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Digo ainda que esse interesse acadêmico (e literário) pela questão está
associado também à minha história particular, visto que, desde a infância,
cultivei um grande amor pelos animais e me interessei por eles enquanto
seres sensíveis, inteligentes e dotados de saberes sobre o mundo.
Foi através de Derrida que chegou a este domínio? Ou foi a literatura que a
conduziu até aqui?
Em que medida é que podemos afirmar que a obra de Derrida L’Animal que
donc je suis combate ou desconstrói um certo discurso logocêntrico na
tradição filosófica?
Sem dúvida, Derrida efetua, em L’Animal que donc je suis (à suivre), uma
apurada desconstrução do humanismo logocêntrico do Ocidente, a partir do
questionamento de toda uma linhagem de filósofos — como Aristóteles,
Descartes, Heidegger e Levinas, entre outros — que converteram o animal
em um mero teorema para justificar a racionalidade e a linguagem humanas
como propriedades diferenciais (e superiores) dos humanos em relação aos
outros viventes. Ele realiza, dessa forma, uma crítica implacável das falsas
oposições que separam a espécie humana das demais espécies,
questionando, passo a passo, os chamados “próprios do homem”
(linguagem, pensamento, riso, nudez, consciência da morte, uso de
utensílios, capacidade de responder, mentir e apagar os próprios rastros,
etc), que serviram não apenas para o estabelecimento de uma radical cisão
entre homem e animal, humanidade e animalidade, como também para a
legitimação das práticas humanas de violência contra os demais viventes.
Essas reflexões vão ser, depois, desdobradas e verticalizadas pelo filósofo
franco-argelino nos seminários que ministrou entre 2001 e 2003, em Paris,
posteriormente reunidos e publicados em dois volumes, sob o título de La
Bête et le Souverain.
Sim, a grande ruptura entre humano e não humano ocorreu com Descartes,
que legitimou a razão como condição da existência e associou o animal à
máquina. Dessa cisão, cujas consequências foram cruéis para os chamados
“seres irracionais”, foi construído um conceito de humano (e de humanismo)
pautado, sobretudo, na exclusão da animalidade do homem. Como evidencia
Derrida em seus textos sobre o tema, essa visão cartesiana incidiu
enormemente na tradição filosófica do Ocidente e ainda se faz ver na
filosofia contemporânea.
Abre o seu livro com uma epígrafe de Maria Gabriela Llansol, em que a
autora diz: Era uma vez um animal chamado escrita, que devíamos,
obrigatoriamente, encontrar no caminho; dir-se-ia, em primeiro, a matriz de
todos os animais; em segundo, a matriz de todas plantas e e, em terceiro, a
matriz de todos os seres existentes. Porquê a escolha deste excerto para o
contexto do seu livro?
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Dora Nunes Gago No livro O incnito num junco, Irene Vallejo refere
detalhes sobre uma biblioteca egípcia relatados por um viajante grego,
Hecateu de Abdara que, no tempo de Ptolomeu I, visitou o Templo de…
Amin em Tebas. Nesse templo, viu, numa galeria a biblioteca sagrada
sobre a qual se encontrava escrito “lugar…
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No mais profundo de si mesmo, o nosso ser rebela-se em absoluto
contra todos os limites. Os limites físicos são-nos tão insuportáveis
quanto os limites do que nos é psiquicamente possível: não fazem…
verdadeiramente parte de nós. Circunscrevem-nos mais estreitamente
do que desejaríamos. — Lou Andréas-Salomé, de Stéphane Michaud,
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Ed.Asa…
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O refexo da ausência (I) Silêncio, refexo da ausência, refexo dos
símbolos e sobretudo dos silêncio menosprezada forma imortal,
humilho-te porque eu morro em cada um dos meus poemas o refexo…
da ausência (II) E cada vez que eu morro atrás de mim permanecem a
luz, o sono, as lágrimas …
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Clarice Lispector e o mistério do ovo Há sempre um mistério em que
somos apanhados quando lemos Clarice Lispector. Reparem que não
escrevo “quando lemos um livro de Clarice Lispector”. Escrevo, sim,…
“quando lemos Clarice Lispector”. Porque a lemos — e a vemos e
sabemos — em cada palavra sua…
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