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Elas possuem um importante papel de proteção contra A pia-máter é a mais interna das meninges, aderindo
choques mecânicos e a regulação da pressão no interior intimamente à superficie do encéfalo e da medula,
desse importante sistema. cujos relevos e depressões acompanha, descendo até o
fundo dos sulcos cerebrais. Ela dá resistência aos
Podem ser acometidas por processos patológicos, órgãos nervosos, uma vez que o tecido nervoso é de
como infecções (meningites) ou tumores consistência muito mole.
(meningiomas).
A piamáter acompanha os vasos que penetram no
tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo,
formando a parede externa dos espaços perivasculares.
Nestes espaços existem prolongamentos do espaço
subaracnóideo, contendo liquor, que forma um
manguito protetor em tomo dos vasos, muito
importante para amortecer o efeito da pulsação das
artérias ou picos de pressão sobre o tecido
circunvizinho.
MENINGITE
Dura-máter
Meningite é uma doença que resulta de um processo
Também chamada de paquimeninge, é a membrana inflamatório das meninges, principalmente da
mais superficial, espessa e resistente, formada por aracnoide e piamáter, e do líquido cefalorraquidiano
tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, além (LCR).
de ser vascularizada e ricamente inervada. Como o
encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, As etiologias são diversas, podendo ser causada por
toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura- bactérias, vírus, fungos e, mais raramente, parasitas
máter e nos vasos sanguíneos, responsáveis, assim, (protozoários e helmintos), sendo que algumas
pela maioria das dores de cabeça. etiologias podem cursar com quadros graves, com alta
letalidade, mesmo com o tratamento adequado, ou
A dura-máter do encéfalo difere da dura-máter ainda apresentar evolução para quadros hemorrágicos.
espinhal por ser formada por dois folhetos: um
externo, que está em contato com o crânio e o canal A doença meningocócica (DM) causada pela bactéria
vertebral, e um interno, que fica em contato com a Neisseria meningitidis (meningococo) e os vírus são os
aracnoide. principais responsáveis por surtos e epidemias. A
meningite meningocócica possui alta morbidade e
Aracnóide letalidade. Entretanto a meningite viral é mais
frequente que a bacteriana, sendo caracterizada
Membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da geralmente por quadros benignos e autolimitados.
qual se separa por um espaço virtual, o espaço
subdural, contendo pequena quantidade de líquido Pode ser dividida em meningite bacteriana e meningite
necessário à lubrificação das superfícies de contato das asséptica. O termo meningite asséptica refere-se a
duas membranas. pacientes que apresentam evidências clínicas e
laboratoriais de inflamação meníngea com culturas
A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço bacterianas de rotina negativas.
subaracnóideo, que contém o líquor cerebro-espinhal
ou cefalorraquidiano. Consideram-se também como Obs.: Todos os casos suspeitos de meningite devem
pertencendo à aracnoide as delicadas trabéculas que ser notificados e investigados, uma vez que a
atravessam o espaço para se ligar à pia-máter, e que meningite está incluída na Lista Nacional de
são denominadas trabéculas aracnóideas. Doenças de Notificação Compulsória. Surtos,
aglomerados de casos e óbitos são de notificação principalmente indivíduo com estado imunológico
imediata. comprometido (Aids ou outras condições de
imunossupressão.
Epidemiologia
Em geral, cursa com comprometimento neurológico
A meningite bacteriana é um problema de saúde importante, apresentando evolução grave. Associa-se a
pública mundial, sendo Neisseria meningitidis e S. elevado risco de complicações, como hipertensão
pneumoniae responsáveis por 80% dos casos. intracraniana e de sequelas, como paralisia permanente
O meningococo é o principal responsável por de nervos cranianos, déficit cognitivo e hidrocefalia.
epidemias no Brasil e possui vários sorogrupos,
sendo o sorogrupo C o mais prevalente. Outros agentes etiológicos
A meningite meningocócica pode ocorrer de forma
Existem ainda casos de meningite causados por
isolada ou associada à meningococcemia,
protozoários (Toxoplasma gondii, Toxoplasma cruzi e
caracterizada pela disseminação hematogênica do
Plasmodium sp) e helmintos (infecção larvária de
agente, resultando em vasculite sistêmica e
Taenia solium e Cysticercus cellulosae).
fenômenos hemorrágicos fulminantes, sendo a
forma mais grave da doença meningocócica. Fisiopatologia
A suscetibilidade à infecção é geral, porém, os
grupos de maior risco são as crianças menores de 5 A grande maioria dos casos de meningites bacterianas
anos, principalmente as menores de 1 ano, os começa com uma colonização bacteriana da
idosos acima de 60 anos e os imunodeprimidos. nasofaringe.
A mortalidade da doença tem se mantido em 18-
No processo de invasão da mucosa, as bactérias
20% dos casos, chegando a 50% nos casos de
começam por secretar enzimas específicas, como IgA
meningococcemia.
proteases, que vão ter a capacidade de clivar e inativar
Etiologias a molécula IgA local e, de seguida agridem as células
epiteliais do aparelho respiratório levando a que ocorra
Bacteriana a perda de atividade ciliar desse epitélio, ou seja, a IgA
proteases inativa os anticorpos do hospedeiro,
Os principais agentes bacterianos são: Neisseria
facilitando a aderência da bactéria à mucosa.
meningitidis (meningococo), Streptococcus
pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae. Uma vez ultrapassada a barreira mucosa da
nasofaringe, as bactérias entram na corrente sanguínea,
Podemos citar ainda outros agentes bacterianos, como:
e aí precisam de vencer os mecanismos de defesa do
Mycobacterium tuberculosis, Streptococcus sp.
hospedeiro para sobreviverem e assim conseguirem
(especialmente do grupo B), Streptococcus agalactie,
atingir o SNC.
Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus,
Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Uma vez na corrente sanguínea, existem estudos que
Enterobacter sp. sugerem que estas bactérias ascendem ao SNC através
do plexo coróide uma vez que se julga que as células
Viral do plexo coróide e os capilares cerebrais possuem
As meningites virais têm distribuição universal e, em recetores para a aderência das bactérias de forma a que
geral, evolução benigna, baixa letalidade e menor risco estas possam ser transportadas para o espaço
de sequelas. São frequentemente associadas à subaracnoídeo.
ocorrência de surtos, podendo ocorrer casos isolados. No espaço subaracnoídeo as bactérias encontram
A incidência se eleva nos meses do outono e da condições mais do que favoráveis para a sua
primavera. replicação, uma vez que este espaço se encontra
desprovido de mecanismos de defesa com capacidade
Fúngica
para controlar a infeção.
Os principais fungos causadores de meningite são do
gênero Cryptococcus. Obs.: A disseminação hematogênica é a mais
comum, mas também podem ascender ao SNC a
A meningite criptocócica tem caráter partir de estruturas vizinhas infectadas ou por meio
predominantemente oportunista, acometendo
de um defeito congênito ou adquirido no crânio ou É variável, dependendo do agente infeccioso e da
na coluna espinhal. instituição do diagnóstico e tratamento precoces. No
caso da doença meningocócica, a transmissibilidade
Com a replicação das bactérias no espaço persiste até que o meningococo desapareça da
subaracnoídeo, estas vão libertar componentes nasofaringe. Em geral, isso ocorre após 24 horas de
subcapsulares ativos (como endotoxinas, ácido teicóico antibioticoterapia. Aproximadamente 10% da
e peptidoglicano). Estes vão estimular a produção de população podem apresentar-se como portadores
citocinas inflamatórias pelos monócitos, macrófagos, assintomáticos.
astrócitos, células microgliais e endoteliais do SNC,
principalmente TNF-α e IL-1 e IL-6. Suscetibilidade à infecção
A apresentação clínica pode ser na forma de 3 O diagnóstico das meningites bacterianas é através da
síndromes, que não necessariamente estão todas análise do LCR, principalmente o exame
presentes. quimiocitológico e a cultura.
Síndrome toxêmica: Queda importante do estado A presença de alguns sinais e sintomas indicam a
geral, febre alta, delirium e quadro confusional. realização da TC de crânio antes da punção lombar, e,
Sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura) a depender do resultado, a contraindica.
pode estar presente.
Síndrome da Hipertensão Intracraniana (HIC):
Cefaleia, náuseas e vômitos.
Síndrome da irritação meníngea: Rigidez nucal,
sinal de Kernig, sinal de Brudzinski e desconforto
lombar.