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Microbiologia

Atividade Complementar

Ricardo Augusto Longo Zeglin – 27474674 – A3

Importância clínica do diagnóstico e tratamento da disbiose

O corpo humano possui um número similar de bactérias e células. Somente no intestino,


são de 30 a 400 trilhões de microrganismos como vírus, fungos, além de mais de mil tipos de
bactérias.

Importantes para a sobrevivência dos seres humanos e desempenhando atividades


como a digestão ou a proteção contra invasores, o conjunto destes microrganismos que habitam
em um certo ambiente do corpo é chamado de microbiota.

A microbiota intestinal é composta principalmente por bactérias benéficas, como os


lactobacilos, mas também, em pequena parte, por bactérias potencialmente patogênicas, como
o Clostridium spp. Quando ocorre um desequilíbrio da microbiota, com redução do número de
bactérias benéficas e aumento das patogênicas temos a disbiose, podendo acarretar carência
de vitaminas e nutrientes.

O desequilíbrio pode ocorrer por fatores como uso de antibióticos, estresse,


alimentação deficitária e doenças intestinais como inflamação e diverticulose. O quadro clínico
é marcado por gases, náuseas, febre, diarreia, dor de cabeça, ansiedade, depressão e
constipação intestinal.

No início da vida humana, o trato gastrointestinal é estéril, e a colonização inicia já no


recém-nascido, sendo a mãe a primeira fonte de microrganismos. E o desenvolvimento da
microbiota depende dos nutrientes recebidos durante a vida. Por esse motivo, a microbiota de
um europeu ou asiático é diferente de um brasileiro.

Os hábitos alimentares e o estilo de vida da população sofreram grandes mudanças nas


últimas décadas, com mais poluição ambiental e maior estresse físico e emocional. Em paralelo,
houve aumento da variedade dos alimentos, mas muitas vezes com perda nutricional, pois
muitos alimentos atualmente são processados para serem armazenados e transportados. Desta
forma, o organismo passou a exigir um maior consumo de alimentos industrializados, resultando
em maiores índices de obesidade.

Estatisticamente, mais da metade dos obesos desenvolvem a síndrome metabólica, com


estímulo à inflamação, e assim alterando a população de bactérias no intestino.

Em casos graves de obesidade, é realizada a retirada parcial ou total do estômago


através da cirurgia bariátrica, alterando também a microbiota. As complicações da bariátrica vão
desde sangramentos intestinais, obstrução intestinal, hematomas, até depressão ou
automutilação, como consequência da mudança brusca no peso e estilo de vida. Assim, o ideal
para pacientes obesos, seria antes de tudo a reeducação alimentar e mudança nos hábitos de
vida, deixando a cirurgia bariátrica somente para casos extremos.
Diagnóstico e métodos de tratamento da disbiose

Como a disbiose muitas vezes ocorre por fatores ambientais, existem diversos métodos
para o tratamento: mudanças dietéticas, consumo de prebióticos e probióticos, além do
transplante da microbiota fecal, são os principais métodos de tratamento.

O diagnóstico é realizado pelo histórico de constipação crônica, diarreia, flatulência e


distensão abdominal. Fadiga, depressão e mudanças de humor podem ser sintomas.

O exame clínico pode revelar abdome hiper timpânico e dor à palpação e deve ser
realizada cultura bacteriana fecal, para análise das bactérias da microbiota.

A reeducação alimentar é uma das principais formas de tratamento, reduzindo o


consumo de carnes vermelhas, ovos, leite e alimentos processados. O excesso na ingestão de
carboidratos causa fermentação pelas bactérias no intestino grosso, enquanto o de proteínas
aumenta a putrefação. A ingestão em excesso de lactose e açúcares pode causar flatulência e
diarreia, o que também prejudica a microbiota. (ALMEIDA et al. 2009).

Probióticos, prebióticos e simbióticos

Os probióticos são produtos lácteos, fermentados ou não, que apresentam em sua


composição organismos vivos que trazem benefícios para o hospedeiro, como regulação da
microbiota, recuperação da população das bactérias após o uso de antibióticos, melhor digestão
da lactose, aumento do sistema imune, maior absorção de minerais e produção de vitaminas.

O termo prebiótico é utilizado para designar ingredientes alimentares não digeríveis,


que estimulam o crescimento de um número limitado de bactérias no cólon. São carboidratos
complexos (fibras), resistentes às enzimas salivares e intestinais, sendo digeridos por bactérias
do cólon, estimulando o crescimento de bifidobactérias e lactobacilos, alterando o transito
intestinal e prevenindo diarreia e constipação.

A combinação dos probióticos e prebióticos forma os simbióticos. Estes alimentos


podem melhorar a implantação e sobrevivência de microrganismos, melhorando o bolo fecal,
aumento na eliminação do colesterol e diminuição da absorção da glicose.

Antibióticos

A administração de metronidazol ou vancomicina pode ser um desencadeador de


alterações no microbioma. São utilizados para tratamento da infecção por Clostridium difficile,
associada a disbiose intestinal.

Transplante da microbiota fecal (TMF)

Consiste em transplantar o ecossistema microbiano inteiro, a partir de uma amostra de


fezes.

A infecção por Clostridium Difficile tem sido tratada com TMF, e a técnica tem sido
realizada através de colonoscopia ou sonda nasogástrica, para reestabelecimento da microbiota
após a infecção.
A aplicação da técnica consiste em interações entre hospedeiros e microrganismos.
Portanto, estudos sobre a composição, diversidade e função das comunidades intestinais são
importantes para elaborar estratégias e tratamentos.

Conclusão

O intestino é um dos principais mantenedores da saúde. E com a microbiota afetada, o


próprio sistema imunológico é deteriorado.

Para evitar a disbiose, a alimentação saudável é essencial. Mas a manutenção da


microbiota não está ligada não somente ao alimento, mas também ao estilo de vida e
hereditariedade.

A suplementação com probióticos induz a colonização intestinal por bactérias benéficas


e deve ser incentivada.

O uso ponderado de antibióticos também deve sempre ser considerado, desde a


infância até a vida adulta.

Além disso, o transplante da microbiota fecal é uma boa opção de tratamento, com
capacidade de restabelecer a microbiota intestinal saudável, por mais desagradável que possa
parecer.

Bibliografia

ABBOTT, Allison. Scientists Bust Myth That Our Bodies Have More Bacteria Than Human Cells
Revista Scientific American.

Disponível em: https://www.scientificamerican.com/article/scientists-bust-myth-that-our-


bodies-have-more-bacteria-than-human-cells/

ALMEIDA, Luciana Barros, et al. Disbiose intestinal. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, Belo
Horizonte, v. 24, n. 1, p. 58-65, 2009. Disponível: https://www.portaldenutricao.com/wp-
content/2019/12/artigo-de-revisao-disbiose-intestinal.pdf (Acessado em 06.setembro.2020).

MACHADO, A. S. Importância da microbiota intestinal para a saúde humana, enfocando


nutrição, probióticos e disbiose. 2008. 33 f. Dissertação (Especialização em Microbiologia) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

MURRAY, Patrick R. Microbiologia Médica. 7. Ed. – Rio de Janeiro, 2014.

SANTOS, A. C. A. Uso de Probióticos na recuperação da flora intestinal, durante a


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Nutrição, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

SILVA, L. P. DISBIOSE INTESTINAL: APLICAÇÃO DOS PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS


NA RECUPERAÇÃO E ESTABILIDADE DA MICROBIOTA INTESTINAL. 2020. 26 f. TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso) – Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2020.

https://www.microbiologia.ufrj.br/portal/index.php/pt/destaques/novidades-sobre-a-
micro/299-transplante-fecal-restaurando-nosso-ecossistema-interno

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