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Versão final
MAPUTO
DEZEMBRO DE 2018
1
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA
JÚRI
Arguente: Dra Iolanda Cavaleiro Tinga, Msc.
Presidente: Dra Beatriz Manuel Chongo, MD, Msc.
Supervisor: Prof. Doutor Leonardo Lúcio Nhantumbo, Ph.D
Co-Supervisor: Prof. Doutor Gerito Augusto, MDV, Ph.D
MAPUTO
DEZEMBRO DE 2018
2
Declaração de Originalidade do Trabalho
Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer grau ou num
outro âmbito e que ela constitui o resultado do meu labor individual. Esta dissertação é
apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Saúde
Pública da Universidade Eduardo Mondlane.
3
Dedicatória
Este trabalho é dedicado aos meus “miúdos” (Dell e Fadjú), à mãe (minha esposa) e a dona
Odete (minha mãe) pela paciência e compreensão durante muitas noites e dias de ausência e
falta de atenção.
4
Agradecimentos
Ao meu supervisor e eterno Professor, Prof. Doutor Leonardo Lúcio Nhantumbo pela
oportunidade de aprendizagem, pela confiança, incentivo e ideias de construção de uma pessoa
com perfil académico e sempre preocupado em formular e resolver problemas científicos, como
também, pelo lado humano e imensurável carisma.
Ao Prof. Doutor Gerito Augusto, meu co-supervisor, pelo incentivo e apoio técnico na
concepção do projecto de investigação e pela convivência afável que temos tido;
Ao Prof. Doutor Timóteo Daca, pelo suporte técnico e concessão de material para
recolha de dados;
Ao Núcleo de Investigação em Actividade Física e Saúde (NIAFS), pelo acolhimento e
suporte material para recolha de dados;
À minha família, em especial a minha esposa, mãe e filhos que durante a formação
tiveram momentos de privação de convivência familiar e mesmo assim aceitaram pacificamente
os meus propósitos;
Aos meus “irmãos” e colaboradores na recolha de dados, nomeadamente Mauro Singa,
António Mondlane e Timóteo Ngomane;
À minha Directora nos SDEJT da Moamba, a dra Carménia Canda, pela abertura para
que eu pudesse continuar a estudar e sobretudo pelo genial lado humano que ostenta;
Aos meus amigos e irmãos de caminhada, Félix Chavane, Moséstia Machava, Hélio
Martins e Luísa Huo, pelos momentos de troca de experiências e discussões acesas sobre
diferentes temáticas no campo científico;
À Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Medicina, UEM;
Ao Departamento de Saúde da Comunidade;
À coordenação do curso de Mestrado em Saúde Pública e a todos os professores do
Mestrado pela oportunidade de aprendizagem;
Aos meus colegas do Mestrado 2017-2018;
Às crianças do Distrito de Moamba e seus encarregados de educação;
5
Índice
Declaração de Originalidade do Trabalho .............................................................................. 3
Dedicatória ................................................................................................................................. 4
Agradecimentos ......................................................................................................................... 5
Resumo ....................................................................................................................................... 8
Abstract ...................................................................................................................................... 9
Lista de Tabelas ....................................................................................................................... 10
Lista de Figuras ....................................................................................................................... 11
Lista de Abreviaturas e Siglas ................................................................................................ 12
1. Introdução (Motivação) .................................................................................................. 13
1.1. Objectivos ................................................................................................................... 14
1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................. 14
1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................ 14
1.2. Contribuição................................................................................................................ 15
1.3. Problema ..................................................................................................................... 15
1.4. Hipóteses ..................................................................................................................... 17
2. Revisão Bibliográfica....................................................................................................... 18
2.1. Crescimento Somático ................................................................................................ 18
2.2. Determinantes do Crescimento ................................................................................... 19
2.2.1. Factores Biológicos do Crescimento .......................................................................... 20
2.2.2. Factores Ambientais do Crescimento ......................................................................... 21
2.2.3. Aspectos Socioeconómicos no Crescimento Somático .................................... 21
2.2.4. Aspectos Étnicos no Crescimento Somático .................................................... 22
2.2.5. Aspectos Nutricionais no Crescimento Somático ........................................... 23
2.3. Padrão do Crescimento Somático ............................................................................... 24
2.4. Factores Hormonais do Crescimento Somático .......................................................... 26
2.5. Avaliação do Crescimento Somático .......................................................................... 26
2.6. Indicadores do Crescimento Somático........................................................................ 27
2.7. Classificação do Crescimento Somático ..................................................................... 28
2.8. Estado Nutricional ...................................................................................................... 32
2.9. Antropometria na Avaliação do Estado Nutricional ................................................... 35
2.10. Composição Corporal na Avaliação do Estado Nutricional ....................................... 36
2.11. Métodos de Avaliação da Composição Corporal........................................................ 37
2.11.1. Método de Avaliação Directa............................................................................ 37
6
2.11.2. Método de Avaliação Indirecta e Duplamente Indirecta .................................. 37
2.12. Antropometria na Avaliação da Composição Corporal .............................................. 37
2.12.1. Medidas das Pregas de Adiposidade Subcutânea .............................................. 38
2.12.2. Índice de Massa Corporal na Avaliação da Composição Corporal.................. 40
2.12.3. Medida das Circunferências Corporais ............................................................. 41
2.12.4. Pesagem Hidrostática ........................................................................................ 41
2.13. Análise da Bioimpedância Eléctrica ........................................................................... 41
2.14. Crescimento Somático e Estado Nutricional em África e Moçambique .................... 42
3. Enquadramento Conceptual do Crescimento Somático e Estado Nutricional .......... 44
4. Metodologia ...................................................................................................................... 45
4.1. Área e População de Estudo ....................................................................................... 45
4.2. Amostragem e Tamanho da Amostra ......................................................................... 45
4.3. Desenho do Estudo ..................................................................................................... 46
4.4. Variáveis ..................................................................................................................... 47
4.4.1. Antropometria ................................................................................................... 47
4.4.2. Procedimentos Estatísticos................................................................................ 47
Tabela 6: Plano de Gestão e Análise de Dados ................................................................ 48
4.5. Limitações do Estudo .................................................................................................. 49
4.6. Considerações Éticas .................................................................................................. 49
5. Resultados e Discussão .................................................................................................... 51
6. Conclusões e Recomendações ......................................................................................... 61
6.1. Conclusões .................................................................................................................. 61
6.2. Recomendações........................................................................................................... 62
7. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 63
Apêndices e Anexos
Apêndice 1: Ficha de Recolha de Dados
Apêndice 2: Termo de Consentimento Informado
Apêndice 3: Declaração de Consentimento Informado
Anexo A: Carta de Autorização para Realização do Estudo do SDEJT de Moamba
Anexo B: Carta de Aprovação do Conselho Científico da Faculdade de Medicina da
Universidade Eduardo Mondlane
Anexo C: Certificado de Autorização do Estudo do Comité Interdisciplinar de Bioética em
Saúde da Faculdade de Medicina/Hospital Central
Anexo D: Carta de cobertura da Faculdade de Medicina
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Resumo
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Abstract
Introduction: Growth, maturation and development are directly related to optimum nutritional
status. Poorly nourished children may have compromised growth and lower intellectual
development, in addition to aggregate important factors to morbidity and mortality. Objective:
To investigate the association between somatic growth and nutritional status in children of both
sexes. Methodology: Anthropometric measurements were made transversely regarding somatic
growth and nutritional status, according to the standardization described by Lohman (1988). 386
children from Moamba Distrit were randomly selected in June 2018, of which 203 girls and 183
boys from 6 to 10 years of age. Descriptive statistics was used to describe main indicators, in
addition to testing hypotheses of association at a significance level of 5%. Data were analyzed
in SPSS 22.0. Results: Overall, the data indicate that boys presented mean values of weight,
height and Body Mass Index (BMI) slightly above the female subjects (weight 24.3 ± 5.54 and
23.6 ± 4.79, height 1.25 ± 0 , 09 and 1.24 ± 0.08, and BMI 15.4 ± 1.63 and 15.20 ± 1.61), all
indicators showed similarities between both. On the other hand, the effect of age was evident on
all indicators, but sex only has influence on somatic growth indicators. Individuals were
classified below the 3rd percentile, especially those with 6 years of age. Correlation between
growth and nutritional status was strong (height: r2 = 0.836; p <0.001), moderate (weight: r2 =
0.753; p <0.001 and weak (BMI: r2 = 0.403; p <0.001) but significant. Conclusions: Boys are
taller and heavier than girls, but there are individuals below the 3rd percentile and between this
and the 50th percentile, calling for timely interventions.
Key - Words: Nutritional Status; Somatic Growth, Children, Anthropometry, Moamba District.
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Lista de Tabelas
No de Tabela Descrição
Tabela 2 Valores críticos para classificação do crescimento em função do peso para idade
de crianças dos 5 aos 10 anos de idade.
Tabela 3 Valores críticos para classificação do crescimento em função do IMC para idade
de crianças dos 5 aos 10 anos de idade.
Tabela 9 Valores descritivos de altura, peso e IMC da amostra em função do sexo e idade
(média ± desvio-padrão) e valores de ANOVA II resultantes da comparação das
médias entre os sexos em função da idade.
10
Lista de Figuras
No de Figura Descrição
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Lista de Abreviaturas e acrónimos
Abreviatura/Sigla Significado
CC Composição Corporal
Cm Centímetros
GH Growth Hormone
kg Quilograma
m Metros
MG Massa Gorda
12
1. Introdução (Motivação)
Estudos debruçando-se sobre o crescimento somático têm sido realizados desde o século
XVIII, entretanto, somente nos primeiros dez anos do século XX foram desenvolvidas pesquisas
proeminentes de delineamento longitudinal, se bem que com algumas limitações devido à
complexidade intrínseca inerente à sua tipologia, o que denota a necessidade de mais pesquisas
neste campo do saber (Saranga, 2007; Silva et al., 2013).
O crescimento somático, maturação e desenvolvimento estão directamente relacionados
ao óptimo estado nutricional. A corroborar com esta ideia, Ramos & Morsoletto (2007 in
Galiasso et al.,2014, p. 114) afirmam que “crianças desnutridas têm um desenvolvimento
intelectual menor e podem não crescer adequadamente se o problema não for tratado a tempo”.
Por outro lado, pesquisas científicas têm demonstrado que tanto o sobrepeso quanto o
baixo peso na infância, são importantes factores de risco para morbimortalidade na vida adulta,
sendo tais riscos mediados, pelo menos em parte, por baixos níveis de aptidão física (Santana et
al., 2013; Oliveira, 2008).
O aumento da prevalência da obesidade infantil em economias estáveis, e da desnutrição
em países de média e baixa renda, acrescido pelo facto de se tratar de um factor de risco para
problemas de saúde na idade adulta, faz com que a avaliação criteriosa do crescimento somático
e do estado nutricional através do rastreio da composição corporal em criança seja uma
importante variável de promoção da saúde (Silva et al., 2013).
Em África no geral e em Moçambique em particular, para além dos problemas de
desnutrição, percebe-se em distintos estudos a coexistência entre a desnutrição e a sobrenutrição,
o que é testemunhado pela miscelânea entre indivíduos obesos e desnutridos (Muria, 1998;
Prista et al., 2003; Bénéfice, 2006; Saranga et al., 2007; Nhantumbo et al., 2007).
Por outro lado, crianças africanas vivendo em contexto urbano, assim como as que vivem
nas zonas rurais, quando comparados à população de referência, definida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) usando vários testes de medidas corporais, apresentam indicadores
antropométricos e de maturação aquém do ideal, o que, de alguma forma, denuncia um
crescimento somático retardado, porém com alguma tendência de recanalização com a idade
(Bénéfice, 2006, Walker & Walker, 2009; Makgae et al., 2009).
Ainda que estudos realizados em Moçambique mostrem a coexistência entre a
desnutrição e sobrenutrição (Muria, 1998; Prista, 2003; Saranga et al., 2007; Nhantumbo et al.,
13
2007; Nhantumbo et al., 2013), relatórios produzidos no contexto moçambicano têm denunciado
que a desnutrição crónica e aguda continua sendo um desafio, sobretudo devido aos seus efeitos
nefastos para o crescimento e promoção da qualidade de vida das crianças. Este cenário tem
maior expressão nas zonas rurais que urbanas (ESAN, 2007; PARP, 2010; UNICEF, 2014).
Por conseguinte, poucos estudos abordando a relação entre o crescimento somático e
estado nutricional foram achados na literatura e nenhum, especificamente, realizado na área e
com a população definida para presente pesquisa.
Neste enquadramento, o presente estudo foi projectado e realizado baseando-se nas
evidências e colocações acima, na espectativa de reduzir o desconhecimento sobre o assunto na
área e população-alvo do mesmo e, adicionalmente, por entender que o saber nesse campo é de
extrema importância, pois transcende a mera contribuição no campo científico específico,
afigurando-se como um instrumento de intervenção na população envolvida, bem como uma
importante ferramenta no domínio da saúde pública em geral.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Avaliar a associação entre o crescimento somático e o estado nutricional em crianças de
ambos os sexos dos 6 aos 10 anos de idade do distrito de Moamba.
14
1.2.Contribuição
Os estudos que versam sobre crescimento somático e estado nutricional realizados em
Moçambique restringem-se maioritariamente à área urbana da cidade capital e sua periferia.
Mais ainda, além de ser bastante escassa a pesquisa inserida nesta temática realizada com a
população moçambicana vivendo em contexto rural, tanto quanto julgamos saber, não se
conhecia, até à realização da presente pesquisa, nenhum estudo que tivesse sido realizado com
uma amostra do distrito de Moamba, o que espelha um desconhecimento da influência da
pressão ambiental sobre o crescimento linear e estado nutricional no contexto particular desta
população em idade escolar.
Por conseguinte, pesquisas desta natureza justificam-se em razão de o acompanhamento
do crescimento somático ter-se tornado consensualmente aceite como um sensível instrumento
na aferição e no acompanhamento das condições de saúde de uma população específica, visto
que contribui para o diagnóstico de possíveis problemas nutricionais, sobretudo, com relação à
desnutrição energético-proteica e ao excesso de peso e obesidade.
Neste enquadramento, espera-se que os resultados da presente pesquisa concorram para
minorar o desconhecimento sobre o crescimento e estado nutricional em crianças do Distrito de
Moamba da faixa etária em análise, contribuindo desse modo no campo científico específico,
como também enquanto instrumento de intervenção na população envolvida.
Igualmente, cogita-se que os resultados deste estudo sirvam de importante ferramenta no
domínio da saúde pública em geral, através da definição de políticas e formulação de estratégias
de vigilância epidemiológica centradas na redução de problemas nutricionais bem como das
suas implicações no crescimento somático de crianças em idade escolar.
1.3. Problema
O crescimento dentro do padrão de referência é considerado um dos melhores
indicadores de saúde em crianças, pois este depende de factores ambientais, como alimentação,
higiene, condições de habitação, acesso aos serviços de saúde, funcionando, deste modo, como
um indicador indispensável do estilo de vida da criança (Torres, 2007).
Baseado no reconhecimento da importância que o estilo de vida exerce sobre o
crescimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde de Moçambique
15
(MISAU) recomendam o acompanhamento do crescimento como actividade rotineira no âmbito
do atendimento à criança e que as boas práticas de alimentação complementar comecem aos 6
meses de idade devendo ser promovidas nos centros de saúde e nas comunidades (WHO, 1978;
WHO, 1983; WHO, 1999; MISAU, 2002).
O estado nutricional e o crescimento somático têm sido amplamente referidos na
literatura como importante preditores do estado de saúde de crianças e não só, como também
sendo um excelente indicador da morbimortalidade (Guedes & Guedes, 1998; Oliveira, 2008).
Em Moçambique, tal como já referido anteriormente, estudos têm mostrado a
coexistência entre a desnutrição e sobrenutrição (Muria, 1998; Prista, 2003; Saranga et al., 2007;
Nhantumbo et al., 2007) e diferentes relatórios têm denunciado que a desnutrição crónica e
aguda continua sendo um desafio, sobretudo, devido aos seus efeitos nefastos para o crescimento
e promoção da qualidade de vida das crianças e que este cenário tem maior expressão nas zonas
rurais que urbanas (STSAN, 2007; PAMRDCM, 2010; UNICEF, 2014).
Por outro lado, no Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) é destacado que o baixo peso
ao nascer é um indicador sensível para morbimortalidade infantil, sendo que em Moçambique
14% das crianças nascem com baixo peso e que este cenário manifesta-se mais em crianças
nascidas de mães abaixo de 20 anos de idade (Ministerio da Saude et al., 2011).
Mais ainda, o comprometimento no estado nutricional em tenra idade, para além de
transportar consigo deficiência micro-nutricionais, pode ocasionar problemas de crescimento a
curto e longo prazos, caracterizados por dificuldades de absorção de nutrientes e limitação do
crescimento ósseo respectivamente, para além de poder causar problemas cognitivos (Sawaya,
2006).
Batista & Rissin (1993) afirmam que problemas nutricionais estão estritamente
relacionado ao nível de pobreza das nações e que constitui um peso sócio-económico que deve
merecer especial atenção das políticas do sector público.
Deste modo, baseado no referencial teórico acima descrito e assumindo que seja
importante que se entendam as múltiplas repercussões que as interassociações entre o
crescimento e o estado nutricional encerram na saúde de crianças em idade escolar do Distrito
de Moamba, sobretudo por residirem num contexto rural, que emergiu a seguinte questão de
partida:
16
Em que medida o estado nutricional está associado ao crescimento somático em crianças
dos 6-10 anos de idade do distrito de Moamba?
1.4. Hipóteses
Ainda que a validade e universalização dos parâmetros de avaliação somática e
nutricional para população de países em desenvolvimento possam ser colocadas em causa
devido ao uso de normas internacionais adoptadas pela CDC/NCHS/WHO (2000) e WHO
(2007), as quais se revelaram desprovidas de validade transcultural em razão de resultarem de
dados provenientes do mundo industrializado (Ogden et al., 2002; Prista et al., 2003; Onis et
al., 2007; Nhantumbo et al. 2013), foram formuladas as seguintes hipóteses:
(1) Como consequência da pressão ambiental que caracteriza o contexto rural em
Moçambique, é esperada uma associação negativa entre o crescimento somático e o estado
nutricional, i.e., quanto mais atrasado o crescimento linear, mais agudo o agravo do estado
nutricional;
(2) Maiores prevalências de desnutrição crónica (stunting) e desnutrição aguda (wasting)
em relação a eutrofia são expectáveis no seio da amostra, como reflexo de problemas
nutricionais resultantes da influência ambiental a que os sujeitos estão expostos no seu
quotidiano.
17
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Crescimento Somático
O crescimento do ser humano, conceitualizado de forma ampla e abrangente, é um
processo dinâmico e contínuo que assume os seus eventos desde a concepção até ao final da
vida. Este fenómeno consiste na substituição e regeneração de tecidos e órgãos (Ministério da
Saúde, 2002).
Sob o ponto de vista biológico, o crescimento somático é o processo decorrente dos
mecanismos de hiperplasia, hipertrofia e agregação celular que demarcam as alterações
progressivas nas dimensões do corpo como um todo ou de partes específicas do mesmo,
decorrendo num espaço temporal apropriado para cada evento, desde o nascimento até a idade
adulta (Verçosa, 2016).
Ainda na mesma perspectiva, este é considerado também, “[…] o somatório de
fenómenos celulares, biológicos, bioquímicos e morfológicos, os quais sofrem influência tanto
de factores intrínsecos (genéticos), quanto de factores extrínsecos (ambientais)” (Andriola,
2016, p. 23).
No contexto da intervenção precoce, o crescimento é considerado um dos melhores
indicadores de saúde da criança, devido a sua estreita dependência com factores ambientais, tais
como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados sanitários e de higiene, condições de
habitação e saneamento básico, reflectindo assim, as condições de vida da criança, desde a vida
intra-uterina até ao estado actual (Ministério da Saúde, 2002).
Consubstanciando o que foi anteriormente postulado, Maia & Lopes (2007) afirmam de
forma ousada, que a importância do conhecimento do estado de crescimento de crianças e jovens
de uma população transcende toda a informação acerca do seu produto interno bruto, pois releva
a maior importância de que se reveste no campo de acção para educadores, pediatras,
nutricionistas, pais, e gestores da coisa pública.
Noutra abordagem, os mesmos autores destacam que o conhecimento inerente ao
crescimento somático constitui um dos maiores valores informativos para se lidar com
necessidades sanitárias das crianças, assumindo de outro lado, que a variável crescimento, por
si só, não é bastante para determinar com acurácia o estado de saúde de indivíduos, senão para
estudos de cariz epidemiológico (Maia & Lopes, 2007).
18
Apesar de se assumir que o crescimento inicia aquando da fertilização da célula-ovo e
se estende ao longo de toda a vida, do ponto de vista de vigilância sanitária se tem restringido
ao período de vida compreendido entre a fecundação e a adolescência, por representar o
intervalo de modificações relevantes sob ponto de vista da estatura, peso e composição corporal
(Andriola, 2016).
Historicamente, o crescimento tem sido estudado há mais de 150 anos, com referências
que remontam à antiga Grécia, onde nas suas representações intelectuais, científicas, sociais e
médicas, os artistas demonstravam o paradigma do crescimento somático através da escultura e
pintura (Roman, 2004).
Por outro lado, desde a publicação das tabelas de crescimento em 1977 no suplemento
da História Natural de Buffon, do primeiro estudo longitudinal feito pelo Conde de
Montbeillard, que consistiu em acompanhar o seu próprio filho desde o nascimento até aos 18
anos, vários estudos do mesmo delineamento começaram a ser desenvolvidos em diferentes
países, na perspectiva de evidenciar as características do crescimento de crianças, como também
de produzir seus próprios indicadores de referência (Roman, 2004).
Em vista disso, um dos objectivos desta revisão é trazer à tona os processos que encerram
o crescimento somático e as suas principais variáveis de medição, para, a partir dessa visão,
estabelecer a relação com o estado nutricional em crianças, que será igualmente esmiuçado ao
longo deste mesmo capítulo.
19
2.2.1. Factores Biológicos do Crescimento
Os factores biológicos do crescimento são marcados, essencialmente, pela herança
genética. Esta é a propriedade dos seres vivos de transmitirem suas características aos
descendentes, ou seja, do ponto de vista do crescimento, a herança genética é o potencial para o
incremento da altura e do peso recebido do pai e da mãe (Ministério da Saúde, 2002).
Dentre as funções biológicas, o crescimento somático é o que mais depende do potencial
genético, porém, a qualquer momento, desde a concepção e particularmente na primeira
infância, os factores ambientais podem interferir o ritmo e a qualidade deste processo, o que
leva a conclusão de que o alcance biológico do crescimento depende, fundamentalmente, das
condições do ambiente onde o mesmo se processa (Roman, 2004 & Ministerio da Saude, 2002).
Nessa perspectiva, Malina (2002 in Roman, 2004) destaca que os genes associados à
estatura e ao peso corporal do recém-nascido têm efeito sobre os genes da estatura e do peso
corporal do adulto e que existe um conjunto de genes associados à estatura e ao peso corporal
do adulto, para além de existir uma série independente de genes que regulam a taxa de
crescimento do tamanho corporal.
Para destacar a influência genética no crescimento linear, Torres (2007) refere que esta
pode ser demonstrada verificando-se a variabilidade do coeficiente de correlação entre as
medidas de altura dos pais e o comprimento/altura dos filhos em diferentes idades, onde por
exemplo, ao nascer esse coeficiente é desprezível, fixando-se em cerca de 0.2, justificado pelo
facto de o crescimento do recém-nascido reflectir mais as condições intra-uterinas do que o
genótipo fetal.
Após o nascimento, esse coeficiente se eleva rapidamente de modo que ao fim de um
ano e meio, chega a atingir 0.5, indicando uma correlação fraca, entretanto, aproximando-se ao
valor que terá na idade adulta. Entre o segundo e o terceiro aniversários até à adolescência, a
correlação da altura pais/criança pode ser usada para predizer padrões para a altura de crianças,
em relação à altura dos seus progenitores (Torres, 2007).
Importa inferir que o crescimento somático sofre grandes variações, determinadas pela
herança genética. A sua contribuição para a estatura na idade adulta chega a atingir cerca de
60%, entretanto, o peso sofre menor influência, comparado a estatura, chegando a alcançar 40%
de contribuição na composição corporal final (Roman, 2004).
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Por outro lado, “o crescimento de outros tecidos e partes do corpo encontra diferenças,
como, por exemplo, o sistema linfóide (timo, nódulos linfáticos e massa linfática intestinal) e o
crescimento do tecido ósseo (crescimento linear) […]” (Ministerio da Saude, 2002; Moreira,
2011).
21
pessoas, factor que influencia, em parte, as taxas de crescimento somático e estado nutricional
dos indivíduos (Cau, 2015).
Decorre daí que, os indivíduos com baixa posição socioeconómica, normalmente,
apresentam-se num cenário de vulnerabilidade e com desfechos negativos sobre a sua saúde,
desde a concepção, passando por todas as fases de crescimento até à fase adulta (Cau, 2015;
Roman, 2004).
Por exemplo, as mulheres com baixa educação e poucos recursos, sobretudo no contexto
Moçambicano, estão geralmente expostas a cenários de gravidezes e nascimentos indesejados,
devido ao limitado acesso à informação sobre as boas práticas de saúde e métodos
contraceptivos, expondo, consequentemente, a sua própria saúde, para além de colocar em causa
o crescimento do feto e das crianças (Cau, 2015).
Neste contexto, Andrade et al. (2004) afiançam que os factores inerentes ao nível
socioeconómico podem apresentar uma relação de causalidade, i.e., causa e efeito, podendo ser
determinante nos processos de crescimento somático das crianças. Por outro lado, Roman (2004)
destaca que o status socioeconómico exerce forte influência no nível de saneamento básico que
a população possui, no rendimento familiar, na alimentação, nos níveis de saúde dos mesmos e
na qualidade das infra-estruturas habitacionais, factores peculiarmente influentes no
crescimento físico na tenra idade.
23
Roman (2004) adverte que se os problemas nutricionais ocorrerem no período pré-
púbere, portanto a entrada para adolescência, em pouco tempo os prejuízos advindos poderiam
resumir-se em alterações no catch-up do crescimento, comprometendo a estatura na idade
adulta.
Em consequência disso, muitas pesquisas têm evidenciado que a dimensão das moléstias
de um estado de desnutrição no processo de crescimento depende, não somente da época de sua
ocorrência e da severidade na restrição alimentar, mas principalmente, do tempo em que se
permanece no estado de desnutrição (ESAN, 2007; Nhantumbo, 2007; Torres, 2007; Mahan et
al., 2012).
Por outro lado, importa referenciar que, dentre os aspectos que interferem no consumo
proteico-energético, o peso da influência socioeconómica e cultural das famílias, sobretudo em
contextos de pobreza, lidera as causas que mais contribuem para este dilema no seio das crianças
(Nhantumbo, 2007; Bartolomeu & Pereira, 2010).
24
Fase 1 (lactância)
Que é caracterizada por um crescimento rápido, porém desacelerado. Nesta fase, a
velocidade de crescimento durante o primeiro ano de vida é a mais alta da vida extra-uterina,
chegando a atingir cerca de 25 cm/ano, porém com tendência de redução significativa nos dois
primeiros anos de vida;
Fase 3 (puberdade)
Esta fase, normalmente coincide com a adolescência e é caracterizada por um
crescimento rápido, com aceleração até aos 15 anos de idade e posterior desaceleração, até
finalmente, o fim do processo de crescimento.
Sucintamente, pode se dizer que ao percorrer do primeiro aniversário, a estatura aumenta
em 50%, duplicando até aproximadamente o quarto aniversário, enquanto o peso corporal
triplica, com um incremento de até quatro vezes após um ano. A partir dos doze meses de vida,
o crescimento começa a tornar-se mais lento (Roman, 2004; Torres, 2007; Lourenço & Queiroz,
2010; Moreira, 2011).
Anualmente, até aos 9 a 10 anos de idade, a criança aumenta o seu peso corporal em
média de 2 a 3 kg, enquanto a estatura aumenta entre 6 a 8 cm após os dois anos de idade até o
pico de crescimento, à entrada para a puberdade. Entre o quarto aniversário até à entrada para
adolescência, o crescimento caracteriza-se como estável e lento, porém não é regular para todas
as crianças, por isso que algumas podem apresentar um atraso no crescimento, podendo
recuperar após algum período, sobretudo, ocorrendo um estirão no peso e altura (Roman, 2004;
Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 2010; Moreira, 2011).
Por isso, vale dizer que as crianças nos dois primeiros anos de vida e durante a
adolescência podem mudar o seu canal de crescimento sem que tenham uma doença associada,
25
devido à grande variação de crescimento neste período. Porém, entre 2 e 9 anos de idade, o
crescimento tenderá a se manter em um mesmo canal (percentil), o que vem a reflectir em uma
harmonia no crescimento e, por consequência, a ausência de enfermidade actual (Roman, 2004;
Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 2010; Moreira, 2011).
28
Os percentis são derivados da distribuição em ordem crescente dos valores de um
parâmetro, observados para uma determinada idade ou sexo; a classificação de uma criança em
um determinado percentil permite estimar quantas crianças, da mesma idade e sexo, são maiores
ou menores em relação ao parâmetro avaliado (Onis et al., 2007).
O acompanhamento do crescimento com a utilização da curva ou gráfico de crescimento
em pelo menos três medições sucessivas de peso e estatura, com intervalos compatíveis com sua
velocidade de crescimento em função da idade, permite aferir se a criança está em processo de
desnutrição com tendência de afastamento do seu canal de crescimento, caminhando para
percentis inferiores. Esse instrumento é extremamente útil no estabelecimento de situações de
risco nutricional (WHO, 2006; Onis et al., 2007).
A tabela 1, referente a estatura para idade cronológica, indica claramente que abaixo do
percentil 0,1 e do escore-z -3 a estatura é considerada muito baixa para idade. Por outro lado,
quando os valores percentílicos e de escore –z se encontram acima de 0,1 e abaixo de 3 e acima
do escore -z – 3 e abaixo do escore-z -2 é considerada baixa estatura para a idade,
respectivamente. A estatura é adequada para a idade quando os valores percentílicos se
encontram acima ou iguais ao percentil 3 e os valores do escore–z se encontram acima do
escore–z – 2 (WHO, 2007).
É relevante salientar que as diferenças entre os sexos são consideradas por meio da
existência de gráficos que expressam os canais de crescimento diferenciados.
Tabela 1: Valores críticos para classificação do crescimento em função da estatura para idade de crianças dos 5 aos 10
anos de idade.
Os valores de corte para o peso em função da idade são destacados na Tabela 2, onde
indica que as crianças ostentam um peso muito baixo para sua idade, sempre que estiverem
abaixo do percentil 0,1 e escore-z abaixo de -3; quando os valores percentílicos se encontram
29
acima do percentil 0,1 e abaixo do percentil 3 e os valores de corte para o escore-z estiverem
acima do escore-z -3 e abaixo de -2, as crianças apresentam peso baixo para idade cronológica.
Só se considera que os indivíduos ostentam um peso adequado sempre que tiverem valores
percentílicos situados entre acima do percentil 3 e abaixo do percentil 97 e escore-z entre acima
de -2 e +2.
Por outro lado, as crianças podem ser classificadas como tendo peso elevado para idade,
sempre que ostentarem valores acima do percentil 97 e acima do escore-z +2, porém importa
ressaltar que este último índice antropométrico não é mais aconselhado para a avaliação do
excesso de peso entre crianças, sendo recomendado, para o efeito, a utilização dos valores do
IMC-para-idade (WHO, 2007).
Tabela 2: Valores críticos para classificação do crescimento em função do peso para idade de crianças dos 5 aos 10 anos
de idade.
A tabela 3 é referente aos valores de corte para o IMC para idade de crianças dos 5 aos
10 anos e indica que entre os valores abaixo do percentil 0,1 e percentil 3, bem como escore-z -
3 e -2, as crianças apresentam magreza acentuada e magreza.
Entre o percentil 3 e 85, escore-z -2 a +1, os indivíduos ostentam um IMC para idade
eutrófico. Entretanto, do percentil 85 até ao percentil 97 e acima do escore-z +1 até ao +2, as
crianças apresentam um quadro de sobrepeso. Acima do percentil 97 e escore-z acima de +2 os
indivíduos ostentam diferentes graus de obesidade, conforme ilustra a tabela abaixo (WHO,
2007).
30
Tabela 3: Valores críticos para classificação do crescimento em função do IMC para idade de crianças dos 5 aos 10 anos
de idade.
Figura 1: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador estatura em função da idade para
crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo feminino e masculino.
31
Figura 2: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador peso em função da idade para
crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo masculino e feminino.
Figura 3: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador IMC em função da idade para
crianças dos 5 aos 19 anos de idade do sexo feminino e masculino
32
nutrientes, podendo ser aferido pela correlação de informações obtidas de estudos físicos,
bioquímicos, clínicos e dietéticos.
Por outro lado, Lopes et al. (2008) destacam a existência do conceito social do estado
nutricional e, neste contexto, dizem ser a parte integrante da totalidade do processo social que
consiste na produção, recolha e ingestão dos alimentos para posterior absorção dos nutrientes.
Para estes autores, a dimensão social do conceito resume-se na síntese orgânica das relações
entre homem-natureza-alimento que se estabelece no interior de uma determinada sociedade.
A figura 4 resume conceptualmente a dimensão biológica do conceito do Estado
Nutricional, destacando os possíveis desfechos para cada condição da díade ingestão alimentar
e dispêndio nutricional.
33
Diferentes estudos têm demonstrado que o crescimento somático, maturação e
desenvolvimento são directamente relacionados ao óptimo estado nutricional. Por isso, Mendes
(2016) afirma que uma criança malnutrida arrasta consigo consequências que, geralmente, são
irremediáveis ao longo do desenvolvimento físico e mental, ocasionando deste modo,
deficiências na aprendizagem devido ao défice de inteligência, problemas de calcificação óssea
e comprometimento das funções vitais.
Consequentemente, é indispensável aflorar que crianças com défices calórico-proteico,
em relação às quantidades necessárias e recomendadas por dia, não atingem o pleno
desenvolvimento na infância, o que aumenta a probabilidade de levar consigo efeitos nocivos
para a vida adulta (Mendes, 2016).
Na mesma senda, Cavalcante (2004) destaca que o estado nutricional em crianças é um
excelente indicador do estado de saúde e potencial preditor de níveis de desenvolvimento de
uma sociedade. Reforçando a importância que os factores ambientais encerram no crescimento
somático, Ashworth & Millward (1986 in Cavalcante, 2004), consubstanciam que “embora o
potencial de crescimento do indivíduo seja determinado geneticamente, cada indivíduo irá
desenvolver uma curva de crescimento pré-determinada se as condições de saúde e nutrição lhe
forem favoráveis”. Por isso, a avaliação do estado nutricional constitui uma etapa fundamental
e indispensável no estudo de crianças, pois permite verificar se o crescimento está a afastar-se
do padrão esperado por doença e/ou por condições sociais desfavoráveis (Mello, 2002).
A avaliação do estado nutricional visa verificar se o crescimento e as proporções
corporais de um indivíduo ou população estão dentro dos padrões de referência, sempre
apontando para a definição de atitudes de intervenção. Deste modo, quanto mais populações
e/ou indivíduos forem avaliados do ponto de vista nutricional, e quanto mais seriadas forem
essas avaliações, mais intervenções precoces podem ser feitas, seguramente contribuindo para
a melhoria da qualidade de vida da população de uma forma geral (Mello, 2002).
Ainda sobre a mesma temática, Santana et al. (2013) acautela que na avaliação do estado
nutricional é preciso ter em atenção os extremos, ou seja, “tanto o sobrepeso quanto o baixo
peso, na infância, são importantes factores de risco para mortalidade e morbilidade na vida
adulta.”
Neste contexto, vale enaltecer que não existe melhor forma de diminuir agravos no
estado nutricional, senão for diagnosticando-os de maneira atempada e adequada (Mello, 2002).
34
2.9. Antropometria na Avaliação do Estado Nutricional
Distintos estudos têm referenciado a antropometria como sendo a técnica largamente
usada para avaliação e caracterização do crescimento e do estado nutricional de populações pela
sua facilidade de aplicação, efectividade e baixo custo (Cavalcante, 2004; Conde & Monteiro,
2006; Nhantumbo et al., 2007; Ministério da Saúde, 2011Ministério da Saúde).
A composição corporal constitui um indicador do padrão de crescimento. Esta é usada
para quantificar os principais componentes do corpo humano, nomeadamente a gordura
corporal, os ossos e o músculo (Sant’Anna, Priore & Franceschini, 2009).
De acordo com Moreira (2009), a composição corporal pode sofrer alterações com a
modificação dos hábitos alimentares, crescimento e exercício físico. O controlo dessas
alterações e o conhecimento detalhado sobre as reais motivações para tal reveste-se de extrema
importância, quer seja na infância, adolescência, bem como na idade adulta.
As alterações da composição corporal têm tido maior expressão em dois momentos da
vida, nomeadamente na infância e adolescência, devido ao crescimento corporal, demandando
medidas que especifiquem o crescimento corporal e na idade adulta, onde o realce é mais
focalizado na massa isenta de gordura e na gordura corporal (Moreira, 2009).
O aumento da prevalência da obesidade infantil e o facto de se tratar de um factor de
risco para a obesidade adulta, além de preditor de doenças cardiovasculares e outras
determinadas pela malnutrição faz com que a avaliação criteriosa da composição corporal em
criança seja uma importante variável de promoção da saúde (Moreira, 2009).
Por conseguinte, Lohman et al. (1988) afiança que para a medição da composição
corporal em crianças e adolescentes, têm-se recomendado a utilização da antropometria para
estimar a massa gorda através de equações que utilizam as pregas de adiposidade tricipital e
subescapular, ou tricipital e geminal, pois estes permitem a fácil aplicabilidade no ambiente
escolar, como também métodos que utilizam as circunferências do abdómen e da anca.
De outro lado, o índice de massa corporal (IMC), ainda que controversa a sua medição
em crianças e adolescentes, tem sido amplamente utilizado e recomendado para estudos em
populações de diferentes faixas etárias, incluindo crianças (WHO, 1995; WHO, 2006).
35
2.10. Composição Corporal na Avaliação do Estado Nutricional
De acordo com Brandão (2010), a avaliação da composição corporal (CC) tem como
objectivo fundamental a quantificação dos diferentes compartimentos corporais, tendo em
consideração a sua distribuição. A CC é feita de acordo com diferentes modelos e abordagens.
Miqueleto (2006) aponta que a divisão da CC pode ser feita de acordo com cinco
modelos, designadamente o anatómico, o molecular, o celular, o dos sistemas ou tecidos e o do
corpo todo.
No entanto, existem outros modelos de abordagem da CC, quais são: (i) o modelo de
divisão em dois compartimentos, nomeadamente a massa gorda e massa corporal magra; (ii) o
modelo químico que consiste em quatro compartimentos, a saber: os lipídios, água, proteínas e
minerais; (iii) o modelo de fluidos metabólicos que comporta quatro compartimentos, sendo
estes, os fluidos extracelulares, fluidos intracelulares, sólido intracelular e sólido extracelular e,
por fim, (v) o modelo anatómico com quatro compartimentos referentes ao tecido adiposo,
músculo-esquelético, outros tecidos e ossos (Miqueleto, 2006).
Face à existência de várias técnicas de avaliação da CC, várias pesquisas foram
desenvolvidas na busca de procedimentos com validade e especificidade na avaliação da mesma
(McArdle et al., 2001 in Miqueleto, 2006). Porém, independentemente da existência de
diferentes técnicas e modelos de avaliação da CC, tem-se referido que por meio desta pode-se
atingir vários objectivos relacionados à saúde, especialmente os relacionados ao crescimento e
estado nutricional (Mello, 2002; Araújo & Campos, 2008; MISAU, 2011).
De salientar que a avaliação da CC auxilia na identificação de riscos para a saúde
associados aos níveis demasiado altos ou baixos de gordura corporal total, acumulação
excessiva de gordura intra-abdominal; falta ou excesso de gordura corporal, mudanças na CC
associada a certas doenças; mudanças na CC associada ao crescimento, desenvolvimento,
maturação e idade (Brandão, 2010).
Refira-se que esta avaliação mostra-se fundamental como um instrumento de intervenção
nutricional, na medida em que afigura-se indispensável para possíveis correcções de agravos,
para além de estimar o peso corporal ideal de indivíduos e população para posterior formulação
de recomendações dietéticas (Brandão, 2010).
A avaliação da composição corporal é feita recorrendo aos métodos directos, indirectos
e o duplamente indirecto. O método directo consiste na dissecação de cadáveres; os métodos
36
indirectos são os de pesagem hidrostática, ressonância magnética e a absortometria radiológica
de dupla energia (DEXA) e, finalmente, os duplamente indirectos que se baseiam nos métodos
referenciados aos indirectos, como são as técnicas de avaliação da composição corporal por
dobras cutâneas, circunferências, diâmetros corporais e bioimpedância eléctrica, que são
também, vastamente conhecidos como métodos de campo, pois são de utilização prática em
diferentes circunstâncias e ambientes de custo operacional mais tangível (Miqueleto, 2006;
Mendes & Nascimento, 2009).
37
enquanto um dos meios de acompanhamento do estado de saúde de uma população (Brandão,
2010; Witriw & Castro, 2014).
De acordo com Brandão (2010), a antropometria é o ramo das ciências biológicas, cujo
objectivo é o estudo de caracteres dimensíveis da morfologia humana. Mais ainda, Witriw &
Castro (2014) acrescentam que a antropometria permite, através das dimensões corporais,
classificar os indivíduos, para além de ser uma ferramenta que permite fazer o diagnóstico
nutricional.
Enaltecendo o espectro de factores influentes na acurácia e confiabilidade das medidas
antropométricas, Heyward e Stolarczyk (2000 in Brandão, 2010) reforçam que a exactidão e a
fidelidade das medidas antropométricas dependem do equipamento, da habilidade do avaliador,
de factores individuais e da equação prognóstica utilizada.
Em razão da facilidade de aferição em estudos populacionais que lhes é reconhecida, a
literatura de referência permite concluir, claramente, que as medidas antropométricas mais
utilizadas para determinar a CC são o peso, a altura, os perímetros e as pregas de adiposidade
subcutânea.
40
2.12.3. Medida das Circunferências Corporais
A medida das circunferências corporais é um método alternativo para a predição da
composição corporal, sendo vastamente utilizada por profissionais da saúde por sua
simplicidade de manuseio e aceitabilidade, porém sua fragilidade resulta do facto de quantificar
não apenas o tecido adiposo, mas também outros tecidos e órgãos. Esta forma de avaliação é
bastante aceite em dois casos, primeiro quando o avaliado apresenta quantidade excessiva de
gordura corporal e segundo, quando o objectivo é quantificar o padrão de distribuição da gordura
corporal (Miqueleto, 2006).
De acordo com McArdle et al. (2001) e Lohman et al. (1988), a medição deve ser feita
com recurso a uma fita métrica colocada ao redor da circunferência de modo a ficar justa, mas
não apertada.
43
3. Enquadramento Conceptual do Crescimento Somático e Estado Nutricional
Figura 5: Diagrama referente ao enquadramento conceptual da relação entre o crescimento somático e o estado
nutricional
Legenda: A/I – Altura para Idade; P/I – Peso para Idade e IMC/I – Índice de Massa Corporal para Idade
Fonte: Elaborado pelo autor da pesquisa
46
4.3. Variáveis
4.3.1. Antropometria
Foram aferidas as medidas antropométricas, nomeadamente o peso e a altura, de acordo
com a padronização descrita por Lohman et al. (1988). O peso foi aferido mediante o uso de uma
balança digital da marca G-Tech, devidamente calibrada e com capacidade de 150 Kg. Os
indivíduos foram solicitados a retirar os calçados, todos acessórios e roupas pesadas,
posteriormente solicitados a subir na balança com os dois pés apoiados na plataforma, com o
olhar para uma linha no horizonte, de tal forma que o peso se distribuísse equitativamente. Após
o registo do valor que apareceu no monitor digital, o participante foi orientado a descer da
balança.
A altura foi medida com recurso a um estadiómetro da marca WCS com uma escala que
varia entre 20 a 220 cm. A medida foi realizada com os indivíduos descalços e com roupas leves.
Estes ficaram em pé com as pernas e pés paralelos, peso distribuído em ambos os pés, braços
relaxados ao lado do corpo e palmas das mãos voltadas para o corpo. As costas estavam voltadas
para a parede e a cabeça posicionada no plano de Frankfurt (alinhamento horizontal da borda
inferior da abertura do orbital com a margem superior do condutor auditivo externo).
Com base nestas medidas foi calculado o índice de massa corporal pela razão do peso e
o quadrado da estatura expressa em metros para cada idade e sexo, para determinar,
indirectamente, a composição corporal e o estado nutricional.
Para além das variáveis supra mencionadas, os índices antropométricos altura em função
da idade e peso em função da idade foram calculados para cada criança de acordo com os valores
percentílicos da população de referência, assumindo-se as curvas de crescimento infantil da
Organização Mundial da Saúde para determinar o crescimento somático das crianças (WHO,
2007).
48
4.5. Limitações do Estudo
Embora o estudo parecesse menos complexo, principalmente avaliando pela aparente
facilidade na medição das variáveis pesquisadas, foram encontradas algumas limitações, dentre
elas a destacar:
(i) dificuldades no alcance de crianças que residiam distante da escola, sobretudo aquelas
com domicílio em zonas de difícil acessibilidade;
(ii) o delineamento transversal não permitiu a realização de inferências sobre mudanças
intra-individuais ao longo da idade e do crescimento somático;
(iii). a ausência de informação objectiva do estatuto socioeconómico, já que o mesmo
foi inferido a partir do contexto rural de que a amostra é proveniente;
(iv) o desconhecimento de eventuais patologias num passado recente entre as crianças,
sobretudo aquelas com 6 anos de idade e;
(v) o desconhecimento dos agravos nutricionais específicos, uma vez não se ter aferido
tais indicadores, bem como devido a limitação dos testes antropométricos aplicados.
50
5. Resultados e Discussão
O presente capítulo apresenta e discute os resultados encontrados, referentes à associação
entre o crescimento somático e o estado nutricional. Estes resultados são expostos tendo como
critério a análise das variáveis e indicadores que determinam os pressupostos investigados e
devidamente aludidos no período anterior.
Sequencialmente, são descritos os indicadores do crescimento somático e do estado
nutricional, sendo estabelecida posteriormente a comparação entre estes tendo como base o
sexo. Mais adiante, discorre-se em torno dos resultados do efeito da idade e do sexo no
crescimento somático e estado nutricional, ao que se segue a comparação entre os indicadores
do crescimento somático e do estado nutricional em função do sexo e, finalmente, como
desfecho deste capítulo, aquilata-se a correlação entre os indicadores do crescimento somático
e estado nutricional.
A Tabela 7 apresenta, genericamente, os valores da estatística descritiva básica da
globalidade da amostra em função do sexo. Como se pode observar, as crianças do sexo
masculino evidenciaram valores médios de peso, altura e IMC ligeiramente acima dos seus pares
do sexo feminino.
Por conseguinte, os valores de amplitude referentes à variável peso, traduzidos pelos
valores mínimos e máximos respectivos, parecem sugerir uma maior dispersão do peso em
ambos os sexos. Em contraponto, uma tendência inversa é constatada a partir dos valores
descritivos da altura, em que os valores de dispersão sugerem uma certa homogeneidade em
ambos os sexos.
Os valores da mediana indicam um diferencial de 1 Kg, 0.2 m e 0.2 Kg/m2,
respectivamente nas variáveis peso, altura e IMC a favor do sexo masculino, enquanto os valores
de peso e altura mais observados no seio de rapazes foram 21 Kg e 1,30 m; e 24 Kg e 1,22 m
entre as raparigas.
51
Tabela 7: Valores descritivos de altura, peso e IMC da globalidade da amostra em função do sexo (média ± desvio-
padrão, mediana, moda, valor mínimo e máximo)
Variáveis Antropométricas
Peso (Kg) Altura (m) IMC Kg/m2) Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m2)
Masculino (n = 183) Feminino (n = 203)
M±DP 24.3±5.54 1.25±0.10 15.4±1.64 23.6±4.79 1.24±0.09 15.20±1.61
Mediana 24 1.26 15.1 23 1.24 14.9
Moda 21 1.30 14.3* 24 1.22 14.8*
Mínimo 11 0.98 10.9 13.5 1.04 11.5
Máximo 44 1.49 23.31 40 1.47 22.4
Tabela 8: Resultados do T-Teste de medidas independentes resultantes da comparação dos valores médios da idade,
peso, altura e IMC em função do sexo de crianças de Moamba.
54
Tabela 9: Valores descritivos de altura, peso e IMC da amostra em função do sexo e idade (média±desvio-padrão)
e valores de ANOVA II resultantes da comparação das médias entre os sexos em função da idade.
Figura 6: Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios do peso em função do sexo e da idade
30.00
20.00
Kg
10.00
6 7 8 9 10 Média
Idade
Masculinos Femininos
55
A trajectória do crescimento em altura das crianças de ambos os sexos do distrito de
Moamba ao longo da idade é ilustrada na Figura 7, a qual permite constatar um aumento
superficial de altura nos rapazes à entrada para a idade de 7 anos. Por conseguinte, entre as
idades de 8 e 9 anos os valores deste indicador de crescimento somático dos dois sexos registam
uma sobreposição, para de seguida, aos 10 anos, os rapazes novamente registarem incremento
no crescimento linear em relação às raparigas.
Figura 7: Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios de altura em função do sexo e da idade
1.50
1.30
Metros
1.10
0.90
0.70
0.50
6 7 8 9 10 Média
Idade
Masculinos Femininos
Figura 8: Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios do IMC em função do sexo e da idade
17.00
16.00
Kg/m2
15.00
14.00
13.00
6 7 8 9 10 Média
Idade
Masculinos Femininos
Tabela 10: Valores do teste de Qui-Quadrado (X2) resultantes da análise da associação entre a classificação percentílica
dos indicadores de crescimento somático e do estado nutricional em função do sexo
Classificação Altura para Idade Peso para Idade IMC para Idade
Percentílica Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Percentil 3 9 (2.3) 3 (0.8) 9 (2.3) 8 (2,1) 8 (2,1) 15 (3,9)
Percentil 3 35 (9.1) 47 (12.2) 40 (10.4) 47 (12,2) 89 (23,1) 107 (27,7)
Percentil 50
Percentil 50 139 (36.1) 153 (39.6) 131 (34) 146 (37,8) 80 (20,8) 74 (19,2)
Percentil 85
Percentil 85 - - 3 (0.8) 2 (0,5) 6 (1,6) 7 (1,8)
x2 14.419 8.538 15.203
P 0.044 0.383 0.086
59
Conforme referido na metodologia, a associação entre o crescimento somático e o estado
nutricional foi examinado através da correlação bivariada de Pearson, cujos coeficientes de
correlação são apresentados na Tabela 11. Estes resultados procuram examinar a associação
entre os indicadores do crescimento somático, nomeadamente o peso e a altura e estado
nutricional expresso pelos valores do IMC ao decorrer da idade.
Tabela 11: Resultados da correlação entre os indicadores do crescimento somático e do estado nutricional das crianças
amostradas de ambos os sexos em função da idade
Variáveis Peso Altura IMC Idade
2 2 2 2
C r p r p r p r P
Peso - - -0.885 0.000 0.796 0.000 0.753 0.000
Altura 0.885 0.000 - - 0.436 0.000 0.836 0.000
IMC 0.796 0.000 0.436 0.000 - - 0.403 0.000
Idade 0.753 0.000 0.836 0.000 0.403 0.000 - -
60
6. Conclusões e Recomendações
6.1. Conclusões
Diante dos resultados obtidos e tendo como pressupostos os objectivos previamente
formulados e a metodologia adoptada, a presente investigação emana as seguintes conclusões:
A altura, peso, IMC das crianças de Moamba aumentam com a idade, sendo que os
rapazes evidenciam valores médios ligeiramente superiores em relação às raparigas, incluindo
os indicadores do estado nutricional;
(1) No cômputo geral, os rapazes e as raparigas dos 6 aos 10 anos de idade de
Moamba não diferem significativamente entre si sob o ponto de vista de crescimento;
(2) O sexo revelou-se uma variável influente nos ganhos de peso e de altura em função
da idade, contrariamente ao IMC que se mostrou isento de qualquer efeito do sexo ao longo da
idade;
(3) Foi notória uma maior prevalência de rapazes abaixo do Percentil 3, indicando
baixo peso e altura para idade, observando-se o mesmo para as raparigas relativamente à
magreza;
(4) Globalmente, foi nítido um predomínio de crianças eutróficas (normoponderais)
para os indicadores do crescimento somático, sobretudo entre o Percentil 3 e 50 e ligeiramente
acima do percentil 50;
(5) No seio das crianças do Distrito de Moamba, a prevalência da baixa estatura para
idade é de 3.1%, baixo peso para idade 4.4% e Magreza de 6%. Por outro lado, o excesso do peso
avaliado pelo IMC apontou para 3.4%, confirmando a coexistência da desnutrição e da
sobrenutrição entre as crianças residentes no Distrito de Moamba.
(6) Uma correlação positiva, de magnitude forte para a altura e moderada para o peso,
foi evidente entre as crianças de Moamba em função da idade. Quer dizer, quanto mais avança a
idade no seio das crianças de Moamba, incrementa a sua trajectória do crescimento linear e de
ganho ponderal do peso.
61
6.2. Recomendações
Os resultados e as principais conclusões do presente estudo, incluindo as vivências
experimentadas ao longo da sua implementação permitem-nos recomendar e/ou sugerir o
seguinte:
a) O estudo do crescimento somático de crianças e jovens deve ser encarado como a
expressão visível de alterações mensuráveis no tamanho do corpo e, provavelmente, como um
dos melhores indicadores das circunstâncias em que se encontra o estado nutricional e de saúde
de uma comunidade, o que sublima a sua relevância enquanto temática de pesquisa;
b) Que sejam conduzidos prospectivamente mais estudos inseridos na mesma área,
com vista a desvendar o que determina o comprometimento nos indicadores do crescimento
somático e do estado nutricional à entrada para a idade dos 6 anos;
c) Recomenda-se que sejam feitos estudos com maior tamanho amostral, abrangendo
outros Postos Administrativos e, incluindo variáveis sócio-económicas, do consumo alimentar e
de outros indicadores de saúde, por se julgar que possam documentar resultados de valor
epidemiológico bastante precioso e contextualizado;
d) Por fim, e considerando que Moamba é uma área bastante fértil e de abundância
em recursos alimentares, sobretudo os provenientes da produção familiar, aconselha-se que as
entidades sanitárias e educacionais promovam a educação nutricional e sanitária no contexto
escolar e comunitário.
62
7. Referências Bibliográficas
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