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Fenias Eugénio Nhabanga

Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos Trabalhadores da Saúde no


Hospital Geral José Macamo sobre o Apoio Psicossocial

Licenciatura em Psicologia Clínica

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

FEP

Maputo, 2022
Fenias Eugénio Nhabanga

Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos Trabalhadores da Saúde no


Hospital Geral José Macamo sobre o Apoio Psicossocial

Monografia científica apresentada à


Faculdade de Educação e Psicologia,
Departamento de Psicologia, para a
obtenção do grau académico de
Licenciatura em Psicologia Clínica,
com Habilitação em Clínica Cognitivo-
Comportamental.

Supervisor: Mestre Domingos Credo Raúl Bié


Co- Supervisora: Mestre Cecília Xavier

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

FEP

Maputo, 2022
ÍNDICE
Lista de tabelas ................................................................................................................ i

Lista de siglas e abreviaturas .......................................................................................... iii

Agradecimentos .............................................................................................................. v

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

Problematização ......................................................................................................................................... 2

Perguntas de pesquisa.............................................................................................................................. 7

CAPITULO I - REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 8

1.1. Conhecimento.................................................................................................................................. 8

1.2. Atitude ............................................................................................................................................. 10

1.2.1. Modelos de atitudes ............................................................................................................. 11

1.3. Prática ............................................................................................................................................. 11

1.4 Adesão aos Cuidados e tratamento ..................................................................... 12

1.5. Apoio Psicossocial ............................................................................................... 13

1.5.2. Principais intervenientes no apoio psicossocial ............................................................... 18

1.5.3. Componentes de apoio psicossocial.................................................................................. 18

1.5.4. APSS, e adesão ao tratamento com enfoque no modelo cognitivo comportamental..... 25

CAPÍTULO II – METODOLOGIA DE PESQUISA ......................................................... 28

2.1. Tipo de investigação .................................................................................................................... 28

2.3. População, amostra e amostragem .......................................................................................... 30

2.4. Procedimentos de recolha de dados......................................................................................... 34

2.5. Procedimentos de análise de dados ......................................................................................... 35


CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ......................................... 36

3.2. Estatística Inferencial ................................................................................................................... 37

3.2.1. Adaptação do instrumento ................................................................................................... 37

3.3. Conhecimentos, atitudes e práticas sobre APSS ................................................ 40

3.4. Relação entre os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais .............................. 44

3.5. Análise dos resultados ........................................................................................... 46

4. Constatações e sugestões ........................................................................................ 51

5. Referências bibliografia ............................................................................................. 53


i

Lista de tabelas
Tabela 1: Estratificação da amostra por sexo ............................................................... 32

Tabela 2: Estratificação da amostra por idade .............................................................. 33

Tabela 3: Estratificação da amostra por escolaridade…………………………………… 37

Tabela 4: Divisão dos participantes por profissão ......................................................... 33

Tabela 5: Estatísticas de item-total ............................................................................... 38

Tabela 6: Estatísticas de item-total ............................................................................... 39

Tabela 7: Conhecimentos sobre apoio psicossocial ..................................................... 40

Tabela 8: Atitudes dos profissionais de saúde sobre APSS.......................................... 41

Tabela 9: Práticas dos profissionais de saúde sobre o APSS ....................................... 43

Tabela 10: Correlações entre as variáveis .................................................................... 44

Tabela 11: Comparação de médias das dimensões conhecimento, atitude e prática, em


função do sexo. ............................................................................................................. 45
ii

Epígrafe

"Somos o que pensamos. Tudo o que

somos surge com os nossos pensamentos.

Com nossos pensamentos, fazemos

o nosso mundo." (Buda)


iii

Lista de siglas e abreviaturas


APSS - Apoio Psicossocial

ALV - Associação de Luta pela Vida

CAP - Conhecimentos, Atitudes e Práticas

HGJM - Hospital Geral José Macamo

HIV - Vírus de Imunodeficiência Humana

IASC - Comitê Permanente Interinstitucional

MISAU - Ministério da Saúde

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização da Nações Unidas

ONUSIDA - Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/SIDA

SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Humana

SPSS - Pacote estatístico para as ciências sociais

UPM - Universidade Pedagógica de Maputo

WONCA - Organização Mundial e Médicos de Família


iv

Declaração de Honra

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das


orientações do meu supervisor, o conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, _____ de ______________________ de 2022

O Autor

________________________________

(Fenias Eugénio Nhabanga)


v

Agradecimentos
Primeiramente agradecer a Deus pai todo-poderoso criador do Céu e da terra, por me
ter mantido na trilha certa com saúde, durante o decurso da formação.

Gratidão a minha família pelo apoio incondicional, sem o qual talvez nada disso seria
possível.

Agradeço ao meu supervisor Mestre Domingos Credo Raúl Bié que apesar da sua
intensa rotina de trabalho se dispôs a me orientar nesta monografia, as suas valiosas
indicações fizeram toda a diferença.

Sou grato aos meus colegas que me ajudaram directa /indirectamente, e a todos que
tudo fizeram para que fosse possível alcançar esse objectivo.

Por último quero agradecer a Universidade Pedagógica de Maputo e todo o seu corpo
docente.

Obrigado.
vi

Resumo

O presente trabalho objetivou avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde
do Hospital Geral José Macamo em relação ao apoio psicossocial. O apoio psicossocial é definido como
um conjunto de intervenções que visam apoiar os pacientes com patologias crónicas, e seus familiares
no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da doença e melhoria da qualidade de vida. A
adesão aos cuidados e tratamento dos doentes crónicos é considerada uma dimensão crucial para os
serviços de saúde em todo o mundo. O Apoio Psicossocial (APSS) tem um papel fundamental, que é
garantir acções de suporte, monitoria da adesão e atendimento holístico aos doentes, sob o prisma
biopsicossocial. Daí a relevância do presente trabalho com o tema conhecimentos, atitude, e prática dos
trabalhadores de saúde do Hospital Geral José Macamo sobre o APSS. Para alcançar os objectivos
específicos propostos, recorreu-se à abordagem quali-quantitativa, e para a colheita dos dados recorreu-
se ao instrumento CAP-MOZ, e um questionário para entrevista com perguntas abertas. Os dados
quantitativos foram analisados com recurso ao programa estatístico Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS, versão 25), posteriorimente foram mixados com os dados qualitativos pela estratégia
de triangulação concomitante visando à determinação de convergências, diferenças e combinações. Os
resultados mostraram que os profissionais possuem conhecimentos e atitudes sobre APSS, a um nível
aceitável, apesar de nunca terem sido capacitados para o efeito. Os profissionais identificaram
positivamente também a maior parte das questões sobre práticas, no entanto, confirmou-se que poucos
registam as actividades sobre APSS nos livros e no diário clinico. Alguns profissionais não oferecem o
APSS porque não foram capacitados para o efeito, outros alegam carência de instrumentos para o
registo, e dos poucos que existem, todos estão virados para o programa de HIV/SIDA, e tuberculose, e
não abrem espaço para o registo doutras patologias.

Palavras-Chave: Conhecimentos; atitudes; práticas; Apoio psicossocial.


vii

Abstract

The present study aimed to evaluate the knowledge, attitudes and practices of health professionals at
Hospital Geral José Macamo in relation to psychosocial support. Psychosocial support is defined as a set
of interventions that aim to support patients with chronic pathologies and their families in the development
of strategies to cope with the disease and improve their quality of life. Adherence to the care and
treatment of the chronically ill is considered a crucial dimension for health services around the world.
Psychosocial Support (APSS) has a fundamental role, which is to guarantee support actions, monitoring
of adherence and holistic care for patients, from a biopsychosocial perspective. Hence the relevance of
the present work with the theme knowledge, attitude, and practice of health workers at the José Macamo
General Hospital on the APSS. To reach the proposed specific objectives, we used a qualitative-
quantitative approach, and for data collection we used the CAP-MOZ instrument, and a questionnaire for
interview with open questions. Quantitative data were analyzed using the statistical program Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS, version 25), later mixed with qualitative data by the concomitant
triangulation strategy aiming at the determination of convergences, differences and combinations. The
results showed that professionals have knowledge and attitudes about APSS at an acceptable level,
despite never having been trained for this purpose. Professionals also positively identified most of the
questions about practices, however, it was confirmed that few record the activities on APSS in the books
and in the clinical diary. Some professionals do not offer the APSS because they were not trained for this
purpose, others claim lack of instruments for registration, and of the few that exist, all are focused on the
HIV/AIDS and tuberculosis program, and do not make room for registration other pathologies.

Keywords: Knowledge; attitudes; practices; Psychosocial support.


1

Introdução
A adesão aos cuidados e tratamento dos doentes crónicos é considerada pela
Organização Mundial da Saúde uma dimensão crucial para os serviços de saúde em
todo o mundo (OMS, 2003). O Apoio Psicossocial (APSS) tem um papel fundamental
que é garantir acções de suporte, monitoria da adesão e atendimento holístico, sob o
prisma bio-Psico-sociocultural (IASC, 2017). SNOEK e SKINNER (2005) afirmam que a
adesão ao tratamento e às recomendações médicas tende a ser menor quando o
regime terapêutico é complexo, necessita ser mantido por um longo período de tempo,
condiciona mudanças no estilo de vida da pessoa, ou é desenvolvido tendo em vista a
prevenção da doença mais do que a sua própria cura.

Os desafios decorrentes dos factores psicossociais que afectam a retenção e adesão


permanente e contínua ao longo da vida dos pacientes em tratamento desperta para a
necessidade de inclusão de estratégias de apoio aos pacientes, de modo que os
mesmos se adaptem de forma mais natural possível a uma nova forma de viver a partir
do momento que tem o diagnóstico e se reconheçam como agentes principais da sua
própria saúde (MISAU, 2014). O serviço de apoio psicossocial é indispensável na vida
das pessoas que vivem com doenças, de modo que estes possam melhor aderir aos
cuidados de saúde, tratamento, e também a superar dificuldades ou barreiras
psicológicas, sociais nas suas vidas (NHS, 2014).

O presente trabalho tem como tema: Conhecimento, Atitudes e Práticas dos


Trabalhadores da Saúde no Hospital Geral José Macamo sobre o Apoio Psicossocial, e
para a sua efetivação optou-se por um estudo misto com recurso a um inquérito por
questionário e entrevista. Como objetivo geral, tencionamos avaliar a relação entre os
conhecimentos, atitudes e práticas que os trabalhadores do HGJM demonstram aos
doentes, em relação ao apoio psicossocial.

Quanto à estrutura, o trabalho encontra-se dividido em (4) capítulos, a saber: O


capítulo I, diz respeito a introdução, no qual constam a contextualização do problema
da pesquisa, os objetivos, a justificativa e as hipóteses.

O capítulo II é reservado à revisão da literatura, trazendo algumas abordagens teóricas


que sustentam o nosso estudo.
2

O capítulo III apresenta a metodologia usada para a realização do trabalho. No IV


capítulo faz-se a apresentação e análise dos dados recolhidos no Hospital, e por último
as conclusões e recomendações.

Problematização
O apoio psicossocial (APSS) enquadra-se nas abordagens de saúde, e sustenta-se na
necessidade de promover o desenvolvimento individual e social (OMS e WONCA,
2008). A organização mundial da saúde (2002) reconhece a importância do apoio
psicossocial, e insta as instâncias superiores da saúde a pautarem por intervenções
massivas em indivíduos vulneráveis ou em situações de crise, pois, assim se pode
evitar o desenvolvimento de sintomas graves, episódios de doença e impedir a
deterioração de doenças pré-existentes.

A OMS e a WONCA (2008) acrescentam ainda que, a intervenção precoce através da


APSS, é importante na prevenção do suicídio e no desenvolvimento de estratégias que
possibilitam ultrapassar experiências traumáticas nos indivíduos, de forma eficaz.
Muitos países têm-se esforçado em aplicar estas diretrizes através de práticas que
visam massificar o acesso ao APSS. Por exemplo, no Brasil, Profissionais de cuidados
primários realizam avaliações da saúde física, mental, incluindo a oferta do apoio
psicossocial á todos os pacientes (OMS e WONCA, 2008).

Ainda sobre as práticas do APSS no Brasil, as consultas têm sido conjuntas, com a
participação de especialistas de saúde mental, profissionais de cuidados primários e
pacientes, prática que assegura que os profissionais de cuidados primários adquiram
mais autoconfiança, competência, e independência em lidar com os problemas de
saúde mental dos seus pacientes e, tratam os utentes se forem capazes ou solicitem
avaliação e intervenção de uma equipa especializada em saúde mental, que faz visitas
regulares aos centros de saúde familiar.

Segundo MENDES (2012) o atendimento aos doentes crónicos é feito por uma equipe
da saúde, obedecendo as diretrizes da Atenção Primária á Saúde, onde o psicólogo
tem a função de desenvolver capacitações com a equipe multidisciplinar para o
acolhimento e escuta, promover educação em saúde, psicoeducação, aconselhamento,
entre outras actividades. Para o autor, as acitividades contínuas de APSS no Brasil,
3

garantem uma retenção aos cuidados e tratamentos de 70 % de pacientes


diagnosticados diabetes, 65% com doenças cancerígenas, 40 % com hipertensão.

No Reino Unido desenvolveu-se uma maneira inovadora do APSS que consiste em


cuidados primários holísticos que integram a saúde mental e necessidades de saúde
física, o que elevou a inclusão social e maior alcance de populações desfavorecidas
(e,g., imigrantes e pessoas sem-abrigo); a identificação precoce de doença e das
comórbidas; progresso significativo na ajuda a pacientes em reabilitação psicossocial; e
redução do estigma e inclusão social (OMS e WONCA, 2008). Com essa prática, o
reino unido tem 90% dos atendimentos resolvidos nas consultas integradas (NHS,
2014).

Na África do Sul, enfermeiros de cuidados primários gerais prestam serviços de saúde


mental básicos, incluindo o poio psicossocial no centro de cuidados primários (OMS e
WONCA, 2008), enquanto os enfermeiros especializados em saúde mental, psicólogos,
e médicos psiquiatras visitam os centros ocasionalmente para gerir casos complexos
ou providenciar supervisão aos enfermeiros de cuidados primários. Dados indicam que,
devido a essas práticas, o país tem uma prevalência de 4% nas diabetes, 21,7% no
cancro (15%), 11% na hipertensão, contudo, no que tange a retenção nas referidas
patologias, tem-se as seguintes percentagens, 2.9%, 18%, e 9 %, respetivamente
(MENDES, 2012).

Contrariamente a este entendimento mais inclusivo e massificador, em Moçambique, o


MISAU (2014) define o apoio psicossocial como sendo o conjunto de intervenções que
visam apoiar os pacientes com patologias crónicas (com maior enfâse para casos de
HIV) e seus familiares no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da doença
e melhoria da qualidade de vida. O APSS é oferecido, em grande parte, por psicólogos
clínicos, técnicos de psiquiatria, psiquiatras, conselheiros leigos, e activistas
comunitários, na maior parte das vezes os pacientes são encaminhados a esses
serviços por meio duma interconsulta, o que implica restrição na oferta do apoio
psicossocial aos vários indivíduos sugestivos. A fraca oferta do apoio psicossocial,
especificamente aos pacientes com doenças crónicas e indivíduos em situação de
vulnerabilidade, concorre ao risco de baixa adesão ou abandono aos cuidados e
tratamento, o que pode agravar o quadro clinico dos doentes, ou desencadear outras
4

patologias complexas. Estudos usando a metodologia da OMS em 2005 e 2015


mostram uma prevalência de 33.1% na hipertensão arterial em Moçambique, dos quais
apenas 16% dos indivíduos hipertensos tinham conhecimento prévio de sua doença e
somente 7% estavam em tratamento farmacológico. O mesmo relatório apresenta uma
prevalência de 7,4% nas diabetes e uma retenção aos cuidados e tratamentos na
percentagem de 3%, e apenas 4,2 tem conhecimento sobre a sua patologia. A
prevalência do cancro é de 15%, com uma retenção de 9 %, sendo que, a maioria são
os que apresentam sintomas ativos e/ou comorbidades.

Durante as aulas prácticas psicológicas II que realizou-se no Hospital Geral José


Macamo (HGJM), no período de 12 de agosto a 13 de Setembro de 2019, notamos que
o apoio psicossocial apenas se centra na prevenção, e adesão ao tratamento de HIV
/SIDA e tuberculose, excluindo assim boa parte das doenças crónicas. Olhando para a
experiencia do Brasil, Reino unido, e da África do Sul, parece-nos muito importante
uma oferta do APSS que abrange todos os doentes crónicos, pós, possibilita uma vida
saudável aos doentes e seus familiares, e garante a retenção aos cuidados e
tratamentos, evitando assim abandonos.

Este preceito é defendido por SNOEK e SKINNER (2005), quando afirmam que a
adesão ao tratamento e às recomendações médicas tende a ser menor quando o
regime terapêutico é complexo, necessita ser mantido por um longo período de tempo,
condiciona mudanças no estilo de vida da pessoa, ou é desenvolvido tendo em vista a
prevenção da doença mais do que a sua própria cura, por isso, é pertinente prover o
apoio social e emocional aos pacientes, pois poderá ser uma mais-valia no controlo e
gestão da doença crónica.

Paralelamente, a pesquisa de Leite e Vasconcelos (2003) citados por DIAS et al, 2011)
afirmam que, o abandono do tratamento está ligado à experiência do paciente com os
medicamentos e terapias, como crenças, convicções, expectativas, medos e
interferências religiosas, por isso, os profissionais de saúde devem compreender o
paciente e tentar ajudá-lo de acordo com sua realidade.
5

É no contexto da problemática acima arrolada que se desenvolve o presente trabalho


com o tema: "Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos Trabalhadores da Saúde no
Hospital Geral José Macamo sobre o Apoio Psicossocial".

Neste sentido, com vista a situar este fenómeno dentro da pesquisa, surge a seguinte
questão:

 Qual é a relação entre o nível de conhecimentos, atitudes e práticas dos


profissionais da saúde sobre o APSS?

Justificativa

O presente trabalho tem como tema Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos


Trabalhadores da Saúde no Hospital Geral José Macamo sobre o Apoio Psicossocial.

É um tema importante, pós aborda um desafio contemporâneo imposto pelas


mudanças actuais, e parece-nos que as abordagens que vigoram em Moçambique não
conseguem responde-lo com sucesso. O desafio referido está ligado ao surgimento,
reemergência e aumento da incidência de várias doenças crónicas a nível mundial,
especificamente em Moçambique, e a necessidade de manter os pacientes nos
cuidados e tratamentos hospitalares.

A pós-modernidade impõe às ciências médicas uma realidade que exige uma


abordagem biopsicosociocultural pra responder aos anseios dos doentes crónicos, que
recaem sobre a adesão aos cuidados e tratamentos. Considerando que, a adesão aos
cuidados e tratamentos hospitalares está diretamente ligada ao apoio psicológico e
social que os profissionais da saúde oferecem aos pacientes durante a visita na
unidade sanitária.

O interesse pelo tema decorre do facto de, durante as aulas prácticas no Hospital Geral
José Macamo (HGJM), ter-se notado algumas restrições na oferta do pacote de apoio
psicossocial, especificamente aos doentes crónicos.
6

Nesta senda, elaborou-se o presente trabalho que em parte contribuirá com um estudo
científico que irá consciencializar as unidades sanitárias, quiçá o Ministério da Saúde
sobre o ponto de situação do funcionamento do apoio psicossocial em Moçambique.

A nível da Universidade Pedagógica de Maputo, o estudo poderá contribuir como


referência bibliográfica a consultar, e abrirá um novo horizonte pra novas pesquisas.

Pra mim, este trabalho é de estrema importância, pois, pra além de servir como
monografia pra obtenção do grau de licenciatura em psicologia clinica, possibilitou me
uma grande aprendizagem.

Objectivos

Para a realização de um trabalho de pesquisa, é imperioso a formulação de objetivos


que irão nortear cada passo a se seguir, e da mesma forma apontar o nível de
desempenho, isto é, o grau de cumprimento das tarefas (LAKATOS e MARCONI,
2003). O presente trabalho não foge da regra, sendo que, a seguir encontram-se
patentes os objetivos (geral e específicos).

Geral

 Avaliar a relação entre os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais


da saúde no Hospital Geral José Macamo em relação ao apoio psicossocial.

Específicos

 Proceder a adaptação de um questionário de avaliação dos conhecimentos,


atitudes e praticas sobre o apoio psicossocial (CAP-APSS) ajustado a realidade
sociocultural moçambicana;

 Identificar os conhecimentos, as atitudes e práticas que os profissionais da


saúde têm em relação ao APSS;

 Descrever possível relação entre os conhecimentos, atitudes e práticas dos


profissionais.
7

Perguntas de pesquisa
1. Que conhecimentos, atitudes e práticas os profissionais da saúde têm em
relação ao APSS?

2. Qual é a relação entre as variáveis sociodemográficas (e.g., sexo..) com o nível


de conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da saúde em relação ao
APSS?

3. Como é que esses conhecimentos influenciam as atitudes e práticas em relação


ao APSS?
8

CAPITULO I - REVISÃO DA LITERATURA


No presente capítulo traz-se alguns conceitos apropriados para o estudo. A
apresentação dos conceitos visa essencialmente, clarificar as concepções teóricas
fundamentais, que permitam a compreensão das ideias-chave que corporizam esta
pesquisa.

Tomou-se como ponto de partida a conceituação dos termos conhecimento, atitudes, e


práticas, e seguiu-se com a abordagem doutros conceitos também considerados
fundamentais para a compreensão do estudo.

1.1. Conhecimento
O conceito de conhecimento é dinâmico e interativo e se refere a uma mistura fluida de
experiencia condensada, valores, informação conceitual e insight experimentado, a
qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências
e informações (CASTELEIRO, 2001). Para BOCK (2001), conhecimento é o conjunto
de informações que o individuo adquire por meio da sua experiência, aprendizagem,
crenças, valores e insight sobre algo no decorrer da sua trajetória. Por outro lado,
VARELA e MATURANA (2011) definem o conhecimento como reprodução sensível e
conceptual da realidade objetiva, natural e social, efectuada pelo cérebro humano.

Com base nos conceitos supracitados pode-se assumir que conhecimento é o conjunto
de informação armazenada por intermedio da experiencia ou da aprendizagem.

Ao analisar algumas teorias cognitivas em sua relação com a aprendizagem, nota-se


distintas concepções sobre a aquisição do conhecimento humano. A teoria de David
Ausubel foca a aprendizagem cognitiva e, como tal, propõe uma explicação teórica do
processo de aquisição do conhecimento (MOREIRA, 1999). Para Ausebel, a
aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação ancora-se em
conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz
(NUNES e SILVEIRA, 2015).

A ocorrência da aprendizagem significativa implica o crescimento e modificação do


conceito subsunçor, isto é, a partir de um conceito geral (já incorporado pelo aprendiz)
o conhecimento pode ser construído de modo a liga-lo com novos conceitos facilitando
a compreensão das novas informações, o que dá significado real ao conhecimento
9

adquirido (RICARDO, 2012). As ideias novas só podem ser aprendidas e retidas de


maneira útil caso se refiram a conceitos e proposições já disponíveis, que
proporcionam as âncoras conceituais (SALVADOR e CESAR, 2000).

Em suma, pode-se assumir que, para a teoria cognitiva de Ausubel, a assimilação de


conhecimentos ocorre sempre que uma nova informação interage com a outra
existente na estrutura cognitiva.

Por outro lado, Jean Piaget não considera o processo cognitivo consequência da soma
de pequenas aprendizagens pontuais, mas sim um processo de equilibração desses
conhecimentos, assim, a aprendizagem seria produzida quando ocorresse um
desequilíbrio ou conflito cognitivo (NUNES e SILVEIRA, 2015). A teoria de Piaget tem
enfâse no desenvolvimento cognitivo, e na sua perspectiva, considera que só há
aprendizagem (aumento de conhecimento), quando o esquema de assimilação sofre
acomodação (RICARDO, 2012).

Antes de prosseguir com a definição dos termos assimilação e acomodação, é


interessante introduzir um novo conceito que é amplamente utilizado nessa teoria. A
esse novo conceito, Piaget designou esquema. MOREIRA (1999) define os esquemas
como estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se
adaptam e organizam o meio. Assim sendo, para o autor os esquemas são tratados,
não como objetos reais, mas como conjuntos de processos dentro do sistema nervoso,
e não são observáveis, são inferidos e, portanto, são constructos hipotéticos.

Na afirmação de SOUZA (2015) os esquemas são vistos como estruturas intelectuais


que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados
em grupos, de acordo com características comuns. Assim, para o autor, os esquemas
são utilizados para processar e identificar a entrada de estímulos, e graças a isto o
organismo está apto a diferencia-los, ou generalizá-los, exemplo, uma criança
apresenta um certo número de esquemas, que poderíamos compará-los como fichas
de um arquivo, e que ao perceber um estímulo, essa criança tenta armazena-lo em um
esquema disponível. Segundo VARELA e MATURANA (2011) a assimilação é o
processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual,
motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias, ou seja, quando a criança tem
10

novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar
esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possuí.

MOREIRA (1999) define a acomodação como modificação dos esquemas de


assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) aos quais se aplicam. A
acomodação acontece quando o individuo não consegue assimilar um novo estímulo,
ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função
das suas particularidades (RICARDO 2012). Assim, o autor considera que, diante deste
conflito, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema
existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva.

Com base nas teoria de Ausubel e Piaget pode-se assumir que para existir
conhecimento, três fatores são fundamentais: a existência de um sujeito conhecedor;
um objeto a ser conhecido (a realidade, o mundo); e a relação entre estes dois
elementos.

1.2. Atitude
De acordo com NETO (2007) o termo atitude deriva da palavra latina “aptitudo” que
significa a disposição natural para realizar determinadas tarefas. O autor acrescenta
que, na antiguidade, a atitude designava uma posição corporal, e tal significação era
susceptível de ser compreendida pelas outras pessoas. Contudo, Nerí e Jorge (2006)
afirmam que, o termo atitude entrou na linguagem corrente para se referir já não tanto a
uma postura corporal, mas sim ao estado mental.

Thomas e Znanieki (1918), citados por NETO (2007) utilizam o termo atitude para
referir o sentimento que as pessoas dirigem para algum objecto. Para BENNETT e
MURPHY (1999) as atitudes são gostos e aversões, frequentemente expressos como
declarações de opinião, e apontam duas componentes que a compõem: uma crença
relativamente a um objecto, comportamento ou resultado comportamental e um
componente de avaliação que envolve uma apreciação da crença em termos do seu
valor para o individuo. RIBEIRO (1998) define a atitude como uma disposição interna
do individuo face a um elemento do mundo social, problema da sociedade, e que
orienta a conduta em presença real ou simbólica do tal elemento.
11

1.2.1. Modelos de atitudes


Para o Modelo tripartido clássico de Rosenberg e Hovland (1968), citados por NETO
(2007), a atitude é uma disposição que resulta da organização de 3 componentes, a
saber:

a) Componente cognitivo – implica um conjunto de crenças e opiniões relativas a


um objecto (exemplo: uma pessoa pode considerar o aborto um crime);

b) Componente afectivo – refere-se aos sentimentos subjectivos e às respostas


fisiológicas que acompanham uma atitude (exemplo: a pessoa que partilha desta
crença não gosta tão pouco de ouvir falar sobre o aborto, pois fá-la sentir-se
mal);

c) Componente comportamental – diz respeito ao processo mental e físico que


prepara o indivíduo a agir de determinada maneira (exemplo: a esta atitude, as
pessoas participam em campanhas contra o aborto e tentam convencer e
aconselhar a que ninguém pratique o aborto).

Podemos assumir que as atitudes são crenças ou informações convictas que o


indivíduo tem perante a um determinado aspecto, que estão em torno da cognição, da
afectividade e do comportamento do indivíduo.

1.3. Prática
Ainda na ordem da conceituação, iremos definir o termo práctica, tendo como base, a
visão de dois autores, e como regra, no fim iremos tecer alguns comentários em
relação aos conceitos. Para CASTELEIRO (2001), prática refere-se ao modo de fazer
as coisas, como um hábito ou costume, bem como a técnica ou destreza que alguém
possui na realização de algo. O Dicionário da língua portuguesa (2013), define a
práctica como um acto ou efeito de practicar, acção, execução, realização de
exercícios, execução rotineira duma actividade, capacidade, advinha de experiencia de
fazer algo com perfeição, perícia, técnica, hábito, maneira usual de fazer algo ou agir.
12

1.4. Adesão aos Cuidados e tratamento


Segundo a organização Mundial da Saúde (2003) adesão ao tratamento significa a
medida com que o comportamento duma pessoa corresponde às recomendações de
um profissional da saúde.

No campo da saúde, adesão corresponde ao grau de seguimento dos pacientes à


orientação médica Fletcher et al (2001) citado por SILVEIRA e RIBEIRO (2005), e
relaciona-se à maneira como o indivíduo vivencia e enfrenta o adoecimento. Segundo
Botega (1998) citado por SILVEIRA e RIBEIRO (2005) deve-se conceber adesão ao
tratamento como um processo, com três componentes principais: a noção de doença
que possui o paciente, a ideia de cura ou de melhora que se forma em sua mente, o
lugar do médico no imaginário do doente. Já, segundo SILVEIRA e RIBEIRO (2005),
pode-se entender adesão ao tratamento como um processo multifatorial que se
estrutura em uma parceria entre quem cuida e quem é cuidado; diz respeito, à
frequência, à constância e à perseverança na relação com o cuidado em busca da
saúde. Sendo assim, o vínculo entre profissional e paciente é fator estruturante e de
consolidação do processo. Nesta perspectiva, adesão ao tratamento inclui fatores
terapêuticos e educativos relacionados aos pacientes, envolvendo aspectos ligados ao
reconhecimento e à aceitação de suas condições de saúde, a uma adaptação ativa a
estas condições, à identificação de fatores de risco no estilo de vida, ao cultivo de
hábitos e atitudes promotores de qualidade de vida e ao desenvolvimento da
consciência para o autocuidado. Consideram, também, fatores relacionados aos
profissionais, comportando ações de saúde centradas na pessoa e não exclusivamente
nos procedimentos, que aliam orientação, informação, adequação dos esquemas
terapêuticos ao estilo de vida do paciente, esclarecimentos, suporte social e emocional.

Conforme os conceitos acima citados, pode-se assumir que a adesão corresponde à


concordância entre a prescrição médica e a conduta do paciente, e compreende
valores e crenças, além de aspectos relacionados à doença e ao seu tratamento. É
percetível também que, o paciente assume maior responsabilidade no que diz respeito
à adesão aos cuidados e tratamento, comparado com o pessoal da saúde.
13

1.5. Apoio Psicossocial


O termo psicossocial refere-se à relação dinâmica entre aspetos psicológicos
relacionados com a experiência de cada pessoa (ou seja, pensamentos, emoções e
comportamentos) e a sua experiência social mais ampla (ou seja, relacionamentos,
família e redes comunitárias, valores sociais, e práticas culturais), em que uma
influencia a outra (BRITO, 2015). Para este autor, o termo psicossocial baseia-se no
princípio de que há uma combinação de fatores responsável pelo bem-estar
psicossocial das pessoas, e de que os aspetos biológicos, emocionais, espirituais,
culturais, sociais, mentais e materiais da experiência não podem ser separados. No
entendimento de PAIVA (2013) o termo psicossocial descreve uma constelação de
necessidades sociais, emocionais e de saúde mental e o cuidado oferecido para
atendê-las.

Numa tentativa de definição de apoio psicossocial, Thoits (1985) citado por BÁRRON
(1996) mencionou que este geralmente consiste no grau em que as necessidades
psicológicas e sociais básicas do indivíduo (de afiliação, afecto, pertença, identidade,
segurança e aprovação) são satisfeitas através da interacção com os outros. Para este
autor estas necessidades podem ser satisfeitas através de ajuda socio-emocional (p.
ex. afecto, simpatia, compreensão, aconselhamento etc.). Para LIN et al. (1986) o
apoio Psicossocial pode descrever-se como um processo facilitador da resiliência nos
indivíduos, famílias e comunidades, respeitando a sua independência, dignidade e
mecanismos de defesa. No âmbito hospitalar, o apoio psicossocial é definido como
conjunto de intervenções que visam apoiar os pacientes com patologias crónicas e os
seus familiares no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da doença e
melhoria da qualidade de vida (MISAU, 2014). Com base no exposto, podemos definir
o apoio psicossocial como acções que respondem às necessidades sociais e/ou
psicológicas de indivíduos, famílias e comunidades.

O APSS tem como objetivo ajudar à recuperação de indivíduos depois de uma crise
que tenha interrompido as suas vidas, e reforçar a sua capacidade de recuperação e
de regresso à normalidade depois de experimentar adversidades decorrentes dessa
crise (IASC, 2017). A entidade citada defende que, o APSS não se concentra
exclusivamente nos aspetos físicos ou psicológicos da saúde e bem-estar, mas sim,
14

enfatiza a totalidade da experiência das pessoas e salienta a necessidade de se


analisar estas questões no contexto das redes familiares e comunitárias em que
ocorrem.Alguns estudos apontam apoio psicossocial como uma das estratégias
capazes de proteger os sujeitos e grupos sociais dos agravos físicos e emocionais
causados pelos eventos de vida estressantes (CASSEL, 1976; GOTTLIEB, 1985;
MINKLER, 1992).

O apoio psicossocial demostra-se importante na promoção da saúde e nos programas


de prevenção de doença, reabilitação e tratamento. Através da troca, do apoio mútuo e
da solidariedade, o apoio social contribui para fortalecer a autoestima, desenvolver uma
maior percepção de si próprio e do seu entorno e favorecer mudanças emocionais e
comportamentais (COHEN e SYME, 1985).

1.5.1. Conceitos relevantes no Apoio psicossocial

O apoio psicossocial integra vários conceitos relacionados e importantes para o seu


funcionamento, e que a seguir passamos a descrever.

i. Apoio Psicológico
Há diversas formas de definir o apoio psicológico, desde a adoção de referenciais
generalistas que focam na explicitação do processo sem menção direta a abordagens
psicológicas, até mesmo de posicionamentos que partem exclusivamente de uma dada
abordagem teórica para explicitar o que se concebe como apoio psicológico.

Apoio psicológico é uma estratégia que visa a ajudar as pessoas a planejar, tomar
decisões, lidar com a rotina de pressões e crescer, com a finalidade de adquirir uma
autoconfiança positiva. Pode ser considerada uma relação de ajuda que envolve
alguém que busca auxílio, alguém disposto a ajudar e apto para essa tarefa, em uma
situação que possibilite esse dar e receber apoio (HACKNEY e NYE, 1977).

Scheeffer (1980) define o apoio psicológico como uma relação face a face de duas
pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional,
profissional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais.

Ainda em termos das abordagens genéricas acerca do apoio psicológico, é


compreendido por PATTERSON e EISENBERG (1988) como um processo interativo,
15

caracterizado por uma relação única entre conselheiro e cliente, que leva este último a
mudanças em uma ou mais das seguintes áreas: comportamento, construtos pessoais,
capacidade para ser bem-sucedido nas situações da vida ou conhecimento e
habilidade para a tomada de decisão.

No que tange às definições mais diretamente relacionadas a abordagens psicológicas


específicas, SANTOS (1982), teórico cujo pensamento esteve fortemente alinhado à
abordagem centrada na pessoa, define o apoio psicológico como o processo de indicar
caminhos, direções e de procedimentos ou de criar condições para que a pessoa faça,
ela própria, o julgamento das alternativas e formule suas opções.

ii. Apoio Social


O apoio social é definido como uma teia de relações sociais que circunda os diversos
indivíduos conectados pelos laços ou vínculos sociais, propiciando que os recursos de
apoio fluam através desses vínculos (BOWLING, 1994). Desse modo, o apoio social
pode ser fornecido através do contato entre sujeitos que não necessariamente fazem
parte de uma rede, como por exemplo a relação entre profissionais da saúde e
pacientes, ou pelos membros da rede social.

Por outro lado, para VALLA, (1998) apoio social refere-se a qualquer informação,
falada ou não, e/ ou auxílio material, oferecidos por grupos e/ ou pessoas, com as
quais teríamos contatos sistemáticos, que resultam em efeitos emocionais e/ ou
comportamentos positivos. Trata-se de um processo recíproco, que gera efeitos
positivos para o sujeito que recebe, como também para quem oferece o apoio,
permitindo que ambos tenham mais sentido de controlo sobre suas vidas.

O conceito do apoio social fornece novo aporte teórico para a discussão do papel dos
factores psicossociais no processo de saúde-doença, ao identificar que estes factores
podem afectar a saúde e bem-estar ao romper com as relações sociais existentes.
Nesse sentido, o conceito de apoio social ajuda a integrar as diversas teorias
psicológicas e sociais existentes na literatura (COHEN e SYME, 1985).
16

iii. Resiliência
Um dos conceitos relacionado e que se sobrepõe ao Apoio Psicossocial é o de
Resiliência. No campo da saúde, o termo resiliência foi relacionado à capacidade de
regeneração, adaptação e flexibilidade frente a situações consideradas de alto risco
para patologias (SOUZA e CERVENY, 2006).

Nas ciências humanas, como a psicologia, a resiliência, segundo BARLACH, LIMONGI-


FRANÇA E MALVEZZI (2008), se refere à habilidade do indivíduo de construir ou
reconstruir a si próprio a partir da experiência com adversidades, mesmo quando se
encontrando em um ambiente desfavorável.

BRITO (2015) define a resiliência como a capacidade de adaptação de um sistema,


comunidade ou indivíduo, potencialmente, exposto a riscos. Esta adaptação significa
resistir ou mudar, a fim de atingir e manter um nível aceitável de funcionamento e
estrutura. Na opinião de SOUZA E CERVENY (2006) a resiliência depende de
mecanismos de defesa e competências de vida tais como, a resolução de problemas, a
capacidade de procurar apoio, motivação, otimismo, fé, perseverança e desenvoltura.
Afirma, ainda, o autor que, a resiliência acontece quando os fatores de proteção que
sustentam o bem-estar são mais fortes do que os fatores de risco que causam danos.

O conceito de resiliência é dinâmico e interativo e se refere a uma resposta psicológica


positiva mesmo frente a experiências de sério risco (RUTTER, 2013). Bowes e Jaffee
(2013) enfatizam também a importância da compreensão dos mecanismos genéticos e
biológicos, ainda não totalmente esclarecidos, que podem estar na base do modo como
cada indivíduo lida com os estressores. De acordo com o MISAU (2014) as atividades
que promovem o APSS podem contribuir para a resiliência promovendo as
competências-chave que apoiam o bem-estar e os resultados de aprendizagem (isto é
atitudes, comportamentos e relações) e que, por sua vez, permitem que indivíduos, e
os sistemas educativos, dos quais fazem parte, consigam gerir e ultrapassar as
adversidades.

iv. Bem-estar psicossocial


Para conceituar o bem-estar psicológico, pode-se recorrer à Organização Mundial da
Saúde (2002), que define a saúde mental como um estado de completo bem-estar
17

físico, mental e social, e não somente a ausência de doenças ou enfermidades. Por


outro lado a Organização das Nações Unidas (1968), define o bem-estar social como
um estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
determinados males sociais.

Catarino Oliveira, Ana Torres, e Eduardo Albuquerque (2009) citados por PINQUART E
SORENSEN (2000), trazem uma definição sobre o bem-estar psicossocial que
praticamente agrega os conceitos supracitados (conceito da OMS e ONU), e definem-
no como avaliação positiva da vida de uma pessoa, associada com os sentimentos
bons, e envolvendo a boa relação com diversos aspectos quotidianos, como o status
socioeconómico e uma rede de apoio social.

A IFRC Centro de Referencia para Apoio Psicossocial (2009) aponta os seguintes


domínios como fundamentais para o bem-estar psicossocial de indivíduos e
comunidades:

 Capacidade humana: refere-se à saúde física e mental, bem como aos


conhecimentos, capacidades e competências do indivíduo.

 Ecologia Social: diz respeito a ligações e apoio social, incluindo


relacionamentos, redes sociais, e sistemas de apoio do indivíduo na
comunidade. As relações coesas que estimulam o equilíbrio social são
fundamentais para a saúde mental e o bem-estar psicossocial.

 Cultura e valores: refere-se ao contexto e cultura das comunidades, que


influenciam a forma como as pessoas experimentam, entendem e respondem no
seu ambiente específico. Quer os sistemas, cultura ou valores influenciam
aspetos individuais e sociais no comportamento das pessoas e têm um papel
importante na determinação do bem-estar psicossocial.

v. Vulnerabilidade Psicossocial
A vulnerabilidade é a condição interna de um individuo ou grupo, inerente e/ou
adquirida, que diante de uma ameaça ou evento traumático, gera um dano (RIBEIRO,
1998). Na afirmação do IASC (2017) quando eventos traumáticos acontecem, nem
todos os sujeitos envolvidos desenvolvem problemas psicológicos significativos,
18

algumas pessoas mostram resiliência, que é a capacidade de lidar relativamente bem


com situações de adversidade. A entidade defende ainda que, existem diversos
factores sociais, psicológicos e biológicos que interagem e influenciam as pessoas a
desenvolverem problemas psicológicos ou a mostrar resiliência diante das
adversidades.

1.5.2. Principais intervenientes no apoio psicossocial


Segundo o MISAU (2014) o bem-estar dos indivíduos está intimamente ligado às
pessoas mais importantes nas suas vidas, como seus pais, irmãos, irmãs, família
alargada, amigos e amigas, profissionais da saúde, professores, líderes religiosos e
outros. Estas relações são proteções essenciais de pessoas afetados por um desastre,
ou que estejam em situações de crise emocional.

Para o MISAU (2014), a nível hospitalar, o apoio psicossocial pode ser oferecido por
qualquer provedor de saúde devidamente treinado, o que significa que, se dispensa a
área de formação. Portanto, todos os profissionais abaixo mencionados, entre outros,
podem oferecer o pacote de APSS.

 Médico (Generalista e especialista);


 Psicólogo;
 Terapeuta;
 Técnico de medicina;
 Técnico de psiquiatria;
 Assistente psicossocial;
 Técnicos de laboratório
 Farmacêuticos
 Enfermeiro; etc.

1.5.3. Componentes de apoio psicossocial


O Ministério da Saúde em Moçambique (2014) identifica três componentes de apoio
psicossocial, a saber:

 Educativa
 Aconselhamento
19

 Avaliação de risco
i. Componente Educativa

O fim da acção educativa é desenvolver no indivíduo e no grupo a capacidade de


analisar criticamente a sua realidade, decidir acções conjuntas para resolver problemas
e modificar situações (IASC (2017).

De acordo com TEIXEIRA (1996) a actividade educativa não é um processo de


condicionamento para que as pessoas aceitem, sem perguntar, as orientações que
lhes são passadas. O autor afirma, ainda, que, a simples informação ou divulgação ou
transmissão de conhecimento, de como ter saúde ou evitar uma doença, por si só, não
vai contribuir para que as pessoas sejam mais sadias e nem é factor que possa
contribuir para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida. Para
ARAÚJO E CARDOSO (2007) as mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por
saúde ocorrem quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saúde
participam. Ainda na opinião dos autores, a discussão, a reflexão crítica, a partir de um
dado conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências, permitem que
se chegue a uma concepção mais elaborada acerca do que determina a existência de
uma doença e como resolver os problemas para modificar aquela realidade.

No processo de educação, existem dois saberes: o saber técnico e o saber popular,


distintos mas não essencialmente opostos, e que a educação, como processo social,
exigirá o confronto e a superação desses dois saberes (MARTINS, 1996).

Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular que chega a ser


considerável, embora, a este falte uma sistematização coletiva, contudo, nem por isso
é destituído de validez e importância (ARAÚJO E CARDOSO, 2007). Para os autores
citados, o saber popular é o ponto de partida e sua transformação, mediante o apoio do
saber técnico-científico, pode constituir-se num processo educativo.

Segundo o MISAU (2014) o conteúdo educativo deste processo de encontro e


confronto não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. Portanto, para o
MISAU, o confronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é o
próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber técnico, enquanto
instrumento do próprio processo.
20

A acção educativa não implica somente na transformação do saber, mas também na


transformação dos sujeitos do processo, tanto dos técnicos quanto da população
(TEIXEIRA, 1996). Um dos elementos essências no apoio psicossocial é a
comunicação. É por via da comunicação que o processo educativo se efetiva, portanto,
ela é tida como uma das ferramentas chave (HENRIQUES, 2004).

CASTELEIRO (2001) define comunicação como transmissão de informações, ideias,


emoções e habilidades por meio de símbolos, palavras, imagens, figuras, gráficos e
gestos. Comunicação Interpessoal é o intercâmbio de informações ou sentimentos, de
forma verbal ou não, entre indivíduos ou grupos que pressupõe uma troca de
informações entre duas ou mais pessoas (FORTIN, 2000). Comunicação em saúde diz
respeito ao estudo e utilização de estratégias de comunicação para informar e para
influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a
sua saúde (MISAU, 2014).

A comunicação em saúde, especificamente no APSS, é muito importante, pois,


influencia significativamente a adaptação psicológica à doença e os comportamentos
de adesão medicamentosa e comportamental (ARAÚJO E CARDOSO, 2007). Os
processos de adaptação psicológica à doença podem ser influenciados positiva ou
negativamente pela comunicação entre o utente e o provedor. Essa premissa confirma-
se no estudo de BRITO (2015) que afirma o seguinte, quando uma pessoa adoece e
procura ajuda num serviço de saúde, o controlo do stresse ligado ao adoecer pode ser
influenciado positivamente pela transmissão de informação adequada (formatada ou
personalizada) às necessidades daquela pessoa naquele momento, o que influencia,
por seu turno, o modo como se confronta com os sintomas da doença e se relaciona
com os próprios profissionais.

Segundo STEIN e FRANKEL (2005) as dificuldades de comunicação entre provedores


e utentes podem ter a ver com três aspectos fundamentais:

 Transmissão de informação pelos provedores;


 Atitudes dos provedores e dos utentes em relação à comunicação;
 Comunicação afetiva dos provedores;
 Literacia de saúde dos utentes.
21

A informação em saúde necessita de ser clara, compreensível, recordável, credível,


consistente ao longo do tempo, baseada na evidência e personalizada (TEIXEIRA,
1996). Para o autor, a personalização, neste contexto, significa que a informação é
adaptada ao nível cultural e do estilo cognitivo do utente. Na ponto de vista de Teixeira,
a personalização da informação em saúde permite economizar tempo, aumentar a
satisfação dos utentes e facilitar a sua intenção de virem a adoptar os comportamentos
esperados.

De acordo com FORTIN (2000) as atitudes negativas e desfavoráveis dos provedores


de APSS e dos utentes em relação à comunicação podem conduzir a problemas
comunicacionais relativos à sua interacção. Para o autor, os problemas surgem quando
os provedores encorajam pouco as perguntas por parte dos utentes, tendem a falar
mais do que a ouvir, não se interessam por conhecer qual a perspectiva do utente nem
as suas preocupações e expectativas.

MARTINS (1996) defende que, quando a participação activa tem efeito positivo na
recepção da comunicação, confere maior percepção de controlo e, portanto, menos
stresse e menor ansiedade.

ARAÚJO e CARDOSO (2007) defendem que, os problemas de comunicação na


relação entre os provedores e os utentes podem relacionar-se com os processos de
comunicação afectiva do provedor, em particular quando ocorrem:

 Distanciamento afectivo, relacionado com o evitamento de temas difíceis da


doença grave, ameaçadora ou terminal ou de resultados positivos de exames
que se realizaram;
 Desinteresse pelas preocupações do utente;
 Dificuldade em funcionar como fonte de apoio emocional e de transmissão de
segurança.
Para TEIXEIRA (1996). A literacia de saúde é a capacidade para ler, compreender e
lidar com informação de saúde, tendo em conta que há desigualdades de
oportunidades em relação à comunicação em saúde para indivíduos com estatuto
socioeconómico e nível educacional baixo. O autor citado, define a baixa literacia de
saúde como dificuldade em compreender qual é o seu estado de saúde e quais são as
22

necessidades de mudança de comportamentos, planos de tratamentos e de


autocuidados.

MONTORO e BULCÃO (2007) identificam as seguintes consequências que surgem


devido a problemas na comunicação entre os técnicos de saúde e os utentes.

 Insatisfação dos utentes com a qualidade dos cuidados de saúde;


 Erros de avaliação, porque não se identificam queixas relacionadas com crises
pessoais, dificuldades de adaptação e/ou psicopatologia e focaliza-se no
primeiro problema apresentado, que nem sempre é o mais importante;
 Comportamentos de adesão mais insatisfatórios;
 Mais dificuldades no confronto e adaptação à doença por não saber o que fazer
(incerteza), ter recebido informação contraditória (ambiguidade) ou até por se
sentir incompreendido;
 Comportamentos inadequados de procura de cuidados, quer procura excessiva
e/ou recorrente dos serviços de saúde quer procura alternativa.
Podemos afirmar que, as dificuldades relacionadas com a transmissão de informação e
com atitudes inadequadas dos técnicos em relação à comunicação podem resultar em
comportamentos de adesão insatisfatórios em relação a adopção de condutas
saudáveis, realização de exames de rastreio e de diagnóstico, tratamentos
medicamentosos, desenvolvimento de autocuidado, realização de outras consultas e
adesão a medidas de reabilitação.

ii. Aconselhamento
O aconselhamento é uma componente de apoio psicossocial voltada para acção
educativa, preventiva ou profilática e situacional (IASC, 2017). Ainda pra esta entidade,
o foco do aconselhamento é facilitar o processo de escolhas do paciente, e não
necessariamente escolher pelo paciente, sendo esse aspecto que o diferencia com a
oferta de conselhos.

O MISAU (2014) define aconselhamento como processo de escuta activa, centrado na


realidade e nas necessidades do utente, pressupondo a capacidade de estabelecer
uma relação de confiança entre o provedor e o paciente. Para TRINDADE E TEIXEIRA
(2000) aconselhamento é o processo pelo qual se dá a oportunidade de os clientes
23

explorarem preocupações pessoais, ampliando a capacidade de tomar consciência e


das possibilidades de escolha. O aconselhamento auxilia a pessoa a lidar com as
questões emocionais decorrentes do seu problema de saúde, provê informações sobre
a doença, esclarecendo de forma mais personalizada e encorajando o cliente a
verbalizar suas dúvidas e receios, e desenvolve a capacidade pessoal do usuário para
reconhecer situações de risco e tomar decisões sobre as opções de prevenção mais
convenientes para si (MISAU, 2014).

O aconselhamento se pauta em uma relação de confiança entre profissional e cliente e


se estabelece por meio de uma atitude de escuta e de uma comunicação clara e
objetiva. Trata-se de uma relação interpessoal, orientada para o apoio de ordem
emocional e a transmissão de conteúdos informativos e preventivos de maneira a
serem apropriados e gerenciados por cada utente segundo suas vivências e
singularidade (MISAU, 2014).

O processo de aconselhamento possui determinadas etapas nas quais algumas tarefas


estão presentes e contribuem para uma intervenção bem-sucedida. As etapas do
aconselhamento podem variar segundo algumas abordagens, porém, TRINDADE e
TEIXEIRA (2000) apontam as seguintes fases:

a) Identificar e analisar problemas específicos


Esta fase influencia sobremaneira a condução do relacionamento entre utente e
o provedor, pois caracteriza a formação do vínculo. Empatia, autenticidade,
considerações positivas, incondicionalidade e concreção, são atributos
importantes na qualidade do encontro. O provedor deve estar preparado para
captar o estado emocional do utente (ansiedade, nervosismo, insatisfação)
declarado verbalmente ou por meio de gestos, posturas, movimentos do corpo,
expressões faciais, qualidade da voz e o silêncio. O profissional deve, antes de
tudo, saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente favorável para a
construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de ações pelo
utente.
b) Ampliar a compreensão da pessoa acerca do problema
Esta etapa deve, basicamente, servir para encorajar o utente para a formação
de insight, favorecendo uma condição de discernimento e tentativa de discussão
24

sobre os problemas. O provedor precisa estar preparado para enfrentar os


obstáculos que poderão bloquear a articulação das ideias pelo utente, visto que
este, muitas vezes, poderá transferir-se para um campo imaginário no qual
moldará no conselheiro uma figura de autoridade revelando, desta maneira, os
modelos frustrados de atendimento, pré-existentes em si. Para que tal situação
não perdure, é imprescindível que o profissional, durante o atendimento, seja
sensível para perceber a necessidade que o utente tem de ser encorajado, a fim
de poder desvelar e ampliar os temas relacionados ao problema. Para uma
ajuda efetiva, o provedor precisa compartilhar as experiências apontadas pelo
utente, expandindo os conceitos revelados. Várias técnicas podem ser
utilizadas, no intuito de facilitar a abordagem ao tema: questões fechadas (que
normalmente são limitadas e não permitem exploração do tema), questões
abertas (que estimulam respostas mais longas e reflexivas), uso de diretivas
(incentivos utilizados pelo profissional quando o utente não formula a ideia), uso
de estímulos (habilidades não verbais que indicam atenção e compreensão) e
escuta efetiva. Estas técnicas têm como objetivo principal direcionar a interação
de forma a problematizar o cotidiano do cliente.
c) Preparação para a acção
Este estágio pode causar certa ansiedade no cliente que não está acostumado a
aventar estratégias próprias para solucionar seus problemas. Algumas barreiras
devem ser rompidas, a fim de que o cliente tome decisões quanto a como
realizar os objetivos e acções. A existência de um feedback autêntico, por meio
de elogios, pode ser um elemento constitutivo da boa relação provedor-utente.
Como resultado final do aconselhamento, o utente fará planos para corrigir o
problema, lembrando que as duas primeiras fases foram interrogativas para ele.
Esta etapa de formulação da solução pode exigir tempo, disciplina e paciência. É
importante ressaltar a necessidade de uma avaliação conjunta, pelo provedor e
pelo utente, das estratégias selecionadas para enfrentar os problemas, dos
resultados obtidos e das mudanças conjunturais.
Em suma, essa fase é um momento de tomada de decisão e acção onde o
cliente considera as ações possíveis e escolhe uma, para colocar à prova, e o
25

conselheiro apoia a experimentação de novos comportamentos e ajuda a avaliar


a eficácia deles.
Alcançar essas três fases indica que o utente, possivelmente, encontrou estratégias
para solucionar seu problema; no entanto, isso só será constatado a partir de encontros
sucessivos com o profissional, nos quais este avaliará as mudanças no pensar, no
sentir e no agir do cliente, podendo ainda haver necessidade de retomarem as etapas
anteriores na discussão de questões ainda não problematizadas (TRINDADE E
TEIXEIRA, 2000).

iii. Avaliação de risco


De acordo com o MISAU (2014), avaliação é o processo de análise da informação
colhida periodicamente sobre as actividades caracteristicas, e resultados do programa
respondendo aos objectivos, fazendo a comparação de resultados para a descrição de
como esses objectivos foram alcançados.

Segundo TRINDADE e TEIXEIRA (2000) nessa componente avalia-se a eficácia ou


não do apoio psicossocial oferecido ao utente. O provedor analisa minuciosamente a
actual situação do utente, e faz a comparação com o estado anterior, antes da
intervenção. Os autores acrescentam que, nessa etapa, avalia-se também, os factores
que podem influenciar negativamente na evolução positiva do quadro do paciente,
exemplo, a falta de suporte familiar, dificuldades financeiras, alimentares etc.

A avaliação de risco é um processo contínuo, e é aplicado em todas as componentes


do APSS, no sentido de monitorar o sucesso e identificar a presença ou não de
fracassos (MISAU, 2014).

1.5.4. Apoio psicossocial, e adesão aos cuidados e tratamento hospitalar


com enfoque no modelo cognitivo comportamental
Os modelos teóricos cognitivo-comportamentais são, por definição, a base do que se
considera atualmente a Psicologia da Saúde, uma área da Psicologia que se preocupa
com os processos de saúde-doença nos diferentes níveis de atenção (MATARAZZO,
1980).
26

Nessa perspectiva, a cognição é um dos fatores essenciais na compreensão da saúde


e da doença, pois a maneira como o indivíduo lida com uma experiência estressante
diz respeito a forma como tal evento será avaliado e interpretado (Montgomery, 2004)

Além disso, a mudança do comportamento humano, questão que tem sido foco da
Psicologia por muitas décadas, também possui relevância na Psicologia da Saúde, ao
contribuir na promoção da saúde dos cidadãos (MATARAZZO, 1980).

Os modelos ou teorias comportamentais tentam entender e explicar aspectos


cognitivos e comportamentais que contribuem para a saúde e a doença (MARKS,
2016), enfatizando que as pessoas são processadoras de informação e, portanto,
nossas crenças e cognições estão diretamente relacionadas com a forma como
lidamos com nossos comportamentos em saúde a partir de uma visão sociocognitiva
(BRITO et al., 2018). De maneira geral, a abordagem Cognitivo-Comportamental
aplicada aos processos saúde-doença compreende que não são os factos em si que
implicam em sofrimento psicológico, mas a maneira como as pessoas interpretam os
fatos (BECK, 2013; BRITO et al., 2018).

Diante de uma situação estressante, como a descoberta de uma doença cancerígena,


por exemplo, uma pessoa que possui a crença de desafeição activada, possivelmente
terá um sofrimento desadaptativo diante da situação. Seus pensamentos automáticos
poderão estar relacionados à conteúdos como “sou fraco”, “não vou conseguir fazer o
tratamento”. Tais pensamentos poderão contribuir para a não-adesão ao tratamento,
acarretando inclusive em comorbidades psiquiátricas, como um quadro depressivo.
Nessa perspectiva, torna-se relevante compreender o significado que o paciente atribui
à doença, as crenças sobre a mesma e suas estratégias de enfrentamento (CASTRO e
BARROSO, 2012; SEABRA, PEUKER, ARMILIATO, SOUZA, e CASTRO, 2017).

A partir da identificação dessas questões, os clínicos irão preocupar-se com a


prevenção e tratamento das doenças, além de buscar compreender a etiologia
(MATARAZZO, 1980).

Ressalta-se que a perspectiva Cognitivo-Comportamental pressupõe a mudança de


comportamentos, bem como, a possibilidade de reestruturação cognitiva (KNAPP e
27

BECK, 2008). Assim, assume-se um modelo biopsicossocial na compreensão dos


transtornos e suas variáveis multifactoriais envolvidas na etiologia das doenças.

Partindo do pressuposto de que novos comportamentos podem ser aprendidos e de


que o objectivo último das intervenções psicológicas cognitivo-comportamentais no
campo da saúde se dirigem a trabalhar a melhora da qualidade de vida, redução de
estresse, busca de apoio social, autocuidado e adesão aos tratamentos, educação em
saúde, dentre outras (NICASSIO, MEYEROWITZ, e KERNS, 2004), pode-se assumir
que o apoio psicossocial cinge-se nessa linha de pensamento uma vez que, também
contempla os mesmos objectivos na sua abordagem.
28

CAPÍTULO II – METODOLOGIA DE PESQUISA


Como temos vindo a descrever, a presente investigação tem como foco a reflexão
sobre os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da saúde em relação ao
apoio psicossocial. Assim, neste capítulo passamos a apresentar as estratégias, meios
e procedimentos através dos quais irá operacionalizar-se o estudo.

2.1. Tipo de investigação


Os problemas de saúde estão repletos de factores sociais e psicológicos que dificultam
o seu entendimento e tratamento (HAYWARD, et al., 2000).Para o melhor
entendimento dos problemas de saúde com base numa pesquisa, é necessário que se
escolha uma abordagem metodológica correcta.

Na presente investigação usou-se um estudo quali- quantitativo (misto), com a


finalidade de avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da saúde
em relação ao apoio psicossocial. A modalidade de pesquisa quali-quantitativa
interpreta as informações quantitativas por meio de símbolos numéricos e os dados
qualitativos mediante a observação, a interação participativa e a interpretação do
discurso dos sujeitos (KNECHTEL, 2014). Portanto, é uma abordagem que agrega o
estudo qualitativo e quantitativo em simultâneo. Segundo KNECHTEL (2014), a
pesquisa quantitativa é uma modalidade de pesquisa que actua sobre um problema
humano ou social, é baseada no teste de uma teoria e composta por variáveis
quantificadas em números, as quais são analisadas de modo estatístico, com o objetivo
de determinar se as generalizações previstas na teoria se sustentam ou não. As
metodologias de pesquisa qualitativa são aquelas capazes de incorporar a questão do
significado e da intencionalidade como inerentes aos actos, às relações e às estruturas
sociais, sendo estas ultimas tomadas, tanto no seu advento quanto na sua
transformação, como construções humanas (MINAYO, 1992).

2.2. Local da pesquisa

O estudo ocorreu no Hospital Geral José Macamo, nos seguintes sectores: medicina,
maternidade, pediatria, consultas de oncologia, consulta de doenças crônicas,
Psiquiatria, psicologia e fisioterapia.
29

O HGJM foi construído em 1922 e teve acréscimo de outros edifícios em 1972 como
Hospital privado. Com as nacionalizações em 1976 passou para o Hospital de
atendimento publico, não tendo portanto, uma estrutura adequada às suas actuais
funções.

É classificado como uma unidade sanitária de nível secundário de acordo com o


Diploma Ministerial n°127/2002 que define a caracterização técnica e enunciado de
funções das instituições do Serviço Nacional de Saúde, que desempenham funções,
quer pelas especialidades existentes, quer pelo número de actividades realizadas, ou
ainda, pelo número de população que serve. Serve de campo de estágio para os
estudantes dos Institutos Médios de Ciências de Saúde, Institutos Superiores de
Ciências de Saúde, Faculdades de Medicina das Universidades públicas e privadas,
entre outros estabelecimentos de ensino.

O Hospital Geral José Macamo ocupa uma área de 52 Km² com os seguintes limites A
Norte, pela província de Maputo (Michafutene, Distrito de Marracuene); a sul, Baia de
Maputo e Distrito de Matutuine – Bela vista; a Este, pelos bairros de Chamanculo,
Xipamanine, Aeroporto, Mavalane, Albazine, e Mahotas; a oeste, Vale do Infulene.

É um Hospital de referência para 9 Centros de Saúde, que compõe a área de Saúde de


HGJM e abrange uma população estimada em 337.690 habitantes, distribuídos por 23
bairros em quatro zonas sanitárias nomeadamente: Centro de Saúde José Macamo
com 104.684 habitantes, Centro de saúde de Bagamoyo com 111.438 habitantes,
Centro de Saúde de Zimpeto com 43.900 habitantes, Centro de Saúde da Ka Tembe
com 11.114 habitantes, Centro de Saúde de Inhagoia com 16547 habitantes, Centro de
Saúde de Incassane com 50.65 habitantes, e por último o Centro de Saúde de
Mutsécua com 5065 habitantes (MISAU, 2007). Para além da população da sua área
de saúde também atende a do seu raio teórico de acção que provém da província de
Maputo, verificando-se que cerca de 50% do total dos internamentos do HGJM provem
de pacientes oriundos da província de Maputo (MISAU, 2007).
30

2.3. População, amostra e amostragem

2.3.1. População

Segundo LAKATOS E MARCONI (2003) população é o conjunto de seres animados ou


inanimados que apresentam pelo menos uma característica comum, e a amostra
constitui uma parcela, convenientemente selecionada do universo (população). Fizeram
parte do estudo funcionários do Hospital Geral José Macamo que trabalham com as
doenças córnicas nas consultas ambulatórias e serviços de internamento, sem
discriminação de idade e sexo.

O estudo foi dirigido aos funcionários de todos os níveis, com formação profissional,
visto que, o Ministério da Saúde, no seu manual sobre Apoio psicossocial (2012) afirma
que, a nível hospitalar, o apoio psicossocial pode ser oferecido por qualquer provedor
de saúde devidamente treinado, o que significa que, se dispensa a área de formação.
Em termos numéricos, o estudo foi dirigido a um total de 187 profissionais da saúde
afectos no Hospital Geral José Macamo.

2.3.2. Amostra e Amostragem


Para orientar o processo de recolha de dados foram definidos como critérios de
inclusão no presente estudo: (i) ser profissional de saúde; (ii) estar afecto no Hospital
Geral José Macamo; (iii) estar presente no dia da recolha de dados; (iv) mostrar
disponibilidade em fazer parte do estudo; (v) estar afecto num sector que atende aos
doentes. Excluiu-se do estudo aqueles que não são funcionários da saúde; os que não
estão afectos nos sectores em causa; funcionários que não estavam presente no dia da
recolha de dados; indivíduos que não demostraram disponibilidade pra fazer parte do
estudo.

Para o estudo quantitativo, em termos numéricos, participaram 111 sujeitos, dos quais
49 do sexo masculino, e 62 do sexo feminino. Em termos de escolaridade, o estudo
contou com 2 indivíduos do nível básico, 5 técnico básico, 55 técnico médio, 45
superior. Em relação a categoria profissional participaram do estudo 21 médicos, 56
enfermeiros, 1 técnico de psiquiatria, 15 técnicos de medicina, 3 nutricionistas, e o
restante das áreas foram agrupadas numa única categoria e totalizaram 15
participantes.
31

Para a recolha de dados recorreu-se a uma entrevista semiestruturada, e um


questionário denominado CAP-APSS. Para GIL (1999) o questionário pode ser definido
como técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de
questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objectivo o conhecimento e
opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc.

O questionário usado na presente pesquisa, tem 35 itens que avaliam os


conhecimentos, atitudes e praticas sobre o APSS em 3 dimensões: (I) Conhecimentos
com 10 itens (10 a 19); (II) atitudes com 5 itens (20 a 24); (III) Práticas com 10 itens
(25 a 35). O questionário inclui também 6 questões referentes aos aspectos
sociodemográficos e profissionais (sexo, idade, escolaridade, religião, actual
ocupação/emprego, e local de trabalho) dos participantes do estudo.

Este instrumento foi usado no trabalho de Arnaldo Carvalho Oliveira, 2018, durante a
elaboração da sua dissertação de mestrado com o tema "conhecimentos, atitudes e
práticas de profissionais de Estratégia Saúde da Família em relação ao APSS", e
trouxe bons resultados. É um instrumento que dá a possibilidade de obter elementos
pessoais objetivos e subjetivos, que respondem às indagações da pesquisa, e também
por ser eficiente em fornecer materiais relativos ao comportamento humano,
susceptível a classificação, quantificação e qualificação (Oliveira, 2018).

Para o estudo qualitativo, em termos numéricos participaram 8 sujeitos, dos quais 3 do


sexo masculino e 5 do sexo feminino. Em termos de escolaridade, 7 participantes
concluíram o nível superior, e 1 possui nível técnico médio. Em relação a categoria
profissional, foram entrevistados 3 médicos, 2 psicólogos, 2 enfermeiros, e 1 técnico de
psiquiatria. Os sujeitos que participaram na entrevista foram selecionados a partir dos
111 que compõe a amostra do estudo quantitativo, o que significa que também
responderão ao questionário.

Os 8 participantes da entrevista foram selecionados pelo facto de serem chefes dos


sectores abrangidos pelo estudo, e por via disso terem mais informações sobre o
funcionamento dos departamentos pelos quais respondem.

O guião de entrevista possui 4 questões, elaboradas com o objectivo de


complementar e aprofundar algumas questões que, não foram suficientemente
32

respondidas no questionário. Para a recolha de dados privilegiou-se as entrevistas


individuais, em que a temática em estudo foi previamente apresentada aos
participantes e partiu-se de um esquema base sendo possível fazer as adaptações
consideradas convenientes para os diferentes tipos de entrevistados. O instrumento
usado na entrevista possui 4 questões que avaliam os conhecimentos atitudes e
praticas sobre APSS em 3 dimensões: (I) Conhecimentos com 1 questão; (II) atitude
com 1 questão; (III) Prática com 2 questões.

Sendo uma entrevista semiestruturada, a relação criada foi de interacção, e procurou-


se que cada participante falasse livremente, apresentando o seu ponto de vista, que
será comparado e confrontado com os restantes, com vista a obtenção de dados
diversificados.

 Estatística descritiva da amostra

A pesquisa envolveu 111 participantes, dos quais 44,1% são do sexo masculino, e
55,9% do sexo feminino. Entre as categorias profissionais os enfermeiros compõe
50,5%, os médicos 18,9%, técnicos de medicina 13,5%, nutricionistas 2,7%, técnicos
de psiquiatria 0,9%, e o restante das categorias representam 13,5%. Para melhor
tratamento dos dados disponíveis, criou-se três subgrupos nas idades, e os dados
sobre as suas frequências serão apresentados na tabela 3.

Tabela 1: Estratificação da amostra por sexo

Sexo Frequência Percentagem


M 49 44,1%
F 62 55,9%
Total 111 100,0%
Fonte: Dados do SPSS

Através da observação da tabela 1, pode-se verificar que dos indivíduos que


participaram na amostra os do sexo feminino são os que estiveram em maior número,
com uma percentagem de 55,9%, em comparação com os 44,1% do sexo masculino.
33

Tabela 2: Estratificação da amostra por idade

Idade Frequência Percentagem


20 - 35 48 43,2%
36 - 45 38 34,2%
46 - 60 25 22,5%
Total 111 100,0%
Fonte: Dados do SPSS

Observando os dados da tabela 2, verifica-se que os indivíduos do intervalo dos vinte a


trinta e cinco anos de idade compõe uma amostra de 43,2%, portanto, são os que
estiveram em maior úmero, seguidos pela faixa dos trinta e seis a quarenta e cinco
anos com 34,2%, e por último os quarenta a sessenta anos com 22,5%.

Tabela 3: Divisão da amostra por escolaridade

Escolaridade Frequência Percentagem


Básico 2 1,8%
Técnico básico 5 4,5%
Técnico medio 55 49,5%
Universitário 49 44,1%
Total 111 100,0%

Fonte: Dados do SPSS

Ao analisar os dados da tabela 3, percebe-se que os indivíduos com o nível técnico


medio compõe 49,5% da amostra, portanto, são os que tiveram maior
representatividade, seguidos pelo nível superior (universitário) com 44,1%, técnico
básico com 4,5%, básico com 1,8%.

Tabela 4: Divisão dos participantes por profissão


Profissão Frequência Percentagem
Médico 21 18,9%
Enfermeiro 56 50,5%
Técnico de
1 ,9%
Psiquiatria
Técnico de Medicina 15 13,5%
Nutricionista 3 2,7%
Outros 15 13,5%
Total 111 100,0%
Fonte: Dados do SPSS
34

Ao analisar a tabela 2, pode-se verificar que os enfermeiros tiveram maior participação,


com uma percentagem de 50,5%, seguidos médicos e técnicos de medicina, com uma
percentagem de 18,9% e 13,5% respetivamente. As categorias técnicos de psiquiatria
e nutrição foram as menos representativas com uma percentagem de 0,9% e 2,7%
respetivamente.

2.4. Procedimentos de recolha de dados


A recolha de dados ocorreu em duas fases, a primeira entre o dia 27 de Setembro de
2021 a 01 de Outubro de 2021, e a segunda fase no dia 8 de Dezembro de 2021. O
questionário foi aplicado aos 111 participantes, e a entrevista aos 8 sujeitos previstos
na amostra.

Antes de efectivarmos a recolha de dados, o instrumento (questionário) sofreu algumas


alterações a fim de atender as necessidades específicas da presente pesquisa e
ajustá-lo ao contexto sociocultural em que decorreu o estudo. Para tal, o pesquisador
submeteu a versão original a 10 profissionais e, em função do constatado e com
suporte de um docente, procedeu-se a análise da compreensibilidade e adequação das
questões aos objectivos do estudo. Da análise substituiu-se alguns vocábulos, e
decidiu-se pela eliminação de duas questões referentes à dados sociodemográficos do
instrumento original (Tempo de serviço; e naturalidade), manteve-se o número das
questões relativas as dimensões conhecimentos, e praticas, e eliminou-se uma questão
relacionada as atitudes, visto que esta comprometia a fiabilidade do instrumento.

A entrevista foi realizada 6 semanas depois da aplicação do questionário. Foi solicitado


aos entrevistados autorização para a gravação da entrevista em gravador digital, uma
vez que se iria proceder à transcrição das mesmas, para efeitos de análise de
conteúdo, pelo que se obteve o seu consentimento, tendo sido garantido pelo
investigador a confidencialidade, no que diz respeito às respostas e ao anonimato dos
participantes no estudo. A duração das entrevistas oscilou entre os 30 minutos e 45
minutos. Os participantes foram entrevistados numa sala que nos foi disponibilizada
pela direcção da Unidade Sanitária, com observância de princípios éticos tais como
consentimento informado e garantia da privacidade do participante.
35

2.5. Procedimentos de análise de dados


Os dados quantitativos foram analisados com recurso ao programa estatístico
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 25), e consistiu na análise da
fiabilidade através do cálculo do coeficiente alfa de cronbach com pressuposto de que
seja maior que 0.70 (MAROCÔ, 2014). Para a análise de possíveis associações entre
as variáveis quantitativas (Conhecimentos, atitudes, e praticas sobre o poio
psicossocial) recorreu-se ao coeficiente de correlação de Pearson, sendo que, a
correlação r ≤ 0,3 representava uma associação fraca, entre 0,3 e 0,5 uma associação
moderada, e r ≥ 0,5 uma associação forte (COHEN, 1992). A comparação de médias
entre os níveis de conhecimento em relação ao sexo foi feita com recurso ao teste T-
student.

Para o estudo qualitativo, os depoimentos dos entrevistados encontram-se identificados


com códigos compostos pela letra “P” de participante e um número correspondente a
ordem em que os entrevistas foram realizadas: P1, P2, P3…P8. A análise dos
conteúdos consistiu na leitura, codificação e apresentação das percepções dos
entrevistados, seguida de comentários do pesquisador em relação aos resultados
encontrados.

Os dados qualitativos e quantitativos foram mixados pela estratégia de triangulação


concomitante visando à determinação de convergências, diferenças e combinações.
Depois fizemos um cruzamento entre os resultados, as percepções do pesquisador e a
literatura.
36

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Este capítulo estrutura-se em dois momentos fundamentais, a saber: a apresentação, e


a discussão dos dados colhidos no campo. A primeira parte, de apresentação consiste
na exposição dos aspectos que os instrumentos aplicados foram capazes de captar ou
colectar. A segunda parte consiste na análise dos dados colhidos.

3.1. Estatística descritiva do item

Tabela 5: Estatística descritiva do item

N Mínimo Máximo Média Desvio Assimetria Curtose


Padrão
Q 10 111 1,0 2,0 1,1 ,27 3,1 7,8
Q 11 111 1,0 2,0 1,6 ,49 -,42 -1,9
Q 12 111 1,0 2,0 1,6 ,49 -,42 -1,9
Q 13 110 1,0 2,0 1,2 ,40 1,6 ,55
Q 14 111 1,0 2,0 1,3 ,45 1,0 -,91
Q 15 111 1,0 2,0 1,5 ,50 ,09 -2,0
Q 16 111 1,0 2,0 1,4 ,49 ,51 -1,8
Q 17 111 1,0 2,0 1,0 ,16 5,9 34
Q 18 111 1,0 2,0 1,2 ,36 2,0 1,9
Q 19 111 1,0 2,0 1,4 ,48 ,55 -1,7
Conhecimentos 110 1,0 1,9 1,3 ,26 ,32 -1,2
Q 20 111 1,0 2,0 1,1 ,34 2,2 2,7
Q 21 111 1,0 2,0 1,3 ,44 1,1 -,80
Q 22 111 1,0 2,0 1,5 ,50 ,17 -2,0
Q 23 111 1,0 2,0 1,5 ,50 -,02 -2,0
Q 24 111 1,0 2,0 1,3 ,46 ,85 -1,3
Atitudes 111 1,0 2,0 1,3 ,21 ,47 ,43
Q 25 111 1,0 2,0 1,2 ,43 1,3 -,39
Q 26 111 1,0 2,0 1,6 ,49 -,35 -1,9
Q 27 111 1,0 2,0 1,3 ,46 ,90 -1,2
Q 28 111 1,0 2,0 1,2 ,43 1,2 -,54
Q 29 111 1,0 2,0 1,6 ,48 -,59 -1,7
Q 30 111 1,0 2,0 1,6 ,50 -,28 -2,0
Q 31 111 1,0 2,0 1,1 ,27 3,1 7,8
Q 32 111 1,0 2,0 1,4 ,50 ,31 -1,9
Q 33 111 1,0 2,0 1,3 ,46 ,85 -1,3
Q 34 111 1,0 2,0 1,6 ,48 -,59 -1,7
Q 35 111 1,0 2,0 1,6 ,49 -,39 -1,9
Práticas 111 1,0 1,9 1,4 ,18 -,07 ,10
Total_CAP APSS 110 1,0 1,8 1,4 ,16 ,29 ,46

Fonte: Dados do SPSS


37

Como se pode notar na tabela (5) a média total do questionário CAP foi (M=1,4; DP
=.16), variando de em cada dimensão. As dimensões tiveram como médias:
Conhecimentos (M = 1,3; DP =,26); Atitudes (M = 1,3; DP =,21) e Práticas (M = 1,4; DP
=,18). Assimetria foi de (,29) curtose (,46) da escala total. Com este resultado obtidos
pode-se afirmar que a distribuição dos dados é normal partindo do pressuposto de que
a simetria e a curtose devem estar no intervalo de] -1; +1.5[, de acordo com MAROCÔ
(2018), pelo que foram realizadas análises com bases em testes paramétricos.

3.2. Estatística Inferencial

3.2.1. Dados do primeiro objectivo: adaptação do instrumento


No nosso primeiro objectivo nos propusemos a proceder a adaptação do instrumento
uma vez que não encontrado qualquer evidência da aplicação e validação deste
questionário no nosso país. Para tal, além dos aspectos de adequação linguístico-
cultural descrito no ponto 2.5 desta monografia, analisamos algumas propriedades
psicométricas básicas que nos permite verificar a fiabilidade do instrumento, e que a
seguir passamos a descrever.

 Análise da fiabilidade

A análise da fiabilidade consistiu no cálculo do alfa de cronbach total e das três


dimensões do questionário. Lembrar que o instrumento original tem 26 questões que
avaliam os conhecimentos, atitudes e praticas. O índice total inicial de fiabilidade, foi
calculado com base nas 26 questões e foi baixo α =.76 (X2 = 1613,712; p < .001),
Indicando que com a eliminação de um item (33) passaria para α =.78, (MAROCÔ,
2014).

Ao nível das dimensões verificou-se: α =.69 para a dimensão conhecimento sobre


apoio psicossocial com 10 questões; α =.71 para a dimensão atitude sobre apoio
psicossocial com 5 questões; α = .71 para a dimensão prática com 10 questões, com a
possibilidade de passar para .74 se eliminada a questão (33), a mesma que afectava a
estabilidade do instrumento (Vide a tabela 5).
38

Tabela 5: Estatísticas de item-total


Média de Variância de Alfa de
escala se o escala se o Correlação Cronbach se
item for item for de item total o item for
Item excluído excluído corrigida excluído
Q 10 38 17 ,23 ,72
Q 11 38 15 ,57 ,69
Q 12 38 15 ,55 ,69
Q 13 38 16 ,43 ,71
Q 14 38 16 ,21 ,72
Q 15 38 15 ,43 ,70
Q 16 38 15 ,47 ,70
Q 17 38 17 ,08 ,73
Q 18 38 16 ,41 ,71
Q 19 38 15 ,42 ,71
Conhecimentos 38 15 ,74 ,70
Q 20 38 17 ,29 ,72
Q 21 38 16 ,47 ,70
Q 22 38 17 ,06 ,73
Q 23 38 18 -,24 ,75
Q 24 38 17 ,20 ,72
Atitudes 38 17 ,46 ,71
Q 25 38 16 ,41 ,71
Q 26 38 16 ,43 ,70
Q 27 38 17 ,14 ,71
Q 28 38 16 ,52 ,70
Q 29 38 17 ,20 ,72
Q 30 38 18 -,14 ,75
Q 31 38 18 -,17 ,74
Q 32 38 18 -,14 ,75
Q 33 38 19 -,37 ,76
Q 34 38 17 ,05 ,73
Q 35 38 15 ,56 ,69
Praticas 38 17 ,73 ,71
Fonte: Dados do SPSS
Neste estudo, excluiu-se um item (33) que afectava a estabilidade das respectivas
dimensões, pelo que o questionário final passou de 26 para 25 itens, com α =. 78 (X2 =
1949,121; p < .001), e com as três dimensões: conhecimento sobre apoio psicossocial
(10 itens e α .74); atitude sobre apoio psicossocial (5 itens e α = .75); prática sobre o
apoio psicossocial (9 itens e α = .74). Importa referir que, o instrumento original contém
(10 itens e α =.84) na terceira dimensão sobre as práticas. Tanto o instrumento original,
assim como o adaptado no presente estudo demostram-se estáveis em todas as
dimensões, e com um coeficiente de alfa de conbach aceitável pois, segundo
(MAROCÔ, 2014) o pressuposto de análise da fiabilidade através do cálculo do
coeficiente alfa de cronbach é de que seja maior que 0.70.
39

Tabela 6: Estatísticas de item-total


Média de Variância de Alfa de
escala se o escala se o Correlação Cronbach se
item for item for de item total o item for
Item excluído excluído corrigida excluído
Q 10 37 18 ,24 ,75
Q 11 37 16 ,61 ,73
Q 12 37 16 ,59 ,73
Q 13 37 17 ,43 ,74
Q 14 37 18 ,20 ,76
Q 15 37 17 ,46 ,74
Q 16 37 17 ,51 ,74
Q 17 37 19 ,07 ,76
Q 18 37 17 ,42 ,74
Q 19 37 17 ,44 ,74
Conhecimentos 37 17 ,77 ,74
Q 20 37 18 ,28 ,75
Q 21 37 17 ,47 ,74
Q 22 37 18 ,04 ,77
Q 23 37 20 -,26 ,79
Q 24 37 18 ,21 ,76
Atitudes 37 18 ,44 ,75
Q 25 37 17 ,43 ,74
Q 26 37 17 ,47 ,74
Q 27 37 18 ,14 ,76
Q 28 37 17 ,54 ,74
Q 29 37 18 ,20 ,76
Q 30 37 19 -,18 ,78
Q 31 37 19 -,20 ,77
Q 32 37 19 -,16 ,78
Q 34 37 18 ,02 ,77
Q 35 37 16 ,62 ,73
Praticas 37 18 ,72 ,74
Fonte: Dados do SPSS

Como se pode notar, neste estudo a nossa versão do instrumento CAP conhecimento,
atitudes e praticas sobre o apoio psicossocial apresentou bons índices de fiabilidade o
que significa boa consistência interna deste instrumento e algum grau de adequação ao
contexto em que foi aplicado. Com a tabela 7 pode-se notar a relevância das 25
questões que compõe nossa versão final pois, não há questões que quando eliminadas
eleva-se o nível de fiabilidade.
40

3.3. Dados do segundo objectivo: Identificar os conhecimentos, as atitudes e


práticas dos profissionais em relação ao APSS
No nosso segundo objectivo nos propusemos Identificar os conhecimentos, as atitudes
e práticas que os profissionais de saúde têm em relação ao APSS a para tal usamos
um questionário que nos permitiu que cada participante relate a sua realidade. Como
se pode ver da tabela (7) os dados mostram que a maioria dos participantes tem
conhecimento adequado sobre o apoio psicossocial, destacando o facto de que
consideraram importante a oferta do APSS Q 17 (97.3%); que o APSS permite
desenvolver estratégias de enfrentamento e melhoram a qualidade de vida dos
pacientes Q 18 (84.7%); e que o APSS é uma estratégia de apoio aos seus familiares.

Porém os mesmos dados mostraram que estes profissionais carecem de capacitação


para melhorar ainda mais os seus comportamentos, por exemplo de que qualquer
profissional pode oferecer o APSS Q15 (52.3%); que todos os pacientes podem se
beneficiar do APSS Q16 (62.2%), especialmente aos doentes crónicos Q 19 (63.1%).

Tabela 7: Conhecimentos sobre apoio psicossocial


Nº Sim Não
F % F %
10 Já ouviu falar do apoio psicossocial 102 91,9 9 8,1
11 Já teve capacitação sobre APSS 44 39,6 67 60,4
12 A capacitação que teve respondeu as tuas 44 39,6 67 60,4
necessidades
13 O APSS é uma estratégia que visa apoiar os 90 81,1 21 18,3
pacientes e seus familiares.
14 Acolhimento, diagnóstico, e oferta de conselhos, não 30 27,0 81 73,0
são componentes do APSS.
15 Qualquer funcionário pode oferecer o APSS desde 58 52,3 53 47,7
que esteja treinado
16 Todos os pacientes podem se beneficiar do APSS 69 62,2 42 37,8
17 É importante a oferta do APSS 108 97,3 3 2,7
18 O APSS tem como objectivo desenvolver estratégias 94 84,7 17 15,3
de enfrentamento e melhorar a qualidade de vida do
paciente.
19 Os pacientes com doença crónica devem ter acesso 70 63,1 41 36,9
ao APSS
Fonte: SPSS

Esta necessidade de capacitação pode ser comprovada pelas respostas dadas as


perguntas 10; 11; e 12, bem como pelos dados obtidos durante a entrevista, conforme
mostraram os seguintes depoimentos:
41

"… poucos funcionários foram capacitados em matéria de poio


psicossocial, e geralmente a formação é direcionada para uma única
doença, que é HIV/SIDA motivo pelo qual a maior parte dos colegas não
sabem nem como se preenche a ficha de APSS…" (P1);

"… geralmente convocam para formação apenas os colegas que


trabalham directamente com os pacientes HIV positivos e tuberculose…"
(P2); "…são raras as vezes que tem ido o pessoal doutros sectores por
isso que alguns colegas deixam o APSS para aqueles que trabalham
com HIV e tuberculose…" (P3).

Em relação as atitudes sobre apoio psicossocial, os dados da tabela (8) mostraram que
a maioria dos participantes apresentou respostas adequadas, destacando o facto de
considerarem importante que os pacientes tenham o APSS Q 20 (86.5%); que a oferta
massiva do APSS garante a retenção aos cuidados e tratamento Q 21 (75.9%); que
todos os profissionais de saúde devem ser capacitados em matéria de APSS Q 24
(69.4%).

Tabela 8: Atitudes dos profissionais de saúde sobre APSS


Nº Sim Não
F % F %
20 É importante que os pacientes recebam o pacote de 96 86,5 15 13,
APSS 5
21 A oferta massiva do APSS garante a retenção aos 82 75,9 29 26,1
cuidados e tratamentos
22 Não é certo afirmar que o APSS retém o paciente 60 51,1 51 45,9
durante um longo tempo na consulta o que origina
frustrações e abandono aos cuidados e tratamento
23 O pessoal da saúde mental é responsável pelo APSS 56 50,5 55 49,5
24 Todos os profissionais de saúde devem ser 77 69,4 34 30,6
capacitados em matéria de APSS
Fonte: SPSS

No entanto, há que destacar que um número significativo de profissionais considera


que é certo afirmar que o APSS retém o paciente durante um longo tempo na consulta,
o que origina frustrações e abandono aos cuidados e tratamento Q 22 (45.9%); e que o
pessoal da saúde mental é responsável pelo APSS. Estes dados são sustentados pela
entrevista, conforme evidenciam os seguintes depoimentos:
42

"… o apoio psicossocial é importante porque nos permite ver o


utente além da doença, e garante a adesão aos cuidados e
tratamento…" (P4)

"… acho o APSS importante, contudo devido a maior demanda de


pacientes que temos recebido diariamente, julgo não haver espaço
para se oferecer o apoio psicossocial muitos profissionais olham
mais para a parte orgânica…" (P5)

"… é difícil dizer se o apoio psicossocial é importante ou não, pois


nunca tive formação, e não sei ao certo como funciona…" (P6).

Em relação as práticas dos profissionais sobre APSS (tabela 9) notámos que em


muitos aspectos os inqueridos não tem tido uma actuação adequada particularmente a
consulta de manuais que orientam o APSS Q 26 (41%); ignorar muitas vezes os
problemas psicológicos e sociais dos pacientes Q29 (36%); ao facto de pouco
aproveitarem as consultas para reforçar a adesão do paciente ao tratamento Q30
(43.2%), e não registarem casos que oferecem o APSS Q35 (40.5).

Provavelmente esta fraca prática de APSS entre os profissionais se explique pela


ausência da capacitação, e como eles próprios o afirmam pela demanda e carga
excessiva de trabalho, conforme ilustram os seguintes depoimentos:

"… a demanda de trabalho é maior quando me deparo com um


paciente com problemas de adesão, normalmente mando para os
serviços de psicologia…" (P7).

"… tenho-me focado em acelerar a bicha para poder atender a


todos os pacientes, por isso não dou muita atenção aos problemas
psicossociais dos pacientes…" (P5).

Porém há que destacar que os inquiridos têm tido algumas práticas em favor do APSS,
particularmente ao submeter os pacientes ao APSS Q25 (76.6%); encaminhar os
doentes crónicos Q27 (70.3%), e ao realizar o diagnostico e análise de situações e
comportamentos que podem influenciar a doença física dos pacientes Q31 (91.9%).
43

Tabela 9: Práticas dos profissionais de saúde sobre o APSS


Nº Praticas dos profissionais de saúde Sim Não
F % F %
25 Já submeteu algum paciente APSS 85 76,6 26 23,4
26 Já teve acesso a manuais de APSS 46 41,4 65 58,6
27 Quando se depara com um doente crónico 78 70,3 33 29,7
encaminha-o para saúde mental
28 Quando se depara com um doente crónico não 84 75,7 27 24,3
aderente ao tratamento oferece o apoio psicossocial.
29 Durante as tuas intervenções, não dispensa os 40 36,0 71 64,0
problemas psicológicos e sociais do paciente.
30 No decorrer da consulta, aproveita a ocasião para 48 43,2 63 56,8
avaliar a adesão do paciente aos cuidados e
tratamento?
102 91,9 9 8,1
31 Durante as tuas intervenções, busca identificar,
diagnosticar, analisar e avaliar os diferentes
problemas, situações e comportamentos que podem
incidir sobre evolução da doença física do paciente.
32 Ofereces o acolhimento a todos os pacientes e não 64 557 47 432
apenas aos que demostram interesse?
34 Ofereces a educação em relação a doença ou outra 71 64,0 40 36,0
condição associada, a todos os doentes, e não
apenas aos pacientes em estado grave
35 Sempre que oferece o apoio psicossocial aos 45 40,5 66 59,5
pacientes na unidade sanitária, faz o registo no
diário clinico e no livro dos atendidos
Fonte: Dados do SPSS

Ainda sobre as práticas, conforme mencionado anteriormente, os dados indicam que a


maior parte dos profissionais não tem feito o devido registo dos casos atendidos. Para
aprofundar a informação acerca de tal prática negativa, recorreu-se mais uma vez a
abordagem qualitativa, e através das entrevistas foi possível colher os seguintes
depoimentos:

"… não tem sido possível registar casos atendidos no APSS pois a
Unidade sanitária apenas tem 3 manuais: 1 encontra-se no SAAJ, 2 nas
Consulta de HIV…" (P8);
44

"… registo casos de APSS quando ofereço aos pacientes HIV positivos
[…] o manual de registo não tem espaço para outras doenças…" (P4);

"… tenho registado no diário clinico todos os casos atendidos no APSS,


no entanto, não tenho como registar no livro pois não há espaço para
outras doenças casos de APSS em utentes seropositivos costumo referir
para os sectores que tem livros de registo…" (P5).

3.4. Dados do terceiro objectivo: Descrever possível relação entre os


conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais
O nosso terceiro objectivo nesta pesquisa consistia na descrição das associações entre
a variável independente (sexo) e as variáveis dependentes (o instrumento e respectivas
dimensões).

Tabela 10: Correlações entre as variáveis

1 2 3 4

Sexo 1

Conhecimentos -,112
,246 1
110 110
Atitudes ,167 ,037
,080 ,699 1
111 110 111
**
Práticas -,020 ,275 ,354**
,832 ,004 ,000
111 110 111 1
Fonte: Dados do SPSS

*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Como se pode notar na tabela (10), e em conformidade com os pressupostos de


correlações proposto por MARÔCO, 2018 (vide 2.6), não foram encontradas
associações significativas entre as variáveis conhecimentos, atitudes e praticas sobre o
45

apoio psicossocial, em relação a variável sexo, o que nos sugere que, provavelmente,
o sexo não tenha grande contributo sobre como os profissionais de saúde encaram o
apoio psicossocial.

Há, porém, que destacar o facto de terem sido encontradas correlações positivas e
significativas que foram identificadas entre praticas sobre APSS e conhecimentos sobre
APSS (r =,275**; p <0.01), e entre praticas sobre APSS e atitudes sobre APSS (r
=,354**; p <0.01), sugerindo que quanto maior forem os conhecimentos sobre o APSS
melhor serão as práticas, e quanto maior forem as atitudes maior também serão sobre
as praticas sobre o APSS. Segundo MARÔCO (2018), as fortes associações entre as
dimensões do questionário confirmam a robustez da correlação entre os itens.

Ainda ligado ao terceiro objectivo desta pesquisa, no qual nos propusemos a verificar o
tipo de relações possíveis entre as variáveis, aplicamos um teste de comparação de
médias.

Tabela 11: Comparação de médias das dimensões conhecimento, atitude e prática, em função do sexo.

Teste de amostras independentes

Teste de Levene
para igualdade
de variâncias Teste-t para Igualdade de Médias

Z Sig. t df Sig. Diferença Erro 95% Intervalo de


2 média padrão de Confiança da
diferença Diferença

Inferior Superior

Conheci- ,000 ,994 -1,175 105,120 243 -,05841 ,04972 -,15699 ,04017
mentos

Atitudes 1,539 ,217 1,754 100,026 ,083 ,07064 ,04028 -,00928 ,15056

Práticas ,347 ,557 -,216 108,122 ,829 -,00727 ,03364 -,07395 ,05940

Fonte: dados do SPSS


46

Como mostra a tabela 11, foi aplicado o teste t-Student para avaliar a significância da
diferença das dos conhecimentos, atitudes, e práticas entre homens (grupo 1) e
mulheres (grupo 2). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
entre os homens e mulheres, em relação aos conhecimentos (Homens, M=1,3;
DP=,25), (Mulheres, M=1,3; DP=,27), t= -1,175; Atitudes (Homens, M=1,4; DP=,22),
(Mulheres, M=1,4; DP=,20), t= 1,754; Práticas (Homens, M=1,4; DP=,16), (Mulheres,
M=1,4; DP=,19), t= -,216. Os resultados obtidos demostram que o sexo não influencia
no nível de conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da saúde sobre o
apoio psicossocial.

3.5. Análise dos resultados

Tal como fizemos menção anteriormente, nesta segunda parte do último capítulo nos
propomos a discutir os dados ora apresentados, cruzando-os com a literatura.

Objectivo 1: Adaptação do questionário de avaliação dos conhecimentos,


atitudes e práticas sobre o apoio psicossocial (CAP-APSS) ajustado a realidade
sociocultural moçambicana.

Para responder a este objectivo procedeu-se, numa primeira fase adequação


linguístico-cultural, analisamos algumas propriedades psicométricas básicas que nos
permitiu verificar a fiabilidade do instrumento. Salientar que o questionário de avaliação
dos conhecimentos, atitudes e práticas sobre o apoio psicossocial (CAP-APSS)
apresentou bons índices de fiabilidade, o que segundo MARÔCO, (2014) significa boa
consistência interna deste instrumento e algum grau de adequação ao contexto em que
foi aplicado. No entanto, foi retirado do questionário a questão 33, pois esta
desestabilizava o alfa das dimensões. Com retirada da questão 33 pode-se notar a
relevância das 25 questões que compõe nossa versão final pois, não há questões que
quando eliminadas eleva-se o nível de fiabilidade, o que nos permite assumir que esta
versão pode ser aplicada no contexto moçambicano, especialmente entre os
profissionais da saúde. Porém, somos de opinião que mais estudos deverão ser
realizados no futuro, especialmente para validar o questionário e verificar a adequação
deste a outros grupos populacionais no país.
47

Objectivo 2: Identificação dos conhecimentos, atitudes e práticas que os


profissionais de saúde têm em relação ao APSS

Com base nos dados obtidos na tabela 7 sobre os conhecimentos em relação ao


APSS, pode-se assumir que, apesar que a maior parte dos profissionais não teve
capacitação ou formação em matéria de APSS, eles possuem conhecimentos
adequados sobre o mesmo, destacando o facto de que consideraram importante a
oferta do APSS Q 17 (97.3%); que o APSS permite desenvolver estratégias de
enfrentamento e melhoram a qualidade de vida dos pacientes Q 18 (84.7%); e que o
APSS é uma estratégia de apoio aos seus familiares.

Porém os mesmos dados mostraram que estes profissionais carecem de capacitação


para melhorar ainda mais os seus conhecimentos, por exemplo de que qualquer
profissional pode oferecer o APSS Q15 (52.3%); que todos os pacientes podem se
beneficiar do APSS Q16 (62.2%), especialmente aos doentes crónicos Q 19 (63.1%).
Portanto, os dados levam-nos a constatar que há falta de capacitação em matéria de
APSS no seio dos profissionais da saúde, o que de certa forma pode estar a minar o
nível de conhecimentos sobre o mesmo. A Capacitação é extremamente importante na
harmonização dos conhecimentos sobre o Apoio psicossocial, e proporciona um
atendimento de qualidade aos utentes nas Unidades Sanitárias. Este preceito é
defendido por Freeman (2008) citado por CABRAL (2015) ao considerar que o
conhecimento, as atitudes e as habilidades são competências-chave para o sucesso do
atendimento nas unidades sanitárias. O autor sustenta a necessidade dos profissionais
se desenvolverem nestes três domínios, e para tal, deve-se recorrer às capacitações
contínuas. Paralelamente, no estudo de FOSTER (2000) sobre respostas no Zimbábue
às crianças afetadas pelo SIDA, confirma-se que os provedores de apoio psicossocial
devem beneficiar-se duma formação com vista a desenvolverem conhecimentos,
habilidades e competências para planejar estratégias de apoio psicossocial capazes de
enfrentar os determinantes do processo saúde-doença.

Portanto, conforme os resultados obtidos através do questionário, e dos depoimentos,


em concordância com a literatura, foi possível perceber informações importantes a
respeito da necessidade de capacitação dos funcionários, com vista a terem um nível
elevado e harmónico de conhecimentos sobre o apoio psicossocial.
48

Os dados da tabela (8) revelam que a maior parte dos sujeitos possui um nível
adequado em termos de atitudes relacionadas com o APSS, visto que a maioria
identificou positivamente as questões relacionadas a esta dimensão do questionário, e
o mesmo verificou-se nas entrevistas, onde boa parte reconheceu a importância do
APSS. O nível das atitudes pode estar ou não relacionado aos conhecimentos sobre
um determinado fenómeno. Existem controvérsias entre teorias em relação a este
preceito, exemplo, BENNETT e MURPHY (1999) afirmam que nem sempre o
conhecimento se converte em atitudes. No entanto NERÍ e JORGE (2006) concluem
que para que exista uma determinada atitude é necessário que o sujeito tenha
conhecimento e crença relativamente ao objecto.

DANTAS, et al (2001) desenvolveram um estudo semelhante no Brasil para verificarem


os conhecimentos e as atitudes dos profissionais da saúde em relação apoio
psicossocial, tendo concluído que as atitudes por eles demonstradas são influenciadas
pelo grau de conhecimento que os mesmos possuem. Na mesma senda, Oliveira et al
(2020) num estudo paralelo, concluiu que, um conhecimento cientificamente correto,
pode explicar a formação de uma atitude favorável e a adoção de uma prática de
saúde.

É de salientar que, o nosso estudo entra em concordância com as duas últimas teorias,
pois nele verifica-se uma simetria entre o nível de conhecimentos e atitudes em relação
ao Apoio psicossocial.

No que diz respeito às práticas sobre o apoio psicossocial, os dados revelam que os
sujeitos envolvidos no estudo possuem um nível adequado, visto que responderam
positivamente as questões inerentes a esta dimensão, com excepção dos itens (26, 29,
30, e 35) do instrumento, que revelam que, a maior parte dos funcionários nunca teve
acesso aos manuais de APSS; nas suas intervenções dispensam problemas
psicológicos e sociais do paciente e focam apenas na doença física; no decorrer da
consulta, não aproveitam a ocasião para avaliar a adesão do paciente aos cuidados e
tratamento, e sempre que oferecem o apoio psicossocial aos pacientes na unidade
sanitária, não fazem o registo no diário clinico e no livro dos atendidos. Importa referir
que não encontramos estudos paralelos que chegaram a esta conclusão, no entanto,
pensamos que há necessidade de se olhar mais uma vez na componente capacitação,
49

pois, quanto maior o número de indivíduos capacitados e envolvidos no Apoio


psicossocial, menor será o rácio paciente-profissional, e assim os pacientes terão um
atendimento de qualidade (MISAU, 2014).

A inexistência de instrumentos para o registo de casos de APSS para a maior parte das
doenças, com excepção do HIV/SIDA, torna o processo complicado. Alguns
profissionais tem oferecido o APSS aos doentes que padecem de outras patologias que
não seja HIV, no entanto tal actividade fica registado apenas no diário clínico e não é
reportado nos relatórios, pois estes também não abrem espaço para outras doenças,
facto que leva a perda de dados sobre APSS, pois de acordo com o IBE (2009) em
termos estatísticos uma actividade não reportada nos manuais de registo e relatórios,
não é reconhecida nas bases de dados das U.S. De salienta que o fraco registo de
actividades de APSS nota-se também nos casos de HIV/SIDA, supostamente devido a
insuficiência de livros nos sectores.

Objectivo 3: Relação entre os conhecimentos, atitudes e práticas dos


profissionais da saúde em relação ao APSS

Em conformidade com os pressupostos de correlações propostos por MARÔCO, 2018


não foram encontradas associações significativas entre as variáveis conhecimentos,
atitudes e práticas sobre o apoio psicossocial, em relação a variável sexo, o que nos
sugere que, provavelmente, o sexo não tenha grande contributo sobre como os
profissionais de saúde encaram o apoio psicossocial. Estes achados são similares aos
do MISAU, 2004, no seu relatório sobre o Plano estratégico nacional de combate ao
hiv/sida.

Há, porém, que destacar o facto de terem sido encontradas correlações positivas e
significativas que foram identificadas entre praticas sobre APSS e conhecimentos sobre
APSS (r =,275**; p <0.01), e entre práticas sobre APSS e atitudes sobre APSS (r
=,354**; p <0.01), sugerindo que quanto maior forem os conhecimentos sobre o APSS
melhor serão as práticas, e quanto maior forem as atitudes maior também serão sobre
as praticas sobre o APSS. Segundo MARÔCO (2018), as fortes associações entre as
dimensões do questionário confirmam a robustez da correlação entre os itens.
50

Ainda ligado o terceiro objetivo, foi feita a comparação de médias entre o nível de
conhecimentos, atitudes e práticas acerca do APSS em função do sexo. Não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os homens e mulheres, em
relação aos conhecimentos, atitudes, e práticas sobre o APSS. Um resultado
semelhante foi encontrado no estudo de Oliveira, 2018, durante a elaboração da sua
dissertação de mestrado com o tema "conhecimentos, atitudes e práticas de
profissionais de Estratégia Saúde da Família em relação ao APSS.
51

4. Constatações e sugestões
Este estudo destinou-se avaliar a relação entre os conhecimentos, atitudes e práticas
dos profissionais de saúde do Hospital Geral José Macamo sobre o apoio psicossocial.

Pelo apresentado na pesquisa, pode-se tirar as seguintes constatações:

 O CAP-APSS apresentou boas propriedades psicométricas o que sugere que


esta versão pode ser aplicada no contexto moçambicano, especialmente entre
os profissionais de saúde com diferentes níveis de formação.

 A maioria dos participantes tem conhecimentos adequados sobre o apoio


psicossocial, destacando o facto de que consideraram importante a oferta do
APSS; que o APSS permite desenvolver estratégias de enfrentamento que
melhoram a qualidade de vida dos pacientes, e que é também uma estratégia de
apoio aos seus familiares. Porém os mesmos dados mostraram que estes
profissionais carecem de capacitação para melhorar ainda mais os seus
conhecimentos.

 Os profissionais apresentaram respostas adequadas em relação as atitudes


sobre o APSS, destacando o facto de considerarem importante que os pacientes
tenham o APSS; que a oferta massiva do APSS garante a retenção aos
cuidados e tratamento; que todos os profissionais de saúde devem ser
capacitados em matéria de APSS.

No entanto, os mesmos profissionais demostram atitudes pouco satisfatórias ao


considerar que o APSS retém os pacientes por um período longo nas consultas,
o que segundo eles origina frustrações e abandono aos cuidados e tratamento, e
que o APSS é da responsabilidade do pessoal de saúde mental. Mais uma vez
entende-se que há necessidade de capacitações contínuas no sentido de
consciencializar os profissionais em relação ao APSS, e desta forma melhorar as
suas atitudes.

 Os profissionais não têm tido práticas adequadas sobre o APSS, particularmente


no que diz respeito a consulta de manuais que orientam o APSS; ignoraram
muitas vezes os problemas psicológicos e sociais dos pacientes; ao facto de
pouco aproveitarem as consultas para reforçar a adesão do paciente ao
52

tratamento, e não registarem os casos que oferecem o APSS. Provavelmente


este facto deve-se a carência de instrumentos de registo e falta de capacitação.

Porém constatou-se igualmente que, os inquiridos têm tido algumas práticas em


favor do APSS, particularmente ao submeter os pacientes ao APSS; encaminhar
os doentes crónicos, e ao realizar o diagnostico e análise de situações e
comportamentos que podem influenciar a doença física dos pacientes. Tal
constatação remete-nos a necessidade de envolver ainda mais os profissionais
no apoio psicossocial.

 Quanto maior o nível de conhecimentos sobre o APSS maior serão as atitudes e


práticas sobre o mesmo.

 As variáveis sociodemográficas não contribuem de forma significativa em


relação aos conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde em
relação ao apoio psicossocial.

4.1. Sugestões

Como proposta de acções futuras, sugere-se o seguinte:

 Que o Hospital Geral José Macamo promova capacitações sobre o APSS;

 Disponibilização de manuais de APSS e instrumentos de registo em todas portas


de consultas;

 A inclusão obrigatório de rastreio de problemas psicossociais nas consultas;

 A promoção de interconsultas e trabalho em equipe.


53

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