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posteriormente recebeu a designação de FOSHU (Foods for Specified Health Use – Alimentos para Uso
Específico de Saúde), o qual se referia aos alimentos como parte de uma dieta normal, que além de suas
funções básicas nutricionais, deveriam ter benefícios fisiológicos e/ou serem capazes em reduzir o risco de
doenças crônicas. Apesar de este conceito ter se difundido mundialmente, não existe uma definição única
e os critérios para sua aprovação variam de acordo com a regulamentação local de cada país.
No Brasil, não existe uma legislação específica para definir “alimento funcional”, porém, há a
existência segundo a ANVISA de Diretrizes para o seu uso, bem como as condições de registro desses
alimentos, as quais são determinados através das Resoluções n° 18 e 19 de 30 de abril de 1999, ficando
estabelecidos os seguintes conceitos:
Alguns exemplos de fibras solúveis são: a β-glucana encontrada na aveia, principalmente no farelo;
psyllium; e a goma guar. Abaixo segue a quantidade recomendada para consumo a fim de obter benefícios
ao organismo:
Aveia (Avena sativa) 3 a 6g de β-glucana/dia = 40g de farelo de aveia = 60g de
farinha de aveia
Crianças: 5 a 10g/dia
PREBIÓTICOS
São componentes alimentares não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento e a atividade
de microrganismos benéficos que colonizam o intestino humano. Para ser considerado um prebiótico estes
devem ser:
• Resistentes aos processos de digestão e absorção no hospedeiro.
• Fermentados pela microbiota que coloniza o sistema no TGI.
• Estimular seletivamente o crescimento e/ou atividade das bactérias no TGI.
Os prebióticos atuam como substrato nutritivo das bactérias intestinais e ao serem fermentadas
produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): acetato (60%), que atua no metabolismo do colesterol;
propionato (25%), o qual possui ação no metabolismo do colesterol e glicose; e o butirato (15%), o qual é
quase todo oxidado pelos enterócitos, sendo seu principal substrato energético. Os principais mecanismos
de ação dos prebióticos são:
As principais fontes alimentares são: chicória, aspargo, alcachofra, banana-verde, alho poró, alho,
cebola, batata yacon. A quantidade recomendada para adultos é de 2 a 6g/dia, devendo ter o cuidado de
introduzir gradualmente, a fim de evitar efeitos indesejáveis como flatulência e distensão abdominal. Deve-
se ter cuidado com o consumo excessivo, pois pode ocasionar diarreia.
FITOQUÍMICOS
São produtos que ocorrem naturalmente nas plantas e são responsáveis pela cor e propriedades
sensoriais, como aroma, além da estabilidade oxidativa. A classificação está na figura abaixo:
Entre os diversos tipos de compostos fenólicos, os flavonoides constituem o grupo mais comum e
amplamente encontrado nas plantas e são biossintetizados a partir do seu metabolismo secundário, os
quais são responsáveis por funções que englobam desde a regulação de enzimas metabólicas até a
defesa contra insetos, microrganismos patogênicos, radiação ultravioleta, entre outros fatores extrínsecos
adversos, enquanto os metabólitos primários são responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento da
planta. Quanto maior for à adversidade ambiental, mais mecanismos de defesa a planta terá que produzir
e consequentemente maior será a quantidade de fitoquímicos, como pode ser observado na figura abaixo.
Dixon & Paiva. Stress-lnduced Phenylpropanoid Metabolism. The Plant Cell, Vol. 7, 1085-1097, July
1995.
Portanto, o teor de flavonoides nos alimentos irá sofrer influência de diversos fatores extrínsecos,
tais como: a sazonalidade, a temperatura, o índice pluviométrico, a idade da planta, o ritmo circadiano, a
radiação UV, a composição do solo, a água, a disponibilidade de nutrientes, a composição atmosférica e o
ANTOCIANIDINA
É um tipo de flavonoide responsável por inúmeras tonalidades de cores (vermelho, roxo e azul)
encontradas em flores, frutas e folhas. Nos alimentos são encontradas na forma de antocianina e sua
conversão para a forma ativa (antocianidina) depende da microbiota intestinal. Possui ação antioxidante e
protetora contra doenças cardiovasculares.
No Brasil, um alimento fonte de antocianidina produzido e bastante consumido é o açaí,
principalmente na forma de polpa ou bebida. No entanto, estes quando comercializados a temperatura
ambiente ou na forma congelada, apresenta perdas nutricionais importantes. Um estudo de Santos et al
(2008) mostrou que quanto maior o tempo de congelamento e/ou exposição ao calor, maior é a perda de
antioxidantes.
QUERCETINA
É um tipo de flavonoide do subgrupo flavonóis, cuja principal ação é a proteção de doenças
cardiovasculares. Possui ação antioxidante, prevenindo oxidação de LDL, além de função vasodilatadora e
anti-hipertensiva.
CACAU
Possui diversos princípios ativos (figura 1), sendo o principal deles a epicatequina, que representa
aproximadamente 35% dos compostos fenólicos totais.
Nutrientes Quantidade
(100g)
A maneira mais popular de comer cacau é como chocolate, sendo que quanto menor o teor de
cacau menor é a quantidade de flavonoides. As diferenças entre os principais tipos consumidos são:
Chocolate Produzido sem leite e com no mínimo 45% de cacau, além da pouca
quantidade de açúcar.
meio amargo
Chocolate Ingredientes que podem ser incluídos: licor, manteiga de cacau, açúcar,
leite, leite em pó ou leite condensado.
ao leite
RESVERATROL
É uma fitoalexina produzida pela videira, em resposta à agressão de fungos, vírus e bactérias, com a
função em protegê-la. É encontrada em altas concentrações na casca da uva e também no suco de uva
integral e vinhos. O suco de uva é obtido pela uva prensada, cujo maior componente é a água (70 a 85%
do volume total) e o vinho por sua vez é o produto da fermentação natural do suco da uva maduras
(mosto). A concentração de resveratrol encontra-se em ordem decrescente: vinho tinto > suco de uva
integral > vinho rose > vinho branco. Os principais benefícios à saúde são: ação antioxidante, proteção
contra doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, câncer, doenças neurodegenerativas, hipertensão,
além de contribuir para o aumento da biogênse mitocondrial.
Em relação aos compostos bioativos, as maiores concentrações encontram-se nos bulbos, sendo a
aliina, o principal composto organossulfurado, além de outras substâncias como: a metiina, a isoaliina e as
gamaglutamilcisteínas, as quais são reservas de cisteína e estão associadas à proteção do vegetal contra
microorganismos agressores. Quando há ruptura do bulbo (cortado, macerado, mastigado, amassado)
ocorre a liberação da enzima alinase que rapidamente quebra os compostos de cisteína, formando ácidos
sulfênicos instáveis e que por autocondensação formam os tissulfinatos, dos quais 70% correspondem a
alicina, composto ativo mais conhecido do alho e responsável pelo seu sabor picante. No entanto, os
tissulfinatos por serem altamente instáveis e voláteis são imediatamente degradados em DAS (sulfeto de
dialil), DADS (dissulfeto de dialil), DATS (Trissulfeto de dialil), os quais são responsáveis pelo forte odor.
O alho é usado principalmente como forma de tempero, porém existem diversas formas disponíveis
para seu consumo na forma de suplementos, os quais se encontram descritos no quadro abaixo. A única
forma de suplementação que possui evidência científica que comprova seus benefícios é o extrato de alho
envelhecido (AGE).
Produto Características
Óleo essencial de alho Obtido da destilação dos dentes de alho intactos em altas
temperaturas. Somente 1% de compostos lipossolúveis
(DAS/DADS) em 99% de óleo vegetal. Ausência de alicina.
Não padronizado. Sem estudos de segurança/toxicidade.
A dose sugerida para consumo de alho é em torno de 600 a 900 mg, que equivale aproximadamente 2
a 3 dentes médios/dia. O uso do alho como alimento é considerado seguro para a população saudável,
entretanto o uso de suplementos precisa ser avaliado com cautela devido ao consumo excessivo ter
associações com possíveis interações medicamentosas e riscos a saúde, como mostra o quadro abaixo:
BRASSICAS
São compostos sulfurados, também chamados de vegetais cruscíferos, os quais devem fazer parte
regularmente da alimentação em virtude de seus elevados conteúdos de compostos benéficos à saúde
como os glicosinolatos. Estes são sintetizados a partir de aminoácidos como triptofano, fenilalanina e
tirosina. Suas principais fontes alimentares são: brócolis, couve, couve-flor, nabo, rabanete, agrião, rúcula,
mostarda, couve de bruxelas e repolho.
Dos diversos efeitos benéficos das brássicas à saúde humana, pode-se destacar a sua prevenção
contra diversos tipos de câncer. Os mecanismos de ação são diversos e podem atuar nas diferentes fases
de desenvolvimento da carcinogênese, como alterar o metabolismo de substâncias que podem provocar
desenvolvimento do tumor, aumentando atividade das enzimas de destoxificação hepática de fase II; inibir
a angiogênese, induzir a parada do ciclo celular e aumentar a apoptose celular.
São pigmentos naturais lipofílicos, sintetizados por plantas, bactérias fotossintéticas e algas. Estão
presentes em alimentos com pigmentação amarela, laranja ou vermelha. Existem mais de 700 espécies de
carotenoides, no entanto as principais consumidas pelos seres humanos são: licopeno, α-caroteno; β-
caroteno; β-criptoxantina; luteína e zeaxantina. Alguns carotenoides possuem a propriedade em se
transformar na forma ativa de vitamina A (retinol e retinal), devido à presença de anel betaionona em sua
estrutura. Os carotenoides que possuem essa capacidade são: α-caroteno; β-caroteno; α- criptoxantina; e
β-criptoxantina.
Diversos estudos comprovam a relação entre uma maior ingestão de carotenoides e um risco
menor no desenvolvimento de doenças. O quadro abaixo mostra a relação entre os tipos de carotenoides
e seus respectivos efeitos benéficos à saúde.
Licopeno: pigmento responsável pela cor vermelha nos alimentos. Possui ação antioxidante maior que o
betacaroteno. A principal fonte alimentar na dieta brasileira é o tomate e seus produtos. Outras fontes são
melancia, goiaba, mamão, pitanga e caqui. Um estudo realizado por Kobori et al (2010) avaliando a
biodisponibilidade na concentração de licopeno em tomates e seus produtos verificaram que a
concentração em ordem decrescente é de: tomate seco > extrato > catchup > molho> polpa.
O conteúdo de licopeno varia conforme o grau de amadurecimento, quanto mais maduro e mais vermelho,
maior será a concentração. Além disso, as concentrações mais elevadas de licopeno em geral, estão nas
cascas dos alimentos fontes, quando comparadas à polpa dos mesmos frutos.
O seu consumo está associado com ação fotoprotetora, prevenção de câncer, principalmente o de
próstata e também prevenção de doenças cardiovasculares. É recomendado um consumo em torno de
30mg/dia. A tabela abaixo mostra o conteúdo de licopeno nos alimentos.
ÁCIDOS GRAXOS
A alimentação ocidental chega a ter uma proporção de 10:1 a 20:1 entre o w-6 e o w-3, o que resulta
na formação em grande quantidade de eicosanóides derivados do ácido araquidônico, contribuindo para a
formação de trombose, ateromas e desordens inflamatórias. Desta forma, deve-se estimular um maior
consumo das fontes alimentares de W-3, principalmente já na forma de EPA e DHA, pois a conversão
destes a partir do ácido linoleico é baixa: 8% EPA e 4% DHA. Além disso, diversos fatores, tanto dietéticos
quanto ambientais podem interferir nesta conversão, como: deficiência de vitaminas e minerais, gordura
trans, tabagismo, álcool, diabetes, estresse, envelhecimento, etc.
LINHAÇA
Não diferem muito na sua composição química, pois ambas são ricas em lignanas e fibras
dietéticas e contem mais de 50% de compostos fenólicos. No entanto, a linhaça marrom possui as
seguintes características: é nativa da região mediterrânea, cultivada em clima úmido e quente. Possui
presença de agrotóxicos, a casca é um pouco mais dura e resistente, devido ao maior teor de fibras. Além
de possuir um sabor mais forte e amargo e ter um custo menor. Já a linhaça dourada é nativa do
hemisfério norte, é cultivada de forma orgânica e em climas frios. Possui sabor mais suave, e apresenta
maior custo, além das liginanas serem mais biodisponíveis.
Um estudo realizado por Kuijsten et al (2015) verificou que a farinha de linhaça possui maior
biodisponibilidade de lignanas em comparação a sua forma inteira (semente). Assim, o ideal é que se
consuma a linhaça na forma de farinha, porém o ideal é que se compre a semente e esta seja triturada no
momento do consumo ou podendo a mesma ser armazenada em geladeira até 3 a 4 dias. Este
procedimento visa prevenir a oxidação dos ácidos graxos insaturados existentes em sua composição.
Estudo realizado por Martins et al (2008) verificaram que o consumo de peixes marinhos ou de seu
suplemento de óleo de peixe reduziram os níveis de colesterol e triglicerídeos quando comparada aos
óleos vegetais (óleo de linhaça) no qual apresentou diminuições similares em níveis de colesterol, porém
os triglicerídeos não diminuíram
São sementes provenientes do Sul do México. Possuem um alto teor de lipídeos, sendo em torno de 60%
de ômega-3 na forma de ácido α-linolênico, além de fibras dietéticas. Sua composição nutricional
encontra-se descritas abaixo:
A recomendação para seu consumo é em torno de 25g/dia (02 colheres de sopa/dia). E os efeitos
benéficos à saúde são: proteção cardiovascular, diabetes, dislipidemia, antineoplásico, hipertensão, além
de sua ação anti-inflamatória, e antioxidante.
Não é considerado um ácido graxo essencial. Suas principais fontes alimentares são: azeite de oliva,
azeitona, abacate e oleaginosas.
Azeite
A variação da qualidade do azeite é resultado da variação dos tipos de azeitonas, dos cuidados no
plantio, manuseio, armazenamento e na embalagem, que para maior preservação dos seus componentes
deve ser em vidro escuro. O tempo de armazenamento das azeitonas até o início da extração também é
importante para a qualidade do produto final. Quanto menor o tempo, menor será a oxidação da gordura.
O azeite em geral, possui validade de 6 meses a 2 anos, sendo que quanto mais jovem, melhor. Depois de
aberto deve ser mantido sempre fechado em local escuro e fresco (temperatura < 22°C) e ser consumido
em até 3 meses.
Seus benefícios à saúde estão relacionados com a proteção cardiovascular, por seu efeito
antioxidante, diminuir estresse oxidativo, marcadores inflamatórios, agregação plaquetária, melhorar perfil
lipídico, além de atuar na síndrome metabólica.
Sim. Um estudo realizado por Attya et al. demonstraram que ao submeter o azeite a temperaturas baixas
(80°C) há pequena perda de seus compostos antioxidantes. Somente 6 horas após é que houve uma
redução da metade dos compostos antioxidantes. No entanto, temperaturas muito elevadas, a 230°C
(frituras e forno) há uma perda total dos seus compostos antioxidantes em 1 minuto de aquecimento, logo
não é para fazer esses tipos de preparações com azeite.
É um alimento que contém grande quantidade de vitaminas, minerais, proteínas e fibras, além do
seu elevado teor de lipídio, com destaque ao ácido oleico, que auxilia na prevenção de doenças
cardiovasculares. Além da presença dos diversos fitoquímicos bioativos, como β-sitosterol, carotenoides,
glutationa, vitamina E entre outros. A composição nutricional e a quantidade de fitoquímicos segue na
tabela abaixo.
Oleaginosas
São fontes alimentares de ácido graxos insaturados, como o ácido oleico e o linoleico, além de serem
fontes de vitaminas antioxidantes, minerais e fibras. Possui alto teor de arginina, o qual é precursor de
óxido nítrico que tem ação vasodilatadora e contribuindo assim para diminuir agregação plaquetária.
Evidências científicas sugerem, que o consumo de oleaginosas como parte de uma dieta pobre em
gorduras saturadas, reduz o risco de DCV. A sugestão para consumo diário é em torno de 30g/dia.
Os óleos quando submetidos a altas temperaturas produzem ponto de fumaça, a qual é a temperatura em
que a gordura passa do estado líquido para o gasoso, e é o momento em que se inicia a emissão de
fumaça e há a produção de diversas substâncias prejudicais como mostra o quadro abaixo:
A temperatura e o período de aquecimento para o ponto de fumaça divergem entre os diversos tipos de
óleos, como pode ser visto no quadro abaixo:
Estudo realizado por Torkmahalleh et al (2012) verificaram que o óleo de Soja (211°C), de canola (210°C)
e de cártamo (217°C) geraram menor número de partículas ultrafinas quando submetidos a altas
temperaturas. O óleo de coco produziu ponto de fumaça em temperatura de 156°C e o azeite de oliva em
200°C por um período de aproximadamente de 8 minutos. No entanto, apesar do ponto de fumaça dos
óleos de soja e canola terem o maior ponto de fumaça para a cocção, vale a pena lembrar que os mesmos
são óleos refinados (aumenta a produção de ácidos graxos trans), oriundos de vegetais transgênicos e
armazenados a grande maioria deles em embalagens plásticas e transparentes, o que reduz o seu valor
nutricional e os torna prejudiciais à saúde.
Apostila do Curso Alimentos Funcionais
Ensino a Distância
AÇÚCARES E EDULCORANTES
O açúcar é um produto derivado da cana de açúcar ou beterraba e que ao passar por processo de
refinamento perde diversos nutrientes, além de adquirir substâncias químicas. Quanto mais refinado pior é
a qualidade do produto. Durante o processo de refinamento adquire resíduos de dióxido de enxofre, o qual
possui efeitos negativos para o organismo, como estimular a carcinogênese, urticária, anafilaxia, cefaleia,
hipotensão, distúrbios de comportamento e do TGI. A presença de sulfitos diminui a biodisponibilidade de
vitaminas, como B1, B3, B6 e B9. Além disso, aumenta a excreção de minerais, como Cu, Zn, Mn, Se, Ca,
Mg, os quais são cofatores de enzimas do sistema antioxidante. E também contribuem para o aumento de
infecção fúngica, disbiose e inflamação subclínica.
Abaixo segue as principais características dos diversos tipos de açúcares encontrados disponíveis
no mercado.
É um xarope de bom poder de doçura, de baixo índice glicêmico, porém em sua composição possui
aproximadamente 84% de frutose. O seu consumo deve ser feito com moderação, pois seu uso excessivo
está relacionado com aumento de colesterol e triglicerídeos.
Tem sido muito utilizada como forma de adoçante. É um carboidrato simples encontrado naturalmente nas
frutas, porém o seu consumo está longe de trazer prejuízos frente a substituição na indústria de
acrescentar frutose ao invés de açúcar como forma de adoçar os produtos. O consumo excessivo de
frutose está associado obesidade, dislipidemia, doença cardiovascular, aumento de ácido úrico, esteatose
hepática, resistência à insulina, diabetes mellitus e hipertensão arterial.
Alguns estudos mostram que é o consumo excessivo de açúcares que estão relacionados com o aumento
de índice de doenças. Estudo realizado por Lonwdes et al (2014) verificaram que a glicose ou frutose
quando oferecida como parte de uma dieta eucalórica e equilibrada não promoveu ganho de peso ou
alterações no perfil lipídico. Rippe (2013) verificou que quando o consumo de bebidas contendo açúcares
está dentro das recomendações de ingestão diária, os estudos não mostram consequências negativas à
saúde. Portanto, o consumo de açúcares em quantidades moderadas não traria prejuízo a saúde.
EDULCORANTES
Atualmente diversos estudos tem demostrado os efeitos maléficos dos adoçantes, principalmente
dos artificiais, os quais estão associados com um aumento de risco para o desenvolvimento de câncer, da
obesidade, do aumento de apetite, além de aumentar a resposta glicêmica e insulinêmica após as
refeições. Desta forma a substituição de adoçantes calóricos (açúcares) por não calóricos (adoçantes)
parece não ser uma boa opção para o consumo e consequentemente para a saúde dos seres humanos.
Estudo realizado por Robert et al verificaram que em comparação a glicose e frutose o uso de
adoçantes artificiais acarretaram em menor liberação de PYY, hormônio responsável pela saciedade e
consequentemente aqueles que o consumiram tinham maior apetite. Burke et al (2015) constataram que a
ingestão crônica de adoçantes não energéticos levou a supressão das respostas de fase cefálica e deste
modo prejudicou a habilidade do sabor doce de predizer a disponibilidade energética da refeição,
diminuindo saciedade e termogênese. Os adoçantes artificais tem sido associados como possíveis
disruptores de alteração de microbiota intestinal e intolerância à glicose.
A Sucralose é um dos adoçantes artificiais mais utilizados mundialmente e aprovado para ser usado nas
bebidas e alimentos de uma forma geral. No entanto, é instável em altas temperaturas, em torno de 125°C
e é capaz de formar substâncias policlorados, as quais são prejudiciais a saúde.
Em relação aos adoçantes naturais não há respaldo científico que mostre que os mesmos não traga
malefícios a longo prazo. O ideal é que se tente consumir os alimentos na sua forma natural sem adicionar
Apostila do Curso Alimentos Funcionais
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nenhum tipo de açúcar ou edulcorantes. E que a adição de até 25g/dia de açucares (06 colheres de chá)
parece ser seguro para adolescentes e crianças acima de 2 anos de idade.
OVOS
Por diversos anos, o consumo de ovos foi condenado pela presença de colesterol em sua
composição nutricional, o qual estaria relacionado ao aumento de doenças cardiovasculares. Entretanto,
devido às diversas pesquisas realizadas ao longo dos anos os estudos não encontraram evidências que
associem o colesterol dietético com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tanto que as
Diretrizes Alimentares para os Americanos de 2015-2020 retiraram as recomendações de restringir o
colesterol dietético de 300 mg / dia. Atualmente sabe-se que não são os alimentos ricos em colesterol
como os ovos, os responsáveis pelo aumento do colesterol sanguíneo, mas sim os hábitos alimentares
errôneos associados ao sedentarismo e a predisposição genética
Os ovos são considerados o 2° melhor alimento após o leite materno. É fonte de proteína de alto
valor biológico, além de ter várias vitaminas e minerais. É uma das únicas fontes exógenas de vitamina D
(fundamental para a manutenção do sistema imunológico) e vitamina K (que praticamente 60% é formada
pela nossa microbiota intestinal). Além disso, são fontes de carotenoides como luteína e zeaxantina e
também de colina, essencial para o desenvolvimento cerebral. Portanto, seu consumo pode contribuir com
muitos benefícios, sendo uma ótima estratégia nutricional, quando associado a uma alimentação saudável
e individualizada.
LEITE
É um alimento de boa qualidade nutricional, fonte de proteínas de alto valor biológico, além de
vitaminas e minerais. No entanto seu consumo mundialmente tem diminuído pelo crescente aumento no
consumo de fast food, inúmeras refeições realizadas fora de casa, substituição do leite por refrigerantes e
sucos, mudanças de hábitos alimentares, alergias e intolerâncias alimentares.
Apesar de o leite ser ainda considerado o principal alimento fonte de cálcio para a nutrição humana
(FAO, 2013), especialistas em nutrição da Harvard, diminuíram recentemente a proposta de consumo de
leite e seus derivados de 3 porções/dia para 1 a 2 porções. Salientam que os lacticínios podem ser
Apostila do Curso Alimentos Funcionais
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substituídos por legumes de folha verde, soja enriquecida e grãos de várias espécies, para substituir o
cálcio.
Para a formação adequada da massa óssea, além do cálcio, são necessários mais de 24
nutrientes, entre eles as vitaminas, os minerais e os aminoácidos. Diversos estudos (Bischoffi-ferrari, 2007;
Warensjo, 2011; Reid, 2008) mostram que o consumo de cálcio, assim como o consumo de leite
(Fescanich, 2003; Michaelsson, 2014) não estão associados com maiores reduções do risco de fratura ou
de osteoporose. Além disso, a suplementação isolada de cálcio está associada a risco de doenças
cardiovasculares, pois pode ocorrer calcificação em tecidos moles, como as artérias.
Cálcio
A maior biodisponibilidade de cálcio nos alimentos encontra-se nos folhosos verde-escuros e não
nos laticínios, conforme a tabela abaixo:
Bebidas vegetais fortificadas com cálcio são opções para substituir o leite de vaca, além de
priorizar os demais alimentos fontes de cálcio.
Evitar/ minimizar fatores antinutricionais (ácido oxálico, ácido fítico) junto aos alimentos fontes de
cálcio.
O leite de vaca e seus derivados produzidos pela indústria sofrem ingerências na sua produção
alterando a sua composição. Diversos componentes químicos encontrados nas rações, a presença de
medicamentos como antibióticos e anti-helmínticos vêm tornando o leite e seus derivados de alto risco.
A ração é produzida a partir de cereais, os quais geralmente são transgênicos, cultivados com
agrotóxicos e tal fato tem feito com que sejam encontrados diversas substâncias na ração dos animais,
tais como: Hidrocarbonetos clorados, principalmente dioxinas; pesticidas; herbicidas; fungicidas;
micotoxinas; metais pesados; resíduos detergentes e desinfetantes. Segundo o Instituto Nacional de
Câncer a presença de agrotóxicos não se limita somente a produtos in natura. Abrange produtos
alimentícios processados pela indústria, ou que contenham ingredientes como trigo, milho e soja, bem
como carnes e leites de animais alimentados com ração com traços de agrotóxicos (processo de
bioacumulação).
Os agrotóxicos estão relacionados com diversas alterações no organismo tais como: aumento no
risco de obesidade, dislipidemia, diabetes, alterações respiratórias, como asma, distúrbios tireoidiano,
câncer, infertilidade e alterações neurológicas (Alzheimer). Em relação ao uso de antibióticos, estes são
usados para tratar infecções que ocorrem frequentemente nas glândulas mamárias (mastite) e podem ser
encontrados no leite mesmo após 3 a 4 dias da aplicação do medicamento ao animal, sendo possível
encontrá-los também em seus tecidos. E como consequência pode acarretar alergias, alteração da
microbiota intestinal, ação estrogênica, câncer, neurotoxicidade e resistência bacteriana.
O leite sem lactose possui maior quantidade de glicose e de galactose, portanto apresentam maior índice
glicêmico em relação ao leite padrão com lactose. Além disso, quando são submetidos processo de
industrialização UHT, em que o leite passa por um processo de alta temperatura por um espaço curto de
tempo, a fim de aumentar o shelf life são mais susceptíveis as reações de Maillard responsáveis pelo
escurecimento do leite e inúmeras consequências para a saúde.
Melhor alternativa para consumo: usar leite de produção orgânica ou biodinâmico, pois serão isentos de
aditivos químicos e agrotóxicos.