêutica em investir no
desenvolvimento de medicamentos especificamente para crianças se dá pelo fato do
mercado ser pequeno. É imprescindível que haja apoios à investigação no setor da
farmacologia pediátrica, bem como no rigor em seguir critérios de segurança,
eficácia e qualidade, assim como são feitos com os medicamentos utilizados por
adultos. A investigação em pediatria avançará no sentido de um compromisso entre
a ética e a necessidade de conhecimento sobre a farmacocinética e
farmacodinâmica, que levem à prática terapêutica coerente em pediatria (DUARTE;
FONSECA, 2008).
Ao recomendar um tratamento ao paciente pediátrico, os prescritores devem
analisar algumas peculiaridades e características fisiológicas como: a idade, peso,
altura e composição corporal, com o intuito de evitar consequências como a
resistência bacteriana, eventos adversos e ineficácia terapêutica (NOLETO, 2016).
O cálculo da dose de medicamentos em pediatria necessita ser criterioso e
muitas vezes é baseado no peso corporal da criança (em kg) (SILVA, 2007). A
adaptação da dose baseada no peso da criança pode levar a erros de subdosagem
ou superdosagem. Estima-se que falhas no processo de medicação ocorra três
vezes mais em crianças internadas do que em adultos, em virtude da necessidade
da realização de cálculos em todas as etapas que abrangem o fármaco, até a sua
administração. Além da adequabilidade da dose do medicamento à idade ou ao
peso da criança, isso também acontece porque as concentrações disponíveis e as
apresentações farmacêuticas existentes no mercado são destinadas em maior parte,
para adultos, sendo necessário adaptações do medicamento para ser administrado
na população infantil. O uso racional dos antimicrobianos deve ser assegurado. A
administração de dose inferior ou superior à recomendada pode afetar o sucesso da
terapia, causando toxicidade ou ineficácia terapêutica (PEREIRA, 2018).
19

2.3 PRINCIPAIS ANTIBIÓTICOS PRESCRITOS EM PEDIATRIA

Os antibióticos são substâncias resultantes de microrganismos, que atuam


tanto matando outros microrganismos como inibindo seu crescimento. Esses
medicamentos podem ser utilizados para tratamento ou prevenção de infecções
bacterianas (MOREIRA, 2004). O primeiro antibiótico a ser descoberto foi a
penicilina, em 1928 na Inglaterra, por Alexander Fleming. O médico inglês pôde
observar a inibição do crescimento de Staphylococcus aureus em uma placa de
cultura, que foi identificado como Penicilliumnotatum. Com o advento da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), foi desenvolvido um estudo a cerca deste
medicamento, devido aos graves ferimentos e infecções que os soldados
apresentavam. A partir disso, a penicilina foi vastamente utilizada (CHAUD;
GREMIÃO; FREITAS, 2004).
Os antibióticos são administrados com a finalidade de eliminar ou impedir o
crescimento de um microrganismo sem acarretar prejuízos ao hospedeiro. Essa
ação ocorre por meio de diversos mecanismos: i) interferindo na síntese da parede
celular bacteriana; ii) afetando os peptidoglicanos estruturais, por exemplo, as
penicilinas, cefalosporinas, ciclosserina, vancomicina e bacitracina; iii) inibindo a
síntese de proteínas: as tetraciclinas, eritromicina, dentre outros; iv) comprometendo
a síntese de ácidos nucleicos: metronidazol, rifampicina, quinolonas, trimetoprima e
sulfonamidas (NICOLINI et al., 2008; SILVA, 2010).
Os beta-lactâmicos, que incluem penicilinas, cefalosporinas (1ª a 4ª
geração), monobactâmicos e carbapenéns, compartilham determinadas
características químicas, imunológicas, mecanismo de ação e farmacologia.
Possuem anel lactâmico e agem interferindo na síntese da parede celular
bacteriana, através da ligação e inibição das transpeptidases da parede celular
(KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).
As penicilinas podem ser classificadas em: penicilinas sensíveis à
penicilinase (benzilpenicilina ou penicilina G, penicilina V); penicilinas resistentes à
penicilinase (oxacilina, nafcilina, meticilina e dicloxacilina) e penicilinas de espectro
ampliado (amoxacilina, ampicilina, bacampicilina e ciclacilina) (SILVA, 2010;
KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).
As cefalosporinas são antibióticos com amplo espectro de ação e são
agrupadas em gerações. As cefalosporinas de 1ª geração (cefazolina, cefadroxila,
20

cefapirina, cefalotina) são eficazes contra bactérias gram-positivas e têm atividade


relativamente moderada para microrganismos gram-negativos. As cefalosporinas de
2ª geração (cefaclor, cefoxitina, cefuroxima, cefprozila, ceforanida) têm atividade
ligeiramente aumentada contra microrganismos negativos, mas são muito menos
ativas que os fármacos de terceira geração. As cefalosporinas de 3ª geração
(cefotaxima, ceftriaxona, ceftizoxima, cefixima), são, em geral, menos ativas que as
de primeira geração contra cocos gram-positivos, mas exibem muito mais atividade
contra Enterobacteriaceae. As cefalosporinas de 4ª geração (cefepima) possuem
espectro ampliado de atividade em comparação com as de terceira geração. As
cefalosporinas são úteis para o tratamento empírico de infecções graves dos
pacientes hospitalizados para certos agentes etiológicos, tais como microrganismos
gram-positivos, Enterobacteriaceae e Pseudomonas (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2012; KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).
As quinolonas impedem a síntese do DNA, acarretando a morte da
bactéria. Elas podem ser classificadas em primeira geração (ácido nalidíxico, ácido
oxolínico e cinoxacino), segunda geração (ciprofloxacina, norfloxacino, enoxacino,
rufloxacino, pefloxacino, ofloxacino e lomefloxacino), terceira geração
(grepafloxacino, levofloxacino e esparfloxacino) e quarta geração (moxifloxacino,
clinafloxacino, trovafloxacino e gatifloxacino) (SILVA, 2010).
Os glicopeptídeos, que incluem a vancomicina e teicoplanina, atuam
inibindo a síntese da parede celular através da ligação à extremidade D-Ala-D-Ala
do peptidoglicano, alterando a permeabilidade da membrana citoplasmática. Esses
fármacos eliminam bactérias gram-positivas (KATZUNG; MASTERS; TREVOR,
2014; ANVISA, 2007).
As oxazolidinonas, representadas pela linezolida, agem inibindo a síntese
protéica bacteriana ao se ligar ao ribossomo 50S. É ativa contra cepas gram-
positivas e tem pouca atividade contra as gram-negativas (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2012).
Os aminoglicosídeos representados por: gentamicina, amicacina,
tobramicina, netilmicina, espectinomicina e paramomicina; que impedem
irreversivelmente a síntese proteica bacteriana através da ligação ao ribossomo 30S
(ANVISA, 2007).
Outra classe são os macrolídeos representados pela eritromicina,
claritromicina e azitromicina. Agem impedindo a síntese proteica bacteriana por meio
21

da ligação aos receptores localizados no ribossomo 50S (KATZUNG; MASTERS;


TREVOR, 2014).
As lincosamidas são representadas pela clindamicina e lincomicina, assim
como os macrolídeos, atuam impedindo a síntese proteica bacteriana por meio da
ligação aos receptores localizados no ribossomo 50S (SILVA, 2010; KATZUNG;
MASTERS; TREVOR, 2014).
As sulfonamidas, incluem a sulfanilamida, sulfacetamida, ácido para-
aminobenzóico, sulfisoxazol, sulfametoxazol e sulfadiazina. As sulfonamidas são
bacteriostáticas e por meio da inibição competitiva impedem o metabolismo do ácido
fólico (ANVISA, 2007).
As tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro contra gram-positivos e
gram-negativos. Podem ser divididos em três grupos: i) ação rápida, como a
oxotetraciclina, clortetraciclina e metaciclina; ii) ação intermediária, como a
metaciclina e a demeclociclina; e ii) ação longa, como a minoclina e a doxiciclina.
Esses fármacos evitam a síntese proteica ao se ligar à subunidade do ribossomo
30S (SILVA, 2010).
Após análise de 3.100 prescrições pediátricas em um Hospital Geral de
Linhares-ES, Marchete et al. (2010) observaram que em 2.719 (86,9%) delas havia
pelo menos um antibiótico, sendo as principais classes prescritas: penicilinas (em
especial as benzilpenicilinas, que corresponderam a 19,3% das prescrições),
cefalosporinas (representadas pela cefalotina, que correspondeu a 10,1%) e os
aminoglicosídeos (representados pela gentamicina, que correspondeu a 9,8% das
prescrições).
De acordo com Andrade et al. (2015), após análise de 188 prontuários de
crianças internadas em um Hospital Infantil em Quixeramobim-CE, a classe mais
utilizada foi das penicilinas (ampicilina com 27%), seguida das cefalosporinas
(ceftriaxona com 21%). Em relação à idade das crianças, os mesmos autores
observaram que a maior parte se encaixam nas idade de 0-3 anos (56%), em
segundo lugar estavam em idade de 4-7 anos (32%) e por último nas idades de 8-12
anos (12%), sendo necessário ressaltar a idade, pois essa variante influencia
significativamente na opção de tratamento, como o mesmo irá ocorrer, sua dose,
quantidade de dias e forma farmacêutica (ANDRADE et al., 2015).
22

2.4 USO AMBULATORIAL E HOSPITALAR DE ANTIBIÓTICOS EM PEDIATRIA

Os antibióticos são amplamente utilizados na prática pediátrica, tanto em


ambiente hospitalar quanto ambulatorial (MARCONDES et al., 2003). De acordo
com Ferreira et al. (2016), a classe de antibióticos mais utilizada, tanto em ambiente
ambulatorial quanto em ambiente hospitalar, é a dos beta-lactâmicos; enquanto que
os aminoglicosídeos e as tetraciclinas são os menos utilizados em ambos os
setores. Na população pediátrica, a classe mais utilizada é a das penicilinas.
Os antibióticos estão entre as drogas mais prescritas em hospitais. Cerca de
40% dos pacientes hospitalizados utilizam antimicrobianos, e seu uso inadequado
proporciona o aparecimento cada vez maior de bactérias resistentes. O seu uso
indiscriminado em hospitais colabora para o surgimento de resistência bacteriana,
elevando os custos hospitalares e os riscos de reações adversas a medicamentos. A
resistência aos antibióticos é tida atualmente como um grave problema de saúde
pública, em particular para os hospitais em virtude do acréscimo da
morbimortalidade e custos de saúde (RODRIGUES; BERTOLDI, 2010). Segundo
dados da OMS, os hospitais gastam cerca de 15% a 20% de seus orçamentos para
resolver as complicações ocasionadas pelo mau uso de medicamentos (ANVISA,
2006).
Diretrizes de diversos países recomendam a não utilização imediata de
antibióticos. Ao optar pela indicação do medicamento, a recomendação é evitar nos
casos não complicados, a utilização de antimicrobianos de largo espectro em virtude
da maior probabilidade de ocorrer resistência bacteriana. Contudo, o uso de
antibióticos para infecções de possível etiologia viral é corriqueiro, sendo que esses
medicamentos continuam sendo utilizados em excesso, especialmente em crianças
(ROCHA et al., 2012).
O uso de antibióticos em pediatria deve seguir critérios rígidos devido ao seu
uso irracional causar efeitos indesejáveis e gerar mudanças no perfil de resistência
bacteriana, principalmente, em ambiente hospitalar. Alguns critérios devem ser
analisados para orientar seu uso adequado, como: diagnóstico clínico da
procedência do processo infeccioso; identificar dados epidemiológicos em relação à
frequência de determinado microrganismo, por faixas etárias e doenças de base;
identificar se a infecção é de origem comunitária ou hospitalar; observar
características do paciente como imunidade, idade e função renal e hepática;
23

conhecer a farmacodinâmica do medicamento escolhido, bem como seus efeitos


adversos, toxicidade e relação custo/benefício (AUTO; CONSTANT; CONSTANT,
2008).
A resistência bacteriana é mais notada nos hospitais devido ao grande
quantitativo de internações de pacientes mais graves e a utilização de antibióticos
mais potentes e de largo espectro, e a comprovação dessa crescente resistência
ocorre através da análise de culturas. No ambiente ambulatorial, se torna mais
complexo pela inexistência de estudos estatísticos. De qualquer maneira, o hospital
é um meio de seleção de bactérias resistentes e de sua dispersão tanto em
ambiente hospitalar quanto na comunidade. No hospital, ocorre infecção cruzada,
onde há transferência de germes de um paciente para o outro. Assim, quando o
paciente infectado retornar à comunidade, estará albergando um microrganismo
altamente resistente (MARCONDES, 2003).

2.4.1 Problemas decorrentes da utilização indiscriminada de antibióticos

De acordo com MARCONDES et al. (2003), o antibiótico é uma das drogas


mais prescritas e utilizadas no mundo. Contudo, os microrganismos criaram formas
de defesa contra a ação desses fármacos, por meio de mecanismos de resistência,
sendo eles:
1. Através da produção de enzimas, que inibem ou modificam a droga
antes que penetre no organismo;
2. Por meio de mudanças da permeabilidade da parede celular
bacteriana para que haja dificuldade ou impossibilidade de
penetração da droga;
3. A exclusão da droga do interior da célula antes que ela desempenhe
sua atividade; e
4. Através da modificação de moléculas do sítio de ação da droga.
Há dois tipos de resistência: a inerente e a adquirida. A resistência inerente
é natural, muitas bactérias a possuem como forma de combater os antimicrobianos e
é mediada por fatores genéticos. Já a resistência adquirida acontece quando uma
bactéria não é originalmente resistente, mas ao longo do tempo passa a ser menos
sensível a um medicamento. Um tipo específico de resistência é a tolerância, onde o
24

antibiótico ainda é eficaz, mas não realiza a função de bactericida, apenas tem ação
bacteriostática nas doses habituais (MARCONDES et al., 2003).
Os microrganismos podem ser classificados em: multirresistentes à drogas
(MDR), quando são resistentes a pelo menos um antimicrobiano em três ou mais
classes de antibióticos; extremamente resistentes à drogas (XDR), quando as cepas
são suscetíveis a apenas uma ou duas classes de antibióticos e; panrresistentes à
drogas (PDR), quando um microrganismo é resistente a todos os antimicrobianos
em todas as classes de antibióticos (MAGIORAKOS et al., 2012).
A utilização indiscriminada de antibióticos se tornou um problema em saúde
pública em decorrência do aumento de espécies bacterianas resistentes. Além
disso, outras consequências pelo uso destes medicamentos em larga escala, é a
destruição da flora fisiológica natural do organismo humano, o alto custo financeiro
devido a terapias fracassadas, pois uma vez que o objetivo não tenha sido
alcançado, possivelmente, transformar-se-á em nova consulta, internações, novos
exames e ocupação de leitos (SILVA; HERTEL, 2014).
Além de questões econômicas, desencadeadas com relação à prescrição e
à dispensação inadequadas de antimicrobianos, questões sociais e sanitárias
também são observadas. Com relação ao primeiro aspecto, os problemas
encontrados na prescrição podem dificultar o acesso do paciente a esses
medicamentos ou a sua utilização adequada. Como resultado, os desperdícios, falha
terapêutica e tratamentos ineficazes. Quanto à questão sanitária, está relacionado à
inadequação de doses, posologia ou duração do tratamento, o que possibilita a
recidiva da infecção e desenvolvimento de resistência bacteriana. Desse modo, é
explicito que apenas o diagnóstico preciso e a escolha apropriada do antimicrobiano
não são eficazes se a prescrição não seguir critérios rígidos em sua elaboração
(ABRANTES et al., 2007).
Os principais erros encontrados nas prescrições de antibióticos podem ser
classificados em quatro níveis:
I. Prescrição de antimicrobianos ineficaz ou contra-indicado para a
infecção em questão;
II. Erro na escolha do antibiótico, priorizando os de segunda opção;
III. Erro na duração da terapêutica;
IV. Refere-se à dosagem, ao intervalo entre as doses e à via de
administração do fármaco (ABRANTES, 2007).
25

Em meio aos fatores que levam à utilização inadequada dos antibióticos,


estão incluídos: a dificuldade de se estabelecer um diagnóstico conciso em relação à
etiologia, a dificuldade da escolha correta do antimicrobiano, a facilidade em se
adquirir o medicamento, em algumas farmácias, sem a apresentação da prescrição
e a deficiência na fiscalização dos estabelecimentos por parte das agências
reguladoras (OLIVEIRA, 2010).
As consequências clínicas do uso irracional desses medicamentos são
alarmantes devido ao risco de efeitos adversos e impactos negativos na saúde da
criança (FURTADO, 2017). Os riscos associados à terapêutica podem ser reduzidos
pelo investimento na qualidade da prescrição e dispensação de medicamentos, visto
que esta representa importante dimensão do processo terapêutico, a relação entre
prescritores e dispensadores permite a obtenção de resultados eficientes,
beneficiando o paciente (PEPE; CASTRO, 2000).

2.4.2 Prescrição racional de antibióticos

Segundo a Política Nacional de Medicamentos, o Uso Racional de


Medicamentos (URM) é definido como o processo que abrange a prescrição
adequada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis, assim como a
dispensação em condições apropriadas e o consumo em doses recomendadas, com
intervalos determinados e no período de tempo recomendados de medicamentos
seguros, eficazes e de boa qualidade (BRASIL, 2001).
A utilização racional de medicamentos tem como característica essencial a
orientação adequada da sua utilização, devendo esta ser impressa na prescrição e
informada verbalmente, especialmente, para antibacterianos, cujo uso inapropriado
pode levar ao desenvolvimento de resistência. Dados como a posologia e a duração
do tratamento são imprescindíveis para a sua dispensação (ABRANTES et al.,
2007). O êxito da farmacoterapia é afetado por prescrições incompletas ou ilegíveis,
levando a insuficiência no tratamento e erros de medicação (SALDANHA; ARÊDES;
PEREIRA, 2014).
A população infantil está mais exposta aos medicamentos, reforçando a
necessidade de medidas que visam à promoção do uso racional para essa faixa
etária, ao levar em consideração a relação risco-benefício, uma vez que são
26

escassas as informações a respeito dos efeitos da farmacoterapia no organismo


infantil (FURTADO, 2017).
A dose adequada do medicamento é um fator fundamental para o sucesso
da terapêutica. A redução da dose destinada ao adulto não é suficiente, sendo
imprescindível que a dose seja calculada de acordo com a idade, peso e condições
imunossupressoras do paciente; além da avaliação da mesma em tratamentos de
longo prazo, assim, a dose deve ser ajustada de acordo com o crescimento e
desenvolvimento da criança. A posologia inadequada pode levar à diminuição da
concentração plasmática do antibiótico, gerando como consequência a ineficácia do
tratamento e o surgimento de resistência bacteriana, bem como reações adversas
ao medicamento e o abandono do mesmo (MAGALHÃES; FERRARI; DAVID, 2013).
A criação, utilização e divulgação de protocolos terapêuticos são
necessárias para um resultado positivo, nos padrões de prescrição medicamentosa,
levando ao êxito terapêutico e impedindo recidivas de infecções e resistência
bacteriana (SILVA; HERTEL, 2014). A Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 20,
de 5 de maio de 2011, que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de
substâncias consideradas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou
em associação, tem colaborado para a redução da resistência a essa classe de
medicamentos, que antes era distribuída sem qualquer restrição (ANVISA, 2011).
Medidas que contribuem para o uso racional de antimicrobianos: promover
educação continuada da equipe médica quanto à prescrição de antimicrobianos;
avaliar constantemente o perfil de resistência e sensibilidade dos microrganismos
aos antimicrobianos padronizados no hospital; estimular o conhecimento a respeito
do custo-benefício dos antimicrobianos; instituir e conservar a farmácia hospitalar
bem estruturada; implementar rotinas de antibioticoprofilaxia clínica e cirúrgica e
uniformizar os antimicrobianos utilizados no hospital (ANVISA, 2001).
Torna-se necessário maior controle e restrição quanto à prescrição e
dispensação de medicamentos, em especial, antibacterianos, assim como a
ampliação do nível de conhecimento dos prescritores e a realização de campanhas
educativas para população sobre o uso adequado dessa classe de medicamentos,
bem como os riscos e consequências do seu mau uso (OLIVEIRA, 2010).
27

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa documental, de abordagem quantitativa, de corte


transversal, do tipo descritiva.
Entende-se por pesquisa documental aquela em que o pesquisador utiliza
documentos como para base para a pesquisa. O estudo de abordagem quantitativa
é realizado por meio da utilização de dados numéricos e, por meio de recursos e
técnicas estatísticas, estes são classificados e analisados. Por estudo de corte
transversal entende-se que a pesquisa acontece em determinado momento, num
curto espaço de tempo. Já a pesquisa descritiva tem por objetivo somente a
observação, o registro e a descrição de determinadas características de um evento
em uma amostra ou população sem avaliar a fundo o seu conteúdo (FONTELLES et
al., 2009).

3.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado em um hospital infantil da rede pública de Boa Vista-


RR. É um hospital que realiza procedimentos de média a alta complexidade,
caracterizado como hospital de ensino, integrante do Sistema Único de Saúde e sua
gestão é de responsabilidade do governo municipal. O referido hospital é referência
para os 15 municípios do estado, bem como para os países fronteiriços República
Bolivariana da Venezuela e República Cooperativa da Guiana e para os Distritos
Sanitários Especiais Indígenas Yanomami e Ye’Kuana (DSEI-Y) e Leste de Roraima
(DSEI-L).

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população do estudo foi formada por prescrições de crianças atendidas


em um hospital infantil de Boa Vista-RR no período de março a maio de 2019.
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: prescrição de
antibiótico(s) dispensada na farmácia de um hospital infantil no período definido para
análise (março a maio de 2019). Os critérios de exclusão foram: prescrição médica
28

sem antibiótico ou prescrição médica apresentando ausência das seguintes


informações: idade, peso, dose e posologia.
Para o cálculo do tamanho amostral, a prevalência do uso de antibióticos foi
estimada em 24,4%, baseada nos resultados de um estudo realizado com crianças
internadas em Hospital Geral no Sul do Brasil (EMYNUMARU et al., 2019).
Considerando o intervalo de confiança de 95%, o erro amostral de 5% e população
de 9.000 prescrições (número médio de prescrições em um período de três meses
no hospital infantil), obteve-se tamanho amostral mínimo de 61 prescrições. Embora
a amostra calculada tenha sido de 61, foram analisadas 192 prescrições.

Para tanto foi utilizada a fórmula:

Onde:
n = tamanho amostral mínimo;
N = tamanho da população;
Z = referência da distribuição normal para o intervalo de confiança
desejado;
p = prevalência estimada de prescrições de antibióticos;
e = maior erro aceitável.

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada no período de março a maio de 2019,


utilizando um instrumento elaborado para esta pesquisa (APÊNDICE A). Foram
coletadas as seguintes informações (variáveis):
1. Dados do paciente: idade, sexo e peso;
2. Dados do antibiótico: nome (conforme registrado pelo prescritor),
dose, posologia, via de administração;
3. Dados do prescritor (quanto à especialidade): generalista ou
especialista.
29

O acesso aos dados ocorreu através da consulta manual das prescrições


médicas arquivadas no setor de faturamento de um hospital infantil. As prescrições
foram selecionadas por conveniência. Cada prescrição foi identificada com um
número, iniciando em 1, e não foi registrado o nome do paciente. Foi registrada a
data da prescrição para se ter um controle do mês em que foi realizada, uma vez
que foram analisadas prescrições num período de três meses.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram tabulados em planilhas eletrônicas no programa


Microsoft Excel, versão 2010. Além disso, receberam tratamento estatístico por meio
do programa IBM StatisticalPackage for the Social Sciences (IBM SPSS), versão
23.0, através da análise descritiva das variáveis quantitativas (média e desvio
padrão) e das variáveis qualitativas (frequências simples e relativa).
A variável idade foi categorizada em três faixas etárias, a saber: lactentes (1
a 23 meses), crianças (2 a 11 anos) e adolescentes (12 a 13 anos). A faixa etária
para adolescentes limitou-se até 13 anos, pois é a idade máxima admitida no
hospital campo da pesquisa.
Para classificar os antibióticos, foi utilizada a Classificação Anatômica
Terapêutica Química (ATC), recomendada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Neste trabalho, optou-se pela classificação dos medicamentos de acordo
com o Subgrupo Farmacológico (3º nível ATC), ou seja, considerou a classe
farmacológica do medicamento.
Para verificar os medicamentos prescritos que apresentavam restrição de
uso ou eram contraindicados em pediatria, foram consultadas as bulas de todos os
medicamentos prescritos utilizando o Bulário eletrônico da ANVISA, disponível no
endereço “<http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp>”. Para realizar a
pesquisa, foi utilizado o nome genérico e/ou comercial do medicamento, conforme
informado na prescrição, permanecendo apenas o nome genérico na avaliação final.
Também foi realizada uma consulta à Lista de Medicamentos Essenciais para
Crianças da WHO (2017).
30

3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

O projeto que deu origem ao presente estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima
(CEP-UFRR), conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466∕2012, com
o parecer nº 3.287.459 (ANEXO 3). A pesquisadora assumiu o compromisso de
manter o sigilo de todas as informações, bem como a privacidade de seus
conteúdos e somente empregar os dados para os objetivos propostos. Para isso, foi
apresentado o Termo de Compromisso de Utilização de Dados (TCDU) de maneira a
resguardar a confidencialidade dos dados coletados das prescrições.
31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisadas as prescrições de antibióticos de 192 pacientes


pediátricos no período de março a maio de 2019 no hospital em que foi feito o
estudo. Dos 192 pacientes, 61,5% (n=118) eram do sexo masculino e 38,5% (n=74)
do sexo feminino (Tabela 1). Os resultados obtidos demonstraram a predominância
de prescrições para o sexo masculino. Tal fato é ratificado pelos estudos de
Emylnumaru et al. (2019) e Silva e Teixeira (2016) em que houve a predominância
do sexo masculino com 61,3%. Esses dados foram semelhantes ao deste estudo.
O maior percentual de internações em crianças do sexo masculino pode
estar associado a maior exposição a agentes infecciosos e a traumas, visto que há
mais liberdade de ações e brincadeiras quando comparados ao sexo feminino
(ABRANTES et al., 1998; OLÍMPIO et al., 2018).
Foi verificado que a maioria dos pacientes possui entre 2 a 11 anos (n=95,
49,5%), seguida de lactentes (n=86, 44,8%) e uma minoria correspondendo a
adolescentes (n=11, 5,7%), com estes últimos apresentando no máximo até 13 anos
de idade (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição dos pacientes pediátricos segundo faixa etária, sexo e


mediana de peso e idade em um hospital infantil. Boa Vista-RR, 2019 (n=192).

Faixa etária Sexo Peso* Idade* Total


M F (kg) (meses)
n(%) n(%) n(%)
Lactentes 53 (61,6) 33 (38,4) 7,4 (2,3-13,5) 7 (1-23) 86 (44,8)
Crianças 54 (56,8) 41 (43,2) 16,5 (6,5-52,0) 48 (24-143) 95 (49,5)
Adolescentes 11 (100,0) 0 (0,0) 34,2 (30,0-45,0) 144(144-156) 11 (5,7)
Total 118 (61,5) 74 (38,5) 192 (100,0)

M: masculino; F: feminino. *Foi calculada a mediana do peso e da idade em cada faixa etária e, entre
parêntese, estão os valores mínimo e máximo observado.
Fonte: autoria própria (2019).

A idade dos pacientes variou de 1 mês a 13 anos de idade, com média de


3,4 anos ± 3,6 anos e mediana de 4 anos. Em estudo realizado em um hospital de
Porto Alegre-RS, Carvalho et al. (2003) observaram que a idade dos pacientes
variou de 1 mês a 13 anos e 61% eram do sexo masculino.
Ao classificar a amostra por faixas etárias, prevaleceu a faixa etária de
crianças entre 2 a 11 anos (Tabela 1). No estudo de Souza (2016), realizado em
32

uma Unidade de Emergência Pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade


Estadual de Campinas - SP, houve a prevalência de crianças de 3 a 11 anos de
idade.
As infecções nas diferentes faixas etárias estão relacionadas às
particularidades de cada população e baseadas em fatores de risco que são
expostos. Além do mais, a população pediátrica tem o sistema imunológico menos
adaptado, o que os expõem a uma maior colonização e desenvolvimento de quadros
clínicos que apresentam mais complicações (OSPINA; JIMÉNEZ, 2018). Cabe
ressaltar que nessa faixa etária, os cuidadores tendem a ser mais cuidadosos, ao
observarem qualquer alteração na criança as encaminham ao hospital para
avaliação.
Também foi analisada a especialidade do prescritor. Considerando a
distribuição segundo a faixa etária dos pacientes, observou-se que 49,5% (n=95)
das prescrições foram realizadas por médicos generalistas, 33,8% (n=65) por
pediatras e 16,7% (n=32) por profissionais com outras especializações (Tabela 2),
tais como urologista (n=7, 3,7%), cirurgião geral (n=5, 2,6%),
ortopedista/traumatologista (n=5, 2,6%), cirurgião-dentista (n=3, 1,6%), cirurgião
pediátrico (n=1, 0,5%) e oftalmologista (n=1, 0,5%), além de residentes de
ortopedia/traumatologia (n=7, 3,7%) e pediatria (n=3, 1,6%) (Gráfico 1).

Tabela 2 - Distribuição das prescrições dos pacientes pediátricos segundo faixa


etária e especialidade do prescritor em um hospital infantil. Boa Vista-RR, 2019
(n=192).

Faixa etária Especialidade do prescritor Total


Pediatra Médico Outra*
generalista
n (%) n (%) n (%) n (%)
Lactentes 39 (45,3) 44 (51,2) 3 (3,5) 86 (44,8)
Crianças 22 (23,2) 47 (49,5) 26 (27,4) 95 (49,5)
Adolescentes 4 (36,4) 4 (36,4) 3 (27,3) 11 (5,7)
Total 65 (33,8) 95 (49,5) 32 (16,7) 192 (100,0)

Lactentes: 1 a 23 meses; Crianças: 2 a 11 anos; Adolescentes: 12 a 13 anos. *Outra= médico com


especialidade diferente de pediatra, residentes de medicina e cirurgião dentista.
Fonte: autoria própria (2019).

No que se refere à especialidade do prescritor, Abrantes et al. (2007)


também observaram que clínicos gerais são prescritores mais frequentes que
33

pediatras. Costa (2016), ao avaliar as classes dos profissionais de saúde que


prescrevem antibióticos, observou resultado superior, em que 92% das prescrições
eram realizadas por médicos generalistas. Por outro lado, no estudo de Santos e
Nitrini (2004), 28,9% das prescrições de medicamentos foram feitas por pediatras.
O prescritor encontra na pediatria um grande desafio em virtude das
características fisiológicas, desde o momento da concepção até o amadurecimento
dos órgãos, que influem consideravelmente na eficácia e segurança dos fármacos.
O prescritor necessita ter em mente que as crianças não são pequenos adultos e
apresentam metabolismo e composição corpórea distinta (SANTI, 2016).
Os prescritores desempenham papel importante na promoção do uso
racional de medicamentos, de maneira que a investigação dos seus hábitos de
prescrição permite o conhecimento de particularidades da qualidade da terapia.
Como resultado, propicia a identificação de problemas, a implementação de medidas
educativas e corretivas e a analisar o impacto gerado pela adoção dessas medidas
(ABRANTES et al., 2007).

Gráfico 1 – Distribuição das especialidades dos prescritores encontradas em


prescrições em um hospital infantil. Boa Vista-RR, 2019 (n=192).

médico generalista 49,5%

pediatra 33,9%

residente de ortopedia/traumatologia 3,7%

urologista 3,7%

cirurgião geral 2,6%

ortopedia/traumatologia 2,6%

cirurgião-dentista 1,6%

residente de pediatria 1,6%

oftalmologista 0,5%

cirurgião pediátrico 0,5%

Fonte: autoria própria (2019).

Em relação ao número de antibióticos em cada prescrição, observou-se que


71,9% (n=138) dessas prescrições continham apenas um antibiótico, 23,4% (n=45)
34

dois antibióticos, 3,1% (n=6) três antibióticos, 1,0% (n=2) quatro antibióticos e 0,5%
(n=1) cinco antibióticos. Apenas os lactentes apresentaram prescrições contendo 1 a
5 antibióticos, crianças e adolescentes apresentaram no máximo dois antibióticos
por prescrição (Tabela 3).
Marchete et al. (2010), ao analisarem as prescrições de antibióticos em
pacientes pediátricos de um hospital do Espírito Santo, observaram que 67% das
prescrições possuíam apenas 1 antibiótico por prescrição e 17% dois antibióticos.
O estudo de Paganotti et al. (2013) realizado em uma unidade básica do
município de São Paulo, observou que 66% das prescrições continham um
antibiótico. Esses resultados foram similares aos deste estudo. Prescrições médicas
que contenham mais de um antibiótico pertencente a mesma classe farmacológica
podem ser prejudiciais e elevam o risco de interações medicamentosas e de
medicamentos desnecessários.

Tabela 3 - Distribuição das prescrições de pacientes pediátricos segundo faixa etária


e quantidade de antibióticos prescritos por prescrição em um hospital infantil. Boa
Vista-RR, 2019 (n=192).

Faixa etária Quantidade de antibiótico por prescrição Total


1 2 3 4 5
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
Lactentes 52 (60,5) 25 (29,1) 6 (7,0) 2 (2,3) 1 (1,2) 86 (44,8)
Crianças 78 (82,1) 17 (18,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 95 (49,5)
Adolescentes 8 (72,7) 3 (4,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 11 (5,7)
Total 138 (71,9) 45 (23,4) 6 (3,1) 2 (1,0) 1 (0,5) 192 (100,0)

Fonte: autoria própria (2019).

No que se refere ao número de antibióticos prescritos à faixa etária de


lactentes, o resultado encontrado é preocupante e revela a intensa utilização de
medicamentos desde o início de suas vidas (Tabela 3). O tratamento em crianças
menores que 2 anos é extremamente complicado em virtude da falta de evidências a
respeito da segurança e eficácia de medicamentos nessa população. A combinação
de dois ou mais antibióticos pode ser necessária em algumas situações, contudo,
deve-se observar o risco de interações medicamentosas, reações adversas e
microrganismos resistentes (MAGALHÃES; FERRARI; DAVID, 2013).
Tendo em vista que os antibióticos são medicamentos de grande
importância e que o seu uso é muito frequente, torna-se necessário o
35

desenvolvimento de políticas de saúde que dêem prioridade à sua utilização de


forma racional. As instituições de saúde devem possuir rigoroso controle das
prescrições através da comissão de controle de infecção hospitalar, proporcionando
educação continuada aos profissionais da área da saúde (RODRIGUES;
BERTOLDI, 2010).
No que se refere aos antimicrobianos prescritos, foram prescritos 258
antibióticos, de 19 tipos diferentes, distribuídos em nove classes segundo o 3º nível
ATC e apresentando uma média de 1,3 ± 0,6 antibióticos por prescrição. Entre os
fármacos prescritos 55,4% (n=143) foram antibióticos pertencentes à classe das
cefalosporinas, 17,4% (n=45) penicilinas sensíveis à beta-lactamase, 11,2% (n=29)
macrolídeos e lincosaminas, 8,2% (n=22) aminoglicosídeos, 5,4% (n=14) penicilinas
de amplo espectro, 5,0% (n=13) penicilinas resistentes à beta-lactmase, 1,2% (n=3)
outros antibacterianos, 0,4% (n=1) antimicobacteriano, 0,4% (n=1) quinolonas,
sendo o mais frequente a ceftriaxona (n=101, 39,1%) (Tabela 4).

Tabela 4 - Principais antimicrobianos prescritos em um hospital infantil segundo a


Classificação ATC, nível 3. Boa Vista-RR, 2019 (n=258).

Medicamento Classificação 3º nível ATC n %


Ceftriaxona Cefalosporinas de 3ª geração 101 39,1
Cefalotina Cefalosporinas de 1ª geração 34 13,2
Benzilpenicilina potássica Penicilinas sensíveis à beta-lactamase 31 12,0
Gentamicina Aminoglicosídeos 20 7,8
Azitromicina Macrolídeos e lincosaminas 14 5,4
Oxacilina Penicilinas resistentes à beta-lactamase 13 5,0
Eritromicina Macrolídeos e lincosaminas 11 4,3
Amoxicilina Penicilinas de amplo espectro 10 3,9
Ampicilina Penicilinas de amplo espectro 4 1,6
Cefalexina Cefalosporinas de 1ª geração 4 1,6
Cefepime Cefalosporinas de 4ª geração 3 1,2
Vancomicina Outros antibacterianos 3 1,2
Amicacina Aminoglicosídeos 2 0,8
Clindamicina Macrolídeos e lincosaminas 2 0,8
Claritromicina Macrolídeos e lincosaminas 2 0,8
Benzilpenicilina benzatina Penicilinas sensíveis à beta-lactamase 1 0,4
Cefazolina Cefalosporinas de 1ª geração 1 0,4
Rifampicina Antimicobacteriano 1 0,4
Ciprofloxacino Quinolonas 1 0,4
Total 258 100,0

Fonte: autoria própria (2019).

Silva e Hertel (2014), em estudo realizado em uma instituição de Saúde no


Vale do Paraíba-SP, ao analisarem os antibióticos mais utilizados em pediatria,
36

verificaram que as cefalosporinas foram as mais administradas. Essa classe de


antibióticos também foi a mais frequente nos estudos de Rodrigues e Bertoldi
(2010), realizado em um hospital privado do interior do Rio Grande do Sul. Assim
como no estudo de Carneiro et al. (2011), onde as cefalosporinas também foram as
mais utilizadas. Esses resultados são esperados pelo fato deste fármaco ser de
baixa toxicidade e seguro, embora estejam associados à resistência bacteriana.
Entre os antibacterianos prescritos estão a cefalexina, cefazolina, cefepime,
claritromicina, clindamicina e vancomicina (Tabela 4), os quais, segundo WHO
(2017), são fármacos indicados apenas como segunda escolha em determinadas
situações clínicas. Cefepime, por exemplo, é uma cefalosporina de terceira geração
para uso em neonatos hospitalizados. E a cefalosporina de primeira geração,
cefazolina, só deve ser utilizada em pacientes com mais de 1 mês. Por outro lado, a
Benzilpenicilina é o antibacteriano de primeira escolha em casos de sífilis congênita.
A utilização de cefalosporinas de 3ª geração, que atuam contra cepas gram-
negativas, pode levar à produção de Beta-lactamases de Espectro Estentido (ESBL).
Essas enzimas, são capazes de hidrolizar o anel betalactâmico dos antibióticos de
amplo espectro de ação. Esse fato demonstra a relevância do uso correto e restrito
das cefalosporinas, especialmente a ceftriaxona (MACEDO et al., 2005).
As cefalosporinas são os antibióticos beta-lactâmicos mais empregados na
prática clínica em função do seu amplo espectro de ação frente aos microrganismos
gram-negativos (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010). São utilizadas no
tratamento de uma extensa variedade de infecções graves ocasionadas por
microrganismos com resistência a outros medicamentos (KATZUNG; MASTERS;
TREVOR, 2014). Seu uso é indicado para meningite; sepse; Borreliose de Lyme
disseminada; infecções articulares, ósseas, tecidos moles, pele e feridas; infecções
intra-abdominais (do trato gastrintestinal, biliar e peritonites); infecções em pacientes
imunocomprometidos e imunocompetentes; infecções do trato urinário e renal;
infecções do trato respiratório; infecções genitais; e profilaxia perioperatória de
infecções. As reações adversas mais comuns são: leucopenia, eosinofilia,
trombocitopenia, erupção cutânea, aumento de enzimas hepáticas e diarreia
(CEFTRIAXONA SÓDICA, 2019).
A segunda classe mais prescrita foi a das penicilinas. Situação ratificada
pelo estudo de Freitas, Oliveira e Fumian (2015), onde ao comparar a dispensação
de antimicrobianos em um hospital geral e uma farmácia comunitária do município
37

do Rio de Janeiro, observaram que as penicilinas foram a segunda classe mais


prevalente em ambiente hospitalar.
Embora estejam relacionadas a resistência bacteriana, compõem uma das
classes mais importantes de antibióticos. Muitos desses medicamentos, demonstram
vantagens peculiares e são utilizados para o tratamento de muitas doenças
infecciosas como: infecções pneumocóccicas (meningite pneumocócicica,
pneumonia pneumocóccica); infecções estreptocóccicas (faringite, meningite,
pneumonia, artrite e endocardite estreptocóccicas); difteria; antraz; erisipeloide;
Doença de Lyme e entre outras (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012).
Embora esses fármacos tenham um elevado índice terapêutico, podem causar
reações de hipersensibilidade ou alérgicas, dor e inflamação no local de
administração, tromboflebite ou flebite, anorexia, diarreia, hipercalemia e arritmias
quando administradas doses muito elevadas e entre outras (SILVA, 2010).
E os macrolídeos foi a terceira classe mais utilizada. Mitre et al. (2017) ao
analisar o perfil das prescrições de antibióticos nas Unidades Básicas de Saúde da
Família de Itaúna - MG, observou que a classe dos macrolídeos foi a terceira mais
prescrita. Essa classe de antibióticos tem como indicações terapêuticas: infecções
por clamídea; nnfecções do trato respiratório; celulite; erisipela; difteria; coqueluche
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). As reações adversas mais comuns
são: vômitos, náuseas, anorexia, diarreia e hepatite colestática (KATZUNG;
MASTERS; TREVOR, 2014).
Os aminoglicosídeos foram a quarta classe mais prescrita, assim como no
estudo de Rodrigues e Bertoldi (2010), realizado em um hospital privado do interior
do Rio Grande do Sul. Esses medicamentos são utilizados principalmente no
tratamento de infecções causadas por cepas gram-negativas, como: nas infecções
do trato urinário, meningite, endocardite bacteriana, sepse, peneumonia e entre
outras (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). São fármacos ototóxicos e
nefrotóxicos. A ototoxidade se manifesta por lesões auditivas, que se inicia com
ruídos e perda da audição de alta frequência ou por lesão vestibular, evidenciado
por vertigem, náuseas e vômitos que podem ser acentuados em locais escuros. A
nefrotoxicidade está relacionada ao aumento dos níveis séricos de creatinina ou na
redução da depuração de creatinina. Quando administrados em dose elevadas,
pode produzir bloqueio neuromuscular (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014;
SILVA, 2010).
38

Quanto à adequabilidade da dose de ceftriaxona, verificou-se que 97,0%


(n=98) das doses estavam adequadas, apenas 2,0% (n=2) apresentaram
subdosagem e 1,0% (n=1) com superdosagem. Emylnumaru et al. (2019), ao
analisarem a dose de antibióticos prescritos a pacientes pediátricos de um hospital
do Sul do Brasil, observaram que 62,2% tiveram prescrições adequadas, 11,7%
apresentaram subdosagem e 14,6% superdosagem. Vale ressaltar, que neste
trabalho, só foi avaliada a adequabilidade da dose para o antibacteriano ceftriaxona.
A prescrição adequada de antibióticos em ambiente hospitalar é essencial
para assegurar a utilização correta e adequada, e desta forma reduzir a resistência
microbiana.
A maioria dos medicamentos aprovados para uso na população infantil
apresentam posologia pediátrica recomendada, geralmente em miligramas por quilo.
Na carência de recomendações da dose pediátrica, o cálculo da dose é feito a partir
do peso, idade ou área de superfície corporal. Esses métodos não são totalmente
eficazes e não tem que ser utilizados quando o fabricante fornece a posologia
pediátrica (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).

Fármacos seguros e eficazes para uso na população pediátrica demandam


uma compreensão apropriada do processo de amadurecimento de todos os órgãos
e sistemas, que em consequência alteram a ação e disponibilidade das drogas. Os
protocolos terapêuticos precisam ser estabelecidos de acordo com características
cinéticas de cada medicamento e nas particularidades dos pacientes como o tipo de
doença, idade, peso e necessidades individuais. Se essas características não forem
levadas em consideração, o tratamento pode ser ineficaz ou gerar toxicidade
(SILVA, 2010).
Para se alcançar o êxito terapêutico em infecções bacterianas, é necessário
o estabelecimento do diagnóstico adequado. Após isso, a escolha do medicamento
deve ser baseada na famacocinética do fármaco e na sensibilidade do agente
etiológico. Por fim, deve ser estabelecido a dose, intervalos e tempo da terapêutica
(FIOL et al., 2010).
A prescrição de antimicrobianos de acordo com a denominação utilizada foi
investigada. Após análise, foi verificado que 81,8% (n=221) dos antimicrobianos
prescritos estavam na denominação genérica e 18,2% (n=47) foram prescritos
utilizando o nome comercial do medicamento (Figura 2). Esse resultado também foi
39

observado no estudo realizado em unidades de saúde de um município do Sul do


Brasil, onde foram analisadas prescrições de antimicrobianos a crianças, 81,8% dos
antimicrobianos foram prescritos pelo nome genérico (MENEZES; DOMINGUES;
BAISCH, 2009).
Embora o número de antibióticos prescritos pela denominação genérica
tenha sido elevado, ainda está incompatível com a legislação, onde todos os
medicamentos devem ser prescritos pelo nome genérico. No âmbito do SUS, a
obrigatoriedade de prescrição pela denominação genérica é assegurada pela Lei nº
9.787, de 10 de fevereiro de 1999 (BRASIL, 1999).

Gráfico 2 – Distribuição dos medicamentos segundo o uso da Denominação


Comum Brasileira (DCB), ou nome genérico, em um hospital infantil. Boa Vista-RR,
2019 (n=258).

Genérica Comercial

n= 47;
18,2%

n= 211;
81,8%

Fonte: autoria própria (2019).

Martins et al. (2014), ao analisarem as prescrições de antibióticos em uma


farmácia do município de Imperatriz-MA, observaram que 53,4% dos antibióticos
foram prescritos pela denominação genérica. Em contrapartida, no estudo de Santos
e Nitrini (2004), realizado em unidades de saúde em Ribeirão Preto-SP, somente
30,6% das prescrições foram realizadas pela denominação genérica.
A política de adesão aos genéricos está relacionada ao prescritor, sendo o
emprego desta denominação um fator significativo no uso racional de medicamentos
e consequente redução dos custos com medicamentos. A padronização nas
40

prescrições pela denominação genérica, possibilita aos profissionais de saúde e a


população um melhor entendimento do nome do medicamento e sua indicação
clínica.
A presença na lista de medicamentos essenciais também foi analisada. Foi
utilizada a REMUME 2018/2019. Do total de 19 antibióticos prescritos, 9 deles
(46,5%) não constam na REMUME (Tabela 6). Quase 50% dos antibacterianos
prescritos não estão presentes na REMUME. Esse resultado sugere a pouca
preocupação por parte dos prescritores em seguir as listas oficiais.

Tabela 5 - Antibióticos prescritos que não constam na Relação Municipal de


Medicamentos Essenciais (REMUME) 2018/2019 em um hospital infantil. Boa Vista-
RR, 2019 (n=120).

Medicamento n %
Cefalotina 34 28,3
Benzilpenicilina Potássica 31 25,8
Gentamicina 20 16,7
Oxacilina 13 10,8
Eritromicina 11 9,2
Ampicilina 4 3,3
Cefepime 3 2,5
Vancomicina 3 2,5
Cefazolina 1 0,9
Total 120 100,0

Fonte: autoria própria (2019).

Situação semelhante foi observada no estudo de Silvério e Leite (2010),


realizado em farmácias comunitárias no município de Muriaé, onde 46,5% dos
medicamentos não constavam na RENAME.
Resultados diferentes desta pesquisa foram encontrados nos estudos de
Farias et al. (2007), onde 91,9% dos medicamentos constavam na REMUME. Outro
estudo com resultados superiores foi o de Colombo et al. (2004), onde 82,4% dos
medicamentos prescritos constaram na REMUME. A prescrição de medicamentos
presentes na REMUME garante a população ter o acesso ao medicamento e ao seu
uso seguro.
O uso de medicamentos padronizados na REMUME facilita a relação custo-
benefício da prescrição, visto que se utilizam fármacos de segurança e eficácia
41

definidas, adquiridos por meio de concorrência pública pelo menor preço possível
(COLOMBO et al., 2004).
É imprescindível que os órgãos de saúde elaborem fontes de informação
atualizadas que contribuam para prática apropriada de utilização de medicamentos,
as seleções de fármacos dos hospitais sejam estabelecidas com base nessas fontes
e fundamentem-se em condutas baseadas em evidências, segundo preconizado
pela RENAME (JUCÁ, 2016).
42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo, como forma de colaborar com os achados científicos e


promover o uso racional de medicamentos, avaliou como são realizadas as
prescrições de antibióticos em um hospital infantil de Boa Vista-RR.
O estudo verificou que a maioria dos pacientes pediátricos com prescrições
de antibióticos são do sexo masculino. Em relação à faixa etária, prevaleceu a de
crianças de 2 a 11 anos de idade. Foi verificado que a maioria dessas prescrições
foram realizadas por médicos generalistas e que quase 50% dos antibióticos
prescritos não constam na REMUME do município de Boa Vista-RR. A classe de
antibacteriano mais frequente foi das cefalosporinas de 3ª e 1 ª geração (ceftriaxona
e cefalotina) e o número máximo de antibacterianos por prescrição foi igual a cinco.
A qualidade da prescrição de antibióticos é a base para a promoção do uso
racional e consequente redução do desenvolvimento de microrganismos resistentes.
Com base em todos os resultados avaliados, sugere-se como propostas de
intervenção: educação continuada aos prescritores e a criação e implementação de
um programa de uso racional de antibióticos na instituição em que este estudo foi
realizado. Sugere-se também maior divulgação das listas essenciais de
medicamentos no hospital para maior padronização nas prescrições de antibióticos.
Nota-se a necessidade da realização de mais estudos de utilização de
antimicrobianos que analisem as doses prescritas, interações medicamentosas e
reações adversas, por meio da avaliação de prescrições e adequabilidade de
tratamentos. Também são imprescindíveis estudos de farmacovigilância, visto que
esses fármacos são muito utilizados no tratamento de doenças infecciosas e se
usados incorretamente traz prejuízos para todos.
Espera-se que esse estudo tenha colaborado para a compreensão do perfil
de prescrições de antibióticos na instituição e que sirva de estímulo para o
desenvolvimento de ações em benefício da saúde da população, do uso adequado
de antibióticos e da redução da resistência bacteriana por meio da conscientização
de prescritores, farmacêuticos e gestores quanto ao uso adequado de
antimicrobianos. E que, sirva de estímulo para a realização de outros trabalhos.
43

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51

APÊNDICE A – Formulário para coleta de dados

Nº:________ Data da prescrição: _____/______/2019

Dados do paciente
Idade/data de nascimento

Peso

Sexo:

Dados do(s)
medicamento(s)
Antibiótico 1 Nome: _________________________________________
Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________

Antibiótico 2 Nome: _________________________________________


Dose:__________________________________________
Posologia_______________________________________
Via de administração:_____________________________

Antibiótico 3 Nome: _________________________________________


Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________

Antibiótico 4 Nome: _________________________________________


Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________

Antibiótico 5 Nome: _________________________________________


Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________

Antibiótico 6 Nome: _________________________________________


Dose:__________________________________________
Posologia: ______________________________________
Via de administração:_____________________________

Dados do prescritor (conforme informações do carimbo)


Especialidade? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual? ( ) Pediatra ( ) Outra____________________________
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ANEXO 1 – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais para 2018/2019


(REMUME 2018/2019)
53
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ANEXO 2 - CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA NO


HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTÔNIO
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ANEXO 3 - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


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