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(Vigitel), nos últimos dez anos o índice de obesidade cresceu em 60%, aumentando sua
prevalência de 11,8% para 18,9% de 2006 a 2016. Segundo as pesquisas a obesidade acomete
um a cada cinco brasileiros. O excesso de peso cresceu de 42,6% para 53,8% e contabiliza
metade dos brasileiros que moram nas capitais do país (BRASIL, 2016).
O crescimento da obesidade está associado à prevalência de doenças crônicas não
transmissíveis. O diagnóstico de diabetes de 5,5% subiu para 8,9% no período de 2006 à 2016
e o de hipertensão de 22,5% para 25,7%; o que prejudica a saúde e qualidade de vida das
pessoas, bem como contribui para o aumento dos orçamentos em saúde pública. “O Ministério
da Saúde tem priorizado o combate à obesidade com uma série de políticas públicas, como
Guia Alimentar para População Brasileira.” O guia é referência mundial por abranger todos os
aspectos de uma nutrição adequada e recomendações para uma alimentação saudável, onde
deve ser priorizado o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e
diminuído o consumo de alimentos industrializados: medida que orienta a população e
promove a saúde (BRASIL, 2016).
Uma taxa maior de obesidade foi encontrada nas populações com menor nível educacional e
maior índice de pobreza, nas últimas décadas o consumo de alimentos de alto valor
energético, baixo valor nutricional e baixa saciedade tem aumentado, isso induz ao consumo
excessivo alimentar, contribuindo para um desequilíbrio energético. Outros fatores como fazer
refeições fora de casa e em curto espaço de tempo atrapalham no mecanismo de saciedade e
contribuem para uma ingestão calórica além das necessidades. Essa ingestão calórica
inadequada combinada com redução da atividade física contribuem para o aumento da
prevalência de obesidade e doenças associadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA ESTUDO DA
OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016).
MICROBIOTA INTESTINAL
cepas probióticas de aumentar a função de barreira epitelial por meio da modulação de vias
de sinalização que levam a por exemplo, a indução de muco. Em terceiro lugar, a maioria das
cepas probióticas também pode modular as respostas imunes do hospedeiro, exercendo
efeitos locais e sistêmicos específicos da tensão (SEGERS; LEBEER 2014).
AKKERMANSIA MUCINIPHILA
Akkermansia muciniphila é uma bactéria que degrada mucina, presente na camada de muco.
Foi observado que a quantidade de A. muciniphila se encontra diminuída em quadros de
obesidade e diabetes (EVERARD et al., 2013; PLOVIER et al., 2017). A administração de A.
muciniphila mostrou em estudo reduzir o peso e melhorar a composição corporal com
diminuição da quantidade de gordura, sem alterar a ingestão alimentar em camundongos
obesos induzidos por dieta. Mostrou também melhora da hiperglicemia de jejum, reduzindo a
expressão hepática da glicose-6-fosfatase, o que sugere diminuição da gliconeogênese e
efeitos positivos em relação à resistência insulínica. A presença desta bactéria têm se
mostrado de extrema importância na renovação do muco do hospedeiro, melhorando a
barreira intestinal e reduzindo a endotoxemia metabólica pela diminuição dos níveis
circulantes de lipopolissacarídeos (LPS). É relatado uma maior atividade das células L, que
secretam GLP-1 e GLP-2 em microbiota com alta quantidade de A. muciniphila, porém sem
identificação dos mecanismos envolvidos (EVERARD et al., 2013).
Uma dieta rica em lipídeos tende a alterar a microbiota intestinal, de modo que Akkermansia
muciniphila é diminuída sob essas condições (SCHNEEBERGER et al., 2015). Outro estudo
realizado em ratos, identificou que a administração de A. muciniphila dentro do período de 5
semanas atenuou o aumento de peso corporal, reduziu massa gorda e gordura visceral,
acompanhado de um aumento da massa magra em relação ao grupo controle. Observou-se
também um aumento significativo de fosfo-AKT no fígado e músculo, o que indica uma
melhoria na sensibilidade à insulina,
integridade intestinal, reduzindo a permeabilidade causada por uma dieta rica em gorduras;
onde reduz-se a entrada de substâncias inflamatórias do intestino para a circulação sistêmica.
Outra característica relatada pela administração de Lactobacillus gasseri é a redução de
macrófagos classicamente ativados (M1) e aumento de macrófagos alternativamente ativados
(M2). M1 é responsável pela produção de citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF-α e IL-6,
sendo estes mais prevalentes em quadros de obesidade, acentuando a informação do tecido
adiposo e resistência à insulina. Por outro lado, M2 possuem efeitos antiinflamatórios, pois
expressam marcadores como arginase-1 e IL-10. São induzidos por IL-4, IL-13 e IL-10 e como
Lactobacillus gasseri induz a produção de IL-10 de células dendríticas, pode estar em parte
associada ao aumento de M2 à sua administração (KAWANO et al., 2016).
A administração de Lactobacillus gasseri está associada com o aumento da produção de ácido
graxos de cadeia curta, principalmente butirato e propionato e em menor quantidade o
acetato. O butirato mostra-se mais eficiente na ativação do GPR41 e este associado à
regulação do sistema nervoso simpático, sugerindo que o aumento na produção de butirato
está relacionado ao aumento do gasto energético e melhor tolerância à glicose. Ativação de via
GPR41 por AGCCs induzem liberação do hormônio leptina, responsável pela saciedade,
podendo ser aliado no controle da obesidade (SHIROUCHI et al., 2016).
Sugawara et al. (2016) demonstrou em ensaio clínico com indivíduos saudáveis que possuiam
tendência à constipação ou evacuações frequentes, suplementados com Lactobacillus gasseri
CP2305 pasteurizado uma melhora da função intestinal, com alteração significativa no arranjo
do microbioma intestinal, com aumento de Bifidobacterium que é presente em grande
quantidade na microbiota intestinal e desempenham funções importantes, tais como suprimir
a propagação de bactérias patogênicas, regular o sistema imunológico, prevenindo infecção,
alergia e câncer. Apesar da alteração observada no microbioma intestinal, não houve
diferenças significativas em relação aos AGCCs (formato, acetato, propionato, butirato,
isobutirato, isovalerato e valerato) em relação ao grupo placebo.
LACTOBACILLUS RHAMNOSUS
A suplementação de Lactobacillus rhamnosus CGMCC1.3724 auxilia mulheres na perda e
sustentação do peso. A perda de peso média entre grupos não foram diferentes entre sujeitos
do grupo suplementado com Lactobacillus rhamnosus CGMCC1.3724 (LPR) e sujeitos do grupo
placebo. Ambos passaram por um protocolo de 12 semanas com restrição dietética e perda de
peso (fase 1) e depois mais 12 semanas sem restrição alimentar num período de manutenção
de peso (fase 2). No entanto ao analisar a relação do homem/mulher nos dois grupos
constataram que a perda de peso média e redução de massa gorda em mulheres no grupo
suplementado com LPR foi maior do que as mulheres no grupo placebo e as mulheres do
grupo placebo continuaram a perder peso e massa gorda na fase 2 de manutenção de peso. O
peso corporal e massa gorda dos homens não foram alteradas na fase 1 nem na fase 2 quando
comparados os grupos placebo e LPR. Essa perda de peso relativamente maior no grupo LPR
foi associada a redução de massa gorda e de leptina circulante (ela reduz o apetite ao informar
ao cérebro que os estoques de gordura estão adequados), mas também a abundância de
bactérias da família Lachnospiraceae nas fezes (estão associadas ao processo inflamatório, que
promove aumento das chances de ganho de peso). A família Lachnospiraceae produz Ácidos
graxos de cadeia curta, que por sua vez estimulam a produção de leptina pelos adipócitos. A
redução da leptina plasmática foi observada significamente em mulheres que tinham 3 vezes
mais leptina basal que os homens, sugerindo que o LPR tenha melhores condições de reduzir
esse hormônio em quantidade mais elevadas do mesmo. Além do mais a leptina foi reduzida
pelo LPR mesmo em mulheres onde não houve redução significativa de massa gorda sugerindo
que o LPR pode reduzir concentrações de leptina plasmática diretamente ou através de
alterações na microbiota intestinal (SANCHEZ et al., 2014).
Em outro estudo utilizando como suplementação de Lactobacillus Rhamnosus (LR) em
camundongos machos C57BL / 6J alimentados com dieta hiperlipídica por 12
semanas, sozinho e combinado com outras plantas (Aloe vera / Gymnema sylvestre em pó,
1%) tiveram resultados positivos na redução de ganho de peso corporal e massa gorda do
epidídimo, os camundongos alimentados somente com dieta hiperlipídica tiveram aumento no
ganho de peso e aumento na gordura do epidídimo durante 12 as semanas. Essa redução de
peso ocorreu pela produção de ácido graxo linoleico conjugado, que supostamente aumenta a
utilização de gordura pelo corpo como forma de energia, promovendo o emagrecimento e
aumento de massa magra. Quando aliados no tratamento da obesidade o Lactobacillus
Rhamnosus e as ervas do estudo tiveram importante redução não só no peso corporal e massa
gorda do epidídimo, bem como na glicemia de jejum e níveis séricos de insulina, tanto sozinho
quanto em conjunto com as ervas o LR mostrou diminuição no tamanho de células adipócitas e
aumento no número e também uma normalização nos níveis de adipocinas resultando em
uma atividade anti-obesidade e anti inflamatória. Quando suplementado sozinho o LR reduziu
significativamente os níveis de glicose sanguínea, bem como em conjunto com as plantas teve
uma redução desses níveis, sugerindo que esses efeitos possam ser da redução da
sensibilidade à insulina. Em relação aos triglicerídeos hepáticos quando suplementado sozinho
o LR mostraram resultados satisfatórios, em relação aos triglicerídeos a suplementação do LR
junto com as plantas resultaram em diminuição dos mesmos. A suplementação só com LR e
combinada com as plantas mostraram aumento na expressão de RNA mensageiro de UCP2
(proteína desacopladora, presente em tecidos adiposos brancos, sugerindo que esse seja o
mecanismo pelo qual os ácidos graxos conjugados aumentam o gasto energético) e de
adiponectina (aumenta catabolismo de ácidos graxos) bem como a diminuição de genes
marcadores inflamatórios (citocinas TNF-α e IL-6) (POTHURAJU, et al., 2015).
Segundo Wind, et. al. (2010), Lactobacillus Rhamnosus é bem tolerada e não induz eventos
adversos graves durante ou após a administração, portanto uma dose segura de administração
à indivíduos adultos saudáveis é uma dose diária de 1 x 1011 UFC.
Singh et al. (2019) realizou estudo com ratos albinos e células epiteliais do cólon humano. O
estudo demonstrou que a administração da cepa é segura e tem aderência suficiente para as
células intestinais humanas. Demonstrou declínio significativo de TNF-α, com insignificante
diminuição de MCP-1 intestinal. Além disso, houve melhora dos parâmetros de HDL colesterol,
sem alterações significativas de colesterol total, triglicerídeos, não foi observado qualquer
alteração nos índices de fígado, rim e em relação ao grupo controle, bem como os níveis de
glicose também não mostraram nenhuma alteração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes
Brasileiras de Obesidade. 4. Ed., 4, 1-188, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-
52732000000100003 . Acesso em 28 de setembro de 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. VIGITEL BRASIL 2016: Hábitos
dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e
hipertensão. Brasília, DF, 2016.
COX, A. J. WEST, N. P. CRIPPS, A. W. Obesity, inflammation, and the gut microbiota. The Lancet
Diabetes & Endocrinology, 3(3), 207–215. 2015. Disponível em: <
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25066177> Acesso em 23 de agosto de 2019.
DEPOMMIER, C. et al. Supplementation with Akkermansia muciniphila in overweight and
obese human volunteers: a proof-of-concept exploratory study. Nature Medicine, 25(7), 1096–
1103, 2019. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/s41591-019-0495-2> Acesso em
15 de agosto de 2019