20º Seminário de Pesquisa/Seminário de iniciação científica-UNIANDRADE 2022

O USO DE INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBPS) E O CÂNCER DE

ESTÔMAGO

Ashley Amanda Junco Pereira*, Louise Araújo de Freitas*, Nelcineia de Matos* e Patricia
Pienta de Campos*
Mário Sérgio Piantavini**

*Discente do curso de biomedicina no Centro universitário Campos de Andrade –

UNIANDRADE, Curitiba, Brasil.
**Docente do curso de biomedicina no Centro universitário Campos de Andrade –
UNIANDRADE, Curitiba, Brasil.

E-mail: louisefreitas93@gmail.com

Resumo: Os Inibidores da Bomba de Abstract: Proton Pump Inhibitors (PPIs)

Prótons (IBPs) são bem tolerados pelo
organismo e por isso são prescritos de
forma contínua como terapia a longo
prazo, porém podem ser um risco para
saúde pois essa classe de medicamentos
pode mascarar os sintomas do câncer
gástrico e estão associados com o
desenvolvimento de neoplasias. Estudos
apontam a hipergastrinemia como a
hipótese mais aceita para explicar essa
associação entre os inibidores de bomba
de prótons e o câncer gástrico. O estudo
teve como objetivo relacionar o uso dos
IBPs com o aumento dos riscos para o
desenvolvimento de câncer de estômago,
a partir de revisão de literatura realizada
através de pesquisas pelas bases Scielo,
PubMed e Google Scholar. Concluiu-se
que a administração prolongada pode
promover o desenvolvimento de câncer
gástrico, associado à hipergastrinemia, à
progressão da gastrite atrófica ou a
hiperplasia das células ECL. Pacientes
positivos para Helicobacter pylori que
receberam terapia de longo prazo com
IBPs foram expostos a um risco maior do
que pacientes negativos para H. pylori.
Conclui-se também que os profissionais de
saúde devem considerar a avaliação do
estado de infecção por H. pylori dos
pacientes antes de iniciar o tratamento de
longo prazo com IBPs.
Palavras-chave: hipergastrinemia,
Helicobacter pylori, câncer gástrico,
neoplasias.
are well tolerated by the body and are
therefore prescribed continuously as long-
term therapy, but they can be a health risk
because this class of drugs can mask the
symptoms of gastric cancer and are
associated with the development of
neoplasms. Studies point to
hypergastrinemia as the most accepted
hypothesis to explain this association
between proton pump inhibitors and gastric
cancer. The study aimed to relate the use
of PPIs with increased risk for the
development of stomach cancer, from a
literature review conducted by searching
the databases Scielo, PubMed and Google
Scholar. It was concluded that prolonged
administration may promote the
development of gastric cancer, associated
with hypergastrinemia, progression of
atrophic gastritis or ECL cell hyperplasia.
Helicobacter pylori positive patients
receiving long-term therapy with PPIs were
exposed to a higher risk than H. pylori
negative patients. It is also concluded that
health care providers should consider
assessing patients' H. pylori infection
status before starting long-term treatment
with PPIs.
Keywords: hypergastrinemia,
Helicobacter pylori, gastric cancer,
neoplasms.

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INTRODUÇÃO
Atualmente os Inibidores da Bomba de
Prótons (IBPs) tem sido a classe de
medicamentos mais utilizada devido aos
bons resultados com pacientes que
relatam queixas gastroesofágicas “azia”,
os medicamentos mais utilizados para
estes casos são omeprazol, esomeprazol,
lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol e
dexlansoprazol [1].
Os IBPs atuam diminuindo a secreção
de ácido gástrico, sendo indicados para
doenças que tem como principal
mecanismo de ação a hipersecreção de
ácido clorídrico pelo estômago, como o
refluxo gastroesofágico, úlceras gástricas,
infecções por Helicobacter pylori, e
também utilizado no tratamento de danos
causados pelos anti-inflamatórios não
esteróides. A regulação desta secreção
gástrica reflete no sistema de
quimiotransmissores sendo os três
principais a gastrina, histamina e
acetilcolina [1].
A gastrina é um dos hormônios que
participa na realização da estimulação
gástrica na produção do ácido clorídrico.
Esse quimiotransmissor também tem
importantes funções proliferativas e
antiapoptóticas em células cancerígenas
[2]. Em consequência ao uso
indiscriminado dos inibidores de bomba de
prótons (IBPs), em especial o omeprazol,
vários estudos foram realizados com o
objetivo de relacionar os IBPs com a
carcinogênese gástrica, sobretudo em
animais que foram infectados com
Helicobacter pylori.
Esta revisão de literatura teve como
objetivo analisar os efeitos adversos
causados pelos IBPs e relacionar com o
aumento dos riscos para o positivos para H. pylori, o uso de inibidores
desenvolvimento de câncer de estômago.
METODOLOGIA
Para alcançar o objetivo proposto
realizou-se uma revisão bibliográfica por
meio da seleção de publicações em
2
revistas e artigos publicados entre os anos
de 2004 e 2022, encontrados através de
buscas de literatura pelas bases Scielo,
PubMed e Google Scholar, utilizando as
palavras chave: Inibidores da Bomba de
Prótons, efeitos adversos dos Inibidores da
Bomba de Prótons, câncer de estômago.
RESULTADOS
Em consequência ao uso indiscriminado
dos inibidores de bomba de prótons (IBPs),
especialmente o omeprazol, vários
estudos foram realizados com o objetivo de
relacionar os IBPs com a carcinogênese
gástrica.
Dentre esses estudos, tem-se a
administração de IBPs em camundongos,
que resultou na elevação do número de
células parietais, com aumento da
expressão de proteínas de transporte de
íons ou água, sendo assim, relacionada ao
desenvolvimento de pólipos da glândula
fúndica. A indução da hipergastrinemia,
por desfalque ácido, proporcionou
hiperplasia da mucosa [3].
Uma revisão sistemática que reuniu 16
estudos concluiu que em terapia a longo
prazo, os IBP induziram hipergastrinemia
moderada na maioria dos pacientes e
aumento da prevalência de hiperplasia de
células ECL. Pacientes positivos para H.
pylori que receberam terapia de longo
prazo com IBP foram expostos a um risco
maior de atrofia do corpo do que pacientes
negativos para H. pylori [4].
Outro estudo relatou uma associação
dose-dependente de doses de IBP com o
diagnóstico de metaplasia intestinal
gástrica, uma condição pré-cancerosa, em
pacientes tratados para infecção por
Helicobacter pylori. Entre os pacientes
da bomba de prótons foi associado a um
aumento da probabilidade de metaplasia
intestinal gástrica dependente da dose,
sendo de 1,7 a 1,4 vezes para a coorte de
pacientes que foram tratados para infecção
por H. pylori [5].
Os efeitos inibitórios dos IBPs duram
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mais tempo que a meia-vida plasmática
dele, que é em torno de 1 a 2 horas,
enquanto o efeito sobre a secreção ácida
pode se manter até 24 horas, onde
acontece a síntese de uma nova bomba. O
efeito máximo é alcançado de 3 a 4 dias.
Essa classe se mostra superior em relação
aos outros fármacos interferentes na
secreção gástrica, inibindo cerca de 80 a
95% das bombas de prótons presentes nas
células parietais do estômago. Os IBPs
produzem uma supressão ácida
significativamente mais eficaz e REFERÊNCIAS
prolongada do que os antagonistas dos
receptores hidrogênio e são capazes de
manter o pH intragástrico superior a 4 por
até 16 a 18 h/dia [6].
Por isso é importante o controle do uso
contínuo de IBP em relação aos efeitos de
longo prazo, pois a intensa supressão
ácida proporciona um crescimento na
secreção de gastrina, resultando na
hipergastrinemia [6].
CONCLUSÃO
A partir da análise dos achados da
literatura, foi possível verificar as principais
indicações e as desvantagens do uso
prolongado dos IBPs. A terapia a longo
prazo com IBP induziu hipergastrinemia
moderada na maioria dos pacientes e
aumento da prevalência de hiperplasia de
células ECL. Pacientes positivos para H.
pylori que receberam terapia de longo
prazo com IBP foram expostos a um risco
maior de atrofia do corpo do que pacientes
negativos para H. pylori. Conclui-se que os
profissionais de saúde devem considerar a
avaliação do estado de infecção por H.
pylori dos pacientes antes de iniciar o
tratamento de longo prazo com IBP.
Apesar de não ser possível afirmar que
o tratamento prolongado com IBPs induz
ao aparecimento ou acelere
desenvolvimento do câncer gástrico em
humanos, os autores demonstraram ou
que a administração prolongada pode
promover o desenvolvimento de câncer
gástrico, associada à hipergastrinemia, à
progressão da gastrite atrófica ou a
hiperplasia das células ECL.
O uso deliberado dos IBPs por
automedicação ainda é um grande
problema devido ao desconhecimento pela
maioria das pessoas dos potenciais
problemas relacionados ao uso
indiscriminado e por longos períodos de
tempo dos IBPs, sendo necessária mais
cautela na prescrição e no uso dessa
classe de medicamentos.
[1] Chagas LS, Melo JIV, Freitas GRM.
Inibidores da bomba de prótons.
Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
2020. Disponível em:
https://www.ufpb.br/cim/contents/menu/pu
blicacoes/cimforma/inibidores-da-bomba-
de-protons. Acesso em: 25/04/2022.
[2] Wannmacher L. Inibidores da bomba de
prótons: indicações racionais.
Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde.
2004;2(1):1-6.
[3] Huang L, Qi DJ, He W, Xu AM.
Omeprazol promove carcinogênese do
estômago anterior em camundongos com
co-estimulação de nitrosamina.
Oncotarget. 2017;8(41):70332-70334.
[4] Lundell L, Vieth M, Gibson F, Nagy P,
Kahrilas P. Systematic review: the effects
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serum gastrin levels and gastric histology.
Aliment Pharmacol Ther. 2015;42(6):649-
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[5] Snir Y, Leibovitzh H, Leibovici-
Weissman Y, Vilkin A; Cohen AD, Shochat
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Levi Z. Dose-dependent association of
proton pump inhibitors use with gastric
intestinal metaplasia among Helicobacter
pylori-positive patients. United European
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[6] Hoefler R, Leite BF. Segurança do uso
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prótons. Boletim Farmacoterapêutica.
2009;(1): 1-3.