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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ


CAMPUS BRAGANÇA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

TENÍASE E CISTICERCOSE
PROFESSOR: CLEIDSON PAIVA DISCENTES:
ARLAN DA SILVA CORPES
ELISON JOSÉ LUCENA DE LIMA
BIO22 LUCAS DO ROSÁRIO PORTO
A teníase, conhecida popularmente como solitária, é uma verminose provocada pelos
parasitos Taenia solium ou Taenia saginata, que são vermes platelmintos da classe
cestoda.

A cisticercose também é uma doença provocada por esses parasitos, porém, ao


contrário da teníase, que é causada pelos vermes adultos da Taenia solium ou Taenia
saginata, a cisticercose é uma doença causada somente pela larva (cisticerco)
da Taenia solium.

Teníase e cisticercose são doenças completamente diferentes, com sintomas, ciclo de


vida e tratamentos distintos.

O QUE SÃO TAENIA SAGINATA E TAENIA SOLIUM?

Existem 32 espécies de tênia, porém só duas delas são capazes de provocar doença no
ser humano: Taenia saginata e Taenia solium. Recentemente, uma terceira espécia de
tênia, chamada Taenia asiatica, foi identificada em alguns humanos no sudeste da
Ásia.

As tênias são grandes vermes de corpo achatado que podem alcançar vários metros de
comprimentos. A Taenia saginata é um verme maior, podendo chegar até a 25 metros
de comprimento, apesar da média ser 5 metros. Já a Taenia solium costuma medir
entre 2 a 7 metros.

A tênia é um parasito que pode ser encontrado em praticamente todos os continentes.


Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 50 milhões estejam infectadas com
a Taenia solium ou Taenia saginata.
O apelido solitária vem do fato da teníase ser uma parasitose habitualmente
provocada por apenas um único verme. Em alguns casos, porém, o paciente pode ser
parasitado por mais de uma tênia.

CICLO DE VIDA DA TÊNIA

Os seres humanos são os únicos hospedeiros definitivos da T. saginata e da T. solium.


Os bovinos são os hospedeiros intermediários da Taenia saginata, e os suínos são os
hospedeiros intermediários da Taenia solium.

Ciclo de vida da tênia


O ciclo de vida da teníase começa quando um ser humano infectado evacua em um
local sem saneamento básico e libera para o meio ambiente ovos ou proglotes grávidas
(segmento do corpo da tênia que contém órgãos reprodutores) misturados às fezes.
Uma vez no solo, esse ovos de tênia podem sobreviver durante dias a meses,
dependendo das condições climáticas. Vacas, no caso da T. saginata, e porcos, no caso
da T. solium, tornam-se infectados pela ingestão de vegetação contaminada com ovos
ou proglotes grávidas.

No intestino desses animais, o embrião da tênia liberta-se do ovo, invade a parede


intestinal e consegue atingir a circulação sanguínea. Uma vez no sangue, o embrião
viaja até vários órgãos, como cérebro, olhos, coração e músculos, onde se
desenvolvem para a forma de cisticerco. O cisticerco contém cerca de 0,5 a 1 cm e
pode sobreviver na musculatura de bovinos e suínos por muitos anos.

Os seres humanos se infectam através da ingestão de carne crua ou mal cozida que
contenham cisticercos. Após ser ingerido, ao chegar ao intestino humano, o cisticerco
usa suas ventosas e ganchos para ficar aderido à mucosa. Uma vez estabelecido no
intestino, o parasito consegue completar seu ciclo de vida, tornando-se um verme
adulto dentro de 2 meses. A maioria das pessoas apresenta apenas uma única tênia,
chamada de solitária, mas se houver ingestão de muitos cisticercos, é possível que o
paciente desenvolva mais de um verme adulto ao mesmo tempo.

A tênia é um verme que possui órgãos sexuais masculinos e femininos em suas


proglotes, podendo ficar grávida sem a necessidade de um parceiro. A tênia possui
cerca de 1000 proglotes, que, ao ficarem grávidas, destacam-se do corpo do verme e
são liberadas nas fezes. Cada uma dessas proglotes pode produzir entre 50.000 e
100.000 ovos.
Ciclo da cisticercose

No momento em que o ser humano recém-infectado libera as proglotes e os ovos na


fezes, o ciclo da doença teníase torna-se completo. Porém, para a doença cisticercose
humana, estamos apenas na metade do caminho.

A cisticercose humana inicia-se quando o indivíduo contaminado libera os ovos


de Taenia solium nas fezes e, ele mesmo ou outros seres humanos, os
ingerem acidentalmente, como nos casos de águas contaminadas ou manuseio de
alimentos com a mãos não devidamente higienizadas após uma evacuação. Pessoas
que moram na mesma casa de uma pessoa contaminada com Taenia solium são as que
têm o maior risco de desenvolverem cisticercose.

Quando um indivíduo ingere acidentalmente os ovos da T. solium, o processo se dá de


forma semelhante ao que ocorre nos porcos. Os ovos liberam o embrião do parasito
dentro dos intestinos, o mesmo cai na corrente sanguínea e espalha-se pelo corpo do
paciente. Se o ovo conseguir alcançar o cérebro, um cisticerco irá se desenvolver neste
órgão, levando à neurocisticercose, a forma mais grave da doença.

A cisticercose só ocorre com a ingestão de ovos da Taenia solium. Os ovos da Taenia


saginata não conseguem se transformar em cisticerco nos humanos, apenas nos
bovinos.

Portanto, resumindo:
• A teníase ocorre por ingestão de carne mal passada de animais com
cisticercose, seja ela por cisticerco de Taenia saginata (carne de vaca)
ou cisticerco de Taenia solium (carne de porco).
• A cisticercose humana não tem nada a ver com ingestão de carne mal
passada. Ela só ocorre se houver ingestão acidental de ovos de T.
solium liberados nas fezes humanas.
SINTOMAS

Teníase

A maioria dos pacientes com teníase não apresenta sintomas relevantes. Quando eles
surgem, são mais comuns nos casos de Taenia saginata. Dor abdominal, náuseas,
diarreia, perda de peso ou prisão de ventre são os sintomas de teníase mais
frequentes. As crianças costumam ser mais sintomáticas que os adultos.

Proglote expelida espontaneamente


Alguns pacientes parasitados podem passar anos sem saber que estão com solitária,
até que, um dia, notam a presença das proglotes nas suas fezes. Essas proglotes têm
movimento próprio e podem também sair espontaneamente pelo ânus, sem ser
durante a evacuação, indo se alojar na roupa interior.

Uma das complicações da teníase é a apendicite, que pode surgir caso uma dessas
proglotes que se desprendem da tênia acabe ficando presa dentro do apêndice da
mesma forma, o ducto biliar também pode ficar obstruído.
Cisticercose

Os sintomas da cisticercose são completamente diferentes da teníase. Isso não é uma


surpresa, já que ambas são doenças distintas.

Os sintomas da cisticercose variam de acordo com os locais onde o cisticerco se


implanta. A forma mais grave é a neurocisticercose, que surge quando há implantação
de cisticerco no cérebro. Na neurocisticercose, os sintomas mais comuns são a dor de
cabeça e a epilepsia. Porém, não incomum haver casos totalmente assintomáticos de
neurocisticercose.

O surgimento dos sintomas pode demorar anos. Na maioria dos casos, os sintomas só
surgem 3 a 5 anos após a contaminação.

Nos casos de contaminação maciça, com múltiplas implantações cerebrais do


cisticerco, o paciente pode desenvolver um quadro de edema cerebral, crises
convulsivas, náuseas, dor de cabeça, alterações da personalidade e até coma.

A cisticercose também pode atingir os olhos. O espaço sub-retiniano, vítreo e a


conjuntiva são os locais mais freqüentes de infecção. As manifestações clínicas mais
comuns da infecção ocular incluem dor, visão turva ou cegueira.

Os cisticercos também podem se depositar nos músculos, provocando um quadro de


miosite (inflamação do músculo) ou na pele, levando à formação de nódulos
subcutâneos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da teníase é feito através do exame parasitológico de fezes, pela


identificação dos ovos ou da proglote da tênia. Como a eliminação dos ovos é
intermitente, podem ser necessários mais de um exame até que se consiga estabelecer
o diagnóstico. O ideal é colher, no mínimo, 3 amostras de fezes em dias diferentes.
No caso da cisticercose, o diagnóstico costuma ser feito através de exames de imagem,
como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética do crânio, que
conseguem identificar os cisticercos alojados no sistema nervoso central.

Nos pacientes com cisticercose, o exame da fezes para pesquisa da tênia é importante,
pois muitos pacientes contraem o cisticerco por auto-contaminação com os ovos
presentes nas suas próprias fezes.

TRATAMENTO

Teníase

As opções de tratamento para a teníase incluem:

• Mebendazol: 200 mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, por via oral.
• Praziquantel, dose única, 5 a 10 mg/kg de peso corporal, por via oral.
• Albendazol, 400 mg/dia, durante 3 dias, por via oral
• Niclosamida, 2 gramas adulto e 1 grama para crianças, em dose única
por via oral.
• Nitazoxanida, 500 mg 2 vezes ao dia, por 3 dias, por via oral

Após o tratamento, pedaços da tênia podem permanecer sendo eliminados por vários
dias. Após 3 meses, sugere-se novo exame parasitológico de fezes para confirmar a
ausência de ovos nas fezes.

Cisticercose
Nem todos os casos de cisticercose precisam de tratamento, principalmente se o
paciente for assintomático. Em geral, o tratamento é indicado nos casos sintomáticos
de neurocisticercose ou cisticercose ocular.

As opções de tratamento da neurocisticercose são:

• Albendazol 15 mg/kg por dia por 15 a 30 dias, dependendo da


gravidade da doença.
• Praziquantel 50 mg/kg por dia por 15 a 21 dias, dependendo da
gravidade da doença.
Além dos antiparasitários, indica-se também o uso de corticoides, como a
dexametasona ou a prednisona, para amenizar o edema cerebral que ocorre pelo
processo inflamatório gerado pela morte do cisticerco.

Nos casos de cisticercose muscular ou na pele, o tratamento com medicamentos tem


pouca eficácia. Em geral, sugere-se a retirada cirúrgica do cisticerco nos casos
sintomáticos.

Adotar medidas simples é crucial: pratique boa higiene, lave as mãos regularmente e
cozinhar a carne de porco completamente. O tratamento adequado de suínos é
essencial para prevenir a disseminação dos parasitas.

REFERÊNCIAS

• Teníase / Cisticercose – Ministério da Saúde – Doenças infecciosas e


parasitárias – Guia de bolso.
• Parasites – Taeniasis – Centers for Disease Control and Prevention
(CDC).
• Intestinal tapeworms – UpToDate.
• Cysticercosis: Clinical manifestations and diagnosis – UpToDate.
• Cysticercosis: Epidemiology, transmission, and prevention –
UpToDate.
• Bennett JE, et al., eds. Tapeworms (Cestodes). In: Mandell, Douglas,
and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. 8th ed.
Philadelphia, Pa.: Saunders Elsevier; 2015.

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