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LACTOBACILLUS RHAMNOSUS, LACTOBACILLUS GASSERI E AKKERMANSIA MUCINIPHILA

ALIADOS NO TRATAMENTO Á OBESIDADE.


Autores: Andressa Felix1, Camila Sellfeld1, Cleusa Maier2. e-mail:
andressafelixnutri@hotmail.com1, camilasellfeld@hotmail.com1; cleusa.maier@unifil.br2
Instituições e afiliação: 1Graduanda em Nutrição do Centro Universitário Filadélfia, Londrina,
Paraná; 1Graduanda em Nutrição do Centro Universitário Filadélfia, Londrina, Paraná;
2Orientador docente do curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia, Londrina, Paraná.
RESUMO:
A obesidade é uma doença que tem atingido níveis alarmantes de crescimento. Com o
processo de transição nutricional, ocorreram modificações no comportamento e padrão
alimentar da população, acompanhado ainda do sedentarismo. Só no Brasil a obesidade
cresceu 60% nos últimos 10 anos, se tornando um dos maiores problemas de saúde pública.
Estudos recentes têm relacionado bactérias probióticas de maneira positiva à saúde, sendo
que a microbiota humana pode estar ligada a composição corporal do seu hospedeiro, ao
aparecimento e agravamento ou não de doenças; além de uma microbiota intestinal em
equilíbrio estar associada a controle de peso, melhora no sistema e imunológico e ações anti-
inflamatórias. No presente artigo foram abordados aspectos teóricos e pesquisas sobre as
cepas Lactobacillus gasseri, Lactobacillus rhamnosus e Akkermansia muciniphila relacionadas
ao emagrecimento, para avaliar a efetividade do uso dessas cepas. Trata-se de uma revisão
bibliográfica na qual foram selecionados artigos das bases de dados PubMed, Lilacs, Bireme e
Scielo considerando artigos dos últimos nove anos; sendo estudos experimentais e ensaios
clínicos na língua portuguesa e inglesa.
Palavras-chave: Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus gasseri, Akkermansia muciniphila, o
besidade, microbiota intestinal, probióticos.
INTRODUÇÃO

Considerando que a microbiota intestinal é importante regulador de vários parâmetros


relacionados à composição corporal de seu hospedeiro, que algumas cepas podem contribuir
para a perda de peso, possuem efeitos anti-inflamatórios e têm mostrado melhora nos
parâmetros associados à obesidade, esta revisão tem por objetivo analisar estudos das
principais cepas associadas ao controle de peso e avaliar sua efetividade como suplementação
no tratamento à obesidade.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do artigo adotou-se o método de pesquisa bibliográfica, no qual
foram analisados estudos experimentais e ensaios clínicos na língua inglesa e portuguesa,
pesquisados nas bases de dado PubMed, Lilacs, Bireme e Scielo, considerando artigos datados
dos últimos 9 anos. As palavras-chave utilizadas para busca foram: microbiome, Akkermansia
muciniphila, Lactobacillus gasseri, Lactobacillus rhamnosus, obesity, inflammation.
REVISÃO DE LITERATURA OBESIDADE
A obesidade é considerada um estado inflamatório caracterizado por uma correlação positiva
entre a massa gorda e a expressão de TNF-α e outras citocinas pró-inflamatórias (ZHI et al.,
2019; SCHNEEBERGER et al., 2015). Essa inflamação crônica de baixo grau está associada a um
risco aumentado de doenças associadas, como hipertensão, dislipidemia, resistência à insulina,
diabetes tipo 2, doença cardiovascular, estágio final renal e doença hepática gordurosa não
alcoólica (COX; WEST; CRIPPS, 2015).
Segundo o Ministério da Saúde, de acordo com dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico

(Vigitel), nos últimos dez anos o índice de obesidade cresceu em 60%, aumentando sua
prevalência de 11,8% para 18,9% de 2006 a 2016. Segundo as pesquisas a obesidade acomete
um a cada cinco brasileiros. O excesso de peso cresceu de 42,6% para 53,8% e contabiliza
metade dos brasileiros que moram nas capitais do país (BRASIL, 2016).
O crescimento da obesidade está associado à prevalência de doenças crônicas não
transmissíveis. O diagnóstico de diabetes de 5,5% subiu para 8,9% no período de 2006 à 2016
e o de hipertensão de 22,5% para 25,7%; o que prejudica a saúde e qualidade de vida das
pessoas, bem como contribui para o aumento dos orçamentos em saúde pública. “O Ministério
da Saúde tem priorizado o combate à obesidade com uma série de políticas públicas, como
Guia Alimentar para População Brasileira.” O guia é referência mundial por abranger todos os
aspectos de uma nutrição adequada e recomendações para uma alimentação saudável, onde
deve ser priorizado o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e
diminuído o consumo de alimentos industrializados: medida que orienta a população e
promove a saúde (BRASIL, 2016).
Uma taxa maior de obesidade foi encontrada nas populações com menor nível educacional e
maior índice de pobreza, nas últimas décadas o consumo de alimentos de alto valor
energético, baixo valor nutricional e baixa saciedade tem aumentado, isso induz ao consumo
excessivo alimentar, contribuindo para um desequilíbrio energético. Outros fatores como fazer
refeições fora de casa e em curto espaço de tempo atrapalham no mecanismo de saciedade e
contribuem para uma ingestão calórica além das necessidades. Essa ingestão calórica
inadequada combinada com redução da atividade física contribuem para o aumento da
prevalência de obesidade e doenças associadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA ESTUDO DA
OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016).
MICROBIOTA INTESTINAL

O organismo humano possui uma grande diversidade de microrganismos distribuídos por


vários sistemas fisiológicos, definido como microbioma humano. O intestino é habitado por
milhões de bactérias, em sua maioria anaeróbicas, composto de mais de mil espécies. Esses
microorganismos colaboram nos processos de digestão, absorção, armazenamento de energia
e síntese de vitaminas. Formam também a barreira protetora intestinal, estando envolvidos no
sistema imunológico. Supõem-se então que não é um microrganismo que dá origem a uma
doença, porém o desequilíbrio na composição da microbiota intestinal (MARTINS, 2015).
Uma microbiota equilibrada têm demonstrado efeitos benéficos à saúde de seu hospedeiro,
pois afeta sua sinalização metabólica, contribuindo para a digestão bacteriana de carboidratos
complexos, que produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), estes que demonstram
diversas funções metabólicas e imunológicas (TILG; ADOLPH, 2015).
Segundo Mitev e Taleski (2019) a microbiota intestinal também tem papel na regulação da
ingestão alimentar. Esta se dá pela influência sobre os hormônios, que regulam a função
metabólica e algumas regiões do cérebro responsáveis pela ingestão de alimentos, também
definida como eixo intestino-cérebro. Estes sinais neurais e hormonais são enviados ao
cérebro e monitoram o nível de energia no corpo. A maioria desses sinais é desenvolvida no
intestino e faz parte do eixo do intestino-cérebro. O eixo é afetado pelo estilo de alimentação,
genética, anatomia do intestino e microbiota intestinal; sendo que uma microbiota equilibrada
tende a promover a saciedade, contribuindo para o controle da ingesta excessiva.
DISBIOSE
As alterações no microbioma intestinal tem sido associado a importantes mudanças na saúde
como a obesidade, que está intimamente ligada a diversidade microbiana (MARTINS, 2015).
Múltiplos fatores estão associados à composição da microbiota intestinal, principalmente
hábitos alimentares e sedentarismo, fatores estes

que podem causar um desequilíbrio da microbiota alterando o arranjo de bactérias,


aumentando as patogênicas e diminuindo as benéficas, o que caracteriza um quadro de
disbiose (OLIVERA; MONTE, 2017).
Estudos sugerem que as alterações no microbioma podem estar associadas a distúrbios
metabólicos, concluindo que o microbioma de pessoas magras é diferente do de indivíduos
obesos, reforçando sua importância na evolução da obesidade (FROTA et al., 2015).
A disbiose possui influência no arranjo hormonal e indiretamente afeta a ingestão alimentar,
visto que esse quadro parece resultar em aumento dos níveis plasmáticos do Peptídeo
Semelhante a Glucagon 1 (GLP-1) e Peptídeo YY (PYY), que são hormônios que afetam o núcleo
arqueado hipotalâmico e tem como consequência aumento do apetite (MITEV; TALESKI, 2019).
PROBIÓTICOS
Probióticos são microrganismos vivos que exercem benefícios ao organismo se ingeridos em
quantidades satisfatórias, sendo que a administração desses organismos pode alterar a
composição da microbiota intestinal do hospedeiro (SUGAWARA et al., 2016). Um dos critérios
importantes para considerar-se uma cepa potencialmente probiótica é sua capacidade de
aderir às superfícies mucosas do trato gastrointestinal (SINGH et al., 2019). Estes têm a
capacidade de tratar várias doenças incluindo inflamações, patologias de origem alérgica e
diarréia. Levando em consideração as alterações associadas ao metabolismo e a microbiota
intestinal do obeso, a suplementação de probióticos pode ser considerada uma estratégia
como auxiliar no tratamento da obesidade (FROTA et al., 2015).
As bactérias probióticas são propostas para beneficiar a saúde humana principalmente por três
mecanismos gerais de ação. Em primeiro lugar, certos probióticos podem claramente excluir
ou inibir patógenos, seja por ação direta ou por influência na microbiota comensal. Um
segundo mecanismo é a capacidade de certas

cepas probióticas de aumentar a função de barreira epitelial por meio da modulação de vias
de sinalização que levam a por exemplo, a indução de muco. Em terceiro lugar, a maioria das
cepas probióticas também pode modular as respostas imunes do hospedeiro, exercendo
efeitos locais e sistêmicos específicos da tensão (SEGERS; LEBEER 2014).
AKKERMANSIA MUCINIPHILA
Akkermansia muciniphila é uma bactéria que degrada mucina, presente na camada de muco.
Foi observado que a quantidade de A. muciniphila se encontra diminuída em quadros de
obesidade e diabetes (EVERARD et al., 2013; PLOVIER et al., 2017). A administração de A.
muciniphila mostrou em estudo reduzir o peso e melhorar a composição corporal com
diminuição da quantidade de gordura, sem alterar a ingestão alimentar em camundongos
obesos induzidos por dieta. Mostrou também melhora da hiperglicemia de jejum, reduzindo a
expressão hepática da glicose-6-fosfatase, o que sugere diminuição da gliconeogênese e
efeitos positivos em relação à resistência insulínica. A presença desta bactéria têm se
mostrado de extrema importância na renovação do muco do hospedeiro, melhorando a
barreira intestinal e reduzindo a endotoxemia metabólica pela diminuição dos níveis
circulantes de lipopolissacarídeos (LPS). É relatado uma maior atividade das células L, que
secretam GLP-1 e GLP-2 em microbiota com alta quantidade de A. muciniphila, porém sem
identificação dos mecanismos envolvidos (EVERARD et al., 2013).
Uma dieta rica em lipídeos tende a alterar a microbiota intestinal, de modo que Akkermansia
muciniphila é diminuída sob essas condições (SCHNEEBERGER et al., 2015). Outro estudo
realizado em ratos, identificou que a administração de A. muciniphila dentro do período de 5
semanas atenuou o aumento de peso corporal, reduziu massa gorda e gordura visceral,
acompanhado de um aumento da massa magra em relação ao grupo controle. Observou-se
também um aumento significativo de fosfo-AKT no fígado e músculo, o que indica uma
melhoria na sensibilidade à insulina,

também com diminuição da expressão hepática de glicose-6-fosfato (G6P) e fosfoenolpiruvato


carboxiquinase (PEPCK), enzimas gliconeogênicas. Constatou-se uma significativa redução da
expressão gênica das proteínas de ligação a elementos reguladores de esteróis (SREBP1c) e
translocase de ácidos graxos (CD36), indicando melhora no acúmulo de lipídios no fígado e
músculo, porém a mesma alteração não foi observada no tecido adiposo. Esse decréscimo de
lipídios no fígado e músculo pode estar relacionado com a melhora da sensibilidade à insulina,
visto que seu acúmulo desencadeia vias que prejudicam a sinalização de insulina, levando a um
quadro de resistência à mesma. No estudo em questão foi avaliado também uma diminuição
do LPS circulante, em consenso com estudos anteriores, bem como diminuição da leptina e
diminuição nos níveis de expressão de RNAm dos genes relacionados ao estresse de retículo
endoplasmático (RE) no cólon e uma diminuição nos níveis de RNAm no jejuno relacionando ao
alívio do estresse de RE no intestino e a endotoxemia crônica. Considerando que estresse de
RE é um dos possíveis mecanismos responsáveis pelo desencadeamento de vias inflamatórias
imunes inatas e resistência à insulina, além de membranas de RE conterem enzimas
lipogênicas importantes que afetam a biossíntese de lipídios e prejudicam ainda mais a
sinalização da insulina, a diminuição do estresse de RE mostra-se intimamente ligado com a
melhora dos distúrbios associados à obesidade (ZHAO et al., 2017).
Em estudo realizado por Depommier et al. (2019), a administração de A. muciniphilae
mhumanosmostrou-seseguradentrodoperíododetrêsmeses.Este mostrou resultado de melhor
sensibilidade à insulina, redução dos marcadores de inflamação, diminuição de colesterol total,
melhora da barreira intestinal com consequente diminuição do LPS circulante e com discreta
diminuição de peso em indivíduos que mantiveram sua ingestão dietética e nível de atividade
física habitual. Demonstrou também diminuição nos níveis plasmáticos de LDL-c e
triglicerídeos, estes em níveis não significativos. Porém, apesar das alterações metabólicas
decorrentes suplementação, não foi observado alteração do arranjo da microbiota intestinal.

Schneerberger et al. (2015) demonstraram em camundongos obesos que os níveis de


Akkermansia muciniphila estavam fortemente correlacionados com os níveis de quase todos
os parâmetros envolvidos na oxidação de ácidos graxos e no escurecimento da gordura e
inversamente associados a marcadores inflamatórios, síntese lipídica e vários marcadores
plasmáticos de resistência à insulina, risco cardiovascular e adiposidade.
Uma das dificuldades encontradas para suplementação da A. muciniphila é sua sensibilidade
ao oxigênio, que acaba tornando a bactéria imprópria para investigações terapêuticas. Em
estudo realizado por Plovier et al. (2017) sua inativação por pasteurização menos extrema (30
minutos à 70oC) que limita a desnaturação dos componentes celulares, demonstrou manter
seus efeitos benéficos, efeitos estes que se demonstraram mais efetivos em relação a
administração da bactéria viva. Independente da ingestão de alimentos, os camundongos em
dieta com alto teor de gordura e suplementados com a bactéria pasteurizada apresentaram
menor ganho de peso e massa gorda em relação aos não suplementados, sendo semelhante
ao grupo que recebeu dieta controle. Apresentaram ainda melhor tolerância à glicose,
resistência à insulina e observou-se uma maior densidade de células caliciformes do íleo, o que
sugere uma maior produção de muco. Além disso, o grupo tratado com A. muciniphila
pasteurizada apresentou maior conteúdo calórico fecal, o que sugere uma menor absorção de
energia, contribuindo para redução do peso e gordura corporal.
LACTOBACILLUS GASSERI
Lactobacillus gasseri é uma bactéria probiótica de origem humana capaz de resistir ao trato
gastrointestinal, colonizar o intestino de forma a melhorar a flora intestinal. Diversos estudos
vêm sendo realizados em humanos e ratos, mostrando efeitos benéficos deste microrganismo,
melhorando a obesidade e seus parâmetros associados. Entre as suposições de ação desta
bactéria, acredita-se que melhora o estado inflamatório do corpo e tecido adiposo, sendo uma
das ações a melhora da

integridade intestinal, reduzindo a permeabilidade causada por uma dieta rica em gorduras;
onde reduz-se a entrada de substâncias inflamatórias do intestino para a circulação sistêmica.
Outra característica relatada pela administração de Lactobacillus gasseri é a redução de
macrófagos classicamente ativados (M1) e aumento de macrófagos alternativamente ativados
(M2). M1 é responsável pela produção de citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF-α e IL-6,
sendo estes mais prevalentes em quadros de obesidade, acentuando a informação do tecido
adiposo e resistência à insulina. Por outro lado, M2 possuem efeitos antiinflamatórios, pois
expressam marcadores como arginase-1 e IL-10. São induzidos por IL-4, IL-13 e IL-10 e como
Lactobacillus gasseri induz a produção de IL-10 de células dendríticas, pode estar em parte
associada ao aumento de M2 à sua administração (KAWANO et al., 2016).
A administração de Lactobacillus gasseri está associada com o aumento da produção de ácido
graxos de cadeia curta, principalmente butirato e propionato e em menor quantidade o
acetato. O butirato mostra-se mais eficiente na ativação do GPR41 e este associado à
regulação do sistema nervoso simpático, sugerindo que o aumento na produção de butirato
está relacionado ao aumento do gasto energético e melhor tolerância à glicose. Ativação de via
GPR41 por AGCCs induzem liberação do hormônio leptina, responsável pela saciedade,
podendo ser aliado no controle da obesidade (SHIROUCHI et al., 2016).
Sugawara et al. (2016) demonstrou em ensaio clínico com indivíduos saudáveis que possuiam
tendência à constipação ou evacuações frequentes, suplementados com Lactobacillus gasseri
CP2305 pasteurizado uma melhora da função intestinal, com alteração significativa no arranjo
do microbioma intestinal, com aumento de Bifidobacterium que é presente em grande
quantidade na microbiota intestinal e desempenham funções importantes, tais como suprimir
a propagação de bactérias patogênicas, regular o sistema imunológico, prevenindo infecção,
alergia e câncer. Apesar da alteração observada no microbioma intestinal, não houve
diferenças significativas em relação aos AGCCs (formato, acetato, propionato, butirato,
isobutirato, isovalerato e valerato) em relação ao grupo placebo.

LACTOBACILLUS RHAMNOSUS
A suplementação de Lactobacillus rhamnosus CGMCC1.3724 auxilia mulheres na perda e
sustentação do peso. A perda de peso média entre grupos não foram diferentes entre sujeitos
do grupo suplementado com Lactobacillus rhamnosus CGMCC1.3724 (LPR) e sujeitos do grupo
placebo. Ambos passaram por um protocolo de 12 semanas com restrição dietética e perda de
peso (fase 1) e depois mais 12 semanas sem restrição alimentar num período de manutenção
de peso (fase 2). No entanto ao analisar a relação do homem/mulher nos dois grupos
constataram que a perda de peso média e redução de massa gorda em mulheres no grupo
suplementado com LPR foi maior do que as mulheres no grupo placebo e as mulheres do
grupo placebo continuaram a perder peso e massa gorda na fase 2 de manutenção de peso. O
peso corporal e massa gorda dos homens não foram alteradas na fase 1 nem na fase 2 quando
comparados os grupos placebo e LPR. Essa perda de peso relativamente maior no grupo LPR
foi associada a redução de massa gorda e de leptina circulante (ela reduz o apetite ao informar
ao cérebro que os estoques de gordura estão adequados), mas também a abundância de
bactérias da família Lachnospiraceae nas fezes (estão associadas ao processo inflamatório, que
promove aumento das chances de ganho de peso). A família Lachnospiraceae produz Ácidos
graxos de cadeia curta, que por sua vez estimulam a produção de leptina pelos adipócitos. A
redução da leptina plasmática foi observada significamente em mulheres que tinham 3 vezes
mais leptina basal que os homens, sugerindo que o LPR tenha melhores condições de reduzir
esse hormônio em quantidade mais elevadas do mesmo. Além do mais a leptina foi reduzida
pelo LPR mesmo em mulheres onde não houve redução significativa de massa gorda sugerindo
que o LPR pode reduzir concentrações de leptina plasmática diretamente ou através de
alterações na microbiota intestinal (SANCHEZ et al., 2014).
Em outro estudo utilizando como suplementação de Lactobacillus Rhamnosus (LR) em
camundongos machos C57BL / 6J alimentados com dieta hiperlipídica por 12

semanas, sozinho e combinado com outras plantas (Aloe vera / Gymnema sylvestre em pó,
1%) tiveram resultados positivos na redução de ganho de peso corporal e massa gorda do
epidídimo, os camundongos alimentados somente com dieta hiperlipídica tiveram aumento no
ganho de peso e aumento na gordura do epidídimo durante 12 as semanas. Essa redução de
peso ocorreu pela produção de ácido graxo linoleico conjugado, que supostamente aumenta a
utilização de gordura pelo corpo como forma de energia, promovendo o emagrecimento e
aumento de massa magra. Quando aliados no tratamento da obesidade o Lactobacillus
Rhamnosus e as ervas do estudo tiveram importante redução não só no peso corporal e massa
gorda do epidídimo, bem como na glicemia de jejum e níveis séricos de insulina, tanto sozinho
quanto em conjunto com as ervas o LR mostrou diminuição no tamanho de células adipócitas e
aumento no número e também uma normalização nos níveis de adipocinas resultando em
uma atividade anti-obesidade e anti inflamatória. Quando suplementado sozinho o LR reduziu
significativamente os níveis de glicose sanguínea, bem como em conjunto com as plantas teve
uma redução desses níveis, sugerindo que esses efeitos possam ser da redução da
sensibilidade à insulina. Em relação aos triglicerídeos hepáticos quando suplementado sozinho
o LR mostraram resultados satisfatórios, em relação aos triglicerídeos a suplementação do LR
junto com as plantas resultaram em diminuição dos mesmos. A suplementação só com LR e
combinada com as plantas mostraram aumento na expressão de RNA mensageiro de UCP2
(proteína desacopladora, presente em tecidos adiposos brancos, sugerindo que esse seja o
mecanismo pelo qual os ácidos graxos conjugados aumentam o gasto energético) e de
adiponectina (aumenta catabolismo de ácidos graxos) bem como a diminuição de genes
marcadores inflamatórios (citocinas TNF-α e IL-6) (POTHURAJU, et al., 2015).
Segundo Wind, et. al. (2010), Lactobacillus Rhamnosus é bem tolerada e não induz eventos
adversos graves durante ou após a administração, portanto uma dose segura de administração
à indivíduos adultos saudáveis é uma dose diária de 1 x 1011 UFC.

Singh et al. (2019) realizou estudo com ratos albinos e células epiteliais do cólon humano. O
estudo demonstrou que a administração da cepa é segura e tem aderência suficiente para as
células intestinais humanas. Demonstrou declínio significativo de TNF-α, com insignificante
diminuição de MCP-1 intestinal. Além disso, houve melhora dos parâmetros de HDL colesterol,
sem alterações significativas de colesterol total, triglicerídeos, não foi observado qualquer
alteração nos índices de fígado, rim e em relação ao grupo controle, bem como os níveis de
glicose também não mostraram nenhuma alteração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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