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1. Definição........................................................................ 3
2. Classificação................................................................. 3
3. Epidemiologia............................................................... 5
4. Fisiopatologia............................................................... 6
5. Quadro clínico............................................................... 8
6. Complicações neoplásicas....................................10
7. Diagnóstico.................................................................11
8. Tratamento..................................................................15
9. Seguimento ................................................................15
Referências bibliográficas..........................................18
GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE 3
HORA DA REVISÃO!
Histologia do estômago
As invaginações do epitélio superficial do estômago são denominadas de fovéolas gástricas.
Estas se conectam com glândulas gástricas, possibilitando que o produto glandular seja libe-
rado no lúmen estomacal.
As glândulas podem sem encontradas em todo o estômago e são comumente divididas em
3 tipos, variando a classificação conforme sua localização, assim, tem-se: glândulas gástricas
(produtoras de ácido clorídrico, localizadas no fundo e no corpo), glândulas pilóricas (secreto-
ras de muco, apresentando-se na região pilórica) e glândulas cárdicas (localizadas na cárdia
do estômago).
As glândulas gástricas são formadas por cerca de 5 células: células mucosas do colo, células-
-tronco (substituem células lesadas), células parietais (ou oxínticas, produzem fator intrínseco
e secretam ácido clorídrico), células principais (ou zimogênicas, secretam pepsinogênio e lipa-
se gástrica) e células enteroendócrinas (liberam gastrina).
IBP em dose padrão, uma vez ao dia + em 0-10,9% ao ano. Sua prevalência
furazolidona 200 mg, três vezes ao dia +
cloridrato de tetraciclina 500 mg, quatro
aumenta com a idade e é maior nas
vezes ao dia, durante 7 dias. mulheres quando comparada com
Tratamentos alternativos para a infecção homens (3:1). Nos Estados Unidos,
têm sido propostos, incluindo o uso de verifica-se prevalência semelhante
antioxidantes com destaque crescente entre populações branca, afro-ameri-
para vitamina C, ao se demonstrar que
cana e hispânica, ocorrendo em am-
concentrações da mesma no estômago
de indivíduos infectados com H. pylo- pla faixa etária. Existe uma importan-
ri são, substancialmente, menores do te associação da GAMA com outras
que as de indivíduos saudáveis. doenças autoimunes, como tireoidite,
e cerca de 6-10% dos pacientes com
3. EPIDEMIOLOGIA diabetes mellitus tipo 1 tem GAMA
concomitantemente.
A GAMA tem prevalência em torno
de 2-5%, com incidência estimada
NA PRÁTICA!
O diagnóstico de gastrite autoimune pediátrica é importante devido ao risco de malignidade,
porém é frequentemente subestimado. Para aumentar a conscientização desta condição na
pediatria, trazemos o caso abaixo:
Criança, sexo feminino, de 12 anos, com histórico de palidez, dor epigástrica e menorragia,
sem histórico pessoal ou familiar prévio de doença autoimune, foi encaminhada ao Hospital
Universitário de Lausanne (Suíça) para avaliar anemia hipocrômica microcítica. que não res-
ponde ao tratamento com ferro por via oral.
Dados de exames laboratoriais:
Hb 10,6 g/dL
VCM 64 fl
HCM 19,4 pg
CHCM 302G
Ferro 2,7 μmol/l
Ferritina 6 μg/l
Por conta do exame de sangue oculto nas fezes positivo e da calprotectina fecal elevada (705
μg/g), a criança foi submetida a endoscopia superior e inferior a procura de fontes de sangra-
mento ativo gastrointestinal. A colonoscopia e o exame histológico das biópsias do cólon, re-
alizadas durante o procedimento, não demonstraram nenhuma anormalidade. A imagem da
endoscopia digestiva alta também não foi notável, mas o exame histológico revelou gastrite
atrófica crônica, tanto ao nível antral quanto no fundo.
Especificamente, as biópsias de fundo mostraram uma atrofia completa das glândulas oxínti-
cas e metaplasia intestinal, acompanhadas por um infiltrado inflamatório moderado compos-
to por linfócitos, células plasmáticas, eosinófilos e neutrófilos raros.
►
GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE 6
As biópsias antrais exibiram gastrite atrófica crônica moderada, sem atividade inflamatória
e metaplasia intestinal. A pesquisa de Helicobacter pylori foi negativa após coloração es-
pecial corada por Giemsa e coloração imuno-histoquímica com anticorpo anti- Helicobacter
pylori específico.
O teste do antígeno fecal de H. pylori foi positivo e o paciente recebeu terapia tripla com amo-
xicilina, claritromicina por 14 dias e esomeprazol por 1 mês. O teste negativo para o antígeno
fecal subsequente confirmou a erradicação do H.pylori . No entanto, em uma endoscopia
digestiva alta de acompanhamento, realizada 15 meses depois, o exame histológico mos-
trou-se não modificado.
A GAMA foi confirmada após investigações laboratoriais adicionais que revelaram a presença
de anticorpos anti-parietais (1/1280 título). Ademais, anticorpos anti-fator intrínseco foram
negativos e os níveis de vitamina B 12 eram normais (164 pmol / l).
Anticorpos
anti-células
parietais e anti-
fator intrínseco
Perda de células
Hipo ou acloridria Hipergastrinemia
parietais
Diminuição da
Anticorpos Diminuição da Hiperplasia de células
produção de fator
anti-fator intrínseco absorção de ferro enteroendócrinas
intrínseco
Anemia perniciosa
Anemia macrocítica -
Anemia microcítica
megaloblástica
evolui para gastrite atrófica múltipla níveis altos e tipo III níveis normais. As
sem (inicialmente) e com (mais tarde) alterações patológicas no carcinóide
metaplasia intestinal, evoluindo para gástrico tipo I são iniciadas pela per-
displasia que progride de baixo para da do feedback negativo das células
alto grau, e, por fim, o câncer gástrico. parietais na secreção de gastrina. A
Note-se que a GAMA sem infec- hipo/acloridria resulta, subsequente-
ção concomitante por H. pylori não é mente, em hipergastrinemia que, por
considerada parte da cascata acima sua vez, tem efeitos tróficos nas cé-
mencionada. Nem todos os pacientes lulas enteroendócrinas. A hiperplasia
com gastrite induzida por H. pylori de- destas, seguida por sua displasia é
senvolvem o câncer gástrico. As chan- considerada lesão pré-cancerosa e,
ces são maiores quando certos fato- com o tempo, pode progredir para o
res de virulência estão presentes. Por carcinóide em questão.
exemplo, foi demonstrado que cepas A detecção de pólipos durante a en-
de H. pylori CagA-positivas apresen- doscopia em pacientes com GAMA
tam risco significativamente maior de está fortemente associada a presença
desenvolvimento de úlcera péptica e de carcinóide gástrico tipo I. Pacien-
câncer gástrico em comparação com tes com este tipo de carcinóide ge-
cepas CagA-negativas. ralmente são assintomáticos, embora
possam estar presentes sintomas de
dispepsia e anemia ferropriva. É por
Carcinoide gástrico tipo I isso que o diagnóstico geralmente é
Embora tenha sido reconhecido que a feito durante a endoscopia.
GAMA está associada ao aumento do
risco de desenvolvimento deste tipo
7. DIAGNÓSTICO
de câncer, a incidência exata não é
conhecida. Existem três tipos conhe- O diagnóstico é realizado através da
cidos de carcinóides gástricos: o tipo I combinação entre achados clínicos
está associado a GAMA, o tipo II pode (sintomatologia e exames labora-
estar presente em pacientes com ne- toriais, além da presença de outras
oplasia endócrina múltipla (NEM) I e condições autoimunes) e biópsia do
síndrome de Zollinger-Ellison, e o tipo estômago.
III, a variante mais agressiva, geral-
mente ocorre esporadicamente.
Endoscopia e histologia
Os níveis séricos de gastrina variam de
acordo com o tipo de carcinóide gás- O padrão ouro para o diagnóstico da
trico, sendo que tipos I e II possuem gastrite autoimune é a endoscopia,
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Imagem endoscópica da gastrite autoimune a) exibindo atrofia incipiente de corpo e b) demonstrando cobertura da
mucosa gástrica por psudopólipos no corpo e no fundo.
Fonte: DABSCH, 2016.
A mucosa adelgaçada, com aumento da visualização dos vasos mucosos e redução das pregas gástricas costuma ser
um achado comum encontrado na endoscopia, quando em estágios mais avançados da doença.
Fonte: EMORY et al, 2000.
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As glândulas oxínticas podem ser des- difusa da lâmina própria, com atrofia
truídas e as células parietais mostram acentuada das glândulas oxínticas. A
alterações pseudo-hipertróficas. Des- metaplasia intestinal se torna percep-
taca-se ainda que a hiperplasia das tível. O estágio final da doença é de-
células enteroendócrinas é um achado finido por redução distinta ou perda
precoce. A coloração imuno-histoquí- total de glândulas oxínticas. Além dis-
mica das células G pode ajudar a iden- so, podem ser encontrados pseudo-
tificar o local da biópsia, pois o diag- pólipos ou pólipos hiperplásicos, bem
nóstico de GAMA só pode ser feito a como metaplasia pancreática ou in-
partir de biópsias de corpo ou fundo. testinal. Nos estágios finais, a reação
Após a progressão da doença, é encon- inflamatória é reduzida em compara-
trada uma infiltração linfoplasmática ção aos estágios iniciais da doença.
SAIBA MAIS!
A medição do ácido gástrico pode ser útil para diagnosticar os estágios iniciais da gastri-
te autoimune quando as alterações histológicas são mínimas, mas a hipo ou a acloridria já
está presente. No entanto, até o momento não existe um método tecnicamente adequado
disponível.
A amostragem endoscópica da secreção gástrica, após estimulação com gastrina, e deter-
minação posterior da concentração de íons hidrogênio por titulação é precisa, mas também
demorada e requer equipamento técnico específico.
A simples medição intragástrica do pH durante a endoscopia a partir de aspirados seria um
método rápido e barato, mas surgiram preocupações de que isso não seria capaz de refletir a
secreção de ácido gástrico ou o volume de secreção ácida. Mais estudos são necessários para
testar a eficácia e os benefícios da medição de pH ou ácido gástrico na GAMA.
Adenocarcinoma
gástrico
Pseudopólipos de
Tireoidite autoimune
Complicações neoplásicas mucosa parietal “ilhas no
mar”
DM I Tumores
Predisposição genética Anemia ferropriva
neuroendócrinos
DOENÇAS
Anticorpos ASSOCIADAS Anemia perniciosa
anti-células parietais
Anticorpos anti-fator
FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO Erradicação de
intrínseco
GASTRITE H. pylori (se houver)
ATRÓFICA
Doença inflamatória
AUTOIMUNE
Autoimune TRATAMENTO Reposição vitamínica
crônica progressiva
Investigar outras
DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLOGIA doenças autoimunes
M:H = 3:1
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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