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MECANISMOS BACTERIANOS DE

PATOGENICIDADE
Agravos e imunidade e saúde animal
Profa. Dra. Ana Paula Vaz Cassenego
COMO OS MICRO-
ORGANISMOS PORTAS DE
ACESSAM O ENTRADA

HOSPEDEIRO?
Acesso ao hospedeiro para causar doença!
Adesão aos tecidos
Penetrar ou evitar defesas do organismo
Danificar os tecidos do hospedeiro
Alguns não causam dano direto – excreção de
substâncias
Vias de infecção dos patógenos no corpo
animal: PORTAS DE ENTRADA
Trato respiratório: são
inalados para dentro • Ex: resfriado comum, a gripe,
da cavidade nasal ou
boca -gotículas de a pneumonia, a tuberculose,
umidade ou o sarampo e a varíola
partículas de pó

Portas •A maioria é destruída pelo ácido clorídrico (HCl) e


pelas enzimas presentes no estômago, bile e enzimas

de Trato gastrintestinal:
água, alimentos ou
dedos contaminados
no intestino delgado
•Podem causar febre tifoide e disenterias bacterianas
(shigelose, salmonelose)

entrada
•São eliminados nas fezes e podem ser transmitidos a
outros hospedeiros pela água e por alimentos ou
dedos contaminados – ENTEROBACTÉRIAS

Trato geniturinário: • Maior parte vírus (DSTs) e


entrada de algumas bactérias
patógenos que são
sexualmente causadoras de infecção
transmitidos urinária
PORTAS DE ENTRADA
 MEMBRANAS MUCOSAS
 Muitas bactérias têm acesso ao corpo
entrando por:
Membranas mucosas que revestem os tratos
respiratório, gastrintestinal, geniturinário e a
conjuntiva
Membrana que recobre o globo ocular e
reveste as pálpebras
 Maioria dos patógenos entra no hospedeiro
através das mucosas dos tratos gastrintestinal e
respiratório
Portas de entrada
 PELE
 Podem ter acesso ao corpo através de aberturas
na pele
 Folículos pilosos e ductos sudoríparos
 Alguns fungos podem crescer na queratina da
pele ou infectar a pele
 A conjuntiva (mucosa) que reveste as pálpebras e
cobre a parte branca dos globos oculares
 Embora seja uma barreira eficiente contra
infecções pode ser penetrada
 Ex: Conjuntivite estafilocócica
Portas de entrada
 VIA PARENTERAL
 Infecção ocorre quando os MOS são depositados
diretamente nos tecidos
 Sob a pele ou nas membranas mucosas - barreiras são
penetradas ou danificadas
 Ex: Perfurações, injeções, mordidas, cortes, ferimentos,
cirurgias e rompimento da pele ou das membranas
mucosas por inchaços (edema)
 Bactérias que causam tétano e gangrenas
PORTAS DE ENTRADA PREFERENCIAIS
 Ocorrência de doença depende de vários fatores –
porta de entrada é um deles
 Mos tem portas de entrada preferenciais
 Se a porta de entrada for outra a doença pode não
ocorrer
 Exemplos:
 Salmonella typhi: engolida X esfregada na pele
 Estreptococos: inalados X engolidos
 Yersinia pestis e Bacillus anthracis: mais de uma porta de entrada
NÚMERO DE MICRO-ORGANISMOS INVASORES

 Se poucas bactérias penetrarem: serão eliminados pelas defesas


do hospedeiro
 Grande número de bactérias obtiver acesso ao organismo:
desenvolvimento de doença
 A virulência de um MO é expressa como DI50 - dose infectante
para 50% de uma amostra da população
 EXEMPLO:
 Bacillus anthracis - três diferentes portas de entrada: DI50 relativa
 DI50 através da pele (antraz cutâneo):10 a 50 endósporos
 DI50 para a inalação: 10.000 a 50.000 endósporos
 DI50 para o antraz gastrintestinal: ingestão de 250.000 a 1.000.000 de
endosporos
COMO OS MICRO-
ORGANISMOS ADESÃO
INVASÃO
INFECTAM O DANO
HOSPEDEIRO?
1. ADESÃO

 À PORTA DE ENTRADA NO HOSPEDEIRO


 ETAPA NECESSÁRIA PARA A PATOGENICIDADE
 Moléculas na superfície do patógeno - adesinas
 Se ligam a receptores específicos complementares de
superfície nas células de certos tipos de tecidos do
hospedeiro
 Localizadas no glicocálix ou em outras estruturas da
superfície microbiana (pili, fímbrias e flagelos)
 Constituídas por glicoproteínas ou lipoproteínas
 Receptores nas células do hospedeiro: açúcares
 Alteram receptores ou adesinas para interferir na aderência
FATORES DE
VIRULÊNCIA
EXTRACELULARES
CÁPSULA

 Glicocálice formam cápsulas ao redor de sua parede


celular aumentando a virulência da espécie
 Cápsulas impedem a fagocitose
 Corpo animal pode produzir anticorpos contra a
cápsula
 Ex de bactérias virulentas: Streptococcus pneumoniae,
Klebsiella pneumoniae, Bacillus anthracis, Yersinia pestis
 Virulência de alguns patógenos não está relacionada à
presença de uma cápsula
COMPONENTES DA PAREDE CELULAR

 PROTEÍNA M: proteína resistente ao calor e à acidez. Streptococcus


pyogenes
 Localizada na superfície celular e nas fímbrias
 Medeia a aderência da bactéria às células epiteliais do
hospedeiro e auxilia na resistência bacteriana à fagocitose
 FÍMBRIAS e OPA (proteínas externas): capacidade de crescer dentro
das células epiteliais e dos leucócitos. Ex: Neisseria gonorrhoeae
 ÁCIDO MICÓLICO: compõe a parede celular de Mycobacterium
tuberculosis
 Resistência à digestão por fagócitos (se multiplicam dentro desses)
ENZIMAS
 EXOENZIMAS podem digerir o material entre as células e induzir a
formação ou a degradação de coágulos sanguíneos
 COAGULASE: coagula o fibrinogênio no sangue
 Coágulos de fibrina podem proteger a bactéria da fagocitose e isolá-
la de outras defesas
 CINASES (quinases): degradam a fibrina e digerem coágulos
formados pelo organismo para isolar a infecção
 HIALURONIDASE: hidrolisa o ácido hialurônico do tecido conjuntivo
– necrose e gangrena
 COLAGENASE: facilita a disseminação da gangrena gasosa -
clostrídios
 PROTEASES IgA: Destroem anticorpos IgA. Dano ao SNC.
2. PENETRAÇÃO

 APÓS A ETAPA DE ADESÃO ÀS CÉLULAS


 MOs entram em contato com a membrana plasmática das células
do hospedeiro
 Produzem proteínas chamadas INVASINAS - rearranjo dos filamentos
de actina do citoesqueleto celular próximos ao ponto de contato
bacteriano
 Desorganização do citoesqueleto – enrugamento da membrana
 O MO mergulha em uma das dobras da membrana e é engolfado
pela célula hospedeira
 Dentro da célula podem utilizar a actina para se movimentar
através do citoplasma da célula e de uma célula hospedeira para
outra
 As bactérias também entram em contato com as junções de
membrana (transporte)
Salmonella invadindo as células epiteliais do intestino
Enrugamento da membrana plasmática
COMO OS MICRO-
ORGANISMOS DANO TECIDUAL
DANIFICAM A CÉLULA
DO HOSPEDEIRO?
 ACONTECE QUANDO O PATÓGENO SUPERA AS
DEFESAS DO HOSPEDEIRO – FAGÓCITOS
 Utilizando os nutrientes do hospedeiro;
 Causando dano direto à região da invasão;
 Produzindo toxinas transportadas pelo sangue e
pela linfa, danificando pontos distantes do local
inicial da infecção;
 Induzindo reações de hipersensibilidade.
UTILIZANDO OS NUTRIENTES DO HOSPEDEIRO:
SIDERÓFOROS
 Ferro é necessário para o crescimento da
maioria das bactérias
 Secretam proteínas denominadas sideróforos
 Removem o ferro das proteínas animais
transportadoras como: lactoferrina, transferrina,
ferritina e hemoglobina
 Complexo sideróforo-ferro é formado sendo
absorvido pela bactéria
Estrutura da enterobactina
DANO DIRETO

1. Metabolismo e multiplicação das


bactérias dentro das células causam
sua lise
Dispersão para outros locais e
tecidos
2. Indução da fagocitose e rompimento
3. Entrada na célula hospedeira pela
excreção de enzimas e por sua própria
mobilidade
PRODUÇÃO DE TOXINAS
 Substâncias “venenosas” produzidas por MOs
 Fator primário que contribui para as propriedades
patogênicas
 Toxigenicidade: capacidade dos MOs de produzir toxinas
 Transportadas pelo sangue ou pela linfa: efeitos graves e
muitas vezes fatais
 Algumas toxinas geram febre, distúrbios cardiovasculares,
diarreia e choque
 Podem inibir a síntese proteica, destruir células e vasos
sanguíneos e danificar o SNC (espasmos)
 220 toxinas bacterianas conhecidas: 40% causam
doenças através de danos às membranas
 Toxemia: presença de toxinas no sangue
 Dois tipos: EXOTOXINAS E ENDOTOXINAS
Exotoxinas
 Produzidas no interior de algumas bactérias
 Secretadas pela bactéria no meio circundante
ou liberadas após a lise celular
 São proteínas (muitas enzimas) que catalisam
apenas certas reações bioquímicas
 Pequenas quantidades são perigosas - podem
agir várias vezes
 Gram+ ou Gram-
 Genes plasmidiais bacterianos ou fagos
 Podem se difundir facilmente no sangue
Ação das exotoxinas
 Destroem determinadas partes das células do
hospedeiro ou inibem certas funções metabólicas
 Produzem efeitos altamente específicos nos tecidos
corporais e estão entre as substâncias mais letais
conhecidas
 São as exotoxinas que produzem os sinais da doença -
não a bactéria em si
 Intoxicação x infecção
 Antitoxinas: promovem imunidade contra as exotoxinas
 Toxoides: exotoxinas inativadas que promovem
estimulação do sistema imune
Tipo de célula hospedeira afetada:

• Neurotoxinas
• Cardiotoxinas
• Leucotoxinas
• Enterotoxinas

Nomenclatura • Citotoxinas

das A partir da doença à qual está associada:

• Toxina diftérica

exotoxinas • Toxina tetânica

Patógeno específico que as produz:

• Toxina botulínica (Clostridium botulinum)


• Enterotoxina colérica (Vibrio cholerae)
Exotoxinas divididas em 3 tipos
principais

Tipos de
exotoxinas
Baseado em estrutura e função:
TOXINAS
TOXINAS A-B DANIFICADORAS SUPERANTÍGENOS
DE MEMBRANA
1. TOXINA A-B
Toxina diftérica
2. Toxinas danificadoras de membrana

 Causam lise da CÉLULA HOSPEDEIRA pela degradação da


membrana plasmática
 Leucocidinas: matam glóbulos brancos – diminui resistência
do hospedeiro
 Hemolisinas: destroem os eritrócitos
 Formam canais proteicos na membrana plasmática ou
degradam a porção fosfolipídica da membrana
 Morte de células do hospedeiro
 E auxiliam as bactérias a escapar dos fagócitos para o
citoplasma da célula hospedeira
3. Superantígenos

 Antígenos que provocam uma resposta imunológica


muito intensa
 São proteínas bacterianas que estimulam de forma não
específica a proliferação de células T
 As células T são estimuladas a liberar grande
quantidade citocinas
 Sinais: febre, náusea, vômito, diarreia, choque e morte
ENDOTOXINAS
 São parte da porção externa da parede celular de bactérias Gram-
 Porção lipídica do LPS – lipídeo A
 Endotoxinas: lipopolissacarídeos / Exotoxinas: proteínas
 Liberadas quando as bactérias Gram- morrem (lise celular) ou
durante sua multiplicação (crescimento)
 Antibióticos podem lisar essas bactérias - causa a liberação de
endotoxinas - piora no quadro clínico
 Melhora do quadro à medida que as toxinas são degradadas
 Efeito: estímulo de macrófagos e liberação de citocinas em
concentrações elevadas

ENDOTOXINAS

 Mesmos sinais clínicos independente da espécie


Calafrios, febre, fraqueza, dores generalizadas,
choque e morte. Podem induzir o aborto.
Ativam proteínas envolvidas na coagulação
sanguínea: formação de pequenos coágulos -
obstrução dos capilares - decréscimo no suprimento
de sangue – morte tecidual (CID)
 Não promovem a formação de antitoxinas efetivas
contra seu carboidrato
 Anticorpos tendem a não controlar os efeitos da toxina
Toxinas e a resposta pirogênica
Mecanismo proposto para produção de febre
 Plasmídeos são moléculas de DNA extra
cromossômico bacteriano capazes de
se replicar independentemente
 Fatores R (resistência) – antibióticos
PLASMÍDEOS,  Fatores de virulência – genes de
LISOGENIA E neurotoxinas, enterotoxinas, adesinas,
coagulase, fímbrias específicas
PATOGENICIDADE  Genes de bacteriófagos - toxina
diftérica, toxina eritrogênica,
enterotoxina estafilocócica, toxina
pirogênica, neurotoxina botulínica e
cápsula produzida pelo Mycobacterium
pneumoniae

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