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em UAN
O cardápio é uma ferramenta que inicia o processo produtivo e serve como instrumento
gerencial para a administração do restaurante. A partir do seu planejamento, podem ser
dimensionados: espaço físico, recursos humanos e materiais, adaptação dos aspectos
ergonômicos, padrões de confecção das receitas, níveis de estoque, custo operacional e valor de
venda. Além disso, o planejamento do cardápio serve ainda para a pesquisa e análise das
preferências alimentares dos clientes.
Uma refeição principal é composta por vários serviços. A ordem dos serviços foi
determinada há muitos anos e, com o passar do tempo sofreu alterações para se adequar ao
estilo de vida das pessoas. Sugere-se obedecer à seguinte ordem: entrada, prato principal,
guarnição, prato- base, sobremesa.
Podem fazer parte da entrada: carnes ou embutidos; queijos; castanhas; pães; vegetais
crus, cozidos ou refogados; salgados frios ou quentes; sopas; saladas cruas ou cozidas.
Tipos de salada
• Mista, crua e intermediária: tabule (trigo, salsa, pepino, cebola, tomate, alface, hortelã)
• Técnica de cocção: chapeados, grelhados, assados, fritura rasa, fritura por imersão (com
ou sem empanamento), ensopados, cozidos.
GUARNIÇÃO
Preparação que acompanha o prato principal. Pode ser composta por vegetais, farináceos
e massas.
PRATO-BASE
O feijão pode ser substituído por qualquer outra leguminosa; isto dependerá da
combinação com os outros alimentos e da aceitação por parte dos clientes. Devido ao hábito
alimentar brasileiro, torna-se indispensável colocá-lo no cardápio, mesmo que já haja outra
leguminosa, como, por exemplo, salada de grão-de-bico.
Apostila do Curso Formulação de Cardápios e Fichas Técnicas em UAN
Ensino a Distância
SOBREMESA
Pode ser um doce e/ou uma fruta. Poderá ser preparado no próprio estabelecimento ou
adquirido de terceiros.
COMPLEMENTOS
BEBIDAS
O tipo de bebidas depende muito do padrão do cardápio. As bebidas não alcoólicas podem
ser usadas para anteceder, acompanhar e/ou encerrar a refeição. Indicam-se para antes das
refeições: água, com ou sem gás, sucos de frutas ou coquetéis não alcoólicos, para que não
causem saciedade e comprometam a refeição. Durante as refeições, com exceção dos coquetéis
e das bebidas quentes (chá, café), todas as bebidas podem ser incluídas. Após as refeições,
podem ser servidos café e chá.
CLASSIFICAÇÃO DO CARDÁPIO
b) Médio;
c) Formal ou luxo;
d) Misto.
No cardápio médio, muito comum nos serviços do tipo self-service, apresenta-se maior
variedade de entradas e sobremesas. Podem existir saladas mais elaboradas com misturas de
hortaliças e com molhos à base de maionese, azeite, creme de leite ou iogurte. Para as
sobremesas servem-se frutas populares e também algumas mais sofisticadas como mamão,
goiaba, manga e morango. Doces como compotas, pudins, gelatinas elaboradas, pavês, mousses
também estão presentes, além de frutas como mamão, melão, maçã e pera, in natura e na forma
de salada de frutas. Alguns exemplos de preparações são: estrogonofe, filé de peixe empanado,
filé de frango grelhado, moqueca de peixe, frango ao molho de laranja, suflês (cenoura, chuchu,
milho, etc), massas com molhos mais elaborados, entre outros. A elaboração é mais trabalhosa e
voltada para uma clientela de poder aquisitivo mais alto que a do popular.
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No cardápio formal, modifica-se desde a arrumação das mesas até a apresentação das
preparações. Este apresenta toques de requinte na forma de preparar, na apresentação e na
distribuição. É oferecido para clientes de mais elevado poder aquisitivo. Nas saladas não há
preocupação com custo, podendo haver frutos do mar e hortaliças como endívias, couve de
bruxelas, tomate cereja, alcaparra. Nas sobremesas os doces são mais sofisticados, como tortas
de morango, amora, chocolate (normalmente mais trabalhosas) e frutas como pêssego, kiwi,
uvas, nectarinas, cerejas in natura e em preparações como mousses, cremes e tortas.
Preparações de carnes nobres como filé mignon, picanha, pato, lagosta, camarão, peixes
sofisticados (salmão, trutas, bacalhau) estão presentes. A forma mais comum de distribuição
deste cardápio é a la carte, mas já é comum em forma de bufê (casamentos, bailes de debutante
e comemorações sofisticadas).
O cardápio misto apresenta características dos três outros padrões. É típico de restaurante
self- service ou a quilo. O balcão de distribuição apresenta preparações simples, médias e
formais para atender a uma clientela diversificada e exigente. Na maioria das vezes apresenta
mais preparações médias e algumas triviais muito consumidas e algumas formais mais baratas,
fornecendo equilíbrio de custo ao cardápio.
A elaboração de cardápio deve levar em consideração uma série de premissas, entre elas:
• Local do estabelecimento: cidade e região da cidade influenciam e têm ligação direta com
o abastecimento, o tempo disponível do cliente para realizar a refeição (trânsito, disponibilidade
de estacionamento), ticket médio.
• Tipo de serviço: A escolha dos itens do cardápio depende do tipo de serviço. Por exemplo,
o serviço de marmita exige pratos diferentes dos oferecidos no sistema de bufê.
• Escolha dos alimentos: estação do ano, variações climáticas, nível de saciedade, equilíbrio
de nutrientes, aceitação por parte dos clientes.
O cardápio deve ser elaborado logo no início do processo, antes mesmo da definição da
estrutura física e dos equipamentos, do dimensionamento de estoques, da linha de produção e
tudo que envolva a operação do negócio, pois muitos fatores serão definidos por meio dele.
• Sazonalidade: Durante a estação, legumes, frutas e até mesmo peixes e frutos do mar são
mais nutritivos, tem maior disponibilidade e menor custo. Cores: contrastar cores nas diferentes
preparações, para darão cardápio um colorido que desperte o desejo de consumo.
• Sabores: doce, salgado, ácido, amargo, azedo, picante devem ser evidenciados por meio
da presença de temperos, condimentos e molhos.
Sequência de Planejamento
1- Prato principal
2- Guarnição
3- Entrada
4- Prato-base
5- Sobremesa
6- Bebidas
Todas as outras preparações são planejadas com base no prato principal a fim de controlar
custos - a carne representa a maior porcentagem do custo de uma refeição, além de equilibrar
sabor e textura.
A medida que o cardápio é composto é possível verificar quais alimentos, cores, texturas,
sabores, métodos de preparo, etc. estão sendo escolhidos, evitando repetições.
Finalizações iguais: Observar para que a maioria ou todos os itens do cardápio não
contenham a mesma finalização (tempero verde, por exemplo). Caso o usuário não aceite bem
esses itens, deixará de usufruir de boa parte do cardápio, além de proporcionar mesmo aspecto.
• Margem de contribuição: fator necessário para estipular o preço de venda, lembrando que
essa margem de contribuição deve cobrir os custos fixos e variáveis e ainda permitir o lucro.
Para a utilização dessa ferramenta são necessárias apenas quatro informações: nome de
cada prato, custo de cada prato, preço de venda e número de unidades vendidas em um
determinado período.
Por meio da Ficha Técnica de Preparo, é possível saber o custo do prato e, comparado
com o preço de venda, saber a margem de contribuição de cada prato.
Utilizada a Matriz de Boston – BCG (Figura 1), os resultados obtidos por meio da
engenharia de cardápio classificarão os pratos em 4 grupos:
• Burro de carga: pratos que vendem acima da média, mas são pouco rentáveis;
• Quebra-cabeça: pratos com rentabilidade acima da média, mas que vendem pouco;
A partir dessas classificações, decisões estratégicas podem ser tomadas, como por
exemplo:
Estrela - controlar a manutenção do padrão e da qualidade e treinar garçons para estimular
as vendas.
Burro de carga - aumentar a margem de contribuição, reduzindo o custo ou aumentando o
preço de venda.
Quebra-cabeça - incentivar a venda destacando-o no cardápio físico, no bufê ou, ainda,
promovê-lo por meio de outra forma de comunicação.
Abacaxi – ajustar o custo, aumentar a visibilidade no cardápio ou, em ultimo caso, avaliar a
possibilidade de retirada do cardápio.
Esta ferramenta de gestão, fundamental para analisar o cardápio antes de qualquer decisão
de mudança, é pouco explorada por proprietários de bares e restaurantes em função da falta de
ficha técnica ser comum na maioria dos estabelecimentos.
PROJETO ARQUITETÔNICO
Uma vez elaborado (ou atualizado) o cardápio, é importante atualizar-se sobre rápida
evolução tecnológica de equipamentos de cozinhas industriais. Eles trazem melhores resultados
operacionais e financeiros aos negócios de alimentos e bebidas. Equipamentos modernos são
mais compactos, resistentes, de fácil manutenção e, se utilizados adequadamente, geram
produtos com ótima qualidade em termos gustativos e visuais, rapidez no preparo e na
finalização, além de menos desperdício, conforto e segurança para os funcionários.
• Número de refeições: Esta é outra informação importante para quem irá planejar os
equipamentos necessários, não só para orientar a quantidade deles, mas também para
determinar sua capacidade, já que este é outro fator que pode levar à monotonia do cardápio se
não for devidamente planejado, uma vez que é possível que se subestime a capacidade
Apostila do Curso Formulação de Cardápios e Fichas Técnicas em UAN
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necessária ao volume que será produzido. Especificamente este item terá reflexo direto sobre a
determinação da área de salão e a quantidade de equipamentos, mesas e cadeiras e utensílios
para uso dos clientes.
• Diversificação de uso: pela redução dos espaços disponíveis e pelos seus valores,
procura- se atualmente por equipamentos que possam desempenhar mais de uma função, ou
seja, se é um equipamento para corte, que este ofereça a possibilidade de efetuar vários tipos,
por exemplo: ralado, chips, rodelas, cubos. Ou se é um equipamento de cocção que ele permita o
uso de mais de um tipo de cozimento como, por exemplo, use calor seco e úmido no mesmo
equipamento. Aqueles equipamentos que só têm uma finalidade (p. ex., fritadeira) deverão ser
vistos com cuidado e sua aquisição ser rigorosamente avaliada, pois só fará sentido se o cardápio
apresenta número de frituras (frequência e volume produzido) que justifique o investimento, caso
contrário, o próprio fogão ou o forno de vapor combinado podem ser escolhas melhores.
Dessa forma, a contribuição das pessoas é fundamental para a excelência nos processos
de gestão do conhecimento, cabendo aos gestores e colaboradores o saneamento do clima e da
AVALIAÇÃO DO CARDÁPIO
• Promover campanha interna para que os colaboradores busquem boas ideias para reduzir
o desperdício. Uma porcentagem da redução pode ser oferecido à melhor ideia.
Fornecedores
Safras
Escolher ou dar preferência para produtos de safra beneficia a empresa e os clientes, pois
o preço dos produtos cai e os produtos podem ser de melhor qualidade.
Desperdício e Lixo
Desperdício envolve perdas que variam desde alimentos que não são utilizados até
preparações prontas, que não chegam a ser vendidas e/ou servidas.
Quanto mais perto o destino do lixo reciclável, melhor para evitar o aumento do custo do
transporte do material. O custo do transporte é o grande vilão da coleta seletiva.
Água
A água da chuva pode ser utilizada para usos não potáveis como: lavagem de piso,
descargas e irrigação.
A água coletada deve ser armazenada em um reservatório que recebe o nome de cisterna.
Existem diferentes tipos de cisternas: enterradas, na cobertura, ou sobre o piso.
Produtos de limpeza
Optar por equipamentos que consumam menos energia - os que possuem selo
INMETRO/PROCEL nível A são uma boa solução.
Painéis solares podem captar o calor do sol e aquecer um reservatório de água. Para
garantir a água quente mesmo em dias muito nublados, deve-se instalar um sistema de apoio a
gás ou elétrico. A água sempre deve passar antes pelo sistema solar, pois assim, mesmo nesses
dias nublados, ela quebra o gelo da água e faz o sistema complementar economizar.
Funcionários
A ficha técnica é uma fórmula escrita para produzir um item alimentar em quantidade e
qualidade especificadas para uso em determinado serviço. Serve como requisito fundamental
para o controle operacional de um estabelecimento.
Objetivos
• Garantir o padrão do produto final mesmo sendo preparadas por pessoas diferentes;
• Controlar custos;
O Receituário Padrão une todas as Fichas Técnicas da unidade. Ele é separado por itens
do cardápio. A partir dele, os cozinheiros poderão fazer consultas quando não se lembrarem de
todas as etapas para elaboração de uma preparação. Deve ser mantido em local de fácil acesso
aos funcionários. Manter os per capitas sempre padronizados favorecem a aceitação do usuário e
evita constrangimentos e insatisfações.
Uma Ficha Técnica de Preparo (Figura 2) deve ter três partes básicas para utilização em
qualquer tipo de serviço: nome, ingredientes e modo de preparo.
Nome
No caso de ser um nome fictício, deve-se indicar ao lado, entre parênteses, os ingredientes
principais que compõem a receita, principalmente na elaboração de cardápios periódicos. Por
exemplo, salada mista (alface, agrião, palmito e tomate).
Ingredientes
Devem ser colocados na ordem de utilização do modo de preparo. Podem também ser
enumerados ou classificados.
Modo de preparo
Deve ser o mais claro possível, evitando utilizar termos indefiníveis ou pouco conhecidos,
além disso, os ingredientes assinalados devem ser seguidos a fim de que nenhum deles seja
esquecido.
Utilizar o mesmo tempo verbal para toda a receita. Por exemplo, faça, mexa ou fazer, mexer.
Deve iniciar com os procedimentos de pré-preparo, como higienização, dessalga, subdivisão.
Deve constar do modo de preparo: tempo, rendimento, número de porções, peso de cada porção,
temperatura, ou tipo de chama usada no forno, além de outras informações, como calorias e
nutrientes específicos, que se queira analisar, técnica de congelamento ou cocção por micro-
ondas, forno combinado, custo, sugestão de acompanhamento e decoração, ou ainda
substituição ou modificação da receita.
Pode-se elaborar a ficha técnica para receitas com rendimento expresso em número de
porções multiplicáveis. Por exemplo, elaborar uma receita com 10 porções e com 100 porções,
tornando a multiplicação destas mais fácil e fidedigna. Deve-se lembrar de que ingredientes
como açúcar, sal e pimenta podem se alterar significativamente na multiplicação, já que existem
fatores sensoriais que limitam a ação dos mesmos, tornando a receita inadequada.
O modo de preparo é um dos elementos mais importantes, pois caracteriza as receitas
utilizadas em um serviço temático ou não, além de ser um modelo de procedimento operacional
padronizado, que ajuda a garantir a qualidade no quesito controle dos métodos aplicados.
A ficha técnica deve ser desenvolvida inclusive para receitas habituais que são consideradas
básicas e que qualquer cozinheiro pode reproduzir, como o caso do arroz e feijão.
FONSECA, Karina Zanoti; SANTANA, Gizane Ribeiro de. Guia prático para
gerenciamento de unidades de alimentação e nutrição. Cruz das Almas/BA : UFRB,
2012.
SILVA, Sandra M. Chemin S. Da; MARTINEZ, Sílvia. Cardápio: guia prático para a
elaboração. 3. ed. São Paulo: Roca, 2014.