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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

NUTRIÇÃO

ANA BEATRIZ MONTEIRO DA SILVA

A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NO


TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR.
A ligação entre eixo intestino-cérebro e os sintomas depressivos.

IGUABA GRANDE - RJ
2022
Ana Beatriz Monteiro da Silva

A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NO


TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR.
A ligação entre eixo intestino-cérebro e os sintomas depressivos.

Trabalho de Conclusão de Curso TCC, requisito parcial


para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição
apresentado a Universidade Pitágoras Unopar, polo de
Cabo Frio - RJ.

Orientadoras: Dra. Julianna Matias Vagula

IGUABA GRANDE - RJ
2022
Dedico este trabalho à todos
que contribuíram ao meu
aprendizado.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, а Deus, do qual fez com que meus objetivos


fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos. Quero agradecer ao
meu grande Amor David, por todo o apoio que me deu durantes noites mal dormidas
e choros de ansiedade. Agradecer a minha família pelo apoio, especialmente minha
mãe por ter me motivado a nunca desistir dos meus sonhos, e que sempre soube
que eu conseguiria.

As tutoras e professoras mulheres incríveis que ao longo do curso


me ajudaram com dedicação, paciência e que nos agregaram muito conhecimento:
Jordana Reis Pacheco, Aline Fornaciari e Isabel Teixeira. Ao meu grupo de amigos
da faculdade, por todos esses anos juntas, e estão sempre dispostos a ajudar, amo
vocês: Xaxa, melhor amiga da vida, Mah, Rafa, Mari, Carol, Karina e Any. E a todos
que, direta ou indiretamente, contribuíram para nossa formação e a realização desse
trabalho. E para mim, por nunca ter desistido de mim durante esse trabalho, a
faculdade e da vida.
Que todos os nossos esforços estejam sempre focados no desafio à impossibilidade
todas as grandes conquistas humanas vieram daquilo que parecia impossível.

Charlie Chaplin.
SILVA, Ana Beatriz. A influência da microbiota intestinal no transtorno
depressivo maior: a ligação entre eixo intestino-cérebro e os sintomas
depressivos. 2022. 39. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em nutrição) –
(Universidade Pitágoras Unopar), Cabo Frio, 2022.

RESUMO

O presente trabalho tem como justificativa, buscar evidências na literatura científica,


livros, e artigos relacionado de como a microbiota intestinal afeta a atividade do
sistema nervoso central do seu hospedeiro, no transtorno depressivo maior. A
microbiota intestinal pode alterar os níveis de citocinas circulantes que por sua vez
podem ter efeitos marcantes sobre diversas funções cerebrais e contribuição para a
fisiopatologia dos transtornos de humor entre outros distúrbios
neurocomportamentais. Reconhecer que a microbiota intestinal afeta o sistema
nervoso central, gera impactos significativos na saúde global, sendo assim, levando
a estudos que contribuem para novas intervenções terapêuticas e preventivas,
tangendo uma linha de pesquisa promissora para uma nova era da saúde mental,
onde o, que possui um papel valioso na sociedade, age como forma de tratamento e
prevenção mais saudáveis, menos agressoras e dependentes, principalmente com a
suplementação de probióticos e prébióticos, e dietas ricas em fibras alimentares.
Destarte, o estudo presente tem o intuito de contribuir com futuros diagnósticos
psicológicos sobre os transtornos de humor entre outros distúrbios
neurocomportamentais, relacionando-os com a área da nutrição Foi feita uma
revisão bibliográfica a literatura científica, trata-se de uma pesquisa qualitativa e
descritiva iniciada a partir de artigos disponíveis na biblioteca Scientific Electronic
Library Online (SciELO), MEDLINE via PubMed, Google Acadêmico, livros e jornais
online tais como, Karger, Journal of psychiatric research e International Journal of
Molecular Sciences. Foi utilizado artigos publicados em português e em inglês, entre
os anos de 2011 até os mais recentes de 2021. Utilizando os termos “microbiota
intestinal”, “saúde mental”, “transtorno depressivo maior”, “depressão”, “eixo
intestino-cérebro”, “intestino”, “microbiota e doenças psiquiátricas”, “probióticos”,
“prébioticos”, “disbiose intestinal” para sua pesquisa. Destaca-se a importância de
promover ações de incentivo aos hábitos alimentares saudáveis e conscientização
sobre como a alimentação impacta a mente, gerando transtornos mentais, e como
dietas saudáveis, como a dieta mediterrânea, prébioticos e probióticos exercem um
efeito positivo no humor e na ansiedade de indivíduos saudáveis e podem oferecer
uma nova e útil abordagem terapêutica de distúrbios neuropatológicos e/ou terapias
adjuntas em transtornos psiquiátricos.

Palavras-chave: Microbioma. Depressão. Eixo intestino-cérebro. Dieta


mediterrânea. Probióticos. Prebióticos. Disbiose intestinal.
SILVA, Ana Beatriz. The influence of intestinal microbiota in major depressive
disorder: the link between the gut-brain axis and depressants. 2022. 39. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em nutrição) – (Universidade Pitágoras Unopar),
Cabo Frio, 2022.

ABSTRACT

The present work is justified to search for evidence in the scientific literature, books,
and related articles on how the gut microbiota affects the activity of the central
nervous system of its host in major depressive disorder. The gut microbiota can alter
circulating cytokine levels which in turn can have marked effects on various brain
functions and contribution to the pathophysiology of mood disorders among other
neurobehavioral disorders. Recognizing that the gut microbiota affects the central
nervous system, generates significant impacts on global health, thus leading to
studies that contribute to new therapeutic and preventive interventions, tangent a
promising line of research for a new era of mental health, where the, which has a
valuable role in society, acts as a form of treatment and prevention healthier, less
aggressive and dependent, especially with the supplementation of probiotics and
prebiotics, and diets rich in dietary fiber. Therefore, the present study aims to
contribute to future psychological diagnoses of mood disorders, among other
neurobehavioral disorders, relating them to the area of nutrition. A bibliographic
review of scientific literature was carried out; this is a qualitative and descriptive
research initiated from articles available in the Scientific Electronic Library Online
(SciELO), MEDLINE via PubMed, Google Scholar, books, and online journals such
as Karger, Journal of psychiatric research and International Journal of Molecular
Sciences. Articles published in Portuguese and English between the years 2011 to
the most recent 2021 were used. Using the terms "gut microbiota", "mental health",
"major depressive disorder", "depression", "gut-brain axis", "gut", "gut", "microbiota
and psychiatric diseases", "probiotics", "prebiotics", "gut dysbiosis" for their research.
It highlights the importance of promoting actions to encourage healthy eating habits
and raise awareness about how food impacts the mind, generating mental disorders,
and how healthy diets, such as the Mediterranean diet, prebiotics and probiotics have
a positive effect on mood and anxiety in healthy individuals and may offer a new and
useful therapeutic approach to neuropathological disorders and/or adjunct therapies
in psychiatric disorders.

Key-words: Microbiome. Depression. Gut-brain axis. Mediterranean diet.


Probiotics. Prebiotics. Intestinal dysbiosis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fatores que desequilibram a microbiota intestinal .................................... 22


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 12
2.1 TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR ...................................................... 12
2.2 MICROBIOTA INTESTINAL ........................................................................ 14
2.3 EIXO INTESTINO-CÉREBRO .................................................................... 17
2.4 SUPLEMENTAÇÃO DE PROBIÓTICOS E PRÉBIOTICOS E SEUS
EFEITOS NO EIXO INTESTINO-CÉREBRO. ........................................................... 19
2.5 DIETAS E CONSCIÊNCIA ALIMENTAR .................................................... 20

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 26

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 33
10

1 INTRODUÇÃO

A alimentação foi impactada ao longo dos anos mais negativamente do que


positivamente, na década de 1980 que foi marcada por seu grande crescimento em
relação ao hábito de comer alimentos industrializados fora de casa (SAVIOLI, 2019).
Dado o exposto, a sociedade desde a revolução industrial não foi a mesma, o estilo
de vida acelerado fez a sociedade se “adaptar” a uma rotina estressante e sem
tempo para as necessidades básicas, principalmente se alimentar. Impulsionados
pela rápida urbanização, nosso estilo de vida e alimentação mudaram drasticamente
nas últimas décadas: estilos de vida tradicionais (incluindo estruturas sociais da
comunidade, atividade física e dieta) mudaram em um período relativamente curto.
Essas mudanças estão relacionadas à alta prevalência de depressão e outros
transtornos psiquiátricos nos países ocidentais urbanizados. Em consonância com
isso, a dieta e a nutrição são vistas como um fator importante que contribui para a
patogênese dos transtornos somáticos e psiquiátricos (MÖRKL et al., 2020)

Desta forma criando uma visão do mundo atual em que tudo é acelerado e o
que precisamos fazer não cabe dentro de 24 horas, resultando em hábitos não
saudáveis que foram aumentando, dando espaço a hábitos cada vez menos
saudáveis e prejudiciais, levando assim aos prazeres momentâneos dos 3
ingredientes da alimentação moderna-açúcar, gordura e o sal- que quando
oferecidos nas doses certas potencializam a geração de prazer (SAVIOLI, 2019),
provocando um descontrole alimentar o que gera a insatisfação do corpo adoecendo
tanto o físico quanto mental. Estão em constante crescimento os estudos em relação
de como os hábitos e transtornos alimentares se relacionam com os transtornos
psiquiátricos.

A depressão é uma doença comum, dispendiosa e recorrente, que afeta mais


de 300 milhões de pessoas globalmente (WHO, 2017). Caracteriza-se por humor
triste, vazio ou irritável, variações nítidas no afeto, relacionadas a alterações
somáticas, cognitivas e neurovegetativas, que comprometem significativamente a
capacidade do indivíduo em realizar as atividades cotidianas, com diferentes
aspectos de duração, momento ou etiologia presumida (APA DSM-5, 2014). Está
associada à considerável morbidade e, quando duradoura e com intensidade
11

moderada ou grave, pode, em casos extremos, levar ao suicídio, devido ao


sofrimento excessivo (WHO, 2017). Sem um mecanismo biológico completamente
estabelecido, envolve o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal, fatores genéticos e de
crescimento, deficiência de monoaminas, estresse e outros possíveis mecanismos
(BELMAKER e AGAM, 2008), como a alteração da microbiota intestinal (JIANG et al,
2015). Esta desempenha diversas funções no organismo, entre as quais se destaca
a participação na comunicação bidirecional do eixo intestino-cérebro (CRYAN e
DINAN, 2012).

Nos últimos anos um número crescente de pesquisas mostra que a


alimentação não só tem um papel crucial em nossa saúde física como também na
mental. Sendo assim, pode-se considerar que a depressão é uma das doenças que
se relacionam com a qualidade nutricional da dieta, e a ideia de que a mente e corpo
encontram-se juntos está correta. Porém como o transtorno depressivo maior, a
microbiota intestinal e a alimentação se relacionam?
12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

A depressão é uma síndrome psiquiátrica, definida por uma alteração


bioquímica cerebral causada por déficit no metabolismo do neurotransmissor
serotonina, principal responsável pelo equilíbrio do humor e da sensação de bem-
estar do indivíduo. Esta temática vem em crescimento tanto na sociedade
contemporânea, quanto na área da saúde em geral. Contudo a forma como a
doença é encarada pela sociedade já passou por grandes modificações.
Anteriormente ao século 19 onde foi reconhecida como distúrbio mental, os casos de
depressão e insanidade estavam associados a mitos e superstições.

Em 2017, a OMS, já estava afirmando que em 2020 a depressão seria a


segunda doença mais comum do mundo, representando 6,2% dos diagnósticos
gerais de doenças em todos os continentes, sendo o suicídio a segunda principal
causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Para evitar isto, é
importante detectar seus sinais cotidianos e obter um estilo de vida mais saudável
para conseguir um diagnóstico quando a doença está bem no início (REDAÇÃO
MINHA VIDA, 2017).

No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas, cerca de 5,8% da


população (SARAIVA, et al 2020). E equivalente à mais de 300 milhões de pessoas
globalmente, e aumentando sua incidência em populações clínicas, pacientes
ambulatoriais e internados, chegando a 16%. Apesar de ter uma alta prevalência,
ainda é uma doença subdiagnosticada, às vezes sendo tratada de maneira
inadequada ou com medicamentos que trazem efeitos colaterais e até dependência,
e a grande parte dos pacientes nunca recebeu ou não aceita nenhum tratamento,
por preconceito ou pelo fato de não acreditar que tem solução por meio de
medicamentos e/ou terapia.

De acordo com Gonçalves et al. (2014) realizaram um estudo multicêntrico


transversal e encontraram taxas elevadas de prevalência de 18 transtornos mentais
(TM) comuns no Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre foram,
13

respectivamente, 51,9%, 53,3%, 64,3% e 57,7%, com diferenças significativas entre


Porto Alegre e Fortaleza comparando-se ao Rio de Janeiro. Entretanto, apenas uma
pequena parte desta população é identificada e tratada, aumentando o sofrimento
individual e com implicações socioeconômicas significativas, pois tais sintomas
aumentam a demanda nos serviços de saúde (ALMEIDA-FILHO et al., 1997;
JENKINS, 1997)

TENG (2005) alerta que para um diagnóstico correto de depressão é preciso


uma avaliação adequada dos sintomas depressivos, além da investigação de
possíveis causadores químicos/biológicos do organismo, pois apenas 35% dos
pacientes são diagnosticados corretamente. A importância da associação entre
depressão e outras comorbidades clínicas indica a necessidade de subdiagnosticar
outros causadores. Um dos suspeitos que se deve mais ser investigado é o intestino,
por sua ligação direta com o cérebro através do eixo intestino-cérebro. Por isso,
muita das vezes a terapia usual possui eficácia insatisfatória, baixa adesão e maior
refratariedade (TENG et al., 2005).

Segundo o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5)


(APA, 2013), o transtorno depressivo maior ou depressão é descrito por ocorrências
distintas, de pelo menos duas semanas de duração ou mais, envolvendo alterações
nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e remissões entre os
episódios. Nas quais há um humor deprimido ou perda de interesse pelas atividades
cotidianas, alterações no apetite e peso de uma forma drástica, sono desregulado ou
mais frequente, alteração em atividades psicomotoras, diminuição da energia,
sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldade aumentada em concentrar-se ou tomar
decisões, e em casos graves, pensamentos suicidas recorrentes ou tentativas de
suicídio (SARAIVA et al., 2020).

Pesquisas recentes sobre depressão relacionada a microbiota levam à


hipótese na qual diz que esse transtorno está intimamente ligado a microbiota
intestinal e a disfunção do eixo intestino-cérebro. Essa hipótese defende que
pacientes deprimidos possuem uma microbiota diferente de pacientes saudáveis; Na
qual a relação do microbioma intestinal aumenta a incidência e predisposição para a
depressão e que o restabelecimento da microbiota intestinal alivia e diminui a
14

incidência de tal, que sintomas depressivos podem ser transmitidos por transplante
de microbiota fecal; que os mecanismos das terapias antidepressivas estão
possivelmente relacionados com a microbiota; além das novas terapias integrantes
da regulação da microbiota intestinal apresentarem efeitos promissores (LIANG,
2018).

As anormalidades que envolvem o eixo intestino-cérebro, a depressão,


distúrbios gastrointestinais e disfuncionamento no microbioma intestinal, e
manter/restaurar a condição normal da microbiota intestinal ajuda na
prevenção/terapia de transtornos mentais. A depressão não é apenas um transtorno
mental, mas sim uma doença sistêmica.

2.2 MICROBIOTA INTESTINAL

A microbiota intestinal é definida como o conjunto de microrganismos


(bactérias, vírus e fungos) que habitam no trato gastrointestinal que atuam no corpo
humano. Estudos já mostram que as bactérias intestinais têm a capacidade de
liberar metabólicos, toxinas e neuro-hormônios, afetando o eixo intestino-cérebro,
provocando alterações psicológicas no indivíduo. Ela é única em cada indivíduo,
adquirida no nascimento, porém pode se alterar devido a fatores externos ou
internos, como o nascimento, higiene, estilo de vida, alimentação, entre outros. A
partir dos 3 anos de idade, ela se assemelha a de um adulto.

Após o nascimento até a fase adulta a composição e a atividade da


microbiota tornam-se mais completa. Em idosos, a microbiota se torna mais
vulnerável por conta de todo o histórico de uso de medicamentos, mudanças de
digestão, absorção, imunidade e processos inflamatórios durante toda a vida
(CLAESSON et al., 2011). O que Kim et al. (2020) já consegue perceber uma
relação prévia nas constantes alterações de humor e distúrbio neurodegenerativos
comuns em idosos com uma microbiota não saudável.

A composição inicial da comunidade microbiana é determinada pela forma de


nascimento do bebê. Crianças que nasceram de parto normal têm sua microbiota
formada a partir da flora fecal materna e das bactérias presentes no canal vaginal,
15

predominantemente Lactobacillus spp. Em contrapartida, os bebês que nascem de


parto cesariano possuem a microbiota composta pelas bactérias predominantes na 8
pele da mãe como Staphylococcus, Corynebacterium e Propionibacterium spp, com
uma pequena representação de Bifidobacteria spp (O’MAHONY, 2015).

Grandes projetos de mapeamento do microbioma humano já reportaram mais


de 2000 espécies, classificadas em doze diferentes filos, dos quais 93,5%
pertencem a Proteobactérias, Firmicutes (gram positivas), Actinobactérias e
Bacteroides (gram negativas) (LAZAR, 2019). Em um indivíduo adulto, predominam
em sua composição intestinal bactérias Firmicutes (Lactobacillus, Clostridium e
Enterococcus genus) e bacteroides (LACH, 2017).

Conforme Galland (2014), as bactérias podem sintetizar e responder à


hormônios e neurotransmissores humanos, o que afeta seu crescimento e sua
capacidade de fazer mal. As espécies de Lactobacilos produzem acetilcolina e
gama-amino-butirato (GABA); as espécies Bifidobactérias também geram GABA; a
Escherichia produz noradrenalina, serotonina e dopamina; Streptococcus e
Enterococcus produzem serotonina; e as espécies de Bacillus produzem
noradrenalina e dopamina. A microbiota do trato intestinal humano é o maior
reservatório de microrganismos do corpo humano, excedendo o número de células
hospedeiras humanas, cuja composição varia ao longo de todo o trato
gastrointestinal.

De acordo com Miller e Raison (2016), uma permeabilidade intestinal


aumentada possibilita a penetração de antígenos e produtos bacterianos, causando
um quadro inflamatório. Esta permeabilidade aumentada do epitélio intestinal se
mostra um ponto chave da interação entre a microbiota, do intestino e o cérebro, já
que quando há uma alteração neste sistema, se torna uma porta de acesso para que
as bactérias presentes no intestino e seus produtos metabólicos entrem em contato
com o sistema nervoso central, sistema imunológico, corrente sanguínea e outras
vias neurais, modulando diretamente seu funcionamento (YARANDI et al., 2016).
Isso se torna mais evidenciado quando se observa citocinas pró-inflamatórias e seus
receptores aumentados, além de quimosinas, em pacientes com depressão.
16

A microbiota se desenvolve a todo momento, decorrente da interação de


fatores genéticos, socioeconômicos, contato com o ambiente, dieta e doença,
explicando o fato de cada indivíduo apresentar uma microbiota intestinal única
(BEDANI, 2008). E possui uma grande importância da microbiota intestinal para a
função do sistema nervoso central (SNC), pois possuem uma comunicação que
integra as sinalizações neurais, hormonais e imunológicas entre a microbiota e os
seus metabólicos com o cérebro, que influencia nas funções gastrointestinais e
imunológicas (HEIJTZ et al., 2011).

Ainda de acordo com Bedani (2008), a alta atividade metabólica e endócrina


do trato gastrointestinal, além do seu papel nutricional, resulta num importante
impacto sobre a saúde e o bem-estar do indivíduo. A microbiota intestinal é capaz de
produzir uma variedade de neurotransmissores, substâncias neuro ativas e
metabólitos como serotonina, catecolaminas e acetilcolina (LYTE, 2011). E possível
que a microbiota e seus metabólitos participem da modulação de comportamentos e
processos encefálicos, como responsável do estresse, conduta emocional, consumo
alimentar, modulação da dor e bioquímica cerebral (MAYER, 2015).

De acordo com Neuhanning (2019), o uso de antibióticos, que não


apresentam efeito seletivo, atingindo tanto bactérias nocivas como bactérias
benéficas; consumo de alimentos industrializados, ricos em gorduras e açúcares;
exposição a agrotóxicos; baixa imunidade; uso de laxantes; entre outros, deterioram
ainda mais a microbiota intestinal.

Embora os antibióticos tenham desempenhado um papel vital na terapia anti-


infecciosa humana, eles danificam a microbiota e aumentam a incidência de
depressão, eles não apenas matam patógenos, mas também destroem
microrganismos benéficos, induzem disfunção do eixo microbiota intestino-cérebro e
aumentam a incidência de várias doenças, incluindo transtornos mentais.
(NEUHANNIG, 2019).

E podemos citar também o estresse que perturba a microbiota e aumenta a


suscetibilidade à depressão. Eventos estressantes da vida são indutores importantes
de transtornos depressivos e são frequentemente usados em pesquisas sobre
17

depressão animal. O estresse crônico não afeta apenas a mente e o sistema de


resposta ao estresse, mas também perturba a microbiota intestinal (NEUHANNIG,
2019).

2.3 EIXO INTESTINO-CÉREBRO

Dinan (2015) explica que a comunicação do eixo intestino-cérebro ocorre por


vários caminhos, que incluem:
• o nervo vago com divisões eferentes e aferentes, executando uma função
essencial na ativação de sinais do cérebro para o intestino e vice-versa e
consequentemente influenciando a capacidade anti-inflamatória e protegendo contra
infecções;
• o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal (HPA), que é o eixo núcleo do
estresse;
• as citocinas produzidas pelo sistema imunológico, que afetam diretamente a
função cerebral, principalmente em áreas como hipotálamo, onde a interleucina (IL)
– 1 e IL-6 (pro-inflamatórias) fornecem uma liberação do 10 hormônio liberador de
corticotrofina (CRH). Esse hormônio é o regulador peptídico dominante do HPA;
• o metabolismo do triptofano, aminoácido essencial e um precursor de muitos
agentes biologicamente ativos, incluindo o neurotransmissor serotonina (5HT);
• a produção de ácidos graxos de cadeira curta (SCFAs).

Essa comunicação bidirecional entre eixo-cérebro e intestino vem sendo


reconhecida e interage com o Sistema Nervoso Central (SNC) mediante Sistema
Nervoso Autônomo (SNA) – tanto simpático quanto parassimpático, Sistema
Nervoso Entérico (SNE), Sistema Neuroendócrino e sistema imune. A microbiota
atua influenciando o cérebro, contribuindo para um organismo saudável ou levando
ao desenvolvimento de doenças, inclusive transtornos de humor como ansiedade e
em priori a depressão (CARDOZO MEDEIROS; DA COSTA MAYNARD, 2019).

Existem ainda evidências que mostram que a microbiota também pode


desempenhar um papel importante para o início de patogêneses, através de
mecanismos como inflamação e liberação de toxinas, por metabólitos e neuro-
hormônios produzidos pelos microrganismos presentes no intestino, onde na
18

ausência de microbiota intestinal saudável, o cérebro não se desenvolve


normalmente (ALAM; ABDOLMALEKY; ZHOU, 2017).

As citocinas inflamatórias perturbam a neuroquímica do cérebro e tornam os


indivíduos mais vulneráveis à depressão (JONGE, 2013). De acordo com LYTE
(2011), já se sabe que algumas bactérias liberam, com metabólitos secundários,
neurotransmissores, como a serotonina, que se apresenta como um importante
neurotransmissor envolvido na interação entre disbiose, depressão e nutrição.
Quando há um quadro de disbiose, em que as bactérias não conseguem fazer seu
papel adequadamente, a síntese e disponibilidade de serotonina é dificultada,
podendo levar a quadros depressivos (SARAIVA et al., 2020) que afetam
diretamente a regulação do humor, sono, apetite, comportamento, ritmo circadiano,
entre outros.

Qualquer desequilíbrio na microbiota intestinal denomina-se disbiose, na qual


é responsável por uma série de manifestações patológicas no organismo humano. A
disbiose intestinal modifica a resposta imunológica, de modo a favorecer um estado
pró-inflamatório (MOTA et al., 2018), além de alterar a sensibilidade visceral, a
mobilidade e a permeabilidade (PASSOS; MORAES-FILHO, 2017). Essas
mudanças, tanto no sistema imune como no metabolismo, são tidas como fator
influenciador de algumas doenças, entre as quais estão a obesidade, diabetes,
doenças neurológicas e autoimunes (PASSOS; MORAES-FILHO, 2017). De acordo
com Romina Silva et al. (2021) complementam que, na infância, a disbiose pode
afetar funções cognitivas e a sociabilidade da criança. Pesquisas demonstram que a
disbiose pode correlacionar-se a quadros de sofrimento psíquico, a exemplo da
depressão; desequilíbrios na microbiota intestinal podem provocar diminuição dos
níveis hormonais e levar a instabilidades de humor ou comportamento. Sendo assim,
o cuidado com a microbiota intestinal torna-se fator promissor tanto para um bem-
estar físico, quanto para bem-estar mental (SARAIVA; CARVALHO; LANDIM, 2020).

Alguns métodos podem ser adotados para auxiliar na construção de uma


microbiota saudável, podendo ser eles dietéticos ou não. Para contornar a disbiose,
adota-se o uso de medicações e mudanças nos hábitos alimentares, sendo indicado
o consumo de alimentos naturais, livres de agrotóxicos, além da estratégia da
19

utilização dos simbióticos, formado por probióticos e prebióticos, excluindo o


consumo de alimentos alergênicos, industrializados e com aditivos (NEUHANNIG et
al., 2019).

Um estado inflamatório crônico da microbiota intestinal pode levar a ativação


de áreas do Sistema Nervoso envolvidas com as emoções, como o hipotálamo e a
amígdala, podendo levar a um desenvolvimento no transtorno de humor, associado
a dietas com alto potencial inflamatório. Então, um maior cuidado na dieta e estilo de
vida teria como consequência uma diminuição da inflamação no intestino, impedindo
a presença de compostos também inflamatórios no cérebro (AKBARALY, 2016).

2.4 SUPLEMENTAÇÃO DE PROBIÓTICOS E PRÉBIOTICOS E SEUS EFEITOS


NO EIXO INTESTINO-CÉREBRO.

De acordo com Hemarajata e Versalovic (2013) variados alimentos podem


alterar a composição das bactérias que abrigam e compõem a microbiota do
intestino, bem como também o uso de probióticos e prebióticos como forma de
auxílio na reposição e manutenção da mesma. E dietas com maior quantidade de
fibras, carboidratos de baixo índice glicêmico e ácidos graxos são consideradas
padrão ouro, como a dieta do mediterrâneo (TREMAROLI, V, 2012).

De acordo com Dinan e Cryan (2013), a administração de probióticos -


microrganismos vivos que sobrevivem ao trato gastrointestinal e não possuem
característica patogênica - podem alterar as regiões do cérebro que controlam o
processamento central das emoções e das sensações, podendo impactar
positivamente nos sintomas da depressão. Assim, se mostra que a modulação do
eixo intestino-cérebro pode ser relevante no tratamento de distúrbios
gastrointestinais, obesidade, e principalmente, humor e ansiedade. Os probióticos
conseguem ter o papel de manter a integridade do revestimento intestinal, equilibram
o pH, possuem ação antibiótica, regulam a imunidade e inflamação, bloqueiam a
propagação e invasão de bactérias patogênicas. Probióticos, conhecidos como
psicobióticos, podem alterar as regiões do cérebro que controlam o processamento
central das emoções e das sensações. Neste caso, o uso de psicobióticos impacta
positivamente nos sintomas da depressão (DINAN; CRYAN, 2013). Os efeitos
20

benéficos dos probióticos devem-se à sua capacidade de influenciar a microbiota


intestinal e a sua habilidade de gerar produtos com propriedades bioativas, como por
exemplo, peptídeos e ácidos graxos de cadeia curta (TRAN et al., 2019). O uso de
probióticos contendo bactérias de cepas Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp
aumentam o neurotransmissor inibitório GABA, reduzindo sintomas da depressão
(BRAVO et al., 2011). Os probióticos podem se ligar aos principais receptores de
reconhecimento de padrões, inibindo a liberação de citocinas pró-inflamatórias e
melhorando a expressão de citocinas anti-inflamatórias (ZHOU, 2015). Existem
muitos fatores que podem influenciar os efeitos relacionados a suplementação de
probióticos, como dieta e uso de medicamentos antidepressivos, que podem não só
alterar a microbiota durante a suplementação, como também podem alterar o
desfecho psicológico.

Estudos que envolvem o uso de probióticos e psicobióticos mostram que


pacientes com distúrbios de humor, como a depressão, que estejam ou não em
tratamento medicamentoso, apresentam melhora no fim dos testes
(ESKANDARZADEH et al., 2019). Esses dados abrem a possibilidade para novas
formas de tratamento e prevenção, de forma multidisciplinar, podendo ser mais
eficazes, com melhor adesão e com menos efeitos colaterais, já que as terapias
usuais possuem eficácia insatisfatória, de baixa adesão e grande refratariedade
(KELLY et al., 2016).

Quando a microbiota intestinal se encontra em desiquilíbrio o ideal é,


portanto, a ingestão de Probióticos para legitimar a flora com bactérias saudáveis
para restabelecer o equilíbrio intestinal. (LEMGRUBER, 2018). Os probióticos são
encontrados em alimentos como: coalhada, queijos, iogurtes, alho e alho poró,
tomate, cebola, banana, mel.

2.5 DIETAS E CONSCIÊNCIA ALIMENTAR

A dieta é um dos fatores mais influentes na microbiota intestinal após o


desmame, e dietas pobres perturbam significativamente a microbiota e aumentam a
incidência de depressão. Muitas dietas não saudáveis, incluindo a dieta ocidental, a
dieta de alimentos refinados e alimentos processados industrialmente, que contêm
21

excesso de gordura saturada, açúcar e aditivos alimentares, destroem a microbiota


intestinal normal e aumentam a suscetibilidade à depressão. As influências da má
alimentação provavelmente estão intimamente relacionadas com a disfunção do eixo
microbiota intestino-cérebro que induz (LIANG et al., 2018, tradução nossa).

Ao contrário de dietas pobres, dietas saudáveis aumentam a diversidade e a


estabilidade da microbiota intestinal e melhoram a saúde e o bem-estar (Liang et al.,
2018, tradução nossa). Dietas saudáveis, como a dieta mediterrânea, são ricas em
fibras alimentares, ácidos graxos insaturados e alimentos fermentados, como
iogurte, queijo e natto; elas contêm carboidratos menos refinados, ácidos graxos
saturados, açúcar e aditivos alimentares. Dietas saudáveis podem estimular a
proliferação de microrganismos benéficos e melhorar o comportamento e a
cognição, provavelmente através do eixo intestino-cérebro. Esses estudos apoiaram
muito a dietoterapia alicerçada a depressão (LIANG et al., 2018, tradução nossa).

Antibióticos, estresse crônico e má alimentação perturbam a microbiota


intestinal, alteram a microbiota em direção a um fenótipo de depressão e aumentam
a incidência de depressão. Esses três fatores geralmente aparecem
simultaneamente, mas são ignorados pelo hospedeiro humano (LIANG et al., 2018,
tradução nossa).

Uma boa alimentação e um adequado funcionamento do intestino é essencial


no combate e controle da depressão, pois, a mesma ajuda a produzir mais
serotonina, que dá ao cérebro sensação de bem-estar, aumentando o bom humor e
sensação de saciedade (LEMGRUBER, 2018). Portanto, uma boa alimentação
advém da consciência alimentar. Alguns fatores desequilibram a microbiota intestinal
como na figura 1.
22

Figura 1 - Fatores que desequilibram a microbiota intestinal

Fonte: INTEGRAL (2021).

A seguir, apresenta-se alguns alimentos que melhoram o humor e são


excelentes coadjuvantes para auxiliar no combate da depressão, de acordo com
Lemgruber, 2018.

1. Frutas: Melancia, abacate, mamão, banana, tangerina e limão são


conhecidos como agentes do bom humor. "Todas estas frutas são ricas em
triptofano, aminoácido que ajuda na produção de serotonina", explica a nutricionista
Tosatti apud Lemgruber, 2018). É recomendado o consumo de três a cinco porções
de frutas todos os dias.

2. Leite e iogurte desnatado: Eles são ótimas fontes de cálcio, mineral


que elimina a tensão e depressão. "O cálcio ajuda a reduzir e controlar o nervosismo
e a irritabilidade. Ele participa também das 26 contrações musculares, dos
batimentos cardíacos e da transmissão de impulsos nervosos e regulariza a pressão
arterial", explica a nutricionista Tosatti. É recomendado o consumo de 2 a 3 porções
por dia.
23

3. Laranja e maçã Elas ganham destaque porque fornecem ácido fólico, cujo
consumo está associado a menor prevalência de sintomas depressivos. Além disso,
por ser rica em vitamina C, a laranja promove o melhor funcionamento do sistema
nervoso, garante energia, ajuda a combater o estresse e previne a fadiga.

4. Castanha do Pará, Nozes e Amêndoas. Elas são ricas em selênio, um


poderoso agente antioxidante. Segundo a nutricionista Abykeyla Tosatti, elas
colaboram para a melhoria dos sintomas de depressão, auxiliando na redução do
estresse. As quantidades diárias recomendadas são duas a três unidades de
castanha-do-pará ou cinco unidades de nozes ou 10 a 12 unidades de amêndoas.
Mas também dá para fazer um mix saboroso dessas oleaginosas.

5. Banana e abacate: A banana é rica em carboidrato (hidratos de carbono),


potássio e magnésio. Também é fonte de vitamina B6, que produz energia. "A fruta
diminui a ansiedade e ajuda a ter um sono tranquilo", explica Abykeyla. Tão bom
quanto, o abacate é outra ótima opção, e antes de dormir. Consumir duas colheres
de chá da fruta pura (sem açúcar ou adoçante) todos os dias antes de se deitar.

6. Ovos: "Eles são uma boa fonte de tiamina e a niacina (vitaminas do


complexo B), que colaboram com o bom humor", aponta Tosatti. O recomendado é
uma unidade por dia, no máximo. Quem tem colesterol alto deve se preocupar com o
consumo em excesso, e evitar, principalmente a versão frita.

7. Mel: Esse alimento estimula a produção de serotonina, neurotransmissor


responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Para usufruir dos benefícios,
duas colheres de sobremesa, ao dia, são suficientes.

8. Carnes magras e peixes: "O triptofano, presentes nestas fontes de


proteína, ajuda no combate da depressão e melhora o humor, pois aumenta a
produção de serotonina, que exerce grande influência no estado de humor, pois é
capaz de reduzir a sensação de dor, diminuir o apetite, relaxar, criar a sensação de
prazer e bem-estar e até induzir e melhorar o sono", enfatiza a nutricionista Abykeyla
Tosatti. Ela recomenda entre uma e duas porções por dia, principalmente de peixes
como atum e salmão.
24

9. Carboidratos complexos: Eles ajudam o organismo a absorver triptofano e


estimulam a produção do neurotransmissor serotonina, que ajuda a reduzir as
sensações de depressão. "Uma alimentação pobre em carboidratos, por vários dias,
pode levar a alterações de humor e depressão. Alimentos fontes de carboidratos:
pães, cereais integrais (trigo, arroz)", explica a especialista Abykeyla Tosatti. A
recomendação é de 6 a 9 porções diárias.

10. Aveia e centeio: Os dois são ricos em vitaminas do complexo B e vitamina


E. "Estes nutrientes possuem grande importância, pois, melhoram o funcionamento
do intestino, combatem a ansiedade e a depressão", diz a nutricionista Abykeyla
Tosatti. A recomendação é de, pelo menos, três colheres de sopa cheia por dia.

11. Folhas verdes: Estudos mostram que uma alimentação com consumo
elevado de folato (importante vitamina do complexo B) está associada a menor
prevalência de sintomas depressivos. Um dos alimentos ricos em folato são as
hortaliças folhosas verde-escuras (espinafre, brócolis, alface). "Algumas pesquisas
mostram que indivíduos deprimidos podem apresentar baixos níveis de vitamina
B12, levando a diminuição do folato e o desequilíbrio do metabolismo dos
neurotransmissores do cérebro associados ao controle do humor", adverte a
especialista Tosatti. O recomendado é a ingestão diária de três a cinco porções por
dia.

12. Soja: Ela é rica em magnésio que é o segundo mineral mais abundante no
nosso organismo e desempenha um papel fundamental na energia das células. Sua
deficiência pode resultar em falta de energia. "O magnésio ajuda a reduzir a fadiga e
aumentar os níveis de energia. Esse mineral combate ao estresse porque tem
propriedades tranquilizantes naturais, principalmente quando combinadas com
cálcio", explica a nutricionista Abykeyla Tosatti.
25

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva iniciada a partir de artigos


disponíveis na biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO), MEDLINE via
PubMed, Google Acadêmico, livros e jornais online tais como, Karger, Journal of
psychiatric research e International Journal of Molecular Sciences. Foi utilizado
artigos publicados em português e em inglês, entre os anos de 2011 até os mais
recentes de 2021. Utilizando os termos “microbiota intestinal”, “saúde mental”,
“transtorno depressivo maior”, “depressão”, “eixo intestino-cérebro”, “intestino”,
“microbiota e doenças psiquiátricas”, “probióticos”, “prébioticos”, “disbiose intestinal”
para sua pesquisa.
26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A investigação sobre a relação entre o cérebro e o sistema digestório já


ocorre há muito tempo. Por volta do século 19, Willian Beaumont, cirurgião do
exército americano, ao tratar de um paciente atingido por uma arma de fogo, pode
analisar por meio de uma fistula com acesso ao intestino, que toda vez que o
paciente sofria alguma irritação, sua digestão era afetada, sendo essa uma
demonstração do quanto o estado emocional alterava o funcionamento do intestino
(BARICHELLO, 2020).

Ivan Pavlov com o apoio de Carl Ludwig, deram início a uma nova pesquisa
utilizando o seguimento dos estudos fundamentados pelo Dr. Beaumont, usando
modelos animais, constataram que as interações intestino-cérebro apareciam na
etapa cefálica da secreção pancreática e gástrica (BARICHELLO, 2020). Já, Walter
Cannon evidenciou a manipulação cerebral na modulação da função intestinal,
posteriormente mencionado em outro estudo realizado por Cryan e Timothy Dinan
(CRYAN; DINAN, 2012) Há pelo menos 20 anos surgiu evidência sobre a interação
das bactérias e o cérebro. Todavia, somente nas últimas décadas tornou-se
conhecido no mundo inteiro. As evidências que a microbiota intestinal está
relacionada com as modificações de cognição e comportamento corrobora
expressivamente para estabelecer o eixo microbiota-intestino-cérebro, atualmente
conhecido como eixo intestino-cérebro (do inglês “Gut-Brain Axis”). Diversos estudos
constatam que a comunicação do eixo intestino-cérebro é bidirecional e acontece
entre os órgãos intestinais e o Sistema Nervoso Central (SNC) (CARLESSI et al.,
2021; CRYAN et al., 2019; OSADCHIY; MARTIN; MAYER, 2019; STILLING; DINAN;
CRYAN, 2014). Estudos realizados com animais livre de germes, ao serem expostos
a antibióticos e a infecções bacterianas, apontam que a interação entre o cérebro e
o intestino é vigorosamente manipulada pela microbiota intestinal, sendo modulada a
partir do funcionamento neural até as atitudes do indivíduo (LACH et al., 2017).

Segundo Mayer (2011) essa comunicação acontece através do nervo vago e


o Sistema Nervoso Entérico (SNE), com o papel crucial de mandar os sinais do
encéfalo para o TGI, tanto quanto do TGI para o encéfalo. Sendo assim, uma via
bidirecional, capaz de contribuir para regulação alimentar, secreção do ácido
27

gástrico e a resposta inflamatória (MAYER, 2011). A comunicação desenvolvida


entre o eixo intestino cérebro é fundamental para a saúde do indivíduo, dada a
capacidade de o intestino influenciar o SNC e SNE. Diferentes tipos de mecanismos
de ação teoricamente exercem essa influência, antes de ser recebida pelo cérebro a
informação sensorial do TGI que pode ser influenciada pela microbiota e dessa
forma, processada e enviada por diferentes vias de comunicação, tais como a via
neural, hormonal e imunológica (YARANDI et al., 2016). Essas alterações nas vias
de comunicação entre o intestino e o cérebro são responsáveis pelas alterações
fisiológicas e patológicas do indivíduo, através dos efeitos causados na homeostase
do SNC (LACH et al., 2017). A função imunológica do intestino é determinada pela
capacidade deste órgão, em conjunto com o sistema imunológico, evitar que
agentes nocivos prejudiquem a saúde do indivíduo. A função imune do intestino
baseia-se em três linhas de defesa: a microbiota presente no intestino, a mucosa
intestinal e o sistema imune intestinal. O tecido linfoide associado ao intestino produz
aproximadamente 60% do total das imunoglobulinas (Ig), os famosos anticorpos,
tornando o intestino o principal órgão imune do organismo (CARLESSI et al., 2021).

O SNC é composto pela medula espinhal e pelo encéfalo tendo como


responsabilidade receber e processar informações, e no intestino desempenha papel
de regular as funções gastrointestinais, tais como a secreção de mucina, a
motilidade e a produção hormonal (MAYER, 2011). Os gânglios e os nervos fazem
parte do Sistema Periférico, sendo sua maior parte constituída por axônios
(prolongamento de neurônios), da qual os corpos celulares estão localizados no
SNC (BEAR, Mark F; CONNORS; PARADISO, 2008). Já o SNE é formado por uma
rede de gânglios que estão introduzidos na parede do TGI e interconectados por
fibras nervosas (VEDOVATO et al., 2014). Cerca de 200 a 600 milhões de neurônios
provém da crista neural do SNE, representando e caracterizando a maior e mais
profunda rede neural do Sistema Autônomo e Periférico (FORSYTHE; KUNZE,
2013).

Até o momento, sabe-se que existe uma comunicação bidirecional entre a


microbiota intestinal e o cérebro, o eixo microbiota-intestino-cérebro, ocorre por meio
de várias vias, incluindo o nervo vago, o sistema imunológico, as vias
neuroendócrinas e metabólitos derivados de bactérias, influenciando a
28

neurotransmissão e os comportamentos associados a condições neuropsiquiátricas


(SANDHU et al., 2017). E, a alimentação faz parte deste processo influenciando
diretamente a microbiota e a manutenção da saúde do cérebro.

O corpo humano tem em sua formação um número dez vezes maior de


bactérias (cerca de 10 a 100 trilhões) do que de células humanas, vivendo em
simbiose (Fajardo, 2015). As recentes descobertas sobre a influência da microbiota
no comportamento, tem aumentado a atenção direcionada às dietas com probióticos
e prebióticos que estimulem o crescimento de uma flora intestinal saudável. Sendo
assim, uma boa alimentação é essencial para a saúde mental.

A infância e a adolescência correspondem aos períodos mais dinâmicos a


nível do desenvolvimento do cérebro e da microbiota e, portanto, alterações nestes
períodos poderão modificar profundamente a sinalização ao longo do eixo intestino-
cérebro, afetar a saúde ao longo da vida e aumentar o risco ou até mesmo levar ao
aparecimento de distúrbios do desenvolvimento neurológico. Os neurônios
intestinais chamam a atenção também pela sua farta produção de serotonina,
molécula que leva ao estado de bem-estar – 90% da serotonina descarregada pelo
corpo é fabricada ali. “Esse neurotransmissor é importante porque garante o
funcionamento adequado do órgão”, diz o médico Henrique Ballalai, da Academia
Brasileira de Neurologia. Mas se sabe que ele ainda pode exercer um efeito
sistêmico. O fato é que a serotonina é só um dos mais de 30 mensageiros químicos
montados no ventre. Essas substâncias são encarregadas de transmitir recados de
um lado para o outro e estabelecer comunicação eficiente entre o intestino e o
cérebro de verdade. “Essa conversa acontece diretamente por meio do nervo vago,
estrutura que passa pelo tórax e liga o sistema gastrointestinal à cabeça”, descreve
o endocrinologista Filippo Pedrinola, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia. O nervo vago é uma via de mão dupla: assim como o abdômen manda
mensagens para a massa cinzenta, o correio inverso também ocorre. “É por isso
que, diante de uma situação de estresse, podemos sentir frio na barriga ou vontade
de ir ao banheiro”. Há um terceiro elemento que interfere nessa conexão: a cada vez
mais estudada flora intestinal. Microbiota, para sermos corretos. O intestino carrega
cerca de 100 trilhões de bactérias, quantidade dez vezes superior ao número de
células do corpo. Esse contingente representa de 2 a 3 quilos do peso total de um
29

indivíduo. “A microbiota tem papel decisivo na manutenção 31 da saúde. Ela auxilia


a digerir alimentos e a nos proteger de infecções”. A princípio, a relação com essas
bactérias é pacífica e proveitosa para os dois lados: elas conseguem obter nutrientes
necessários para sobreviver e, em troca, regulam o organismo (BIEMATH, 2016).

A formação da microbiota humana inicia-se no momento do parto (natural ou


cesariana), quando o recém-nascido é exposto aos inúmeros microrganismos, visto
que durante a gestação o feto é considerado estéril. A correlação entre partos
prematuros e infecções intrauterinas reforça a tese de que a microbiota intestinal se
forma a partir do nascimento, seja por parto normal ou cesariana. No entanto,
estudos recentes realizados em úteros saudáveis, mostraram que espécies como E.
faecium, S. epidemidis, P. acnes, L. rhamnosus e Bifidobacterium spp, encontravam-
se presentes no sangue do cordão umbilical e anexos da placenta (Silva, 2014).

Assim, a presença de bactérias em amostras da placenta, líquido amniótico e


mecônio inviabilizam a hipótese de que as mucosas do recém-nascido seriam
estéreis e que a sua colonização seria progressiva, durante e após o parto (Silvestre,
2016). Ou seja, a colonização bacteriana fetal estaria ocorrendo precocemente via
circulação placentária e líquido amniótico (Serdoura, 2017).

A microbiota entérica é formada por bactérias benéficas ou probióticas, como


Bifidobactérias e lactobacilos, e de bactérias nocivas, como Enterobacteriaceae e
Clostridium spp., além de Eubacterium spp., Fusobacterium spp.,
Peptostreptococcus spp. e Ruminococcus (Paixão & dos Santos Castro, 2016). A
microbiota intestinal é considerada um ecossistema essencialmente bacteriano que
reside normalmente nos intestinos do homem, exercendo o papel de proteção,
impedindo o estabelecimento de bactérias patogênicas que geralmente é
ocasionado pelo desequilíbrio da microbiota (Lopes, dos Santos, & Coelho, 2017)

As recentes descobertas sobre a influência da microbiota no comportamento,


tem aumentado a atenção direcionada às dietas com probióticos e prebióticos que
estimulem o crescimento de uma flora intestinal saudável. Sendo assim, uma boa
alimentação é essencial para a saúde mental.
30

De acordo com os estudos de Tillisch et al (2013), a alteração da composição


da microbiota intestinal, devido à administração de probióticos, podem sugerir uma
redução nas respostas de uma rede funcional contendo córtices afetivos,
viscerossensoriais e somatossensoriais, que promoveram alterações na atividade
intrínseca do cérebro em repouso e nas conexões com o mesencéfalo, o que
poderia explicar as diferenças observadas na atividade afetiva. Dessa forma, Dinan,
Stanton e Cryan (2013) sugerem que os probióticos, conhecidos como psicobióticos,
podem alterar as regiões do cérebro que controlam o processamento central das
emoções e das sensações. Nesse caso, os psicobióticos podem impactar
positivamente nos sintomas de depressão e de ansiedade. Logo, a modulação do
eixo intestino-cérebro pode ser relevante no tratamento de distúrbios gastrintestinais,
obesidade, humor e ansiedade (DINAN e CRYAN, 2013).

Além disso, estudos demonstram que há diferença na composição da


microbiota em pacientes com depressão, pelo aumento dos Bacterioidetes e
Proteobactérias e diminuição dos Firmicutes (JIANG et al, 2015). Ainda, o uso de
probióticos contendo Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp. aumentam o
neurotransmissor inibitório GABA, reduzindo sintomas de ansiedade e depressão
(BRAVO et al, 2011; BARRETT et al, 2012). Ou seja, os resultados sugerem
alterações quantitativas e qualitativas tanto da microbiota da mucosa intestinal
quanto da microbiota intestinal fecal em pacientes com síndromes intestinais e
transtornos psiquiátricos depressivos (DINAN e CRYAN, 2013).
31

5 CONCLUSÃO

Através da pesquisa científica realizada foi possível verificar que existem


evidencias que a microbiota intestinal está associada com as alterações de
comportamento e cognição, o que colabora para determinar a relação no eixo
intestino-microbiota-cérebro. Estudos mostram que essa interação é modulada pela
microbiota intestinal relacionada diretamente ao cérebro.

A microbiota intestinal é essencial para ter uma qualidade de vida equilibrada,


devido a sua capacidade de interagir e influenciar em diversas funções do
organismo e alterando o modo de viver do indivíduo. Podendo ser de origem
fisiológica, imunológica ou metabólica, e seu mal funcionamento pode aumentar a
permeabilidade intestinal e consequentemente ocasionar distúrbios como ansiedade
e depressão.

Nessa perspectiva, estudos apontam que modificações no perfil alimentar


alteram a microbiota intestinal por meio do crescimento de uma flora bacteriana
patógena e ocasionando maior extração de nutrientes da dieta, dentre eles a
gordura. Essas modificações alimentares estão diretamente relacionadas ao
processo de mecanização da produção de alimentos e o acesso a alimentos com
baixo valor nutricional e alto valor calórico, favorecendo, então um quadro de
obesidade.

Diante disto, a microbiota intestinal saudável depende de uma alimentação


adequada, e ao manter o equilíbrio da homeostase intestinal, pode ser possível
prevenir, assim como, auxiliar no tratamento dos distúrbios de ansiedade e
depressão. No entanto, é preciso ter mais estudos com metodologias mais robustas,
a fim de clarear os aspectos pontuais abordados nessa pesquisa, bem como, obter
novas descobertas.

Dado o exposto, os achados científicos levantados na presente revisão


bibliográfica permitiram a compreensão da relação entre a microbiota intestinal e o
cérebro, que está diretamente ligado ao transtorno depressivo maior, enfatizando
assim a necessidade de condutas focadas em melhorias no aspecto qualitativo e
32

quantitativo do microbioma intestinal como estratégias de prevenção relacionado aos


transtornos mentais.

Portanto, a melhor forma de garantir uma microbiota de equilibrada é ter uma


alimentação de qualidade, rica em vitaminas, bem como fazer uso de prebióticos e
probióticos, desde que em quantidades adequadas. Os efeitos benéficos atribuídos
ao uso de probióticos e prébioticos destacam-se, sobretudo, a estabilização do
equilíbrio da microbiota intestinal, mediante seu uso.
33

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