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cérebro. A cada ano, cerca de 50.

000 pessoas morrem


Cisticercose- (Taenia solium ou
devido à neurocisticercose (NCC) no mundo inteiro
Taenia saginata) (Alsina et al., 2002).

TAXONOMIA

A classificação taxonômica dos helmintos do gênero


Taenia – incluindo Taenia solium e Taenia asiatica –
está explicitada no Quadro 46.1.

-O QUE É ?

Diferentemente da teníase, não é contraída pela


ingestão de carne com cisticercos. Nesse caso, a
doença é causada pela ingestão de ovos da tênia.
É uma infecção que afeta o cérebro, músculos e
outros tecidos, causada pelo parasita tênia. Essa
doença ocorre principalmente entre animais, como
porcos e bois, mas também pode atingir seres
humanos.

As manifestações clínicas dependem da parte do


corpo em que a larva se aloja, da quantidade de
vermes e do tipo de tênia que infectou a pessoa. O
estágio de maior gravidade ocorre quando os
parasitas estão localizados no sistema nervoso
central, causando a neurocisticercose (estudar em
Observação IMUNOLOGIA E PATOLOGIA

Um erro comumente cometido é considerar a Alguns fatores interferem nos eventos patológicos
infecção pelo cisticerco como decorrente da ingestão associados à cisticercose humana, como o número de
de carne suína. Em verdade, a infecção pelo cisticerco formas larvares envolvidas, sua localização, o tipo
é contraída a partir da ingestão acidental de ovos do morfológico e a idade do paciente, bem como a
verme adulto que foram eliminados no meio ambiente natureza e intensidade das reações imunológicas
por seres humanos contaminados com o patógeno. desenvolvidas pelo paciente, segundo a resposta
Conforme abordagem mais aprofundada no Capítulo particular de cada indivíduo.
85, Teníase, cumpre destacar que o Homo sapiens é o
hospedeiro definitivo dessa espécie de tênia, sendo o Quanto à morfologia, o cisticerco pode ser
porco (Sus scrofa domesticus) o hospedeiro classificado como cístico simples (vesícula com
intermediário. escólex no interior) ou racemoso (vesículas sem
escólex). Este último se constitui em um termo antigo,
No interior do organismo humano, a forma larvária sendo a identificação de sua existência difícil de ser
(C. cellulosae) alcança órgãos e tecidos reconhecida clínica e radiologicamente.
extraintestinais, principalmente músculos
esqueléticos, olhos e sistema nervoso central (SNC). No H. sapiens, a principal região acometida pela
Isso pode causar diversas manifestações, ocasionando cisticercose é o SNC, caracterizando a NCC, daí
variadas apresentações da cisticercose, desde casos decorrendo as principais manifestações relacionadas à
assintomáticos (com achados ao exame físico ou em condição. Entretanto, existem acometimentos
métodos complementares) até tipos graves da extraneurais (fígado, olhos, musculatura esquelética,
doença. coração, entre outros).

A grande preocupação é o comprometimento do Durante a fase inicial, os cisticercos teciduais não


SNC, sendo as crises convulsivas a principal causam um processo inflamatório significativo, o que
manifestação quando cistos se desenvolvem no parece ser devido à existência de mecanismos
desenvolvidos pelas espécies de tênia para escaparem às metaloproteases de matriz (especialmente, na
da destruição imunologicamente mediada pelo vigência de lesões cicatriciais calcificadas).
hospedeiro. Diversas hipóteses foram postuladas para
justificar essa tolerância imune; por exemplo, De maneira alternativa, modificações na
moléculas secretadas pelo patógeno podem interferir neuroplasticidade e cicatrização cerebral (esclerose
na função das células apresentadoras de antígeno e hipocampal, por exemplo) podem estar associadas ao
na proliferação de linfócitos, inibindo a resposta imune desenvolvimento de focos epilépticos (Galán-
celular normal (Del Brutto, 2006). Puchades; Fuentes, 2000).

Entretanto, depois de alguns anos, os cistos Além dos efeitos neurológicos provocados pelas
degeneram, perdendo a sua capacidade de modular a lesões intraparenquimatosas, pode haver
resposta imunológica do hospedeiro. A partir desse complicações decorrentes do acometimento
momento, o sistema imune do paciente passa a atacar intracraniano extraparenquimatoso. Hidrocefalia
os cisticercos, o que leva ao aparecimento de edema também pode ocorrer, seja em decorrência do
e, posteriormente, ao controle da infecção local, seja entupimento de foramens ou aquedutos (hidrocefalia
com a resolução completa das lesões císticas, seja obstrutiva), provocado pela reação inflamatória
com a formação de um granuloma calcificado. dirigida contra os patógenos localizados no sistema
ventricular intracraniano, seja por aracnoidite crônica,
decorrente do acometimento do espaço subaracnoide
(hidrocefalia comunicante). Neste último caso, podem
estar associados sinais de meningite

Especialmente quando localizados ao nível da


fissura lateral de Sylvius, onde não há uma pressão
tecidual (cerebral) significativa, restritiva ao
crescimento das lesões císticas, cisticercos que se
desenvolvem no espaço subaracnoide podem chegar
a alcançar grandes dimensões (dez ou mais
centímetros, os chamados cisticercos gigantes),
causando efeito de massa. Além disso, em termos
neurológicos, podem ocorrer quadros de vasculite do
Ovo de Taenia. Acervo do Laboratório de Agentes Patogênicos da SNC e até acidentes cerebrovasculares
Universidade Federal de Viçosa
Pacientes com múltiplos cistos frequentemente os
apresentam em diferentes locais e mesmo em
diferentes estágios, não sendo incomum a
coexistência de lesões viáveis, lesões inflamadas e
lesões cicatriciais calcificadas no mesmo paciente.

CICLO BIOLÓGICO

ciclo biológico (Figura ) da cisticercose transcorre da


seguinte maneira: o verme adulto da tênia presente
no intestino delgado do H. sapiens libera proglotes
repletas de ovos, que são liberadas nas fezes
humanas. Dentro dos ovos, estão os embriões. Cada
A. Cisticerco, forma larvar da Taenia solium. B. Mesma imagem, em
detalhe (observar escólex, com ganchos). Acervo do Laboratório de
ovo (Figura) é esférico, mede cerca de 30 μm de
Agentes Patogênicos da Universidade Federal de Viçosa. diâmetro e apresenta seis pequenos ganchos, sendo
conhecido como oncosfera.
O processo de reação imune ao cisticerco promove
o desenvolvimento das manifestações clínicas, como As oncosferas espalham-se pelo meio, podendo ser
as crises convulsivas vistas na NCC (Del Brutto, 2012). ingeridas pelo hospedeiro intermediário (porco).
Nesse contexto, embora o mecanismo exato Quando ingeridas por este, acabam sendo liberados os
responsável pelas convulsões associadas às lesões embriões, graças à ação do suco gástrico e da bile
cerebrais calcificadas não esteja totalmente sobre a parede das oncosferas. O embrião, então,
esclarecido, algumas moléculas do hospedeiro, através de acúleos, penetra na mucosa intestinal e
estimuladas intermitentemente pela liberação segue pela corrente sanguínea, distribuindo-se por
ocasional de antígenos do cisticerco, podem estar diferentes partes do organismo, com preferência por
envolvidas, havendo particulares indícios de locais com alta concentração de oxigênio, como SNC,
importância etiopatogênica associada à substância P e olhos e musculatura esquelética; em menor
O ciclo de vida da cisticercose pode
ser representado da seguinte forma:

A cisticercose é adquirida pelo


homem através da ingestão de água
ou alimentos contaminados por fezes
de porco que contém ovos da Tênia.
Os ovos, cerca de 3 dias após serem
ingeridos, rompem e liberam as
larvas que conseguem passar do
intestino para a corrente sanguínea,
onde circulam pelo corpo e se alojam
em tecidos como cérebro, fígado,
músculos ou coração, causando
cisticercose humana.

No momento em que o ser


humano recém-infectado libera as
proglotes e os ovos na fezes, o ciclo
da doença teníase torna-se
completo. Porém, para a doença
cisticercose humana, estamos
frequência, pode ocorrer o acometimento de nervos
apenas na metade do caminho.
periféricos, cavidade oral, língua, coração, pulmões,
pleura e peritônio.
A cisticercose humana inicia-se quando o
Nos tecidos do hospedeiro intermediário, o embrião indivíduo contaminado libera os ovos de Taenia
se transforma em sua forma larvária, o cisticerco solium nas fezes e, ele mesmo ou outros seres
(Figura ), que se desenvolve em uma ou mais humanos, os ingerem acidentalmente, como nos
topografias ao longo de 3 a 8 semanas. A ingestão casos de águas contaminadas ou manuseio de
acidental, por parte do homem, da carne de porco alimentos com a mãos não devidamente
malcozida ou crua contendo cisticercos leva ao higienizadas após uma evacuação. Pessoas que
desenvolvimento do escólex e, então, da teníase. Já a moram na mesma casa de uma pessoa
contaminação humana com os ovos de T. solium, contaminada com Taenia solium são as que têm o
exatamente a etiopatogenia responsável pela maior risco de desenvolverem cisticercose.
cisticercose, pode ocorrer de diferentes maneiras,
como pela ingestão de alimentos contaminados
Quando um indivíduo ingere acidentalmente os
(heteroinfecção) ou pela autoinfecção por parte dos
ovos da T. solium, o processo se dá de forma
próprios pacientes portadores de teníase (por meio
semelhante ao que ocorre nos porcos. Os ovos
das mãos contaminadas).
liberam o embrião do parasito dentro dos
intestinos, o mesmo cai na corrente sanguínea e
Outros modos menos comuns de contágio
espalha-se pelo corpo do paciente. Se o ovo
mencionados em algumas fontes incluem a via
conseguir alcançar o cérebro, um cisticerco irá se
inalatória (pelo ar), a coprofagia e a disseminação por
desenvolver neste órgão, levando à
insetos (mosca).
neurocisticercose, a forma mais grave da doença.

-TRANSMISSÃO EXPLICAÇÃO.
A cisticercose só ocorre com a ingestão de ovos
da Taenia solium. Os ovos da Taenia saginata não
conseguem se transformar em cisticerco nos
humanos, apenas nos bovinos.

-ASPECTOS CLÍNICOS

Os sintomas da cisticercose são completamente


diferentes da teníase. Isso não é uma surpresa, já
que ambas são doenças distintas. Os sintomas da
cisticercose variam de acordo com os locais onde o
cisticerco se implanta. A forma mais grave é a
neurocisticercose, que surge quando há retiniano, o humor vítreo, a câmara anterior, a
implantação de cisticerco no cérebro. Na conjuntiva e/ou os músculos extraoculares .
neurocisticercose, os sintomas mais comuns são a
dor de cabeça e a epilepsia. Porém, não incomum Embora muitos pacientes sejam assintomáticos,
haver casos totalmente assintomáticos de a apresentação clínica mais vista nos pacientes
neurocisticercose. O surgimento dos sintomas pode afetados por esse tipo de cisticercose é a redução
demorar anos. Na maioria dos casos, os sintomas da acuidade visual (focal ou generalizada), podendo
só surgem 3 a 5 anos após a contaminação. ou não ocorrer complicações relacionadas com a
existência de inflamação local adjacente aos
Nos casos de contaminação maciça, com cisticercos em degeneração (irite, sinéquias
múltiplas implantações cerebrais do cisticerco, o pupilares, ciclite, iridociclite, retinocoroidite, pan-
paciente pode desenvolver um quadro de edema oftalmite, vasculite retiniana, descolamento da
cerebral, crises convulsivas, náuseas, dor de retina e/ou hemorragia do vítreo).
cabeça, alterações da personalidade e até coma.
Pelo risco de agravamento dos transtornos
A cisticercose também pode atingir os olhos. O oculares em resposta à destruição de cisticercos
espaço sub-retiniano, vítreo e a conjuntiva são os locais provocada pela instituição da terapêutica
locais mais freqüentes de infecção. As específica, a presença de cisticercose ocular deve
manifestações clínicas mais comuns da infecção ser afastada, com a realização da fundoscopia,
ocular incluem dor, visão turva ou cegueira. Os antes de ser iniciado o tratamento de NCC. Nesse
cisticercos também podem se depositar nos sentido, é importante destacar que a forma sub-
músculos, provocando um quadro de miosite retiniana da doença é encarada como um tipo de
(inflamação do músculo) ou na pele, levando à NCC, em razão da estreita relação entre a retina e
formação de nódulos subcutâneos. o encéfalo.

Os sintomas da cisticercose variam de acordo com A cisticercose pode afetar também músculos,
o local afetado, sendo: particularmente os estriados, sendo, em geral,
assintomática. Quando há sintomas, eles são
• Cérebro: dor de cabeça, convulsões, confusão mental relacionados com miosite (mialgias, edema, febre e
ou coma; eosinofilia), que é mais provável de ocorrer quando
• Coração: palpitações, dificuldade em respirar ou o envolvimento muscular é extenso.
respiração ruidosa;
• Músculos: dor local, inchaço, inflamação, cãibras ou
dificuldade nos movimentos;
• Pele: inchaço na pele, que geralmente não causa dor
e que pode ser confundido com um cisto;
• Olhos: dificuldade para enxergar ou perda de visão.

manifestações clínicas associadas à


cisticercose dependem principalmente do número e
da localização das lesões presentes no organismo.
Como já assinalado, o quadro clínico é dominado,
em geral, pelas manifestações neurológicas;
portanto, nesta seção, serão discutidas as
manifestações clínicas relacionadas com a NCC e
aquelas associadas aos acometimentos
extraneurais. É importante, também, ressaltar que De outro modo, o acometimento muscular pode
febre geralmente não está presente nos pacientes ser detectado acidentalmente, durante a avaliação
afetados pela doença. de estudos radiográficos solicitados por outros
motivos e fins, sendo observadas as chamadas
“calcificações em forma de cigarro”. Embora
Cisticercose extraneural incomum, o acometimento cardíaco pela
cisticercose tem sido observado, podendo, na
A cisticercose extraneural pode envolver dependência do local afetado, ser inteiramente
diversos outros órgãos e tecidos; porém, é mais assintomático ou resultar em arritmias e/ou
comum nos olhos, nos músculos esqueléticos e no distúrbios de condução elétrica.
tecido subcutâneo. O acometimento ocular é
observado em 1 a 3% dos enfermos com A cisticercose pode, igualmente, desencadear a
cisticercose, podendo afetar o espaço sub- formação de nódulos calcificados no tecido
subcutâneo, que são geralmente assintomáticos e
têm dimensões entre 5 mm e 2 cm. Embora a cisticercose é a parasitose mais frequente do SNC
apresentação habitual do tipo subcutâneo seja sendo responsável por muitas internações
como pequenas formações ovoides endurecidas e hospitalares e sequelas neurológicas graves. Ao
indolores, pode haver desconforto local quando mesmo tempo, é muito comum a identificação de
ocorre inflamação cisticercos mortos, em exames de imagem realizados
de rotina, e que não apresentam mais risco.

Neurocisticercose

-O que é?
é a infecção causada pela forma cística da tênia do
porco, Taenia solium, e a neurocisticercose é quando
ocorre o acometimento do sistema nervoso central
(SNC).

Como se adquire a neurocisticercose?

O homem pode adoecer de duas formas:


1 – Ao ingerir carne de porco contendo o cisticerco
(Cysticercus cellulosae), que são “caroços”
observados na carne, esta é a forma larvária da T. Cistos Calcificados (mortos)
solium. Desta forma, o homem adquire a teníase e a
larva passa a viver no seu intestino.
Como se faz o diagnóstico da
2- Ao ingerir acidentalmente os ovos da larva que são neurocisticercose?
liberados junto com as fezes do homem infectado, O médico deve suspeitar da neurocisticercose
podendo levar a outra forma da doença que é a quando estiver frente a qualquer distúrbio
cisticercose. Desta forma, os “caroços” antes vistos na neurológico, cognitivo ou de personalidade em pessoa
carne do porco, podem se alojar, agora, nos tecidos proveniente de área em que a doença é freqüente. A
humanos, como os músculos e tecido nervoso. teníase, ou seja, infestação intestinal pela tênia pode
auxiliar no diagnóstico, mas nem sempre está
Quais são os sintomas da neurocisticercose? presente junto com a cisticercose.
Os sintomas dependem da localização, do número
e do estágio de desenvolvimento dos cistos. O período Após o exame neurológico, o especialista pode
de incubação dura de quatro a cinco anos, ou seja, os determinar a provável localização do problema e, a
sintomas podem aparecer anos depois da ingestão dos partir daí, escolher o melhor exame de imagem pra
ovos da tênia. Os sintomas, geralmente, surgem confirmação do local e planejamento terapêutico:
quando os cistos começam a envelhecer e provocam Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear
uma resposta inflamatória do hospedeiro. Magnética (RNM). Algumas vezes, a RNM pode
determinar o diagnóstico se a imagem do cisto for bem
Os pacientes podem apresentar convulsões, danos característica.
neurológicos (paralisias ou dormências em um
segmento do corpo), sinais de aumento de pressão O exame de líquor, realizado através de punção
intracraniana (dor de cabeça, vômitos e torpor), lombar também pode fazer esse diagnóstico. Uma
alteração do comportamento, meningite (febre, dor de última alternativa, caso os outros exames não tenham
cabeça e rigidez do pescoço), entre outros sintomas. sido suficientes, é a biópsia da lesão. Muitas vezes, o
diagnóstico de certeza não é necessário, pois se a
suspeita for forte e a evolução clínica compatível, o
tratamento já deve ser instituído.

O melhor tratamento, como todos sabem, é a


prevenção. A infecção por vermes adultos pode ser
evitada pelo cozimento completo da carne suína. E a
prevenção da cisticercose pode ser feita através de
hábitos corretos de higiene pessoal e alimentação. Em
regiões onde a frequência dessa doença é alta, o
controle pode ser difícil apesar dos cuidados
individuais, e nestes casos, os órgãos públicos devem
procurar nos sítios, fazendas e criadouros, porcos que
estejam doentes para que o tratamento seja feito
direto na fonte do problema.
Uma pessoa infectada por T. solium deve ser tratada também o exame com um líquido cefalorraquidiano
imediata e cuidadosamente para eliminar os vermes no cérebro e exames de sangue.
adultos, devendo, juntamente com seus contatos
próximos, ser examinada pelo especialista para
descartar a possibilidade de infecção concomitante por
cisticercose. O tratamento da infecção intestinal é
semelhante ao de outras verminoses e realizado
através de medicamentos por via oral.

O tratamento da cisticercose tem como objetivo a


redução da resposta inflamatória. Portanto, nem todos
os pacientes devem ser tratados, pois os cistos podem
já estar mortos ou a resposta inflamatória ao uso do
medicamento pode ser pior que a doença. O
tratamento pode ser, penas a observação, uso de
drogas anti-parasitárias e anti-inflamatórios
Nos pacientes com cisticercose, o exame da fezes
hormonais e, eventualmente, a cirurgia.
para pesquisa da tênia é importante, pois muitos
As formas da doença que geralmente precisam de pacientes contraem o cisticerco por auto-
tratamento cirúrgico são aquelas que evoluem com contaminação com os ovos presentes nas suas
aumento da pressão intracraniana: dor de cabeça próprias fezes
forte, vômitos e alteração do nível de consciência.
Esses sintomas podem aparecer, pois o cisto pode se -TRATAMENTO
comportar como um tumor e causar uma inflamação
muito grande e consequentemente inchaço cerebral Em todos os casos de cisticercose precisam de
ou pode obstruir a circulação do liquido céfalo- tratamento, principalmente se o paciente for
raquidiano (liquor). assintomático. Em geral, o tratamento é indicado
nos casos sintomáticos de neurocisticercose ou
A cirurgia pode ser realizada para retirar o cisto que cisticercose ocular.
está causando problema, para descomprimir o cérebro
que está sofrendo com o inchaço ou para desobstruir
As opções de tratamento da neurocisticercose são:
a circulação de liquor através de neuroendoscopia ou
derivação liquórica, cirurgia também conhecida como
válvula, derivação ventrículo-peritoneal, shunt ou • Albendazol 15 mg/kg por dia por 15 a 30
derivação ventricular. A neurocisticercose que dias, dependendo da gravidade da doença.
acomete a coluna ou medula espinhal, também tem • Praziquantel- Cestox,Cisticid
indicação de cirurgia se estiver comprimindo os nervos
ou medula.
Além dos antiparasitários, indica-se também o
Como é a evolução da doença? uso de corticoides, como a dexametasona ou a
Os cistos que se encontram dentro do cérebro prednisona, para amenizar o edema cerebral que
apresentam melhor evolução, sejam eles de tamanho ocorre pelo processo inflamatório gerado pela
habitual necessitando de medicação parasiticida, morte do cisticerco .
sejam eles gigantes através do tratamento cirúrgico.
As formas da doença que causam obstrução da
Nos casos de cisticercose muscular ou na pele, o
circulação de liquor, especialmente se acompanhadas
tratamento com medicamentos tem pouca eficácia.
de inflamação importante e da necessidade de
Em geral, sugere-se a retirada cirúrgica do
implantação de derivações, apresentam uma evolução
cisticerco nos casos sintomáticos. Além disso, pode
mais complicada, com internações frequentes e
ser necessário o uso de remédios anticonvulsivantes
deterioração neurológica.
para evitar as convulsões.

De uma forma geral, quanto menor a inflamação,


melhor o prognóstico e portanto, quanto mais rápido Diferenças entre teníase e cisticercose
for instituído o tratamento, melhor será seu resultado.

-DIAGNÓSTICO Teníase e cisticercose são doenças


completamente diferentes, mas causadas pelo
Para diagnosticar a cisticercose, são realizados
exames de imagem como radiografias, tomografias, mesmo tipo de parasita, a Taenia sp. A Taenia
ultrassom ou ressonância magnética. que solium é a tênia que normalmente está presente na
conseguem identificar os cisticercos alojados no carne de porco, enquanto que a Taenia
sistema nervoso central. Além desses, existe saginata pode ser encontrada na carne bovina.
Esses dois tipos causam teníase mas somente os etapa frequentemente negligenciada em países
ovos da T. solium causam cisticercose. A melhor com escassos recursos, em que as consequências
forma de prevenção da Teniose e da Cisticercose é econômicas da condenação da carne suína podem
ser graves.
interromper o ciclo do parasita.

Além disso, é necessário seu adequado


Teníase também conhecida como ‘solitária') é tratamento em termos de congelamento e
provocada pela presença do parasita no intestino cozimento: a exposição à temperatura de 56°C por
delgado. Geralmente é assintomática, mas pode 5 minutos destrói o cisticerco (Carpio et al., 2002);
causar dores abdominais, náuseas, debilidade, porém, o simples salgamento da carne e a
perda de peso, flatulência, diarreia ou administração de agentes antiparasitários ao gado
constipação. é adquirida ao consumir carne mal suíno (como quimioterapia em massa) não se
cozida contendo a larva, que no intestino torna-se constituem em técnicas suficientemente adequadas
adulta e provoca sintomas intestinais, além de e confiáveis.
haver reprodução e liberação de ovos. Já na
A prevenção da infecção dos porcos pode ser
Cisticercose a pessoa ingere os ovos da Taenia obtida com a eliminação do acesso deles a fezes
solium que podem romper no organismo da humanas. Para tanto, é importante melhorar as
pessoa, havendo liberação da larva, conhecida por condições de saneamento básico da população
cisticerco, que atinge a corrente sanguínea e chega (sistemas de esgoto ou uso de latrinas) e confinar
em várias partes do corpo, como músculos, os porcos à circulação em áreas onde não haja o
coração, olhos e cérebro, por exemplo. Suas risco de contato com excretas do H. sapiens.
manifestações dependem do local atingido, da Embora ainda não esteja disponível, acredita-se
quantidade de larvas, da fase de desenvolvimento que o desenvolvimento de uma vacina porcina
dos cisticercos e da resposta imunológica do contra T. solium seja possível (existe uma vacina
hospedeiro. efetiva contra T. saginata para uso no gado
bovino), propiciando resultados iniciais
promissores

No sentido da redução ou interrupção da


transmissão de ovos de T. solium entre seres
humanos, as seguintes estratégias são indicadas:
educação em saúde, difundindo conhecimento
acerca das vias de transmissão da doença;
aplicação de boas práticas individuais de higiene e
lavagem das mãos antes do preparo de alimentos;
e tratamento dirigido dos portadores humanos de
teníase, seja identificados pela anamnese
(eliminação de proglotes nas fezes), seja pela
aplicação de programas comunitários anti-
helmínticos de massa. Para esse fim, a niclosamida
é o fármaco de primeira linha, e o praziquantel,
uma alternativa, sendo ambos administrados em
dose única

Ainda não existe uma vacina eficaz para a


proteção do ser humano contra T. solium, porém,
PROFILAXIA E CONTROLE como já mencionado, acredita-se ser possível o
desenvolvimento de uma vacina efetiva para a
Considerando o ciclo de vida de T. solium, a proteção dos porcos.
prevenção da cisticercose pode ser dirigida a várias
etapas da transmissão da doença, mais
especificamente à prevenção da teníase humana,
da infecção dos porcos e da transmissão de ovos do
helminto entre seres humanos. Um programa de
erradicação eficaz requer a implementação
conjunta dessas três medidas estratégicas

A prevenção da teníase humana é importante


para a redução da carga de portadores de ovos da
T. solium, devendo ser conduzida com a eliminação
do consumo de carne suína contaminada com
cisticercos viáveis por parte do ser humano. Para
tanto, deve haver rigorosa inspeção da carne de
porco quanto à possível presença de cisticercos,

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