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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências da Saúde


Departamento de Ciências Farmacêuticas
Micologia Clínica
Prof.º. Dr. Felipe Queiroga Sarmento Guerra
Prof.º. Dr. Walicyranison Plinio da Silva Rocha

Paracoccidioidomicose

Larissa Hevely Xavier Rodrigues - 2016095920


Rafaelly Lins de Lima Santos – 20160128362
Everton Pinheiro Queiroga - 2016093828

João Pessoa – PB
2021
Paracoccidioidomicose
Introdução

Paracoccidioidomicose: É uma micose sistêmica granulomatosa

Paracoccidioides spp.

https://www.infoescola.com/biografias/adolpho-lutz/

(SILVA et al., 2021)


Paracoccidioidomicose
Introdução

• É uma infecção que possui a via inalatória como porta de entrada disseminando-se para todo
organismo.

• No adulto, a forma clínica predominante é a crônica.

• Em crianças ou adolescentes apresenta-se na forma aguda ou subaguda.

• Quando não diagnosticada e tratada oportunamente, pode levar a formas disseminadas graves e
letais.

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2006)


Paracoccidioidomicose
Etiologia

Paracoccidioides brasiliensis (P.


O gênero Paracoccidioides pertence ao Filo
brasiliensis)
Ascomycota, Classe Euromycetes, Ordem Onygenales
e Familia Ajellomycetaceae (Onygenaceae). Paracoccidioides lutzii (P.
lutzii).

Termodimórficos

http://atlasmicologico.blogspot.com/p/sistemicas.html
Termodismorfismo: Mudança de morfologia da forma
filamentosa multicelular para uma unicelular quando
infecta o hospedeiro. A temperatura é um fator
essencial para esse evento.

(SILVA et al., 2021; MILLINGTON et al., 2018)


Paracoccidioidomicose
Etiologia

http://atlasmicologico.blogspot.com/p/sistemicas.html
(QUEIROZ-TELES; ESCUISSATO, 2011; OLIVEIRA et al., 2017)
Paracoccidioidomicose
P. brasiliensis X P. lutzii

• P. brasiliensis é composto por um complexo de


pelo menos cinco agrupamentos
geneticamente isolados, classificados como
espécies filogenéticas: S1a, S1b, PS2, PS3 e
PS4.

• P. lutzii é composto de um único monofilético e


recombinante.

(BOCCA et al., 2013)


Paracoccidioidomicose
Epidemiologia

• P. brasiliensis: As espécies filogenéticas S1a e S1b são


predominantemente encontradas na América do Sul,
especialmente no Sudeste e Sul do Brasil, na Argentina e no
Paraguai. A espécie PS2 tem uma distribuição irregular, os
casos humanos foram identificados na Venezuela e no
Sudeste do Brasil. As espécies de PS3 e PS4 são
exclusivamente endêmicas da Colômbia e da Venezuela,
respectivamente.

• P. lutzii é predominantemente distribuída no Centro-Oeste


e na Amazônia (Brasil e Equador).

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2018)


Paracoccidioidomicose
Epidemiologia

• Cerca de 80% dos casos são registrados, no


Brasil, particularmente nos estados de São
Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e
Rondônia.

• Na América Latina, casos são mais


frequentemente registrados na Argentina, na
Colômbia, na Venezuela, no Equador e no
Paraguai.

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2018)


Paracoccidioidomicose
Epidemiologia

• Prevalência em relação a idade: 30-50 anos

• 80% dos casos são do sexo masculino

• O grande fator de risco para aquisição da infecção


são as profissões ou atividades relacionadas ao
manejo do solo contaminado com o fungo, como
atividades agrícolas, terraplenagem, preparo de solo,
práticas de jardinagens, transporte de produtos
vegetais.
https://www.icict.fiocruz.br/content/paracoccidioidomicose-nao-e-palavrao-e-tem-cura

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2018)


Paracoccidioidomicose
com.br
http://www.minutobiomedicina.
Patogênese

O homem é o hospedeiro acidental

• Acreditava- se que a implantação traumática do fungo na mucosa oral, por meio de fragmentos de vegetais
em razão de muitos pacientes apresentarem ulcerações na boca

• As lesões em mucosa oral são geralmente precedidas ou acompanhadas por lesões pulmonares

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Patogênese
Fase filamentosa

Forma disseminante

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2018)


Paracoccidioidomicose
Patogênese

• A evolução depende da virulência do fungo, da quantidade de conídeos inalados (esporos) e da integridade do


hospedeiro.

• Após longo período de latência do fungo em um nódulo fibrótico no pulmão, um desequilíbrio na relação entre
hospedeiro e parasita pode ocorrer, e o paciente, então, evolui para os sinais e sintomas da doença.

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Patogênese

• Para evoluir para a cura espontânea ou disseminar-se pelo organismo causando granulomatose crônica

Depende da interação entre o fungo e a resposta imunológica do hospedeiro

• Os mecanismos relacionados à resistência ou à suscetibilidade do homem ao Paracoccidioides brasiliensis ainda


são desconhecidos

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Imunopatogênese

• Resposta celular tipo Th1

• Síntese de citocinas que ativam macrófagos e linfócitos T CD4+ e CD8+

• Formação de granulomas compactos

• Pacientes infectados que evoluem para doença apresentam depressão da resposta tipo 1, alteração esta que
se correlaciona com a gravidade da doença.

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2018)


Paracoccidioidomicose

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2247558/mod_resource/content/1/PCM-
%202016.pdf
➢ Possível mecanismo de infecção
Imunopatogênese
Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

➢ Classificação clínica da paracoccidioidomicose

▪ Paracoccidioidomicose infecção

▪ Paracoccidioidomicose doença ✓ Forma aguda-subaguda (tipo juvenil)


✓ Forma crônica ( tipo adulto)

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

➢ Paracoccidioidomicose infecção

• Denominação relativa ao paciente positivo sem sinais clínicos e laboratoriais de doença.

• Corresponde aqueles que se infectaram e desenvolveram o complexo primário, mas não progrediram para a
doença.

• Nesses pacientes, o complexo primário é assintomático ou oligossintomático, e são excepcionais os achados


radiológicos ou histo- patológicos que documentam essa fase.

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

➢ Paracoccidioidomicose doença

• Decorre da progressão do complexo primário, da reativação de foco quiescente (reinfecção endógena), ou,
ainda, de reinfecção exógena.

➢ Forma aguda-subaguda (FASA)

• História clínica de curta duração (semanas a poucos meses)

✓ Aumento de linfonodos superficiais


✓ Hepatomegalia, esplenomegalia
✓ Lesões de pele
✓ Febre diária
✓ Emagrecimento e adinamia.
Shikanai-Yasuda et al. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 2006,

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
➢ Forma aguda-subaguda (FASA)

• Acomete mais crianças e jovens “tipo juvenil”

• O quadro clínico expressa o tropismo do fungo pelo sistema


monocítico-fagocitário.
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49
Em quase todos esses pacientes há linfadenomegalia superficial
cervical e, menos frequentemente, axilar, inguinal e de
localização profunda, mediastinal, periilíacos e periaórticos

Shikanai-Yasuda et al. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 2006,

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
• Os linfonodos (superficiais) são inicialmente firmes, coalescentes, mas com o passar do tempo, sem tratamento,
evoluem para abscedação e fístula.

• O comprometimento cutâneo Disseminação hematogênica do fungo.

• As lesões iniciais são de padrão papulo-acneiforme, com evolução para lesão nodulo-ulcerada e vegetante.

http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49 http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

• Comprometimento da resposta imune menor resposta proliferativa de linfócitos T, aumento absoluto e relativo de células T
supressoras circulantes, com reduç̧ão da relação CD4/CD8; predominância de citocinas de padrão Th2 (IL-4, IL-5, IL-10) e,
baixos níveis de IL-2, γ-INF e TNF-α.

• As lesões ósseas específicas são relativamente comuns Frequentes em ossos do gradeado costal, clavícula e ossos longos.

lhes/49
http://www.rmmg.org/artigo/deta
Lesões líticas, pode haver fratura óssea espontânea
(geralmente assintomáticas)

• O trato intestinal pode ser acometido nos pacientes com FASA. Estudo com abordagem endoscópica e biópsias mostrou
lesão duodenal específica

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
➢ Forma crônica

• É a forma clínica clássica, a mais comum, própria do paciente adulto, masculino, lavrador ou ex-lavrador.

Decorre de reativação de foco quiescente pulmonar ou metastático, ou de reinfecção exógena.

• A história clínica é mais longa que na FASA, as recaídas são mais frequentes, e o consumo abusivo de
álcool e o tabagismo mais comuns.

http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49 Shikanai-Yasuda et al. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 2006,

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
Subtipos clínicos:
➢ Unifocal

• Restrita a único órgão ou sistema Pulmões, mas pode ser doença isolada da suprarrenal, do sistema
nervoso central (SNC), dos ossos, ou mesmo (raramente) da pele.

• Casos eventuais de inoculação cutânea primária, observam-se lesões infiltrativas sarcoídicas, de evolução lenta,
granulomas tuberculoides e paucifúngicos na histopatologia.

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

➢ Multifocal

• Envolve mais de um órgão simultaneamente

• A expressão clínica clássica é a associação de lesão mucosa e/ou cutânea e quadro pulmonar específico.

• A localização mucosa mais frequente é a cavidade bucal, onde provoca lesões do tipo ulcerado, com
microgranulações e pontilhado hemorrágico, aspecto denominado estomatite moriforme.

• O comprometimento do lábio inferior seguido de localizaç̧ão nas gengivas, palato mole e língua. As lesões são
dolorosas, espontaneamente ou à mastigação, provocam sialorreia, prejudicam a higiene bucal e contribuem
enormemente para a depleção nutricional do paciente

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas

✓ Limpas, poucos secretantes e recobertas por crostas.


Lesões cutâneas
✓ As lesões ulceradas exibem granulações finas e pontilhados hemorrágicos.

✓ Lesões discretas, intersticiais, de distribuição bilateral, simétrica e lesões que


Lesões pulmonares comprometem todo o parênquima.
✓ Com micro e macronódulos isolados ou confluentes, em configuração pneumônica.

• Em relação a outros órgãos e sistemas, é necessário valorizar o comprometimento da suprarrenal, do trato


digestivo, assim como investigar queixas relativas ao SNC, osteoarticulares ou de prostatismo. Localizações na
mama, bexiga, genital, rins e tireoide são bastante raras.

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
➢ Paracoccidioidomicose associada a imunossupressão
• Como ocorre com outros fungos dimórficos, a paracoccidioidomicose também apresenta comportamento
oportunista, que pode ser altamente agressivo quando incidente em paciente imunodeficiente
• Apresenta quadros que se aproximam do observado na FASA, pois a disseminação do fungo é facilitada pelo
estado de imunodeficiência.

lhes/49
http://www.rmmg.org/artigo/deta
Bras. Med. Trop., 2006
Shikanai-Yasuda et al. Rev. Soc.

• O quadro em geral é grave, e a mortalidade específica pode chegar a 35% dos casos associados à infecção pelo
HIV/AIDS

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
➢ Paracoccidioidomicose sequelar
• Essa forma corresponde às manifestações resultantes da combinação: processo infeccioso, eventualmente
destrutivo, agravantes (tabagismo) e reparação cicatricial.

http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49
http://www.rmmg.org/artigo
Sequela pulmonar

Microstomia

Insuficiência da suprarrenal Shikanai-Yasuda et al. 2006 Shikanai-Yasuda et al. 2006

Ginecomastia e diminuição da libido

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

• Exame Micológico Direto: Observado célula hialina, arredondada, única ou com células-filhas em um ou mais
brotamentos. As paredes são birrefringentes e esverdeadas. No citoplasma, são observados o núcleo e as
organelas.

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

• Cultura: O meio de cultura rotineiro para isolamento é o de Sabouraud ou Sabouraud acrescido


de actidiona e cloranfenicol.

✓ Crescimento é lento à temperatura ambiente


✓ Micélios aéreos curtos
✓ Coloração branco amarelada
✓ Aspecto de “pipoca estourada”

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

• Exame Citopatológico: Utilizado para análise de escarro em blocado em parafina e corado pelos métodos de
Gomori (para fungos) e Faraco (para BAAR). Utilizado também para análise de material obtido por punção
biópsia por agulha fina de órgão sólido ou lesão tumoral

Células fúngicas intra ou


extracelulares. (Giemsa 40×)

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial
• Exame Histopatológico: Realizado a partir de biópsia de tecido suspeito. Na derme, observam-se processo
inflamatório crônico granulomatoso, de intensidade variável, com a presença de células de Langhans, histiócitos,
linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. Os fungos são mais bem observados quando se usam as colorações de PAS e
Grocott-Gomori (prata-metenamina).

(HE 100×) (P. brasiliensis em gemulação; Gomori 400×)

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

Reação de HTT (hipersensibilidade do tipo tardio) para detecção de imunidade celular (Th1) in vivo

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

Histologia de pele com reação positiva de HTT (acúmulo de linfócitos e macrófagos)

(ZAITZ et al., 2010)


Paracoccidioidomicose
Diagnóstico Laboratorial

• Sorologia: Mais utilizados para acompanhamento durante e após tratamento, mas


também como auxiliar no diagnóstico. Os métodos mais utilizados são os de
imunodifusão (ID) e de contraimunoeletroforese (CIEF). O Método de Elisa e a
técnica de Western Blot também são utilizados.

(ZAITZ et al., 2010)


Diagnóstico Diferencial

Doenças com características clínicas semelhantes devem ser consideradas no


diagnóstico diferencial da paracoccidioidomicose tais como as manifestações
estomatológicas de carcinoma espinocelular, histoplasmose, coccidioidomicose,
sífilis, tuberculose, granulomatose de Wegener, leishmaniose e sarcoidose.
As lesões ganglionares podem ser confundidas com linfoma. Na presença de
lesões pulmonares, impõe-se o diagnóstico diferencial com tuberculose,
sarcoidose e câncer. As lesões tumorais do abdome podem sugerir neoplasia

(Palmeiro M, Cherubini K, Yurgel LS, 2005)


Tratamento

Ataque Manutenção
• O tratamento de ataque
• A terapêutica de manutenção é
corresponde ao controle realizada por tempo
imediato dos sinais e prolongado, até que se
sintomas da doença, como obtenham critérios de cura,
também à redução da buscando reduzir o risco de
carga parasitária para a recorrência da doença
recuperação da imunidade
celular do hospedeiro,
passo fundamental para o
êxito do tratamento.

(Palmeiro M, Cherubini K, Yurgel LS, 2005)


Tratamento

As drogas eficazes contra a paracoccidioidomicose compreendem três grupos:

• Anfotericina B;
• Antibióticos poliênicos;
• Sulfadiazina e outros compostos sulfanilamídicos;
• Drogas azólicas com atuação sistêmica. INTRACONAZOL
Esses fármacos inibem a síntese do ergosterol, causando
uma perturbação na permeabilidade da membrana do
fungo. O fluconazol pode ser administrado por via oral ou
intravenosa, a absorção não é afetada pela alimentação ou
pelo suco gástrico e aproximadamente 80% da dose é
excretada na urina. A resistência fúngica a esta droga,
mesmo quando usada por longos períodos, parece
incomum, a não ser nos casos de portadores de AIDS
Tratamento

INTRACONAZOL Derivado tiazólico de terceira geração, com


mecanismo de ação semelhante ao do
cetoconazol, porém com alta afinidade pelo
citocromo P-450 da célula fúngica.
CETOCONAZOL Conseqüentemente, apresenta maior eficácia e
menor incidência de efeitos colaterais. É,
FLUCONAZOL portanto, a melhor opção terapêutica e a dose
recomendada é de 100mg/dia, podendo, nos
casos graves, ser aumentada para 200mg/dia. O
SULFAS tempo de tratamento varia de seis a 12 meses
As lesões tegumentares cicatrizam-se em 30
dias, as linfadenomegalias regridem em 45 a 90
ANFOTERICINA B dias, e a estabilização das imagens radiológicas
em seis meses de uso do itraconazol.

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Tratamento

INTRACONAZOL
Derivado imidazólico indicado no tratamento das
CETOCONAZOL formas leves a moderadas; especialmente nos
casos de resistência à sulfa, sendo contra-
indicado na gestante. A posologia é de
FLUCONAZOL 400mg/dia/3 meses, seguido de 200mg/dia, até
alcançar os critérios de cura, geralmente após
um ano. Pode determinar reações de toxicidade
SULFAS e os efeitos colaterais mais freqüentes são dor
abdominal, náuseas e hepatite.

ANFOTERICINA B

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Tratamento

INTRACONAZOL

CETOCONAZOL
Estudos sugerem eficácia na dose de 200mg dia
a 400mg/dia, pelo período de seis meses,
FLUCONAZOL podendo ser útil quando há necessidade de
terapêutica parenteral ou níveis liquóricos
elevados
SULFAS

ANFOTERICINA B

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Tratamento

INTRACONAZOL
As sulfas foram as primeiras drogas empregadas
e ainda encontram indicação, particularmente a
CETOCONAZOL associação com trimetoprim, que implica em
sinergismo in-vitro contra o Paracoccidioides
brasiliensis. Outras vantagens são o baixo custo,
FLUCONAZOL a boa tolerância, a segurança para o uso
prolongado e a boa penetração no SNC. A
posologia preconizada é de 800mg/160mg, de
SULFAS 8h/8h, por 30 dias e, posteriormente
800mg/160mg, de 12h/12h, até completar um
ano.
ANFOTERICINA B

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Tratamento

INTRACONAZOL
A anfotericina B tem potente ação antifúngica.
No entanto, por ser extremamente tóxica, seu
CETOCONAZOL emprego fica reservado para as formas graves
(quando há risco de morte imediata), resistência
FLUCONAZOL à sulfa, impossibilidade de receber imidazólicos
ou tiazólicos e insuficiência hepática grave. A
anfotericina B deve ser administrada por via
SULFAS endovenosa, na dose de 0,5mg/kg a 1mg/kg,
diluída em 500ml de SGI 5%, até a dose
acumulada de 1,5g a 2,0g.
ANFOTERICINA B

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Tratamento

O sucesso da terapia depende tanto do antifúngico utilizado, como do grau de disseminação


das lesões e da capacidade imunológica do paciente. A regressão das alterações clínicas é
observada entre um e seis meses após o início do tratamento. Entretanto, a erradicação do
fungo nos tecidos é demorada, e os doentes devem ser periodicamente examinados por
meio de exames clínicos e complementares, para avaliar se ocorreu ou não a regressão dos
sintomas e desaparecimento das lesões ativas.

(Palmeiro M, Cherubini K, Yurgel LS, 2005)


Caso Clínico

RESUMO

Relata-se caso de paciente adulta, sexo feminino, residente em Belo Horizonte, com quadro de
infecção respiratória, evoluindo há seis meses. Submetida à propedêutica que incluiu biópsia
transbrônquica, foi diagnosticada paracoccidioidomicose. Foi instituído tratamento com
itraconazol, com melhora clínica da paciente. Esta descrição alerta para o diagnóstico desta
micose, que pode ocorrer também no sexo feminino, apesar de pouco freqüente, e ser
decorrente de reativação de foco antigo, quando já não existe contato com a área endêmica ou
atividade rural.

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Caso Clínico
RELATO DO CASO

JAC, 38 anos, sexo feminino, casada, natural e residente em Belo Horizonte, foi admitida no
Hospital Mater Dei, com quadro de infecção respiratória.

Previamente hígida, tabagista (20cigarros/dia/20 anos). Iniciou quadro de tosse oligoprodutiva com
expectoração mucóide, acompanhada de febre vespertina não termometrada e emagrecimento,
quatro meses antes da admissão.

Procurou assistência médica, tendo sido medicada com Amoxicilina por 14 dias, sem melhora do
quadro. Posteriormente, surgiu dispnéia aos esforços habituais, associada à presença de escarro
hemoptóico. Novo atendimento médico resultou na prescrição de Amoxicilina/Clavulanato, após
estudo radiológico do tórax. Como não obtivesse melhora, procurou o hospital, observando-se à
admissão: estado geral preservado, ausência de linfadenomegalias, temperatura axilar de 36,5ºC,
taquipnéia (26irpm) e crepitações inspiratórias bilateralmente. A pressão arterial era de
100x70mm/Hg e a freqüência cardíaca de 88 bpm. O restante do exame clínico estava dentro dos
limites da normalidade.
(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)
Caso Clínico

O estudo radiológico do tórax


revelava áreas de consolidação
pulmonar, macronodulares
bilaterais, principalmente nas
bases e ausência de derrame
pleural.

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Caso Clínico

Os exames de sangue mostraram:

• Hemoglobina (15 mg/dl), • Uréia (16,4 mg/dl),


• Hematócrito (46,8%), • Creatinina (0,7 mg/dl),
• Leucócitos (12200/mm3: segmentados • Glicose (139 mg/dl),
9600/mm3, eosinófilos 100/mm3, monócitos • Potássio (4,2mmol/l)
700/mm3, basófilos 00/mm3 e linfócitos • Sódio (144meq/l).
1500/mm3),
• Velocidade de hemossedimentação (55
mm/60 minutos),
• Proteína C reativa (117 mg/dl),

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Caso Clínico

A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax evidenciou imagens macronodulares


difusas, periféricas, principalmente em bases pulmonares, com comprometimento
peribroncovascular discreto e presença de cavitações (>0,5mm). Havia também linfadenomegalia
carinal

Tomografia computadorizada do tórax de alta Tomografia computadorizada do tórax com


resolução mostrando nodulações pulmonares de janela para mediastino evidenciando adenopatia
tamanho variado, bilateralmente pericarinal

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Caso Clínico
Novos exames solicitados mostraram:
ausência de BAAR em exame de escarro
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: (seis amostras);
• PPD não-reator;
• Radiografia de seios da face sem
• Carcinoma bronquíoloalveolar;
alterações significativas;
• Tuberculose pulmonar; • Pesquisa de HIV negativa;
• Pesquisa de anticorpos anti-citoplasma de
• Granulomatose de wegener;
neutrófilos negativa (C - anca e P - anca);
• Sarcoidose. • Exame de urina sem anormalidades.

Nova fibrobroncoscopia foi realizada com


obtenção de material para estudo Realizou-se lavado broncoalveolar, por meio
anatomopatológico, por meio de biópsia de fibrobroncoscopia, com obtenção de líquido
transbrônquica. O resultado da biópsia hemorrágico. As pesquisas de Pneumocystis
revelou P. brasiliensis nas colorações carini, BAAR e fungos foram negativas. O
hematoxilina-eosina e Grocott (Figuras a exame citopatológico desse líquido não
seguir). evidenciou células neoplásicas.

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Caso Clínico

Iniciou-se o tratamento com intraconazol - (200mg/dia) e encaminhando a paciente


para controle ambulatorial.

Paracoccidioidomicose. Granulomas
Paracoccidioidomicose. Presença de fungos, em
tuberculóides com células gigantes do tipo
área de necrose, corados pela prata (Grocott)
Langerhans fagocitando o fungo

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


DISCUSSÃO:

1. Por se tratar de paciente tabagista, o emagrecimento, aliado às alterações radiológicas, transformou a


neoplasia em principal hipótese diagnóstica e a apresentação difusa das lesões; sugeriu o diagnóstico de
carcinoma bronquíolo-alveolar.

2. Dentre as doenças infecciosas ressaltam em importância a tuberculose e as micoses, e dentre elas a


paracoccidioidomicose, que no presente relato não foi aventada inicialmente.

3. Dentre as vasculites destaca-se a granulomatose de Wegener, em sua forma limitada.

4. Doença de etiologia desconhecida, a sarcoidose pode também ter esta apresentação clínico-radiológica,
porém a cavitação não ocorre.

5. Diante das possibilidades sugeridas e resultados inconclusivos dos exames, tornou-se necessária a
propedêutica invasiva, que consistiu na realização de biópsia transbrônquica, que se mostrou de grande
valor na elucidação do diagnóstico.

6. Este caso nos leva a refletir sobre a inclusão da paracoccidioidomicose no diagnóstico das lesões
pulmonares difusas, mesmo na ausência de lesões cutâneo-mucosas, em pacientes do sexo feminino e
sem subsídio epidemiológico para esta micose.

(CABRAL; BRITO; PENNA3; VIANNA; DELFINO, 2003)


Paracoccidioidomicose
Referências
1. Marques, Silvio Alencar, et al. "Paracoccidioidomicose: freqüência, morfologia e patogênese de lesões tegumentares." Anais Brasileiros
de Dermatologia 82 (2007)

2. Palmeiro, Mariana, Karen Cherubini, and Liliane S. Yurgel. "Paracoccidioidomicose–revisão da literatura." Scientia Medica 15.4 (2005)

3. Silva, Marcos Jessé Abrahão, et al. "Ecoepidemiologia da paracoccidioidomicose: Uma revisão narrativa da literatura." Research, Society
and Development 10.9 (2021)

4. Silva, Ana Luiza Gonçalves, et al. "Análise de dados socioepidemiológicos para construção do perfil de pacientes com
paracoccidioidomicose atendidos em um centro de tratamento de Belo Horizonte: um estudo retrospectivo." Brazilian Journal of Health
Review 4.5 (2021)

5. Zaitz, Clarisse. Compêndio de Micologia Médica. . Guanabara Koogan,. 2010

6. Shikanai-Yasuda MA, Mendes RP, Colombo AL, Queiroz-Telles F de, Kono ASG, Paniago AMM et al. Brazilian guidelines for the clinical
management of paracoccidioidomycosis. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2017

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Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Micologia Clínica
Prof.º. Dr. Felipe Queiroga Sarmento Guerra
Prof.º. Dr. Walicyranison Plinio da Silva Rocha

Paracoccidioidomicose

larissa.xavier@academico.ufpb.br
rafaelly.lins@academico.ufpb.br
everton.pinheiro@academico.ufpb.br

João Pessoa – PB
2021

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